1Co 11.17-34
INTRODUÇÃO
Precisamos de
memoriais, eles são essenciais para as lembranças, fazem nossa mente e coração
serem transportados para um determinado momento e lá reexperimentarmos as
mesmas sensações, alegrias e convicções. Deus sempre preservou-os, ele sempre
fez questão de deixar marcado para a posteridade sua impressão digital, para
que o homem nunca esqueça de algo importante. Hoje estudaremos sobre a Santa
Ceia do Senhor, o ato mais solene da Igreja de Cristo, veremos sua natureza,
seu propósito e o modo bíblico de celebrar.
I. A IMPORTÂNCIA DA CEIA NO
PASSADO, PRESENTE E FUTURO
Quando analisamos
o texto de (Mt 26.26-30) podemos compreender realmente o que Jesus estava
fazendo ao dar início a maior celebração da cristandade. Além de celebrar a
Páscoa, Jesus instituiu uma ordenança completamente nova: “A Ceia do
Senhor” (1Co 11.23-26). Ela serviria como um conjunto de símbolos que
relembrassem aos discípulos o corpo e sangue dados por eles e para seu
livramento, até que Jesus retornasse. Seria também um sinal da Nova Aliança que
ele inauguraria com seu sangue (Mt 26.28; 1Co 11.24-26). A Ceia do Senhor em
sua celebração pode ser caracterizada em três momentos distintos: passado,
presente e futuro. Pontuemos:
1. Sua importância
no passado.
É um memorial da
morte de Cristo no Calvário, para redimir os crentes do pecado e da condenação.
Através de sua morte, podemos obter a remissão de nossas falhas. É também um
memorial, do grego “anamnesis”, pelos benefícios provenientes do sacrifício
de Jesus Cristo; lembrando-nos da morte de Cristo no Calvário, para nos remir
da condenação (1Co 11.24-26; Hb 8.7-13). “A Páscoa levou a nação de
Israel a lembrar-se de sua redenção da servidão no Egito (Êx 12); na celebração
da Ceia, as nossas mentes se voltam para o Calvário” (Lc 22.19).
2. Sua importância
no presente.
A Santa Ceia
expressa a nossa comunhão, do grego “koinonia”, com Cristo e, de
nossa participação nos benefícios oriundos da sua morte sacrificial e ao mesmo
tempo expressa a nossa comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo (1Co
10.16,17). A Ceia do Senhor lembra que devemos esperar a volta de Cristo. Realizaremos
essa ceia até que ele volte (1Co 11.26). A Páscoa apontava para o Cordeiro de
Deus, que tiraria o pecado do mundo 00 1:29). A Ceia do Senhor anuncia que essa
obra momentosa foi realizada (WIERSBE, 2013, p. 125).
3. Sua importância
no futuro.
É um antegozo do
Reino futuro de Deus e do banquete messiânico escatológico, quando então, todos
os crentes estarão presentes com o Senhor (Mt 8.11, 22.1-14; Mc 14.25; Lc
13.29, 22.17, 18.30), pois, a Santa Ceia é um ato que antevê a volta iminente
de Cristo para arrebatar a sua Igreja e, uma antecipação da alegria que teremos
em participarmos com Cristo, na Ceia das Bodas (Ap 19.7-9; Mt 26.29). Cada
celebração da Ceia do Senhor Jesus traz consigo um sentimento de alegria com
antecipação profética do banquete que virá (TOKUNBOH, 2013, p. 1277).
II. A SANTA CEIA COMO UMA MORDOMIA
DA IGREJA
O crente
comprometido com a Palavra, sabe que deve participar da Ceia do Senhor, pois, é
uma ordenança bíblica (Mt 26.26; Mc 14.22); trazendo a memória a morte do
Senhor (Lc 22.19; 1Co 11.24,25); confessando que, pelo sangue de Jesus, temos o
perdão (Mt 26.28); tendo comunhão com Cristo e com os crentes (1Co 10.16,17);
oferecendo gratidão e adoração (Ap 5.9,13,14) e para anunciar a volta do Senhor
(1Co 11.26). Vejamos a importância desta celebração:
1. A ceia como um
memorial.
Lugar algum das
Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e
o sangue do Senhor quando o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o
caráter simbólico do ato ao dizer: “fazei isto em memória de mim” (1Co
11.25). A Ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele
fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados.
2. A ceia como um
ritual de aliança.
Para os judeus, o
pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue (Gn 14.18). Ao
contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que
misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e
vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a “aliança
no seu sangue”, fazendo um ritual de aliança (1Co 6.17; Jo 6.53-56)
(WIERSBE, 2013, p. 346 – acréscimo nosso).
3. A ceia como um
ritual de comunhão.
No tempo
apostólico, as ceias eram também chamadas de “ágapes” ou “festas de
amor” (Jd 12), o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na
expressão “corpo” que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão
de unidade e comunhão. A mesa, é um lugar de comunhão em praticamente quase
todas as culturas e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta
característica (SANTOS, 2005, p. 15).
4. A ceia como um
ritual de consequências espirituais.
Participar da mesa
do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é alvo do
juízo (1Co 11.27-32). A Ceia do Senhor será sempre um momento de benção ou de maldição
para os que dela participam (1Co 10.16,17). A Ceia traz bênçãos espirituais
sobre aqueles que dela participam. A Bíblia não usa especificamente esta
palavra, mas mostra que um castigo pode vir como um juízo de Deus para quem O desonra
(1Co 11.27-32). Todavia, é preciso destacar que a obra redentora de Cristo
também nos proporciona cura física, e na Ceia é um momento em que podemos
provar a benção da saúde e da cura (Is 53.4,5).
III. AS BÊNÇÃOS E A SEGURANÇA PARA
AQUELES QUE CELEBRAM A CEIA DO SENHOR
Quando a refeição
pascal estava terminando (Mt 26.25; Lc 22.20), Jesus instituiu a ordenança que
a Igreja chama de “Santa Ceia”, “Ceia do Senhor” (1Co 10.16; 1Co 11.20). Então,
podemos assegurar que a Ceia nos proporciona:
1. Nossa genuína
comunhão com Jesus Cristo.
Ao participarmos da
Ceia estamos anunciando a nossa comunhão com Cristo. Afinal, ao participar dela
demonstramos e provamos esta comunhão (Jo 6.53-58). Ao celebrarmos participamos
da alegria, da vida, dos sofrimentos e da Glória de Jesus Cristo (2Co 1.3-7; 1Pe
4.12-14) (WIERSBE, 2013, p. 346).
2. Nossa
participação nos benefícios provindos do Sacrifício de Jesus Cristo.
Na participação do
Corpo e do Sangue de Cristo, demonstramos (tanto internamente como
externamente) que seriamente temos aceitado o Sacrifício de Cristo e, que pela
fé, assim fazendo, estamos compartilhando de todos os benefícios oriundos
daquEle Santo Sacrifício (Rm 3.24,25; 4.25; 5.6-21; 1Cor 5.7; 10.16; Ef 1.5,7;
2.13; Cl 1.20; Hb 9-10; 1Pe 1.18-21; Ap 1.5).
3. Nossa comunhão
com os demais membros do Corpo de Cristo.
Primeiro é preciso
termos comunhão com Cristo, a Cabeça do Corpo, mas também se faz necessário em
ter comunhão como os demais membros do corpo de Cristo, a sua Igreja (At 2.42;
Fp 1.22; Cl 1.18; 1Jo 1.7) compartilhando dos mesmos benefícios eternos (Jo
17.21; At 20.34-38; Rm 12.5,10-20; 1Co 10.17; 12.12-27; Gl 3.28; Ef 4.13; 2Tm
2.3).
IV. A CEIA E OS DOIS SÍMBOLOS: O
PÃO E VINHO
O Senhor instituiu
uma nova e muito mais significativa ceia. Naquela noite da última ceia terminou
a dispensação judaica e a graça vigorou. As palavras de Jesus em Lucas
22.16 indicam que não haveria mais Páscoas no calendário de Deus. A
Páscoa comemorava o êxodo de Israel do Egito vários séculos antes, mas Jesus
realizaria um “êxodo” ainda maior na cruz. Nisto vemos Jesus utilizando
símbolos antigos para lhes dar um novo significado (TOKUNBOH, 2013, p. 344). Essa
linguagem metafórica nos ensina o seguinte:
1. O significado
do pão.
O pão simboliza o
corpo de Jesus, representando o sacrifício de Cristo por nós (Jo 3.16), e fala de
seis verdades a saber: a) Encarnação de Cristo: “isto é o meu
corpo...” (Mt 26.26; 1Co 11.24; Hb. 10.5; Rm. 8.3; Fp. 2.7,8); b) Sua
devoção e seu sofrimento: “... que é partido...” (Ef. 5.2; Jo
10.18; Mt. 18.7); c) De sua substituição: “...por vós...” (Lc
22.19; Is 53.5; 1Pe 1.19); d) Seu convite: “Tomai, comei...”;
e) Sua finalidade: “Fazei isto em memória de mim”; e,
por fim, f) de sua gloriosa esperança: “Até que Ele venha” (Jo
14.1-3). O grão de trigo, do qual vem o pão, cai primeiro na terra e morre.
Isto aconteceu com o Senhor (Jo 12.24). Comer o pão simboliza a participação
nos benefícios trazidos pela morte de Cristo. O trigo é cortado, trilhado e
moído; assim o nosso Senhor foi batido, açoitado, coroado com espinhos e morto
(Is 53.4,5; Hb 2.9).
2. O significado
do vinho.
O vinho (era
diluído com água e, portanto, não tinha efeito inebriante) simboliza o seu
sangue derramado na Cruz do Calvário (Mt 26.27,28; 1Pe 1.18,19). A Nova Aliança
instituída por Cristo é um pacto de sangue. O vinho lembra de sua vida
oferecida por nós (Jo 10.18; Is 53.7,8). Lembra da Nova Aliança no sangue de
Jesus (Lc 22.20). Também nos lembra de que maneira recebemos esta nova vida (Jo
6.55,56). O sangue de Jesus é o preço da nossa redenção (Ef 1.7; 1 Pe 1.18,19;
Ap 5.9). É a base do perdão (Lv 17.11; Hb 9.22). É a nossa justificação (Rm
5.9; 5.1; 4.5; Cl. 2.12). É a nossa paz (Cl 1.20; Rm 5.1). É a nossa
purificação (1Jo 1.7; Ap 1.5; Hb 9.14) (SANTOS, 2005, p. 16).
CONCLUSÃO
Como é glorioso
participar com alegria de tanta comunhão com Cristo e sua Igreja, precisamos
levar a sério tal preceito, valorizarmos a cada dia a Santa Ceia em nossas
congregações, estar presente e diferente dos coríntios que não entenderam a
importância do outro na ceia, sentir a ausência e incentivar nossos irmãos a
estarem juntos. Só existe verdadeira comunhão quando estamos juntos celebrando
o dia que Cristo nos fez sua família.
REFERÊNCIAS
Ø
TOKUMBOH,
Adeyemo. Comentário bíblico africano.
Mundo Cristão.
Ø
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø
WIERSBE,
Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo: NT: vol. 01. Geográfica Editora.
Ø WIERSBE, Warren W.
Comentário Bíblico Expositivo: NT:
vol. 05. Geográfica Editora.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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