quarta-feira, 6 de março de 2024

LIÇÃO 10 – A CEIA DO SENHOR: A SEGUNDA ORDENANÇA DA IGREJA

 
 
 


1Co 11.17-34
 
 
 
INTRODUÇÃO
Precisamos de memoriais, eles são essenciais para as lembranças, fazem nossa mente e coração serem transportados para um determinado momento e lá reexperimentarmos as mesmas sensações, alegrias e convicções. Deus sempre preservou-os, ele sempre fez questão de deixar marcado para a posteridade sua impressão digital, para que o homem nunca esqueça de algo importante. Hoje estudaremos sobre a Santa Ceia do Senhor, o ato mais solene da Igreja de Cristo, veremos sua natureza, seu propósito e o modo bíblico de celebrar.
 
 
I. A IMPORTÂNCIA DA CEIA NO PASSADO, PRESENTE E FUTURO
Quando analisamos o texto de (Mt 26.26-30) podemos compreender realmente o que Jesus estava fazendo ao dar início a maior celebração da cristandade. Além de celebrar a Páscoa, Jesus instituiu uma ordenança completamente nova: “A Ceia do Senhor” (1Co 11.23-26). Ela serviria como um conjunto de símbolos que relembrassem aos discípulos o corpo e sangue dados por eles e para seu livramento, até que Jesus retornasse. Seria também um sinal da Nova Aliança que ele inauguraria com seu sangue (Mt 26.28; 1Co 11.24-26). A Ceia do Senhor em sua celebração pode ser caracterizada em três momentos distintos: passado, presente e futuro. Pontuemos:
 
1. Sua importância no passado.
É um memorial da morte de Cristo no Calvário, para redimir os crentes do pecado e da condenação. Através de sua morte, podemos obter a remissão de nossas falhas. É também um memorial, do grego “anamnesis”, pelos benefícios provenientes do sacrifício de Jesus Cristo; lembrando-nos da morte de Cristo no Calvário, para nos remir da condenação (1Co 11.24-26; Hb 8.7-13). “A Páscoa levou a nação de Israel a lembrar-se de sua redenção da servidão no Egito (Êx 12); na celebração da Ceia, as nossas mentes se voltam para o Calvário” (Lc 22.19).
 
2. Sua importância no presente.
A Santa Ceia expressa a nossa comunhão, do grego “koinonia”, com Cristo e, de nossa participação nos benefícios oriundos da sua morte sacrificial e ao mesmo tempo expressa a nossa comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo (1Co 10.16,17). A Ceia do Senhor lembra que devemos esperar a volta de Cristo. Realizaremos essa ceia até que ele volte (1Co 11.26). A Páscoa apontava para o Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo 00 1:29). A Ceia do Senhor anuncia que essa obra momentosa foi realizada (WIERSBE, 2013, p. 125).
 
3. Sua importância no futuro.
É um antegozo do Reino futuro de Deus e do banquete messiânico escatológico, quando então, todos os crentes estarão presentes com o Senhor (Mt 8.11, 22.1-14; Mc 14.25; Lc 13.29, 22.17, 18.30), pois, a Santa Ceia é um ato que antevê a volta iminente de Cristo para arrebatar a sua Igreja e, uma antecipação da alegria que teremos em participarmos com Cristo, na Ceia das Bodas (Ap 19.7-9; Mt 26.29). Cada celebração da Ceia do Senhor Jesus traz consigo um sentimento de alegria com antecipação profética do banquete que virá (TOKUNBOH, 2013, p. 1277).
 
 
II. A SANTA CEIA COMO UMA MORDOMIA DA IGREJA
O crente comprometido com a Palavra, sabe que deve participar da Ceia do Senhor, pois, é uma ordenança bíblica (Mt 26.26; Mc 14.22); trazendo a memória a morte do Senhor (Lc 22.19; 1Co 11.24,25); confessando que, pelo sangue de Jesus, temos o perdão (Mt 26.28); tendo comunhão com Cristo e com os crentes (1Co 10.16,17); oferecendo gratidão e adoração (Ap 5.9,13,14) e para anunciar a volta do Senhor (1Co 11.26). Vejamos a importância desta celebração:
 
1. A ceia como um memorial.
Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor quando o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: “fazei isto em memória de mim” (1Co 11.25). A Ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados.
 
2. A ceia como um ritual de aliança.
Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue (Gn 14.18). Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a “aliança no seu sangue”, fazendo um ritual de aliança (1Co 6.17; Jo 6.53-56) (WIERSBE, 2013, p. 346 – acréscimo nosso).
 
3. A ceia como um ritual de comunhão.
No tempo apostólico, as ceias eram também chamadas de “ágapes” ou “festas de amor” (Jd 12), o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão “corpo” que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa, é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta característica (SANTOS, 2005, p. 15).
 
4. A ceia como um ritual de consequências espirituais.
Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é alvo do juízo (1Co 11.27-32). A Ceia do Senhor será sempre um momento de benção ou de maldição para os que dela participam (1Co 10.16,17). A Ceia traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam. A Bíblia não usa especificamente esta palavra, mas mostra que um castigo pode vir como um juízo de Deus para quem O desonra (1Co 11.27-32). Todavia, é preciso destacar que a obra redentora de Cristo também nos proporciona cura física, e na Ceia é um momento em que podemos provar a benção da saúde e da cura (Is 53.4,5).
 
 
III. AS BÊNÇÃOS E A SEGURANÇA PARA AQUELES QUE CELEBRAM A CEIA DO SENHOR
Quando a refeição pascal estava terminando (Mt 26.25; Lc 22.20), Jesus instituiu a ordenança que a Igreja chama de “Santa Ceia”, “Ceia do Senhor” (1Co 10.16; 1Co 11.20). Então, podemos assegurar que a Ceia nos proporciona:
 
1. Nossa genuína comunhão com Jesus Cristo.
Ao participarmos da Ceia estamos anunciando a nossa comunhão com Cristo. Afinal, ao participar dela demonstramos e provamos esta comunhão (Jo 6.53-58). Ao celebrarmos participamos da alegria, da vida, dos sofrimentos e da Glória de Jesus Cristo (2Co 1.3-7; 1Pe 4.12-14) (WIERSBE, 2013, p. 346).
 
2. Nossa participação nos benefícios provindos do Sacrifício de Jesus Cristo.
Na participação do Corpo e do Sangue de Cristo, demonstramos (tanto internamente como externamente) que seriamente temos aceitado o Sacrifício de Cristo e, que pela fé, assim fazendo, estamos compartilhando de todos os benefícios oriundos daquEle Santo Sacrifício (Rm 3.24,25; 4.25; 5.6-21; 1Cor 5.7; 10.16; Ef 1.5,7; 2.13; Cl 1.20; Hb 9-10; 1Pe 1.18-21; Ap 1.5).
 
3. Nossa comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo.
Primeiro é preciso termos comunhão com Cristo, a Cabeça do Corpo, mas também se faz necessário em ter comunhão como os demais membros do corpo de Cristo, a sua Igreja (At 2.42; Fp 1.22; Cl 1.18; 1Jo 1.7) compartilhando dos mesmos benefícios eternos (Jo 17.21; At 20.34-38; Rm 12.5,10-20; 1Co 10.17; 12.12-27; Gl 3.28; Ef 4.13; 2Tm 2.3).
 
 
IV. A CEIA E OS DOIS SÍMBOLOS: O PÃO E VINHO
O Senhor instituiu uma nova e muito mais significativa ceia. Naquela noite da última ceia terminou a dispensação judaica e a graça vigorou. As palavras de Jesus em Lucas 22.16 indicam que não haveria mais Páscoas no calendário de Deus. A Páscoa comemorava o êxodo de Israel do Egito vários séculos antes, mas Jesus realizaria um “êxodo” ainda maior na cruz. Nisto vemos Jesus utilizando símbolos antigos para lhes dar um novo significado (TOKUNBOH, 2013, p. 344). Essa linguagem metafórica nos ensina o seguinte:
 
1. O significado do pão.
O pão simboliza o corpo de Jesus, representando o sacrifício de Cristo por nós (Jo 3.16), e fala de seis verdades a saber: a) Encarnação de Cristo: “isto é o meu corpo...” (Mt 26.26; 1Co 11.24; Hb. 10.5; Rm. 8.3; Fp. 2.7,8); b) Sua devoção e seu sofrimento: “... que é partido...” (Ef. 5.2; Jo 10.18; Mt. 18.7); c) De sua substituição: “...por vós...” (Lc 22.19; Is 53.5; 1Pe 1.19); d) Seu convite: “Tomai, comei...”; e) Sua finalidade: “Fazei isto em memória de mim”; e, por fim, f) de sua gloriosa esperança: “Até que Ele venha” (Jo 14.1-3). O grão de trigo, do qual vem o pão, cai primeiro na terra e morre. Isto aconteceu com o Senhor (Jo 12.24). Comer o pão simboliza a participação nos benefícios trazidos pela morte de Cristo. O trigo é cortado, trilhado e moído; assim o nosso Senhor foi batido, açoitado, coroado com espinhos e morto (Is 53.4,5; Hb 2.9).
 
2. O significado do vinho.
O vinho (era diluído com água e, portanto, não tinha efeito inebriante) simboliza o seu sangue derramado na Cruz do Calvário (Mt 26.27,28; 1Pe 1.18,19). A Nova Aliança instituída por Cristo é um pacto de sangue. O vinho lembra de sua vida oferecida por nós (Jo 10.18; Is 53.7,8). Lembra da Nova Aliança no sangue de Jesus (Lc 22.20). Também nos lembra de que maneira recebemos esta nova vida (Jo 6.55,56). O sangue de Jesus é o preço da nossa redenção (Ef 1.7; 1 Pe 1.18,19; Ap 5.9). É a base do perdão (Lv 17.11; Hb 9.22). É a nossa justificação (Rm 5.9; 5.1; 4.5; Cl. 2.12). É a nossa paz (Cl 1.20; Rm 5.1). É a nossa purificação (1Jo 1.7; Ap 1.5; Hb 9.14) (SANTOS, 2005, p. 16).
 
 
CONCLUSÃO
Como é glorioso participar com alegria de tanta comunhão com Cristo e sua Igreja, precisamos levar a sério tal preceito, valorizarmos a cada dia a Santa Ceia em nossas congregações, estar presente e diferente dos coríntios que não entenderam a importância do outro na ceia, sentir a ausência e incentivar nossos irmãos a estarem juntos. Só existe verdadeira comunhão quando estamos juntos celebrando o dia que Cristo nos fez sua família.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário bíblico africano. Mundo Cristão.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: NT: vol. 01. Geográfica Editora.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: NT: vol. 05. Geográfica Editora.  



Por Rede Brasil de Comunicação.




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