Et
7.1-10
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos que depois da leitura do livro
das memórias das crônicas e a consequente exaltação de Mardoqueu e a humilhação
de Hamã (Et 6.1-14), a rainha Ester ofereceu um segundo banquete ao rei
Assuero, juntamente com Hamã, onde ela denunciou o plano diabólico de Hamã, de
matar todos os judeus e saquear os seus bens, resultando, em um novo decreto, dando
aos judeus o direito de se defender e de se vingar de seus inimigos. Ainda
nesta lição, pontuaremos o significado dos termos “banquete”, “denúncia” e “livramento”;
explicaremos como se deu os dois banquetes oferecidos pela rainha Ester ao rei Assuero
e a Hamã; e, finalmente, elencaremos a denúncia de Ester e a sentença de Hamã.
I. DEFINIÇÕES
DAS PALAVRAS-CHAVE DA LIÇÃO
1. Definição do termo banquete.
Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 397), o
termo ‘banquete’ significa: “refeição festiva” ou “refeição
formal e solene, de que participam muitos convidados”. O livro de Ester
menciona diversos banquetes: o do rei Assuero, para mostrar as riquezas e a
glória do seu reino (Et 1.3-8); o da rainha Vasti, para as mulheres da casa
real (Et 1.9); outro do rei Assuero, depois que tomou Ester como sua esposa (Et
2.18); e dois outros banquetes preparados pela rainha Ester para o rei Assuero
e para o ímpio Hamã (Et 5.4,5; 7.2-8).
2. Definição do termo denúncia.
O termo ‘denúncia’ é definido pelo dicionário
Houaiss (2001, p. 940) como: “ato ou efeito de denunciar”, “acusação
em que se atribui a alguém uma falta ou crime”. No livro de Ester lemos
acerca de três graves denúncias: a primeira, quando Mardoqueu descobriu a
conspiração de Bigtã e Teres, que eram eunucos e guardas do rei, e o fez saber
a rainha Ester (Et 2.21-23); a segunda, quando Hamã denunciou ao rei Assuero
que os judeus não obedeciam as leis persas (Et 3.8); e, a terceira, feita pela
própria rainha Ester ao rei Assuero, denunciando o plano maligno de Hamã de
matar todos os judeus (Et 7.3-6).
3. Definição do termo livramento.
Este termo deriva-se do verbo ‘livrar’, que o
dicionário Houaiss (2001, p. 1773) define como “tornar-se livre”,
“soltar”, “escapar”. Duas das três acusações
mencionadas do livro de Ester eram verdadeiras e ambas resultaram em
livramentos. A primeira impediu que o rei Assuero fosse morto (Et 2.21-23), e,
a segunda, impediu que os judeus fossem executados (Et 8.1-17). Por uma
providência divina, mesmo depois que o decreto mandando matar todos os judeus estivesse
assinado (Et 3.8-15) o rei Assuero escreveu outro decreto, dando aos judeus o
direito de se defender e de se vingar de seus inimigos (Et 8.10-14).
II. OS
DOIS BANQUETES OFERECIDOS PELA RAINHA ESTER
Após o período de jejum de três dias (Et 5.1) a
rainha Ester vestiu-se com suas vestes reais e compareceu à presença do rei,
mesmo sem ser chamada. Assuero, então, lhe estendeu o cetro e lhe deu a
liberdade de pedir o que ela quisesse, “até a metade do reino” (Et 5.3). Mas,
Ester agiu com prudência e convidou o rei para comparecer a dois banquetes,
juntamente com Hamã. Vejamos:
1. O primeiro banquete (Et
5.5-8).
Nesse primeiro banquete, a rainha Ester não
denunciou o plano de Hamã. Ela apenas convidou o rei para comparecer ao segundo
banquete, juntamente com Hamã, que seria realizado no dia seguinte (Et 5.8).
Sua atitude foi prudente. Ela esperou o momento oportuno. “Mesmo o rei
prontificando-se a atender Ester de forma imediata, ela agiu com cautela,
esperando o momento certo. Na primeira ocasião, apenas convidou o rei para um
banquete, junto com Hamã. Na hora do banquete, o rei renovou a sua disposição
em atender a qualquer pedido de Ester. Era a segunda oportunidade, mas ainda não
era o momento adequado. Ester convidou Assuero e Hamã para outro banquete no
dia seguinte, quando, então, faria o seu pedido (5.8). Uma noite importante
separava os fatos. Os desígnios de Deus são perfeitos, e Ester estava mesmo em
sintonia com a providência divina. Confiar em Deus e depender dEle faz com que
vivamos experiências extraordinárias. Assuero e Hamã foram para casa. As próximas 24 horas seriam
decisivas” (Queiroz, 2024, p. 120).
2. O segundo banquete (Et 7.1-9).
No segundo dia, o rei compareceu ao banquete do
vinho, juntamente com Hamã. Assuero, então, perguntou a Ester: “Qual é a
tua petição? E se te dará. E qual é o teu requerimento? Até metade do reino se
fará” (Et 7.1,2). “Da mesma forma como a pergunta, a resposta de Ester
foi imediata. A essa altura, talvez o coração da rainha estivesse acelerado.
Uma jovem judia, sem nenhuma tradição real, estava diante do grande imperador
persa e do algoz do seu povo, os judeus, e teria que ser firme na sua
declaração. Ester revelou-se uma mulher forte e decidida, denunciando o mau
Hamã (Et 7.3-6). A força moral de Ester certamente vinha do fato de ela ter
sido criada em obediência e temor. Em tempos nos quais tanto se critica o
obedecer a regras, é preciso considerar que não há crescimento moral sem
disciplina; não se forja o caráter sem ela, muito menos se constrói uma
estrutura emocional forte, e isso se aplica a todos. [...] Ester foi essa
mulher, que não titubeou no momento de denunciar ao mau Hamã” (Queiroz, 2024,
p. 135).
III. A
DENÚNCIA DE ESTER E A SENTENÇA DE HAMÃ
Sem dúvida Ester tinha plena convicção de que havia
se tornado rainha por um propósito divino: ser o instrumento de Deus para
preservação do povo judeu. E, o momento havia chegado para denunciar os planos
malignos de Hamã, de matar todos os judeus e saquear os seus bens. Vejamos como a
rainha Ester agiu de forma sábia e prudente:
1. A petição e o requerimento de
Ester.
Diante da pergunta do rei Assuero: “Qual é a tua
petição? E se te dará. E qual é o teu requerimento? Até metade do reino se
fará” (Et 7.1,2), a rainha Ester, respondeu então: “Se, ó rei, achei
graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me aminha vida como minha
petição e o meu povo como meu requerimento.” (Et 7.3). Ester era uma mulher
e altruísta. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra altruísta, quer dizer: “sentimento
de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta
está mais preocupada com o interesse do próximo do que com o seu. Assim sendo,
altruísmo é, acima de tudo, uma demonstração de amor, pois, o amor não busca os
seus interesses (I Co 13.5). Ester destaca-se também na história bíblica como
uma autêntica intercessora. De forma sábia, ela pediu ao rei não apenas pela sua
própria vida, mas, também pelo povo judeu, como fizeram também Moisés (Êx
32.11-14; Nm 14.13-20); Neemias (Ne 1.5-11; 2.1-5); Daniel (Dn 9.3-20); Jesus
(Jo 17.1-24); Paulo (Fp 1.4-6); além de outros.
2. A denúncia de Ester.
Disse, então, a rainha ao rei Assuero: “Porque
estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e lançarem a
perder...” (Et 7.4). É bem possível que o rei tenha pensado sobre qual
seria a petição da rainha Ester. O que era tão importante para ela, a ponto de
ela preparar dois banquetes para fazer a sua petição? E, para a surpresa do rei
Assuero, ela falou que a sua vida e a do seu povo estava em risco. “Se tivesse
vendido os judeus como escravos, o pagamento poderia ser considerado justo, mas
vendê-los para a morte e destruição absoluta era algo que não havia dinheiro
que pudesse pagar. De acordo com Ester, se tivesse sido apenas uma questão de
escravidão, ela teria permanecido calada. Para que incomodar o rei com algo
assim? Porém, um extermínio em grande escala era algo que não se poderia
ignorar. A rainha Ester intercedeu corajosamente por seu povo” (Wiersbe, 2010,
p. 723).
3. A pergunta do rei Assuero.
Ao tomar conhecimento que a rainha Ester estava
ameaçada de morte, o rei perguntou, então: “Quem é esse? E onde está esse
cujo coração o instigou a fazer assim? E disse Ester: O homem, o opressor e o
inimigo é este mau Hamã” (Et 7.5,6). “Procure imaginar, a essa altura da história,
o que se passava pela cabeça do rei Assuero. Sem acusá-lo explicitamente, Ester
havia envolvido o rei num crime terrível, e, por certo, ele se sentiu culpado.
O rei sabia que aprovara aquele decreto de modo impensado. Porém, não percebeu
que aquilo fazia parte de uma conspiração. Assinara a ordem de execução da própria
esposa! O rei deveria encontrar um modo de salvar, ao mesmo tempo, a esposa e a
honra” (Wiersbe, 2010, p. 723). Depois disso, o rei levantou-se furioso e foi
até o jardim do palácio (Et 7.7), possivelmente para refletir sobre a sua
decisão precipitada, de dar autonomia a Hamã para mandar exterminar todos os
judeus (Et 3.10-12) e pensar sobre qual seria a sentença que deveria ser dada a
Hamã.
4. A súplica de Hamã pela sua
vida.
Depois de ouvir a acusação da rainha e presenciar a
fúria do rei, Hamã, então, pôs-se a rogar pela sua vida. E, quando o rei
Assuero retornou do jardim, viu Hamã prostrado sobre o leito onde estava a
rainha Ester, fazendo com que a fúria do rei aumentasse ainda mais. “Porventura,
quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? (Et 7.7,8). “Que
paradoxo! Hamã havia se enfurecido porque um judeu recusava-se a curvar-se
diante dele, e agora Hamã se prostrava diante de uma judia, suplicando por sua
vida! Quando o rei entrou no aposento e viu a cena, acusou Hamã de tentar molestar
a rainha” (Wiersbe, 2010, p. 724). A história de Hamã nas páginas da Bíblia se
inicia com o rei Assuero o exaltando e o colocando acima de todos os príncipes
(Et 3.1), mas, foi marcada pelo ódio e crueldade não apenas contra Mardoqueu,
mas, também, contra o povo judeu (Et 3.5-15). Por essa
razão, ele tem um fim trágico, como veremos a seguir.
5. A sentença do rei Assuero para
Hamã.
Depois disso, Hamã foi preso e um dos eunucos do
rei Assuero, por nome Harbona informou ao rei Assuero que Hamã também havia
mandado fazer uma forca para Mardoqueu. Então, o rei determinou que Hamã fosse enforcado
nela (Et 7.8,9). “A forca construída para Mordecai num local tão visível
mostrou-se conveniente para a execução de Hamã. Assim, o rei a usou para esse fim.
[...] ‘Não vos enganeis: de Deus não se zomba’, advertiu Paulo. ‘Pois aquilo
que o homem semear, isso também ceifará’ (Gl 6.7). O primeiro-ministro semeou
ódio contra Mordecai e colheu a fúria do rei. Hamã desejava matar Mordecai e
todos os judeus, mas foi morto pelo rei. ‘Segundo eu tenho visto, os que lavram
a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles segam’ (Jó 4.8). ‘O que semeia a
injustiça segará males.’ (Pv 22.8)” (Wiersbe, 2010, p. 724).
CONCLUSÃO
Dentre as muitas virtudes da rainha Ester,
destacamos nesta lição a sua coragem, seu altruísmo e sua intercessão. De forma
sábia e prudente, ela agiu em favor de sua vida e do seu povo. Por outro lado,
aprendemos sobre a lei da semeadura. Hamã, que planejou a morte de Mardoqueu,
bem como a de todos os judeus do reino da Pérsia, foi enforcado na própria
forca que preparou. Sejamos, pois, sábios, altruístas e intercessores como
Ester; e jamais venhamos agir como o astuto e maligno Hamã.
REFERÊNCIAS
Ø BALDWIN,
Joyce G. Ester: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Ø QUEIROZ,
Silas. O Deus que Governa o Mundo e Cuida da Família. CPAD.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø WIERSBE,
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento.
GEOGRÁFICA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.