sábado, 14 de setembro de 2024

LIÇÃO 11 – A HUMILHAÇÃO DE HAMÃ E A HONRA DE MARDOQUEU






Et 6.1-14
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, observaremos o plano de Hamã contra Mardoqueu; focaremos na análise dos conceitos de humilhação e honra, que é mais do que um simples relato de rivalidades e conspirações. Ao refletirmos sobre este enredo, nosso objetivo é analisar como a justiça e a providência divina se manifestam através das reviravoltas da história, mostrando que os planos humanos podem ser frustrados diante do propósito de Deus.
 
 
I. DEFINIÇÃO DAS PALAVRA HUMILHAÇÃO E HONRA
1. Definição do termo humilhação.
O dicionário Houaiss (2001, p. 1555) define humilhação como: “ação em que alguém humilha, rebaixa, diminui o valor de outra pessoa ou coisa; rebaixamento moral; afronta, diminuição, ação em que uma pessoa é diminuída”. A Bíblia tem vários versículos que mencionam a humilhação, incluindo: “Pois todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado” (Mt 23.11-12); “Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que vos exalte a seu tempo, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.6-7).A Bíblia também sugere que as pessoas não devem humilhar os outros: “Envergonhem-se e sejam humilhados juntamente os que se alegram com o meu mal; vistam-se de vergonha e de desonra os que se engrandecem contra mim” (Sl 35.26).
 
2. Definição do termo honra.
O verbo honrar segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 1550) significa “princípio de conduta de quem é virtuoso, qualidades consideradas virtuosas; virtude, posição de destaque em relação aos demais”. Como substantivo, honra na Bíblia significa “estima, valor ou grande respeito”. Honrar alguém é valorizar muito essa pessoa. A Bíblia nos exorta a expressar honra e estima por certas pessoas: nossos pais, os idosos e as autoridades (Ef 6.2; Lv 19.32; Rm 13.1). Pedro nos diz: “Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei” (1Pe 2.17). A ideia de honrar os outros, especialmente aqueles em autoridade (o rei), vem do fato de que representam a autoridade suprema de Deus.
 
 
II. A PROVIDÊNCIA DIVINA NO CONTROLE DA HISTÓRIA
A palavra “providência” vem do latim “providentia”, e a palavra “prover” do latim “providere” (Campos, 2001, p. 7). Segundo dicionário Houaiss (2001, p. 2321) provisão é: “ato ou efeito de prover; fornecimento, abastecimento”. Sendo assim, podemos definir a provisão divina como a atividade do deus soberano, em provê as necessidades da sua criação, intervindo para sua preservação (Campos, 2001, p. 8)
 
1. A providência de Deus tira o sono do rei (Et 6.1).
Tudo começou com a insônia do rei, um sinal de que a providência divina tinha um plano maior. Este era o momento decisivo da história. O monarca que governava 127 províncias não podia dominar seu próprio sono. Apesar de ter ao seu alcance todos os prazeres imagináveis, banquetes, entretenimento e um harém vasto, ele optou por ouvir a leitura das crônicas do reino [não confundir como os livros das crônicas de Israel]. Às vezes, é na mais inesperada das noites que o destino se revela.
 
2. O rei buscou respostas nas crônicas e encontrou a justiça (Et 6.1c).
Segundo o dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696). Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah” como também o vocábulo grego “dikaiosune”, são traduzidos em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (Champlin, 2004, p. 677). Teologicamente, diz respeito “à característica intrínseca de deus em que ele é absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e retidão” (Geisler, 2010, p. 829). O rei, atormentado pela insônia, decide ouvir histórias antigas na esperança de encontrar alívio. Durante a leitura, é surpreendido ao descobrir detalhes sobre um episódio crítico em que sua vida foi salva por um homem chamado Mardoqueu, que havia desmascarado uma conspiração contra ele.
 
3. Deus está no controle das sequências dos acontecimentos (Et 6.2).
Havia se passado cinco anos. Alguém poderia até perguntar: Será que Deus se esqueceu? Em meio ao caos e à incerteza, o cristão pode confiar como diz o salmista: “Meu futuro está seguro em tuas mãos” (Sl 31.15). Pode parecer injusto ver os ímpios prosperarem enquanto os justos enfrentam dificuldades, mas devemos lembrar que Deus age conforme sua própria vontade. Outro exemplo é josé que depois de fazer amizade com o copeiro do faraó, José pensou que isso resultaria em sua libertação da prisão, mas teve de esperar dois anos até que chegasse o tempo escolhido por deus para ele tornar-se o segundo no poder no Egito (Gn 40.23-41.1) (Wiersbe, 2010, p.718). como diz salmo 37:7: “Descansa no Senhor e espera por ele; não te irrites por causa daquele que prospera em seu caminho”. Deus é paciente com os perversos, esperando que se arrependam, e também é cuidadoso com seu povo, garantindo que recebam a recompensa adequada no momento certo (2Pe 3.9; Rm 8.28). Lembremo-nos: Deus não precisa de relógio.
 
4. Deus agiu no controle dos acontecimentos na vida do seu povo (Et 6.3).
Quem iria salvar a vida do rei da próxima vez se não houvesse certeza de uma recompensa? Podemos imaginar o rei Assuero levantando-se rapidamente da cama, como sempre fazia. Ao amanhecer, ele sai apressado do palácio, seguido por seus servos. Havia algo errado que precisava ser corrigido imediatamente. Mas o rei não sabia o que fazer sem seus conselheiros, que sempre o orientavam. Ele pergunta aos servos: “Quem está no pátio?” (Et 6.4), ou seja, quem dos meus conselheiros está disponível para me ajudar?
 
5. Na hora certa e no lugar certo (Et 6.4).
É possível que Hamã tivesse passado a noite em claro, supervisionando com gosto a construção da forca onde planejava executar Mordecai. Era bem cedo, mas Hamã desejava encontrar-se com o rei o mais rápido possível e obter sua permissão para a execução (Pv 6.18). Do ponto de vista da Hamã, quanto antes Mardoqueu fosse executado, melhor. O corpo de Mardoqueu ficaria exposto o dia todo, o que daria grande prazer a Hamã e também instilaria o medo no coração dos cidadãos judeus de Susã. Imagine se Hamã tivesse chegado duas horas depois? O rei teria consultado outros conselheiros e ele teria sido deixado de fora da celebração de Mardoqueu. Deus queria que Hamã passasse o dia honrando Mardoqueu e não exultando em sua malignidade ao ver o corpo de Mardoqueu na forca. Na verdade, Deus estava advertindo Hamã de que seria melhor mudar seu curso de ação ou acabaria sendo destruído (Wiersbe, 2010, p. 719).
 
 
III. DEUS SEMPRE HONRA SEUS SERVOS
Normalmente, a essa hora da manhã, o pátio estaria vazio (Et 6.5,6). No entanto, a providência divina fez com que Hamã estivesse lá, apesar da hora cedo. Ele não estava lá por acaso; Hamã havia vindo para pedir ao rei que enforcasse Mardoqueu na forca que já havia sido preparada, na esperança de aproveitar o resto do dia sem preocupações. Como está escrito em Provérbios 16.9: “O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”.
 
1. Hamã não conseguia ter felicidade mesmo tendo glória (Et 6.5).
Hamã, cheio de orgulho, não sabia que seu dia acabaria de forma oposta ao que ele esperava. Em vez de enforcar Mardoqueu, ele seria forçado a honrar-lo publicamente. O banquete de Ester revelaria Hamã como traidor, e ele mesmo acabaria na forca. Como diz em Provérbios 11.8: “O justo é libertado da angústia, e o perverso a recebe em seu lugar”. Podemos lembrar ainda de Provérbios 18.12: “Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, mas a humildade vem antes da honra”. A Bíblia ensina que: “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra”.
 
2. Uma pergunta simples e uma resposta cheia de soberba (Et 6.5-7).
A soberba é o encurvamento do homem a si mesmo. Soberbo no grego é “huperephanos” que significa: “mostrar-se a si mesmo acima dos outros” formada de “huper” que é “muito acima de” e da expressão “phainomai” que é “aparecer, ser manifesto”, embora muitas vezes denote “preeminente”, sempre é usado no nt no mau sentido de “arrogante, desonesto, orgulhoso, altivo, soberbo” (Lc 1.51; Rm 1.30; 2Tm 3.2; Tg 4.6; 1Pe 5.5) (Vine, 2002, p. 996). O orgulho é um pecado abominável diante de Deus (Pv 21.4; 6.16). Quando o rei faz a pergunta, em quem Hamã pensa imediatamente? E claro que em si mesmo. Hamã não perdeu tempo com formalidades ou elogios. Ele foi direto e objetivo em seu pedido, ignorando as habituais expressões de cortesia: “Se parece bem ao rei”, “Se eu achei favor aos olhos do rei”, e outras semelhantes. Hamã foi direto ao ponto e por isso tenhamos cuidado pois o orgulho engana os homens.
 
3. Deus frustra os planos dos inimigos (Et 6.8-9).
Hamã queria o trono para si e como segundo no poder no império, se alguma coisa acontece a Assuero, sem dúvida Hamã estaria na melhor posição de tomar o lugar do rei. Um homem orgulhoso, com ambições egoístas, não se contenta com o segundo lugar se existe algum modo de conseguir o primeiro. O que o orgulhoso Hamã não sabia era que, antes de o dia terminar, a situação teria sido completamente invertida (Wiersbe, 2010, p. 720).
 
4. O livramento de Deus veio dos labios de Hamã (Et 6.10-14).
As palavras que Hamã teve de proclamar devem ter parecido areia em sua boca. As coisas se inverteram para Hamã, todavia, melhoraram para Mardoqueu. Sentado no cavalo, com as vestes reais, ele era o homem mais surpreso do reino. Mardoqueu não era orgulhoso, nem vingativo, ele não ficou sussurrando: “Fale um pouco mais alto. Sofra, Hamã!” Segundo o que está escrito, Mardoqueu não abriu a boca (Swindoll, 2010, p. 145). Enquanto os inimigos tramam seus planos, Deus observa e ri, pois, como diz Salmos 2.4 “O Senhor se ri deles; o Senhor zomba deles”. É impossível observar o plano frustrado de Hamã contra Mardoqueu sem abrir um sorriso no final da história.
 
 
CONCLUSÃO
Ao concluirmos está lição sobre a história de Hamã e Mordecai, é evidente que a narrativa não é apenas uma crônica de traição e justiça, mas um poderoso testemunho da soberania de Deus sobre os planos humanos. Hamã, com seu orgulho e ambição desmedidos, arquitetou um plano para humilhar Mordecai e aniquilar o povo judeu. No entanto, Deus, que observa e dirige os eventos conforme Sua vontade, transformou a trama de Hamã em um cenário de humilhação para ele e exaltação para Mordecai.
       
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø  HUBBARD JR, Robert L. Comentário do Antigo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø  NETO, Emilio Garofalo. Ester na Casa da Pérsia. FIEL.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. GEOGRÁFICA.
Ø  (Swindoll, Charles R. Ester: uma mulher de sensibilidade e coragem. MUNDO CRISTÃO.   
 
Por Rede Brasil de Comunicação.



 

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