quinta-feira, 5 de setembro de 2024

LIÇÃO 10 – O PLANO DE LIVRAMENTO E O PAPEL DE ESTER






Et 4.5-17; 5.1-3,7,8
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição da palavra “livramento”; pontuaremos o momento histórico em que este povo se viu diante de um possível massacre promovido por um dos seus inimigos por meio de um projeto antissemita de Hamã para destruição dos judeus; estudaremos qual a reação da rainha Ester e de seu pai adotivo Mardoqueu diante do antissemitismo de Hamã; verificaremos a reação do povo judeu diante do antissemitismo de Hamã; e por fim, pontuaremos a resposta de Deus para proteger o seu povo.
 
 
I. DEFININDO A PALAVRA LIVRAMENTO
1. Definição da palavra livramento.
Os escritores sagrados empregam várias palavras que fazem referência ao conceito geral de “livramento” ou “salvação”, seja no sentido natural, jurídico ou espiritual. O enfoque recai em dois verbos: “natsal” e “yasha”. O termo “natsal” primeiro ocorre 212 vezes, mais frequentemente com o significado de “livrar” ou “libertar” (Êx 3.8; 2Cr 32.17). A raiz da palavra “yasha” ocorre 354 vezes, sendo a maior concentração nos Salmos onde aparece 136 vezes e nos livros proféticos 100 vezes. A palavra “yasha” também pode significar: “salvar, livrar, conceder vitória ou ajudar” (Horton, 2023, p.336).
 
 
II. O PROJETO ANTISSEMITA DE HAMÃ PARA DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS
1. A nomeação de Hamã.
O livro de Rute nos informa que Assuero engrandeceu a um homem chamado Hamã (Et 3.1). Segundo Beacon (2008, p. 550): “Hamã foi elevado à posição de primeiro-ministro. Esta posição lhe trouxe a maior condição entre os príncipes da corte persa, e tornou-se o segundo abaixo do rei em poder. De acordo com a ordem do monarca, segundo o costume dos governos orientais antigos, as princesas e nobres, assim como o povo em geral, todos precisavam inclinar-se perante o grão-vizir quando ele passava pelo palácio e pelas ruas de Susã”. De fato, todos os servos do rei se inclinavam diante de Hamã, no entanto, Mardoqueu o judeu, descumpria esta ordem (Et 3.2). Josefo (2004, p. 503) diz que: “Mardoqueu era o único que não lhe prestava essa homenagem, porque a lei de Deus o proibia”. Talvez uma alusão ao Decálogo, que condenava a adoração a qualquer coisa em lugar de Deus (Êx 20.3-6; Dt 5.7-10).
 
2. O ódio de Hamã.
Ao ver que Mardoqueu não se prostava diante de si, contrariando a ordenação real, Hamã encheu-se de furor (Et 3.5,6). Sua atitude em seguida deste sentimento foi de executar Mardoqueu e, também, todo o povo judeu a quem ele pertencia. O registro bíblico nos diz que Hamã se tornou adversário dos judeus (Et 3.10).
 
3. O decreto de Hamã.
Para levar adiante o seu plano de provocar um genocídio dos judeus (Et 3.7-15), Hamã, que tinha acesso direto ao rei, lhe propôs exterminar e saquear os bens de um povo que segundo ele tinha leis e costumes diferentes dos povos que estavam sob o domínio de Assuero (Et 3.8). Além de Hamã estar propondo varrer do reino um povo “insubmisso ao rei”, prometeu-lhe também que pagaria ao rei por esta prestação de serviço (Et 3.9). Ao que o rei consentiu, colocando-lhe na mão o seu anel com o qual o decreto poderia ser assinado (Et 3.10). O decreto de morte então foi assinado, para ser colocado em prática no dia 13 do mês de Adar, segundo consultou os seus deuses (Et 3.7,12-14).
 
 
III. REAÇÃO DA RAINHA ESTER E DE MARDOQUEU DIANTE DO ANTISSEMITISMO DE HAMÃ
1. A reação da rainha Ester diante do perigo.
Uma das virtudes mais admiráveis de Ester é a sua sabedoria diante das situações mais difíceis de sua vida. Ela nos ensina a não entrar em desespero por conta das adversidades e problemas, como também nos mostra que não devemos agir por impulso ou sem pensar nas consequências. A conduta de Ester nos faz ver que Mardoqueu a educou nos caminhos do Senhor. Vejamos algumas atitudes da rainha Ester: 
  • A rainha Ester convocou um Jejum (Et 4.16);
  • A rainha Ester prudentemente apresentou-se ao rei Assuero (Et 5.1);
  • A rainha Ester sabiamente oferece um banquete ao rei Assuero (Et 5. 4,8);
  • A rainha Ester no momento certo denunciou Hamã (Et 7.6).
 
2. A reação de Mardoqueu diante do perigo.
Mardoqueu, mesmo vivendo em terra estranha, entendia que Deus é fiel no cumprimento de todas as suas alianças e promessas. Certamente, Mardoqueu era conhecedor da aliança existente entre Abraão e o Senhor. Mardoqueu percebeu que o povo judeu corria o risco de ser exterminado e que ele e Ester poderiam fazer alguma coisa para que não acontecesse tal tragédia. 
  • Mardoqueu humilhou-se diante de Deus (Et 4.1);
  • Mardoqueu estrategicamente foi para a porta do Rei (Et 4.2);
  • Mardoqueu sabiamente enviou uma cópia do edito real para a rainha Ester (Et 4.8);
  • Mardoqueu confiou no livramento de Deus para os Judeus (Et 4.14).
 
IV. A REAÇÃO DO POVO JUDEU DIANTE DO ANTISSEMITISMO DE HAMÃ
Depois que o edito real assinado por Hamã começou a ganhar notoriedade, a cidade de Susã “estava confusa” (Et 3.15). Mardoqueu e os judeus que estavam na Pérsia, resolveram agir (Et 4.3). Vejamos quais foram as suas atitudes do povo:
 
1. O povo orou (Et 4.1-3).
Diante da ameaça iminente, os judeus se puseram a orar. Mardoqueu foi o primeiro (Et 4.1). Todo o povo começou a clamar também (Et 4.3). A oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo, pedir-lhe perdão pelas faltas cometidas, agradecer-lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele. Essa atividade é descrita como: invocar a Deus (Sl 17.6); invocar o nome do Senhor (Gn 4.26); clamar ao Senhor (Sl 3.4); levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1). Este deve ser o primeiro e não o último recurso utilizado pelo crente em todo tempo e principalmente diante das dificuldades (Sl 4.1; 18.6; 77.2; 91.15).
 
2. O povo se quebrantou (Et 4.1-3).
Além de os judeus orarem, o registro sagrado diz de que forma eles oraram: “e em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos estavam deitados em saco e em cinza” (Et 4.3). Segundo Champlin (2004, p. 620), “o ato de rasgar as próprias vestes era uma maneira comum e simbólica de exprimir alguma emoção forte, como ira, tristeza ou consternação”. O que Deus requer de cada um de nós é um espírito quebrantado (II Cr 7.14; Sl 34.18; 51.17; Is 57.15).
 
3. O povo jejuou (Et 4.15-17).
Ester ficou sabendo por meio dos seus servos que o seu parente Mardoqueu estava a porta do rei clamando por misericórdia, mandou procurar saber do próprio Mardoqueu o porquê daquela atitude (Et 4.4-7). Ele deu a ela uma cópia do decreto assinado de morte assinado pelo rei e mandou dizer-lhe que como era a rainha e estava no palácio, deveria comparecer diante do rei para suplicar em favor do seu povo (Et 4.7-9). Ester sabia que não podia comparecer ante o rei sem ser chamada (Et 4.11). Diante desta dificuldade, Ester propôs que junto com ela os demais judeus recorressem a Deus em jejum para que Ele pudesse intervir nesse caso (Et 4.10-16). O jejum é a abstinência parcial ou total de alimentos com finalidades específicas. Prática comum entre os judeus em ocasiões específicas, sendo a principal delas os momentos de aflição (II Cr 20.3; Dn 9.3; Jl 1.1-14).
 
 
V. A RESPOSTA DE DEUS PARA PROTEGER O SEU POVO ANTISSEMITISMO DE HAMÃ
O livro de Ester descreve a soberania e o cuidado de Deus para com o seu povo. Ele relata o grande livramento dado por Deus ao povo judeu na Pérsia. Embora o nome de Deus não seja mencionado no livro, cada página está cheia dEle. Mattew Henry (2010, p. 845), diz: “Ainda que o nome de Deus não se encontre nele, o mesmo não se pode dizer da sua mão, guiando minuciosamente os fatos que culminaram na libertação de seu povo”. Vejamos como Deus agiu para livrar o seu povo:
 
1. Deus agiu previamente.
O livro de Ester nos mostra Deus agindo antes que o mal se levantasse sobre o seu povo, por exemplo: a) a nomeação de Ester a rainha (Et 2.17), se deu antes da nomeação de Hamã para primeiro-ministro (Et 3.1); b) a recompensa pelo livramento que Mardoqueu deu ao rei Assuero (Et 2.21-23), somente aconteceu na ocasião que Hamã intentava lhe pendurar numa forca. Deus fez que ao invés de morto, Mardoqueu fosse honrado pelo próprio opositor (Et 5.14; 6.1-12).
 
2. Deus agiu providencialmente.
O povo de Israel é a semente de Abraão, a qual Deus fez a seguinte promessa: “e abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3b). Portanto, pelejar contra a nação de Israel só resultará em desvantagem. Tal concepção foi assimilada pela própria mulher de Hamã, após ele ter chegado frustrado de sua tentativa de executar o judeu Mardoqueu (Et 6.13). Embora Satanás tente através de governantes e nações aniquilar a semente abraâmica jamais conseguirá (Zc 14.1-15). Mardoqueu estava convicto de que Deus providenciaria livramento de uma forma ou de outra (Et 4.14).
 
3. Deus agiu sabiamente.
Por certo, Deus orientou a Ester que junto com os judeus orassem e jejuassem por três dias, para que no terceiro dia, mesmo sem ser chamada, ela comparecesse diante do trono real arriscando a sua própria vida (Et 4.11-16). No terceiro dia, Ester corajosamente compareceu diante do rei, o qual estendeu sobre ela o cetro dizendo que estava disposto a lhe conceder o que pedisse. Ester convidou o rei e Hamã para dois banquetes e neste a rainha revelou o propósito de Hamã de destruição de todos os judeus, do qual povo ela também pertencia (Et 7.1-6). Na mesma hora, o rei também ficou sabendo que Hamã intentava enforcar Mardoqueu, o benfeitor do rei (Et 7.9). Diante disto, Assuero enfurecido mandou que Hamã fosse enforcado nela (Et 7.10). Quanto ao decreto real de destruição de todos os judeus, que foi assinado por Hamã com o anel do rei, que era irrevogável (Et 8.8), Deus sabiamente colocou no coração de Mardoqueu que assumiu o cargo de Hamã (Et 8.1,2), que se fizesse outro decreto dando aos judeus o direito de se defenderem (Et 8.9-12). O luto dos judeus terminou em alegria, pois Deus mudou-lhes a sorte (Et 8.16,17; 9.17-32).
 
 
CONCLUSÃO
O livro de Ester nos ensina que o povo de Deus não está a deriva neste mundo tenebroso. O Senhor, Deus único e verdadeiro intervém na história, de forma que, antes mesmo do mal ser planejado para prejudicar os seus servos, Ele dispõe previamente do livramento. Diante desta verdade, devemos descansar no cuidado providencial de Deus.
 


       
REFERÊNCIAS
Ø  GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
Ø  HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico. CPAD.
Ø  HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
   
 
Por Rede Brasil de Comunicação.



 

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