Et 8.4-8; 9.29-31; 10.1-3
INTRODUÇÃO
Nesta última lição, observaremos a coragem de Ester
que é evidenciada em sua decisão de arriscar a própria vida para interceder
pelo seu povo, desafiando a lei persa e entrando na presença do rei sem ser
convocada. Pontuaremos sua bravura que é acompanhada por uma sensibilidade
notável ao sofrimento dos seus compatriotas, o que a leva a buscar soluções que
garantam a preservação e o bem-estar dos judeus. E por fim, veremos também a
instituição da festa de Purim que comemora a salvação dos judeus e promove a
alegria, a solidariedade e a generosidade.
I. DEFINIÇÕES
DAS PALAVRAS CHAVES DA HISTÓRIA
1. Definição do termo boas-novas.
O dicionário Houaiss (2001, p. 470) define
boas-novas como: “notícia muito boa; novidade feliz”. Essa
palavra vem de duas palavras gregas, “eu”, advérbio, “bem”, e, “angelia”,
que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra “euangelion”
quer dizer “boas novas, boas notícias, notícias alvissareiras”.
2. Definição do termo humildade.
O termo humildade segundo o dicionário Houaiss
(2001, p. 1555) significa: “qualidade da pessoa humilde, modesta,
simples, sem vaidades; simplicidade; escassez de ostentação; sobriedade;
qualidade de quem tem consciência de suas limitações; modéstia; demonstração de
fraqueza diante de algo ou alguém; inferioridade; uem expressa algum tipo de
submissão em relação aos seus superiores; subordinação”. A Bíblia diz
que a humildade vai diante da honra (Pv 15.33). O Senhor Jesus também afirmou
que o Reino dos Céus pertence aos humildes (Mt 5.3). Ele é o nosso maior
exemplo de humildade, e nos ensinou que, no Reino de Deus, o maior não é quem
está sendo servido, e sim aquele que serve (Mt 23.11).
3. Definição do termo súplica.
O dicionário Houaiss (2001, p. 2643) define súplica
como: “oração feita com insistência e submissão; prece, rogativa;
solicitação em que se pede um favor, graça ou esmola; qualquer pedido que se
faz insistente e permanentemente, geralmente por desespero”. A Bíblica
nos ensina a suplicar pelo favor de Deus: “Orando em todo o tempo com toda a
oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e
súplica por todos os santos” (Ef 6.18). A palavra também é a mesmo coisa que “intercessão”.
Intercessão latim “intercessionem” que é uma “súplica em
favor de outrem”. A intercessão pressupõe sofrer com os que sofrem;
chorar com os que choram.
II. A
NOVA LEI TRAZ CONSIGO BOAS NOTÍCIAS, TRAZENDO ESPERANÇA E ALEGRIA
Naquele mesmo dia o rei presenteia a rainha Ester
com a casa de Hamã. Ele está falando de todas as posses de Hamã, inimigo dos
judeus, adversário do povo do Senhor. Mas agora tudo pertence a Ester, que é
Hadassa do povo do Senhor. Por certo uma quantia vultuosa. A situação mudou
radicalmente. Os vastos recursos que pertenciam a Hamã agora são de Ester (Et
8.1-2) (Neto, 2021. p.133).
1. Embora Hamã tenha
desaparecido, o decreto ainda permanece em vigor (Et 8.3).
Hamã estava morto, mas o decreto ainda continua bem
vivo. O edito estava escrito, tinha que ser feito e era irrevogável. Os judeus
morreriam no mês de dezembro. Sabendo disto, Ester chora. A situação
continuava complicada para o povo de Deus. O povo judeu estava sob ameaça de
genocídio e isso não mudou com a execução de Hamã.
2. O cetro de ouro como símbolo
de autoridade e favor (Et 8.4).
A extensão do cetro é um gesto de aceitação e
benevolência real. Na cultura persa, o cetro simbolizava a autoridade do rei e
a extensão do cetro indicava que Ester havia encontrado favor (Et 4.11). Este
ato é comparável ao favor divino que Deus concede aos seus servos, como
mencionado em Salmos 84.11: “Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o
Senhor dará graça e glória”. O gesto do rei, portanto, pode ser visto
como uma manifestação do favor divino, permitindo a Ester interceder com
sucesso. O ato de Ester se levantar e se posicionar diante do rei demonstra sua
coragem e o papel de intercessora. Isso é um reflexo do papel de mediação que
alguns personagens bíblicos desempenharam em situações críticas. Por exemplo,
Moisés intercedeu pelo povo de Israel diante de Deus (Êx 32.11-14).
3. O pedido decisivo (Et 8.5).
A rainha Ester inicia seu pedido com uma
solicitação condicionada ao favor real: “Se bem parecer ao rei, e se eu
achei graça perante ele […]”. Esta abordagem demonstra a compreensão de
Ester sobre a importância da graça real. Seu pedido reflete a ideia de que a
intercessão eficaz depende do favor e da aceitação por parte do soberano. Em
termos teológicos, isso é paralelo à intercessão de Cristo por nós. Como Paulo
afirma em Romanos 8.34, Cristo intercede por nós junto ao Pai, evidenciando o
papel de mediador que garante nossa aceitação e favor diante de Deus (Swindoll,
1999. p. 171). “Nós, que vivemos numa cultura em que tais coisas ocorrem
com certa frequência, dificilmente nos surpreendemos quando alguma autoridade muda
de opinião. Mas, naquela época, nunca se ouvira falar de coisa como essa no
reino persa”.
4. Empatia e compromisso com o
povo (Et 8.6).
A dor e a angústia de Ester refletem uma profunda
empatia e compromisso com seu povo. Ester está tão identificada com a situação
de seus compatriotas que o sofrimento deles é visto como uma extensão de seu próprio
sofrimento. Esse lamento demonstra um desejo genuíno de fazer algo para mudar a
situação. Este sentimento é consistente com o mandamento bíblico de amar o
próximo como a si mesmo (Lv 19.18). Este tipo de empatia também é um reflexo da
liderança justa e responsável encontrada em outros líderes bíblicos, como
Moisés, que intercedeu por Israel durante crises graves (Nm 14.13-19).
5. Justiça e recompensa (Et
8.7-8).
Segundo o dicionário Houaiss o termo justiça
significa: “caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é
direito, com o que é justo” (2001, p. 1696). O rei Assuero declara que
deu a Ester a casa de Hamã e que Hamã foi executado devido à sua ação contra os
judeus. A execução de Hamã é uma demonstração de justiça e retribuição pelo mal
que ele havia planejado contra o povo de Deus. Este conceito de justiça
retributiva é um tema recorrente nas Escrituras, onde Deus garante que
o mal será punido e a justiça será feita: “O fazer justiça é alegria para
o justo, mas é terror para os que praticam a iniquidade” (Pv 21.15).
A decisão do rei reflete a ideia bíblica de que a justiça deve prevalecer
sobre a injustiça. O rei não poderia revogar seu édito por meios legais, mas
era possível publicar um novo decreto favorecendo os judeus. Esse novo decreto
informaria a todos no império que o rei desejava que todo seu povo tivesse uma
atitude diferente em relação aos judeus e que os tratasse de modo favorável.
Este é um exemplo clássico, mostrando porque devemos opor-nos com firmeza e
lutar em prol da verdade, embora pareça que as leis existentes nunca mudam (Is
1.17) (Swindoll, 1999. p. 172).
III. A
INSTITUIÇÃO DA FESTA DE PURIM
A criação e a confirmação da festa de Purim por
Ester e Mardoqueu são um ato significativo de preservação da memória e celebração
da libertação do povo judeu. Purim é instituído para recordar a intervenção
divina e a salvação dos judeus da ameaça de extermínio planejada por Hamã. Em
Dt 16.3, Deus ordena a celebração da Páscoa como um meio de recordar a
libertação do Egito. Assim como a Páscoa, Purim serve para manter viva a
memória dos atos de salvação de Deus.
1. A transformação de tristeza em
alegria (Et 9.22).
O texto menciona que os dias de Purim são uma
transformação de “tristeza em alegria e de luto em festa”. Essa
mudança é emblemática da capacidade de Deus para transformar situações adversas
em ocasiões de alegria e celebração. Em Isaías 61.3 é prometido que Deus “trocaria
a tristeza por alegria”. A festa de Purim é uma celebração desta
mudança divina. Além do mais o texto enfatiza que durante a festa de Purim, os
judeus devem dar presentes uns aos outros e oferecer dádivas aos pobres. Esta
prática de generosidade reflete o valor bíblico da caridade e da solidariedade.
Em Provérbios 19.17 fala muito bem sobre esse gesto. A doação durante Purim é
uma forma de expressar gratidão pela salvação recebida e de demonstrar cuidado pelos necessitados.
IV. ESTER:
UMA MULHER DE SENSIBILIDADE E CORAGEM
A rainha Ester demonstra uma coragem excepcional ao
se arriscar por seu povo. Em Ester 4.16, ela toma uma decisão ousada para interceder perante o rei Assuero, apesar do
risco de morte. A coragem de Ester é evidente em sua disposição de desobedecer
à lei persa, que estipulava que se alguém entrasse na presença do rei sem ser
chamado, poderia ser executado. Sua disposição para enfrentar esse risco em
prol do bem-estar de seu povo reflete um compromisso profundo e uma coragem que
transcende o medo pessoal.
1. A coragem de falar verdade ao
rei (Et 7.3-4).
A rainha Ester também mostra coragem ao confrontar
o rei com a verdade sobre Hamã e seu plano maligno. Em Ester 7.3 ela revela sua
identidade e a ameaça que paira sobre os judeus. Ao se revelar como judia e expor
o plano de Hamã, Ester arrisca sua posição e segurança pessoal, mas age com
coragem e sinceridade para proteger seu povo.
CONCLUSÃO
A coragem e a sensibilidade de Ester são aspectos
centrais de sua história e são fundamentais para entender seu papel como heroína
na narrativa bíblica. Sua disposição para arriscar sua vida por seu povo, sua
empatia pelo sofrimento dos outros e sua capacidade de liderar com compaixão
demonstram qualidades que são não apenas admiradas na Escritura, mas também são
exemplares para a vida cristã. Estes atributos fazem de Ester uma figura de
inspiração, cuja história é rica em lições sobre coragem, liderança e
sensibilidade. Tenhamos também a coragem de Ester!
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø HUBBARD
JR, Robert L. Comentário do Antigo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø NETO,
Emilio Garofalo. Ester na Casa da Pérsia. FIEL.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø SWINDOLL,
Charles R. Ester: uma mulher de sensibilidade e coragem. MUNDO
CRISTÃO.
Ø VINE,
W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Ø
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo do Antigo Testamento. GEOGRÁFICA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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