Jo 10.30-38
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos o que nos diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no
Brasil sobre a plena igualdade do Filho com o Pai; pontuaremos o que a Bíblia
diz a respeito desta igualdade divina; analisaremos o significado do termo
“Filho De Deus”; e por fim, pontuaremos a diferença entre a geração e filiação
eterna do Filho de Deus.
I. A DECLARAÇÃO DE FÉ DAS ASSEMBLEIAS
DE DEUS NO BRASIL
“O
conceito de ‘filho’ na Bíblia é muito diversificado e merece
atenção especial, principalmente quando aplicado a Jesus. O desconhecimento
desse assunto e mais o emprego de uma exegese ruim já levaram muita gente a uma
cristologia inadequada. O exemplo clássico disso é visto em Ário e mantido
ainda hoje pelas testemunhas de Jeová. [...] Além disso, o conceito de Filho,
na filosofia judaica, implica a igualdade com o Pai. [...] “Filho de Deus”
revela a sua deidade, assim como “Filho do homem” revela a sua “humanidade”.
Filho de Deus é uma expressão bíblica para referir-se à relação única do Filho
Unigênito com o Pai e revela a divindade de Cristo” (Soares, 2024, pp. 83,86).
1.
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil.
Este
importante documento apresenta o que os assembleianos creem sobre a igualdade
entre as Pessoas da Santíssima Trindade da seguinte forma: “CREMOS, professamos
e ensinamos o monoteísmo bíblico, que Deus é uno em essência ou substância,
indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas — o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade [...].
As Escrituras Sagradas claramente revelam que a Trindade é real e verdadeira.
Uma só essência, substância, em três pessoas. Cada pessoa da santíssima
Trindade possui todos os atributos divinos — onipotência (Ef 1.19; Ap
1.8), onisciência (Sl 139.1; 1Co 2.10,11), onipresença (Hb 4.13; Mt 18.20; Sl
139.7-10), soberania (Is 43.13; Ef 1.21) e eternidade (Sl 93.2; Is 9.6; Hb
9.14). A Bíblia chama textualmente de Deus cada uma delas; as Escrituras Sagradas,
no entanto, afirmam que há um só Deus e que Deus é um (1Co 8.6; Gl 3.20; Ef
4.6)” (Soares [Org.], 2017, p. 39).
II. O QUE A BÍBLIA DIZ A RESPEITO DA
IGUALDADE DO FILHO COM O PAI
A
Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil refuta qualquer ideia de
subordinacionismo entre as Pessoas da Trindade ao dizer o seguinte: É possível
um membro da Trindade subordinar-se voluntariamente a um ou aos
dois outros membros, mas isso não significa ser inferior em essência. Há uma absoluta
igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita,
por natureza, à outra, como se houvesse uma hierarquia divina.
Existe, sim, uma distinção de serviço. O Pai possui a mesma essência divina das
demais pessoas da Trindade (Jo 10.30; 1Co 2.10,11) (Soares [Org.], 2017, pp.
41,42). “O Senhor Jesus Cristo é desde a eternidade, o único Filho de Deus e possui
a mesma natureza do Pai [...] em grego, “homooúsion to patrí”, que
significa “da mesma substância com o Pai”, qualifica a unidade de
essência do Pai e do Filho. Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo
10.30) [...]” (Soares [Org.], 2017, p. 43).
1.
O Filho é igual ao Pai.
A
subordinação do Filho não compromete a sua deidade absoluta e, da mesma forma,
a subordinação do Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo
de inferioridade. Quando o Senhor Jesus disse: “o Pai é maior do que eu” (Jo
14.28) — pois Ele fez-se servo (Fp 2.6,7), como consequência da encarnação —
não quis dizer, com essa declaração, que se tornou, em substância, menor que o
Pai, e sim que se subordinou funcionalmente à vontade do Pai: “porque não
busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (Jo 5.30); “Porque
eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou” (Jo 6.38); “Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó
Deus, a tua vontade” (Hb 10.9). A submissão do Filho foi uma condição
voluntária para o seu messiado: “também o mesmo Filho se sujeitará àquele
que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1Co
15.28). Isso não compromete a deidade absoluta do Filho: “porque nele
habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9), nem a
igualdade de essência e de substância das três Pessoas da Trindade (Soares
[Org.], 2017, p. 42).
2.
O Filho é Deus.
“A
expressão ‘Filho de Deus’ revela a divindade de Cristo. A Bíblia
afirma com todas as letras que o Filho é Deus: “Mas, a respeito do Filho, diz:
O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu
reino” (Hb 1.8). Essa citação é do salmo 45.6,7 e o nome “Deus”, no referido
salmo, é uma referência ao Deus de Israel. [...] Em João 5.17, Jesus
declarou-se Filho de Deus. No versículo seguinte, o evangelista João declara
ser isso o mesmo que igual a Deus: ‘porque, além de desrespeitar o
sábado, também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus’ (Jo
5.18). Jesus considerava essa relação entre o Pai e o Filho como sinônimo de
sua deidade. Encontramos algo semelhante em João 10.30-36. Jesus disse ser um
com o Pai: “Eu e o Pai somos um” (v. 30). No versículo 33, os
judeus disseram: “Não é por obra boa que queremos apedrejá-lo, e sim por
causa da blasfêmia. Pois, sendo você apenas um homem, está se fazendo de Deus”,
porém, Jesus declarou-se Filho de Deus: “então como vocês dizem que
aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo está blasfemando, só porque
declarei que sou Filho de Deus?” (Jo 10.36). Dessa forma, fica claro
que a declaração “Filho de Deus” é uma afirmação da sua divindade” (Soares,
2024, p. 85).
3.
O Filho tem os mesmos atributos divinos do Pai.
A
Bíblia afirma com frequência que Jesus é Deus: “No princípio, era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Porque
nele [no Filho] habita corporalmente toda a plenitude da
divindade” (Cl 2.9). As Escrituras Sagradas revelam os atributos
divinos na pessoa de Jesus. Ele é eterno: “Porque um menino nos nasceu,
um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome
será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is
9.6); onipotente: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o
Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8);
onipresente: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí
estou eu no meio deles” (Mt 18.20); e onisciente: “Agora,
conhecemos que sabes tudo” (Jo 16.30). As suas obras revelam também a
sua divindade (Soares [Org.], 2017, p. 51).
III. O SIGNIFICADO DO TERMO “FILHO DE
DEUS”
“A
ideia de filho na Bíblia é muito ampla e uma delas diz respeito à identidade de
natureza. A expressão “filho do homem” é usada para designar o
próprio homem como ser humano (Sl 8.4). Implica igualdade com o Pai (Mt
23.29-31). Esse conceito é aplicado largamente no Novo Testamento em relação a
Jesus como “Filho de Deus”, ou seja, diz respeito à natureza
divina, e, muitas vezes, é mal interpretado por religiões
não cristãs, como o islamismo [...]. O sistema das Testemunhas de Jeová,
também, emprega conceitos inadequados, pois afirma que ser “filho
de Deus” não é a mesma coisa que ser Deus (Soares, 2024, p. 85).
1.
O epíteto “Filho Unigênito de Deus”.
Em
relação ao Senhor Jesus Cristo, significa que Ele é Deus igual ao Pai (Jo
5.17,18); trata-se de uma questão de substância ou essência (Jo 5.17,18,23,26).
Isso fica ainda mais claro na expressão “Filho Unigênito”. O
significado do termo na língua original revela a divindade de Cristo. O termo
usado para “unigênito” no Novo Testamento grego é monogenés,
composto por dois vocábulos, monós, “único, só, solitário”, e genós,
“raça, cepo, tipo”, e não geneá, “geração”. Entendemos que a
palavra reflete a ideia de natureza, caráter, tipo. “Unigênito”, pois,
significa o “único da espécie”, “único do tipo”. Jesus é singular, o
único Filho de Deus que tem a essência do Pai. O adjetivo “unigênito”
transmite a ideia de consubstancialidade; Jesus é tudo quanto Deus é. Disse
Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30) (Soares [Org.], 2017, pp.
52,53). O conceito de filho no pensamento judaico implica a igualdade com o pai
(Mt 23.29-31). Segundo o dicionário Vine, o termo “unigênito”, com referência a
Jesus revela o sentido “de relação não originada” e indica “o
representante exclusivo do Ser e caráter daquele que o enviou” (Vine, 2003, p.
1045).
2.
O próprio Senhor Jesus afirmou ser o “Filho de Deus”.
O
próprio Jesus, “até em juízo, mesmo sabendo que isso resultaria em sua morte: “Todos
perguntaram: Então você é o Filho de Deus? Jesus respondeu: Vocês dizem que eu
sou” (Lc 22.70). Mateus e Marcos registraram, ainda, que Jesus afirmou
que, em breve, desceria nas nuvens do céu à direita do poder de Deus (Mt
26.63,64; Mc 14.61,62). Ele poderia ter escapado da cruz se declarasse como
apenas um filho de Deus, entretanto, reafirmou a verdade acerca de sua
identidade. Essa afirmação aparece inúmeras vezes no Novo Testamento, são,
portanto, evidências abundantes, provas escriturísticas robustas e
indestrutíveis. O apóstolo João parece colocar num mesmo bojo os ateus e os que
negam ser Jesus o Filho de Deus. Negar isso é o mesmo que chamar a Deus de
mentiroso, pois é o próprio Deus quem afirma essa verdade (1Jo 5.9-12) (Soares,
2024, p. 86).
IV. A GERAÇÃO E FILIAÇÃO ETERNA DO
FILHO
1.
A “geração” eterna do Filho de Deus.
A
palavra profética, no Antigo Testamento, usa o termo “filho” para Jesus: “Tu
és meu Filho, hoje te gerei” (Sl 2.7), isso é atestado no Novo
Testamento (At 13.33; Hb 1.5; 5.5). A segunda parte de Hebreus 1.5 que declara:
“eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho” é cumprimento de
outra profecia do Antigo Testamento (2Sm 7.14). A profecia messiânica proferida
pelo profeta Isaías: “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu” (Is
9.6) é outro exemplo [desta geração do Filho de Deus]. O Credo Niceno
afirma que Jesus é “gerado, não feito, de uma só substância com o Pai” e
o Credo Niceno-Constantinopolitano declara: “o gerado do Pai antes de
todos os séculos”. […] A geração eterna não deve ser confundida com a
geração na experiência humana porque ela não é física, nem temporal ou
histórica, nem envolve pai e mãe como acontece com os humanos e nem depende da
vontade do Pai, é algo inefável. A ideia envolve uma comunicação de essência
divina do Pai ao Filho (Soares, 2024, p. 88,89).
2.
A “filiação” eterna do Filho de Deus.
A
expressão teológica “filiação eterna” é muito diferente da outra
expressão “geração eterna”. Mas, a compreensão da primeira
expressão depende da Segunda […]. A fundamentação bíblica de Isaías 9.6: “Um
menino nos nasceu, um filho se nos deu”. Note que o menino nasceu,
mas o Filho, segundo a palavra profética, não nasceu, mas “se nos deu”.
O nascimento desse menino aconteceu em Belém, mas o Filho já existia desde a
eternidade. O Senhor Jesus disse: “E, agora, glorifica-me tu, ó Pai,
junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo
existisse” (Jo 17.5). Jesus está se referindo a Deus como Pai e fala do
seu relacionamento com ele na qualidade de Filho eterno, antes que o mundo
existisse […]. A Bíblia ensina que Ele já era Filho antes de vir ao mundo. Além
disso, a Escritura é clara em afirmar que Jesus é “o Filho do Pai” (2Jo 1.3).
Isso mostra que a filiação não começou na sua encarnação […]. A formulação do
Segundo Concilio de Constantinopla, em 553, reconhece que o Verbo foi gerado
duas vezes, “... a primeira do Pai antes de todas as eras, intemporal e
incorporai, e a outra nos últimos dias”, referindo-se à encarnação (Soares,
2024, pp. 90,91,92).
CONCLUSÃO
Aprendemos
nesta lição sólidos fundamentos bíblicos de que o conceito de Pai-Filho, na
divindade, não deve ser confundido com nenhum tipo de subordinacionismo entre
as Pessoas da Trindade. Então, quando o termo “filho” se refere a Jesus como
Filho de Deus significa sua igualdade ao Pai, ou seja, que ambos são da mesma
substância e essência.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø GILBERTO, Antonio, et al. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø SOARES, Esequias [Org.]. Declaração
de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø SOARES, Esequias. Em Defesa da
Fé Cristã. CPAD.
Ø VINE, W. E. UNGER, Merril F. WHITE
JR., William. Dicionário Vine. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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