sábado, 8 de fevereiro de 2025

LIÇÃO 06 – O FILHO É IGUAL COM O PAI






Jo 10.30-38
 
 
  
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos o que nos diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil sobre a plena igualdade do Filho com o Pai; pontuaremos o que a Bíblia diz a respeito desta igualdade divina; analisaremos o significado do termo “Filho De Deus”; e por fim, pontuaremos a diferença entre a geração e filiação eterna do Filho de Deus.
 
 
I. A DECLARAÇÃO DE FÉ DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL
“O conceito de ‘filho’ na Bíblia é muito diversificado e merece atenção especial, principalmente quando aplicado a Jesus. O desconhecimento desse assunto e mais o emprego de uma exegese ruim já levaram muita gente a uma cristologia inadequada. O exemplo clássico disso é visto em Ário e mantido ainda hoje pelas testemunhas de Jeová. [...] Além disso, o conceito de Filho, na filosofia judaica, implica a igualdade com o Pai. [...] “Filho de Deus” revela a sua deidade, assim como “Filho do homem” revela a sua “humanidade”. Filho de Deus é uma expressão bíblica para referir-se à relação única do Filho Unigênito com o Pai e revela a divindade de Cristo” (Soares, 2024, pp. 83,86).
 
1. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil.
Este importante documento apresenta o que os assembleianos creem sobre a igualdade entre as Pessoas da Santíssima Trindade da seguinte forma: “CREMOS, professamos e ensinamos o monoteísmo bíblico, que Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas — o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade [...]. As Escrituras Sagradas claramente revelam que a Trindade é real e verdadeira. Uma só essência, substância, em três pessoas. Cada pessoa da santíssima Trindade possui todos os atributos divinos — onipotência (Ef 1.19; Ap 1.8), onisciência (Sl 139.1; 1Co 2.10,11), onipresença (Hb 4.13; Mt 18.20; Sl 139.7-10), soberania (Is 43.13; Ef 1.21) e eternidade (Sl 93.2; Is 9.6; Hb 9.14). A Bíblia chama textualmente de Deus cada uma delas; as Escrituras Sagradas, no entanto, afirmam que há um só Deus e que Deus é um (1Co 8.6; Gl 3.20; Ef 4.6)” (Soares [Org.], 2017, p. 39).
 
 
II. O QUE A BÍBLIA DIZ A RESPEITO DA IGUALDADE DO FILHO COM O PAI
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil refuta qualquer ideia de subordinacionismo entre as Pessoas da Trindade ao dizer o seguinte: É possível um membro da Trindade subordinar-se voluntariamente a um ou aos dois outros membros, mas isso não significa ser inferior em essência. Há uma absoluta igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita, por natureza, à outra, como se houvesse uma hierarquia divina. Existe, sim, uma distinção de serviço. O Pai possui a mesma essência divina das demais pessoas da Trindade (Jo 10.30; 1Co 2.10,11) (Soares [Org.], 2017, pp. 41,42). “O Senhor Jesus Cristo é desde a eternidade, o único Filho de Deus e possui a mesma natureza do Pai [...] em grego, “homooúsion to patrí”, que significa “da mesma substância com o Pai”, qualifica a unidade de essência do Pai e do Filho. Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30) [...]” (Soares [Org.], 2017, p. 43).
 
1. O Filho é igual ao Pai.
A subordinação do Filho não compromete a sua deidade absoluta e, da mesma forma, a subordinação do Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo de inferioridade. Quando o Senhor Jesus disse: “o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28) — pois Ele fez-se servo (Fp 2.6,7), como consequência da encarnação — não quis dizer, com essa declaração, que se tornou, em substância, menor que o Pai, e sim que se subordinou funcionalmente à vontade do Pai: “porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (Jo 5.30); “Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38); “Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.9). A submissão do Filho foi uma condição voluntária para o seu messiado: “também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1Co 15.28). Isso não compromete a deidade absoluta do Filho: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9), nem a igualdade de essência e de substância das três Pessoas da Trindade (Soares [Org.], 2017, p. 42).
 
2. O Filho é Deus.
“A expressão ‘Filho de Deus’ revela a divindade de Cristo. A Bíblia afirma com todas as letras que o Filho é Deus: “Mas, a respeito do Filho, diz: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu reino” (Hb 1.8). Essa citação é do salmo 45.6,7 e o nome “Deus”, no referido salmo, é uma referência ao Deus de Israel. [...] Em João 5.17, Jesus declarou-se Filho de Deus. No versículo seguinte, o evangelista João declara ser isso o mesmo que igual a Deus: ‘porque, além de desrespeitar o sábado, também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus’ (Jo 5.18). Jesus considerava essa relação entre o Pai e o Filho como sinônimo de sua deidade. Encontramos algo semelhante em João 10.30-36. Jesus disse ser um com o Pai: “Eu e o Pai somos um” (v. 30). No versículo 33, os judeus disseram: “Não é por obra boa que queremos apedrejá-lo, e sim por causa da blasfêmia. Pois, sendo você apenas um homem, está se fazendo de Deus”, porém, Jesus declarou-se Filho de Deus: “então como vocês dizem que aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo está blasfemando, só porque declarei que sou Filho de Deus?” (Jo 10.36). Dessa forma, fica claro que a declaração “Filho de Deus” é uma afirmação da sua divindade” (Soares, 2024, p. 85).
 
3. O Filho tem os mesmos atributos divinos do Pai.
A Bíblia afirma com frequência que Jesus é Deus: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Porque nele [no Filho] habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). As Escrituras Sagradas revelam os atributos divinos na pessoa de Jesus. Ele é eterno: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6); onipotente: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8); onipresente: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20); e onisciente: “Agora, conhecemos que sabes tudo” (Jo 16.30). As suas obras revelam também a sua divindade (Soares [Org.], 2017, p. 51).
 
 
III. O SIGNIFICADO DO TERMO “FILHO DE DEUS”
“A ideia de filho na Bíblia é muito ampla e uma delas diz respeito à identidade de natureza. A expressão “filho do homem” é usada para designar o próprio homem como ser humano (Sl 8.4). Implica igualdade com o Pai (Mt 23.29-31). Esse conceito é aplicado largamente no Novo Testamento em relação a Jesus como “Filho de Deus”, ou seja, diz respeito à natureza divina, e, muitas vezes, é mal interpretado por religiões não cristãs, como o islamismo [...]. O sistema das Testemunhas de Jeová, também, emprega conceitos inadequados, pois afirma que ser “filho de Deus” não é a mesma coisa que ser Deus (Soares, 2024, p. 85).
 
1. O epíteto “Filho Unigênito de Deus”.
Em relação ao Senhor Jesus Cristo, significa que Ele é Deus igual ao Pai (Jo 5.17,18); trata-se de uma questão de substância ou essência (Jo 5.17,18,23,26). Isso fica ainda mais claro na expressão “Filho Unigênito”. O significado do termo na língua original revela a divindade de Cristo. O termo usado para “unigênito” no Novo Testamento grego é monogenés, composto por dois vocábulos, monós, “único, só, solitário”, e genós, “raça, cepo, tipo”, e não geneá, “geração”. Entendemos que a palavra reflete a ideia de natureza, caráter, tipo. “Unigênito”, pois, significa o “único da espécie”, “único do tipo”. Jesus é singular, o único Filho de Deus que tem a essência do Pai. O adjetivo “unigênito” transmite a ideia de consubstancialidade; Jesus é tudo quanto Deus é. Disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30) (Soares [Org.], 2017, pp. 52,53). O conceito de filho no pensamento judaico implica a igualdade com o pai (Mt 23.29-31). Segundo o dicionário Vine, o termo “unigênito”, com referência a Jesus revela o sentido “de relação não originada” e indica “o representante exclusivo do Ser e caráter daquele que o enviou” (Vine, 2003, p. 1045).
 
2. O próprio Senhor Jesus afirmou ser o “Filho de Deus”.
O próprio Jesus, “até em juízo, mesmo sabendo que isso resultaria em sua morte: “Todos perguntaram: Então você é o Filho de Deus? Jesus respondeu: Vocês dizem que eu sou” (Lc 22.70). Mateus e Marcos registraram, ainda, que Jesus afirmou que, em breve, desceria nas nuvens do céu à direita do poder de Deus (Mt 26.63,64; Mc 14.61,62). Ele poderia ter escapado da cruz se declarasse como apenas um filho de Deus, entretanto, reafirmou a verdade acerca de sua identidade. Essa afirmação aparece inúmeras vezes no Novo Testamento, são, portanto, evidências abundantes, provas escriturísticas robustas e indestrutíveis. O apóstolo João parece colocar num mesmo bojo os ateus e os que negam ser Jesus o Filho de Deus. Negar isso é o mesmo que chamar a Deus de mentiroso, pois é o próprio Deus quem afirma essa verdade (1Jo 5.9-12) (Soares, 2024, p. 86).
 
 
IV. A GERAÇÃO E FILIAÇÃO ETERNA DO FILHO
1. A “geração” eterna do Filho de Deus.
A palavra profética, no Antigo Testamento, usa o termo “filho” para Jesus: “Tu és meu Filho, hoje te gerei” (Sl 2.7), isso é atestado no Novo Testamento (At 13.33; Hb 1.5; 5.5). A segunda parte de Hebreus 1.5 que declara: “eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho” é cumprimento de outra profecia do Antigo Testamento (2Sm 7.14). A profecia messiânica proferida pelo profeta Isaías: “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu” (Is 9.6) é outro exemplo [desta geração do Filho de Deus]. O Credo Niceno afirma que Jesus é “gerado, não feito, de uma só substância com o Pai” e o Credo Niceno-Constantinopolitano declara: “o gerado do Pai antes de todos os séculos”. […] A geração eterna não deve ser confundida com a geração na experiência humana porque ela não é física, nem temporal ou histórica, nem envolve pai e mãe como acontece com os humanos e nem depende da vontade do Pai, é algo inefável. A ideia envolve uma comunicação de essência divina do Pai ao Filho (Soares, 2024, p. 88,89).
 
2. A “filiação” eterna do Filho de Deus.
A expressão teológica “filiação eterna” é muito diferente da outra expressão “geração eterna”. Mas, a compreensão da primeira expressão depende da Segunda […]. A fundamentação bíblica de Isaías 9.6: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. Note que o menino nasceu, mas o Filho, segundo a palavra profética, não nasceu, mas “se nos deu”. O nascimento desse menino aconteceu em Belém, mas o Filho já existia desde a eternidade. O Senhor Jesus disse: “E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17.5). Jesus está se referindo a Deus como Pai e fala do seu relacionamento com ele na qualidade de Filho eterno, antes que o mundo existisse […]. A Bíblia ensina que Ele já era Filho antes de vir ao mundo. Além disso, a Escritura é clara em afirmar que Jesus é “o Filho do Pai” (2Jo 1.3). Isso mostra que a filiação não começou na sua encarnação […]. A formulação do Segundo Concilio de Constantinopla, em 553, reconhece que o Verbo foi gerado duas vezes, “... a primeira do Pai antes de todas as eras, intemporal e incorporai, e a outra nos últimos dias”, referindo-se à encarnação (Soares, 2024, pp. 90,91,92).
 
 
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição sólidos fundamentos bíblicos de que o conceito de Pai-Filho, na divindade, não deve ser confundido com nenhum tipo de subordinacionismo entre as Pessoas da Trindade. Então, quando o termo “filho” se refere a Jesus como Filho de Deus significa sua igualdade ao Pai, ou seja, que ambos são da mesma substância e essência.
  
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  SOARES, Esequias [Org.]. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø  SOARES, Esequias. Em Defesa da Fé Cristã. CPAD.
Ø  VINE, W. E. UNGER, Merril F. WHITE JR., William. Dicionário Vine. CPAD.  
 
Por Rede Brasil de Comunicação.




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