Rm 1.1-4; Fp 2.5-11
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, estudaremos sobre a identidade do Senhor Jesus, fazendo uma abordagem a
luz de nossa Declaração de Fé; exploraremos sobre as principais heresias acerca
das duas naturezas de Jesus, apresentando o que NÃO É a dupla natureza de
Jesus. Logo após, demonstraremos O QUE É a dupla natureza de Jesus, e, por fim,
provaremos que Jesus uniu em sua pessoa, as duas naturezas perfeitas.
I. SOBRE A IDENTIDADE DO SENHOR JESUS
Nossa
Declaração De Fé expressa: “CREMOS, professamos e ensinamos que o Senhor Jesus
Cristo é o Filho de Deus e o único mediador entre Deus e os seres humanos,
enviado pelo Pai para ser o Salvador do mundo, verdadeiro homem e verdadeiro
Deus: “e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus
bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5) (Soares [Org.], 2017, p. 49).
1.
A humanidade de Cristo.
As
Escrituras Sagradas apresentam diversas características humanas em Jesus. O
relato de sua infância enfoca o seu desenvolvimento físico, intelectual e
espiritual: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para
com Deus e os homens [...]. E o menino crescia e se fortalecia em
espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc
2.40,52). O profeta Isaías anunciou de antemão sobre Emanuel: “manteiga e
mel comerá, até que ele saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is
7.15). Ele tornou-se homem para suprir a necessidade de salvação da humanidade.
O termo “Emanuel”, que o próprio escritor sagrado traduziu por “Deus
conosco” (Mt 1.23), mostra que Deus assumiu a forma humana e veio
habitar entre os homens: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade” (Jo 1.14). A Bíblia ensina tanto a divindade como a humanidade
de Cristo: “E todo o espírito que confessa que Jesus não veio em carne
não é de Deus” (1Jo 4.3). A humanidade de Cristo está unida à sua
divindade, pois Ele possui duas naturezas, e essa união mantém intactas as
propriedades de cada natureza, o que está claramente expresso no seu nome “Emanuel”.
A encarnação do Senhor Jesus fez-se necessária para satisfazer a justiça de
Deus: o pecado entrou no mundo por um homem, Adão (Rm 5.12), assim, tinha de
ser vencido por um homem, Jesus. Em sua natureza humana, Jesus participou
de nossa fraqueza física e emocional, mas não de nossa fraqueza moral e
espiritual.
2.
A deidade absoluta de Jesus.
A
Bíblia afirmar com frequência que Jesus é Deus: “No princípio, era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Porque
nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). As
Escrituras Sagradas revelam os atributos divinos na pessoa de Jesus. Ele é
eterno: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado
está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6); onipotente: “Eu
sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e
que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8); onipresente: “Porque
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt18.20);
e onisciente: “Agora, conhecemos que sabes tudo” ( Jo 16.30). As
suas obras revelam também a sua divindade. Ele é o absoluto soberano (Ef. 1.21)
e criador de todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2). Ele é a fonte da vida
(Jo 11.25) autor do novo nascimento, (1 Jo 2.29), habita nos fiéis, dá a vida
eterna, (Ef 3.17; Jo 14.23; 10.28), inspirou também os profetas e apóstolos,
(1Pe 1.11), distribui os ministérios (1Co 12.5; Ef. 4.11), santifica os fiéis
(1Co 1.2), deu poder aos apóstolos (At 4.30), perdoa pecados (Mt 9.2), é
adorado pelos humanos (Mt 9.18), pelos anjos (Hb 1.6) na terra e no céu (Ap.
5.11-14). Possui títulos divinos, como “Eu Sou” (Jo 8.58), o “Alfa
e o Omega, o Princípio e o Fim” (Ap 21.6) e o Senhor dos Senhores (Ap.
19.16) (Soares [Org.], 2017, pp. 50,51).
II. AS HERESIAS CONTRA O ENSINO
BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS
1.
Nestorianismo.
Dizia
que, em Jesus, havia duas pessoas. O termo “nestorianismo” provém
de Nestório, patriarca de Constantinopla entre 428-431 d.C.
2.
Monofisismo.
Vocábulo
“monofisismo” ou “monofisita” provém de duas palavras gregas: monos,
“único”, ephysis, “natureza”. Esse termo é genérico e passou a
ser usado, posteriormente para indicar os grupos que defendiam a doutrina de
que Cristo possuía uma só
natureza. Trata-se da doutrina que defende que naturezas divina e humana
de Cristo estavam amalgamadas numa única natureza.
3.
Quenoticismo.
No
século 19, criou-se uma tentativa de se resolver o problema da encarnação entre
as duas naturezas: Jesus teria se esvaziado de sua forma de Deus na encarnação,
realizando uma troca de parte de sua natureza divina por características
humanas. A Segunda pessoa da Trindade abandonou seus atributos distintivamente
divinos (onisciência, onipotência e onipresença etc.) e, no lugar deles,
assumiu qualidades humanas. Suas qualidades morais, como amor e misericórdia,
foram preservadas (Erickson, 2015, p. 704).
III. O QUE NÃO É A DUPLA NATUREZA DE
JESUS
A
união entre as duas naturezas não é comparável ao relacionamento do casamento, isto porque, ainda que o casal “se torne um”,
a mulher e o homem possuem suas personalidades distintas; Cristo, porém, possui
apenas uma personalidade.
As
naturezas não são unidas pelo tipo de laço que une os crentes a Cristo. Neste mesmo caso, temos diversas personalidades unidas
a Cristo; Jesus, porém, possui duas naturezas e uma só personalidade.
A
natureza divina não habitou em Cristo da maneira que Ele habita no crente. Repete-se o mesmo equívoco do ponto anterior.
As
duas naturezas não foram combinadas em uma única natureza. Esse ponto é o monofisismo que é uma doutrina
cristológica que surgiu no século V e afirma que, após a Encarnação, Cristo
possuía apenas uma única natureza, que seria divina ou uma fusão entre a divina
e a humana.
A
natureza divina de Cristo não foi gradativa. Conforme defesa dos Dornelistas.
O
Logos não substitui a alma e o espírito de Cristo. Como afirmavam os apolinaristas que projetaram uma
cristologia herética no século IV. Eles ensinavam que, em Jesus Cristo, o Logos
divino substituiu a alma racional humana, ou seja, Cristo tinha um corpo
humano, mas não uma mente humana, pois esta foi absorvida pela encarnação.
IV. O QUE É A DUPLA NATUREZA DE JESUS
1.
Cristo fala uniformemente de si mesmo e fala-se dele como uma só pessoa. Não há nenhum intercâmbio de “eu” e “tu” entre as
naturezas divina e humana como as achamos entre as pessoas da Trindade (João
17.23) (Strong, 2003, p. 334).
2.
Os atributos e poderes de ambas as naturezas são aplicáveis a Cristo. Reciprocamente as obras e dignidades de Cristo são
aplicáveis a quaisquer das naturezas, de modo inexplicável, a não
ser com base no princípio de que estas duas naturezas são orgânica e
indissoluvelmente unidas em uma só pessoa (exemplos daquele uso estão em Rm 1.3
e 1Pe 3.18; e deste 1Tm 2.5; Hb 1.2,3) (Strong, 2003, p. 335).
3.
As constantes representações escriturísticas sobre o infinito valor da expiação
de Cristo e da união da raça humana com Deus. Têm sido asseguradas nele, só são inteligíveis quando
Cristo é considerado, não como um homem de Deus, mas como um Deus-homem, em
quem as duas naturezas são de tal modo unidas que o que cada uma faz tem
o valor de ambas (1Jo 2.2; 2Pe 1.4) (Strong, 2003, p. 336).
VI. JESUS UNIU NA SUA PESSOA AS DUAS
NATUREZAS PERFEITAS
1.
A união das duas naturezas.
O
proeminente teólogo Eurico Bergsten, declarou (2016, p. 57): “Pela concepção
sobrenatural de Maria, Jesus herdou do seu Pai, pela operação do Espírito Santo
(Lc 1.35), a natureza divina com todas as suas características.
De Maria Ele recebeu a natureza humana. As suas naturezas divina
e humana se uniram na constituição de sua pessoa de modo perfeito. As duas
naturezas não se misturam, isto é, Jesus não ficou com a sua divindade “humanizada”
ou com a sua natureza humana “divinizada”. Em Caná, quando Jesus
transformou a água em vinho, a água deixou de ser água e passou a ser
integralmente vinho (cf. Jo 2.8-10). Quando, porém, Jesus se fez homem,
continuou sendo Deus verdadeiro, mesmo estando sob a forma de homem verdadeiro.
2.
As duas naturezas em uma só personalidade.
As
duas naturezas operavam assim simultânea e separadamente sua
pessoa. Jamais houve conflito entre as duas naturezas, porque Jesus, como
homem, seja nas suas determinações ou autoconsciência sempre conforme a direção
do Espírito Santo, sujeitava-se à vontade de Deus, de acordo com a sua natureza
divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Sl 40.8; Mt 26.39). Assim, Jesus possuía duas
naturezas em uma só personalidade quais operavam de modo harmonioso e
perfeito, em uma união indissolúvel e eterna.
3.
As duas naturezas na declaração do Credo de Calcedônia.
“[…]
ensinamos que se deve confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é o mesmo e único
Filho, perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à humanidade,
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de
corpo consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós,
segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, exceto no pecado,
gerado, segundo a divindade, antes dos séculos pelo Pai e, segundo a
humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria […]. Um só e
mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas
naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis
e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é
anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza
permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência; não
dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus
Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito
testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo ensinou-nos e o credo dos pais
transmitiunos (Soares [Org.], 2017, p. 220).
CONCLUSÃO
A
doutrina das duas naturezas de Jesus é um dos pilares da cristologia. Cristo é
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, possuindo duas naturezas
distintas, divina e humana, unidas em uma única pessoa sem mistura, confusão,
separação ou divisão. Essa compreensão é essencial para a teologia cristã, pois
garante que Jesus pudesse tanto representar plenamente a humanidade (como
verdadeiro homem) quanto salvá-la eficazmente (como verdadeiro Deus).
REFERÊNCIAS
Ø BERGSTEN, Eurico. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø ERICKSON, Millard J. Teologia
Sistemática. VIDA.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø STRONG, Augustus Hopking. Teologia
Sistemática. São Paulo: HAGNOS.
Ø SOARES, Esequias [Org.]. Declaração
de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø SOARES, Esequias. Em Defesa da
Fé Cristã. CPAD.
Ø THIESSEN, Henry Clarence. Palestra
em Teologia Sistemática. IMPRESSA BATISTA REGULAR NO BRASIL
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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