sábado, 15 de fevereiro de 2025

LIÇÃO 07 – AS NATUREZAS HUMANA E DIVINA DE JESUS






Rm 1.1-4; Fp 2.5-11
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre a identidade do Senhor Jesus, fazendo uma abordagem a luz de nossa Declaração de Fé; exploraremos sobre as principais heresias acerca das duas naturezas de Jesus, apresentando o que NÃO É a dupla natureza de Jesus. Logo após, demonstraremos O QUE É a dupla natureza de Jesus, e, por fim, provaremos que Jesus uniu em sua pessoa, as duas naturezas perfeitas.
 
 
I. SOBRE A IDENTIDADE DO SENHOR JESUS
Nossa Declaração De Fé expressa: “CREMOS, professamos e ensinamos que o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus e o único mediador entre Deus e os seres humanos, enviado pelo Pai para ser o Salvador do mundo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus: “e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5) (Soares [Org.], 2017, p. 49).
 
1. A humanidade de Cristo.
As Escrituras Sagradas apresentam diversas características humanas em Jesus. O relato de sua infância enfoca o seu desenvolvimento físico, intelectual e espiritual: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens [...]. E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40,52). O profeta Isaías anunciou de antemão sobre Emanuel: “manteiga e mel comerá, até que ele saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7.15). Ele tornou-se homem para suprir a necessidade de salvação da humanidade. O termo “Emanuel”, que o próprio escritor sagrado traduziu por Deus conosco(Mt 1.23), mostra que Deus assumiu a forma humana e veio habitar entre os homens: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). A Bíblia ensina tanto a divindade como a humanidade de Cristo: E todo o espírito que confessa que Jesus não veio em carne não é de Deus” (1Jo 4.3). A humanidade de Cristo está unida à sua divindade, pois Ele possui duas naturezas, e essa união mantém intactas as propriedades de cada natureza, o que está claramente expresso no seu nome “Emanuel. A encarnação do Senhor Jesus fez-se necessária para satisfazer a justiça de Deus: o pecado entrou no mundo por um homem, Adão (Rm 5.12), assim, tinha de ser vencido por um homem, Jesus. Em sua natureza humana, Jesus participou de nossa fraqueza física e emocional, mas não de nossa fraqueza moral e espiritual.
 
2. A deidade absoluta de Jesus.
A Bíblia afirmar com frequência que Jesus é Deus: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). As Escrituras Sagradas revelam os atributos divinos na pessoa de Jesus. Ele é eterno: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6); onipotente: Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8); onipresente: Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt18.20); e onisciente: “Agora, conhecemos que sabes tudo” ( Jo 16.30). As suas obras revelam também a sua divindade. Ele é o absoluto soberano (Ef. 1.21) e criador de todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2). Ele é a fonte da vida (Jo 11.25) autor do novo nascimento, (1 Jo 2.29), habita nos fiéis, dá a vida eterna, (Ef 3.17; Jo 14.23; 10.28), inspirou também os profetas e apóstolos, (1Pe 1.11), distribui os ministérios (1Co 12.5; Ef. 4.11), santifica os fiéis (1Co 1.2), deu poder aos apóstolos (At 4.30), perdoa pecados (Mt 9.2), é adorado pelos humanos (Mt 9.18), pelos anjos (Hb 1.6) na terra e no céu (Ap. 5.11-14). Possui títulos divinos, como “Eu Sou” (Jo 8.58), o “Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim” (Ap 21.6) e o Senhor dos Senhores (Ap. 19.16) (Soares [Org.], 2017, pp. 50,51). 


II. AS HERESIAS CONTRA O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS
1. Nestorianismo.
Dizia que, em Jesus, havia duas pessoas. O termo “nestorianismo” provém de Nestório, patriarca de Constantinopla entre 428-431 d.C.
 
2. Monofisismo.
Vocábulo “monofisismo” ou “monofisita” provém de duas palavras gregas: monos, “único”, ephysis, “natureza”. Esse termo é genérico e passou a ser usado, posteriormente para indicar os grupos que defendiam a doutrina de que Cristo possuía uma só natureza. Trata-se da doutrina que defende que naturezas divina e humana de Cristo estavam amalgamadas numa única natureza.
 
3. Quenoticismo.
No século 19, criou-se uma tentativa de se resolver o problema da encarnação entre as duas naturezas: Jesus teria se esvaziado de sua forma de Deus na encarnação, realizando uma troca de parte de sua natureza divina por características humanas. A Segunda pessoa da Trindade abandonou seus atributos distintivamente divinos (onisciência, onipotência e onipresença etc.) e, no lugar deles, assumiu qualidades humanas. Suas qualidades morais, como amor e misericórdia, foram preservadas (Erickson, 2015, p. 704).
 
 
III. O QUE NÃO É A DUPLA NATUREZA DE JESUS
A união entre as duas naturezas não é comparável ao relacionamento do casamento, isto porque, ainda que o casal “se torne um”, a mulher e o homem possuem suas personalidades distintas; Cristo, porém, possui apenas uma personalidade.
 
As naturezas não são unidas pelo tipo de laço que une os crentes a Cristo. Neste mesmo caso, temos diversas personalidades unidas a Cristo; Jesus, porém, possui duas naturezas e uma só personalidade.
 
A natureza divina não habitou em Cristo da maneira que Ele habita no crente. Repete-se o mesmo equívoco do ponto anterior.
 
As duas naturezas não foram combinadas em uma única natureza. Esse ponto é o monofisismo que é uma doutrina cristológica que surgiu no século V e afirma que, após a Encarnação, Cristo possuía apenas uma única natureza, que seria divina ou uma fusão entre a divina e a humana.
 
A natureza divina de Cristo não foi gradativa. Conforme defesa dos Dornelistas.
 
O Logos não substitui a alma e o espírito de Cristo. Como afirmavam os apolinaristas que projetaram uma cristologia herética no século IV. Eles ensinavam que, em Jesus Cristo, o Logos divino substituiu a alma racional humana, ou seja, Cristo tinha um corpo humano, mas não uma mente humana, pois esta foi absorvida pela encarnação.
 
 
IV. O QUE É A DUPLA NATUREZA DE JESUS
1. Cristo fala uniformemente de si mesmo e fala-se dele como uma só pessoa. Não há nenhum intercâmbio de “eu” e “tu” entre as naturezas divina e humana como as achamos entre as pessoas da Trindade (João 17.23) (Strong, 2003, p. 334).
 
2. Os atributos e poderes de ambas as naturezas são aplicáveis a Cristo. Reciprocamente as obras e dignidades de Cristo são aplicáveis a quaisquer das naturezas, de modo inexplicável, a não ser com base no princípio de que estas duas naturezas são orgânica e indissoluvelmente unidas em uma só pessoa (exemplos daquele uso estão em Rm 1.3 e 1Pe 3.18; e deste 1Tm 2.5; Hb 1.2,3) (Strong, 2003, p. 335).
 
3. As constantes representações escriturísticas sobre o infinito valor da expiação de Cristo e da união da raça humana com Deus. Têm sido asseguradas nele, só são inteligíveis quando Cristo é considerado, não como um homem de Deus, mas como um Deus-homem, em quem as duas naturezas são de tal modo unidas que o que cada uma faz tem o valor de ambas (1Jo 2.2; 2Pe 1.4) (Strong, 2003, p. 336).
 
 
VI. JESUS UNIU NA SUA PESSOA AS DUAS NATUREZAS PERFEITAS
1. A união das duas naturezas.
O proeminente teólogo Eurico Bergsten, declarou (2016, p. 57): “Pela concepção sobrenatural de Maria, Jesus herdou do seu Pai, pela operação do Espírito Santo (Lc 1.35), a natureza divina com todas as suas características. De Maria Ele recebeu a natureza humana. As suas naturezas divina e humana se uniram na constituição de sua pessoa de modo perfeito. As duas naturezas não se misturam, isto é, Jesus não ficou com a sua divindade “humanizada” ou com a sua natureza humana “divinizada”. Em Caná, quando Jesus transformou a água em vinho, a água deixou de ser água e passou a ser integralmente vinho (cf. Jo 2.8-10). Quando, porém, Jesus se fez homem, continuou sendo Deus verdadeiro, mesmo estando sob a forma de homem verdadeiro.
 
2. As duas naturezas em uma só personalidade.
As duas naturezas operavam assim simultânea e separadamente sua pessoa. Jamais houve conflito entre as duas naturezas, porque Jesus, como homem, seja nas suas determinações ou autoconsciência sempre conforme a direção do Espírito Santo, sujeitava-se à vontade de Deus, de acordo com a sua natureza divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Sl 40.8; Mt 26.39). Assim, Jesus possuía duas naturezas em uma só personalidade quais operavam de modo harmonioso e perfeito, em uma união indissolúvel e eterna.
 
3. As duas naturezas na declaração do Credo de Calcedônia
“[…] ensinamos que se deve confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é o mesmo e único Filho, perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, exceto no pecado, gerado, segundo a divindade, antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria […]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência; não dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo ensinou-nos e o credo dos pais transmitiunos (Soares [Org.], 2017, p. 220).
 
 
CONCLUSÃO
A doutrina das duas naturezas de Jesus é um dos pilares da cristologia. Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, possuindo duas naturezas distintas, divina e humana, unidas em uma única pessoa sem mistura, confusão, separação ou divisão. Essa compreensão é essencial para a teologia cristã, pois garante que Jesus pudesse tanto representar plenamente a humanidade (como verdadeiro homem) quanto salvá-la eficazmente (como verdadeiro Deus).
   
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø  ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. VIDA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  STRONG, Augustus Hopking. Teologia Sistemática. São Paulo: HAGNOS.
Ø  SOARES, Esequias [Org.]. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø  SOARES, Esequias. Em Defesa da Fé Cristã. CPAD.
Ø  THIESSEN, Henry Clarence. Palestra em Teologia Sistemática. IMPRESSA BATISTA REGULAR NO BRASIL  
 
Por Rede Brasil de Comunicação.

 



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