Jo 1.43-51; Mt 26.37,38,42
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, veremos a experiência humana de Jesus nas profecias do AT; estudaremos a
experiência humana de Jesus através do seu nascimento; pontuaremos esta
experiência através da observância da Lei; notaremos a experiência humana de
Jesus através das suas limitações e necessidades, e por fim; falaremos sobre a
experiência humana de Jesus através da sua vida social.
I. A EXPERIÊNCIA HUMANA DE JESUS NAS
PROFECIAS DO AT
Muitas
pessoas duvidam que Jesus tenha realmente nascido e existido, mas muitos historiadores
escreveram sobre Ele como os historiadores romano Tácito, Plínio, o historiador
judeu Flávio Josefo e até o Talmude se refere a Jesus de Nazaré como uma pessoa
histórica que viveu a experiência humana. Os dois primeiros capítulos do
Evangelho de Lucas descrevem as circunstâncias do nascimento de Jesus e indicam
claramente que a vida de Jesus foi uma intervenção direta de Deus nas
experiências humanas de seu Filho. Há mais de trezentas referências do AT que
se cumpriram em Jesus. Vejamos algumas:
PROFECIAS SOBRE SUA EXPERIÊNCIA HUMANA
|
PROFETIZADO EM:
|
CUMPRIDO EM:
|
Como filho da mulher
|
Gn 3.15
|
Gl 4.4
|
Como descendente de Abraão,
Isaque e Jacó
|
Gn 12.3; 17.19; 28.14
|
At 3.25; Lc 3.23; Mt 1.1-13
|
Como descendente da tribo de
Judá
|
Gn 49.10; Sl 2.6-9
|
Lc 3.33,34; Mt 1.2,3
|
Como descendente de Davi e
herdeiro do trono
|
2Sm 7.12,13; Sl 132.11; Jr 23.5
|
Mt 1.1,6
|
Como nasceria de uma virgem
|
Is 7.14
|
Mt 1.18; Lc 1.26-35
|
Como seria chamado do Egito
|
Os 11,1
|
Mt 2.15
|
Como nasceria em Belém
|
Mq 5,2
|
Mt 2.1,2
|
II. A EXPERIÊNCIA HUMANA DE JESUS
ATRAVÉS DO SEU NASCIMENTO
1.
A experiência humana de Jesus no alistamento de seus pais.
César
Augusto ordenou que se fizesse um alistamento do império romano, o qual
serviria de base para o lançamento dos impostos. O decreto foi assinado cerca
de 8 a.C., mas provavelmente não entrou em vigor senão alguns anos mais tarde: “E
aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que
todo o mundo se alistasse” (Lc 2.1). A expressão “Todo o
mundo...” significa todo o império romano, e não todo o mundo conhecido
(Moody, sd, p. 13).
2.
A experiência humana de Jesus na indicação de sua tribo.
Na
Judeia cada homem voltava à cidade dos seus ancestrais onde ficavam guardados
os registros de sua família: “E todos iam alistar-se, cada um à sua
própria cidade” (Lc 2.3). Tanto José seu pai adotivo quanto Maria sua
mãe (que estava prestes a dar à luz) eram descendentes de Davi e,
portanto, foram para a capital da sua tribo para serem registrados conforme sua
tribo (Lc 2.3-5), uma viagem difícil de mais de 112 quilômetros através de um
terreno montanhoso (Macarthur, 2011, p. 11).
III. A EXPERIÊNCIA HUMANA DE JESUS
ATRAVÉS DA OBSERVÂNCIA DA LEI
1.
A experiência humana de Jesus é demonstrada na prática da circuncisão da
criança.
Como
ser humano Jesus foi submetido a circuncisão (Lc 2.21). Jesus foi circuncidado
no oitavo dia de acordo com a lei judaica (Gn 17.12). Nasceu “sob a lei,
para resgatar os que estavam sob a lei” (G1 4.4-5) e foi, portanto,
sujeitado às exigências da lei. Lucas dá ênfase à nomeação do menino, como lhe
chamara o anjo.
2.
A experiência humana de Jesus é demonstrada na observância da dedicação da
criança no Templo.
A
apresentação de Jesus no Templo demonstra sua experiência humana (Lc 2.22-24).
Duas cerimônias bem separadas são envolvidas aqui: a apresentação do menino e a
purificação da mãe. A apresentação do menino segue-se do fato de que todo
primogênito ao Senhor será consagrado (Êx 13.2, 12, 15; Nm 18.15). Embora Lucas
não mencione o fato, sem dúvida os “cinco siclos” usuais foram
pagos para “redimir” o primogênito (Nm 18.15-16). A lei levítica
estipulava que, depois do nascimento de um filho, uma mulher ficaria impura
durante os sete dias até a circuncisão do menino, e que, por mais trinta e três
dias, devia manter-se afastada de todas as coisas sagradas num total de 40 dias
de purificação (para uma filha, o tempo era dobrado Lv 12.1-5). Na
ocasião, devia sacrificar um cordeiro e uma pomba ou pombo. Se fosse pobre
demais para um cordeiro, bastaria uma segunda pomba ou pombo (Lv 12.6-13). A
oferta de Maria, portanto, foi a dos pobres.
IV. A EXPERIÊNCIA HUMANA DE JESUS
ATRAVÉS DAS SUAS LIMITAÇÕES E NECESSIDADES
A
experiência humana de Jesus é demonstrada nas suas limitações e necessidades.
A Bíblia apresenta diversas passagens que evidenciam a humanidade de Jesus,
mostrando que Ele experimentou emoções, necessidades
físicas, tentações e limitações típicas da
natureza humana. Como homem, Jesus esteve sujeito às limitações condizentes ao
ser humano:
- Jesus sentiu fome e sede (Mt 4.2; Jo 19.28). Jesus experimentou as necessidades básicas do corpo humano, como fome e sede, o que demonstra sua verdadeira humanidade.
- Jesus sentiu cansaço e fadiga (Mt 8.24; Jo 19.28; 4.6). O fato de Jesus se cansar mostra que Ele não apenas parecia humano, mas realmente viveu as limitações físicas da carne.
- Jesus chorou e sentiu tristeza (Mt 26.37-38; Jo 11.35; Lc 19.41; Hb 13.12;). Jesus sentiu tristeza profunda e chorou pela morte de Lázaro e pela incredulidade do povo, demonstrando emoções genuínas.
- Jesus se alegrou (Lc 10.21). Apesar de enfrentar dificuldades, Jesus também experimentou alegrias, mostrando um espectro completo de emoções humanas.
- Jesus foi tentado (Mt 4.1-11; Hb 4.15). Jesus em suas experiências humanas enfrentou tentações reais, mas sem pecar, cumprindo sua missão redentora como o segundo Adão.
- Jesus demonstrou compaixão e misericórdia (Mt 9.36). Jesus não apenas sentia emoções, mas se importava profundamente com o sofrimento humano.
- Jesus sofreu com dor e com a morte (Lc 22.44; Mt 27.50). Jesus experimentou angústia extrema e a dor da morte, tornando-se o sacrifício perfeito pela humanidade.
- Jesus possuía e possui uma natureza humana completa: corpo, alma e espírito (Lc 2.52; Mt 26.38; Lc 23.46). Em suma, Jesus, desde sua encarnação, é um ser humano completo.
V. A EXPERIÊNCIA HUMANA DE JESUS
ATRAVÉS DAS SUA VIDA SOCIAL
“Além
do seu modo de viver entre as pessoas, os evangelhos mostram que na Pessoa de
Jesus havia os elementos constitutivos nos seres humanos, corpo, alma e
espírito. Os evangelhos revelam a dependência humana da oração e do Espírito
Santo, além de sua identidade com a raça humana. Jesus teve vida social,
amigos, parentes, interagia com as pessoas e era conhecido dos vizinhos e
moradores de Nazaré, onde vivia (Mc 6.1-6)” (Soares, 2024, p. 105).
1.
A experiência humana de Jesus em seu envolvimento social.
O
Senhor Jesus é apresentado nos evangelhos como alguém que era natural na
comunidade de seu povo, e não como um estrangeiro. Sua maneira de viver e os
seus ensinos refletem a cultura judaica (Lc 4.22-24). Os moradores de Nazaré,
admirados com o que viam (Mc 6.3) [...]. Os três países, fora de Israel, que o
Senhor Jesus visitou foram Egito (Mt 2.14,15), Líbano, as antigas cidades de
Tiro e Sidom, na Fenícia (Mt 15.21) e Jordânia (Jo 1.28). Jesus esteve no
casamento em Caná da Galileia (Jo 2.1-11). Ele, sua mãe e seus discípulos
estavam na festa porque todos foram convidados. Jesus convivia com amigos e
parentes [...]. O diálogo de Jesus com a mulher samaritana, sua visita e
interação com os samaritanos é mais uma amostra de que viveu a experiência
humana (Soares, 2024, p. 109).
2.
A experiência humana de Jesus em seu relacionamento com as pessoas.
Jesus
rompeu barreiras geográficas, culturais, étnicas e religiosas (Mc 7.24-27; Jo
4.9,40-42). Ele participou de um banquete promovido por um publicano chamado
Mateus (Mt 9.9-12), que é o mesmo Levi nas passagens paralelas em Marcos
2.13-17 e em Lucas 5.27-31, que veio a ser um dos doze apóstolos (Lc 6.1). Há
no capítulo 7 de Lucas quatro encontros interpessoais de Jesus: na cura do
servo do centurião em Cafarnaum (w. 11-10), na ressurreição do filho da viúva
de Naim (w. 11-17), no encontro com os mensageiros enviados por João Batista
(w. 18-33) e num banquete na casa de um fariseu de nome Simão, ocasião em que
uma mulher pecadora ungiu os pés de Jesus (w. 36-50). Jesus se hospedou na casa
de Maria e sua irmã Marta, numa aldeia a caminho de Jerusalém (Lc 10.38-41) e
também participou de uma ceia preparada pelas irmãs de Lázaro (Jo 12.1-6), a
quem Jesus chamou de “nosso amigo” (Jo 11.11) [...]. Diversas vezes Jesus
aparece nos seus ensinos e pregações dialogando, respondendo questões,
censurando e consolando as pessoas, trazendo advertências e, outras vezes,
esperança (Soares, 2024, pp. 109, 111).
3.
A experiência humana de Jesus em sua vida espiritual.
As
experiências de Jesus como homem são manifestas nos evangelhos pela interação
com as pessoas e autoridades religiosas, como sua participação das reuniões nas
sinagogas e no templo (Jo 18.20). Marcos dá a entender que Jesus pregou em
todas as sinagogas da Galileia (Mc 1.39). Os evangelhos mostram Jesus ensinando
na sinagoga de Nazaré (Lc 4.16-20) e de Cafarnaum (Jo 6.59) e no templo de
Jerusalém (Jo 7.14). Jesu viveu como judeu (G1 4.4) e cumpriu a lei (Mt
5.17,18), reconhecia a autoridade de Moisés (Mt 8.4) e participava das
festividades judaicas (Mt 26.17-19; Jo 7.37,38; 10.22) (Soares, 2024, pp.
109,110).
4.
A experiência humana de Jesus por meio de sua limitação em tempo e espaço.
Como
homem, tinha certa limitação em tempo e espaço e, portanto, submisso ao Pai.
Eis a razão de Ele ter dito em João 14.28: “O Pai é maior do que eu”.
Os evangelhos revelam atributos característicos do ser humano em Jesus, como
por exemplo:
- Ele nasceu de uma mulher, e seu parto, foi normal e comum como o de qualquer ser humano (Lc 2.6-7).
- Ele cresceu em estatura e em sabedoria (Lc 2.40,52);
- Ele teve mãe humana, além de irmãos e irmãs (Mt 12.47; 13-55-56);
- Ele morreu, embora ressuscitasse ao terceiro dia, passando pelo ardor da morte (1Co 15.3-4);
- Ele deu provas materiais de ter corpo humano (Lc 24.39-41; 1Jo 1.1);
- Ele precisou a unção do Espírito Santo em seu ministério (At 10.38);
- Ele precisou da ajuda dos anjos para protegê-lo (Mt 4.11);
- Ele foi feito semelhante aos homens, mas sem pecado (Hb 2.17; 4.15).
CONCLUSÃO
Aprendemos
que Jesus viveu plenamente a experiência humana com todos os aspectos de um ser
humano sem, contudo, deixar de ser plenamente Deus.
REFERÊNCIAS
Ø MORRIS, Leon L. O evangelho de
Lucas: Introdução e Comentário. Vida Nova.
Ø SOARES, Esequias. Em Defesa da
Fé Cristã. CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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