Jó 1.13-21
INTRODUÇÃO
Nesta lição, definiremos o termo
“perda”. Destacaremos as fontes por
meio das quais o homem pode adquirir bens. Veremos também, que tudo o que
possuímos materialmente é transitório, não dura para sempre e nem preenche o vazio
da alma. Pontuaremos ainda o que pode levar a pessoa a perder as suas posses.
E, por fim, elencaremos quais as atitudes que o cristão deve tomar diante da
perda dos bens terrenos.
I – DEFINIÇÃO DE PERDA
Segundo o Aurélio, a palavra “perda”
significa: “privação de alguma
coisa que se possuía, extravio, sumiço, destruição, ruína, aniquilamento”.
Do grego “zemioõ” significa “danificar”
ou ainda “sofrer perda, perder”. Em
(Mt 16.26 e Mc 8.36), fala de perder a vida; em (Lc 9.25) de prejudicar-se a si
mesmo. Já o termo “zemia” significa “dano, perdição” e é usado acerca de um navio que perdeu sua carga
(At 27.10, 21).
II – AS FONTES DOS BENS TERRENOS
2.1 A benção de Deus. Não resta dúvidas de que Deus
concede bençãos materiais: “E a todo o homem, a quem Deus deu riquezas e
bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar a sua porção, e gozar do seu
trabalho, isto é dom de Deus” (Ec 5.19). Afinal de contas, Ele é o dono
de tudo (Sl 24.1), e outorga riquezas a quem Ele quer (I Sm 2.7; Pv 10.22). A
exemplo disto temos: Abraão (Gn 24.1), Salomão (I Reis 3.13), Jó (Jó 1.2, 3),
Davi (II Sm 12.7,8) entre outros (II Cro 18.1; 32.27).
2.2 Por herança. O homem pode adquirir posses
também por herança. O Aurélio diz que herança é “bem, direito ou obrigação transmitidos por via de sucessão ou por
disposição testamentária”. Exemplos bíblicos: Nabote (I Re 21.3), Mefibosete
(II Sm 9.7).
2.3 Resultado do trabalho. É importante salientar que
qualquer pessoa, seja ela crente ou não, que se qualifique, trabalhe, mostre
dedicação e se esforce, obterá bons resultados para sua vida material, pois,
Deus dispensa a sua benção a todos indistintamente: “E também que todo o
homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus”
(Ec 3.13). Confira ainda: (Ec 2.24; 5.18, 19; Mt 5.45).
2.4 De forma ilícita. A expressão “ilícita” conforme o Aurélio, quer dizer: “proibido pela lei, ilegítimo”. Não se pode negar que nem todo bem
adquirido é licito. Vivemos num país onde existe muita corrupção e têm seduzido
muitas pessoas ao “dinheiro fácil”. A Bíblia, no entanto, adverte quanto ao
perigo das riquezas obtidas de forma errada, ou seja, conquistados
desonestamente: “A riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a ajunta
com o próprio trabalho a aumentará” (Pv 13.11). Devemos ter cuidado,
pois nem sempre o que é legal é moral (Hc 2.9; Pv 28.20; I Co 5.10; 6.10).
III – A TRANSITORIEDADE DOS BENS
TERRENOS
Não é pecado desejar, buscar e
adquirir bens terrenos. O pecado consiste em colocar a riqueza como prioridade (Mt
6.24; Lc 2.15; Ef 5.3; Cl 3.5). A Bíblia
nos ensina que tudo o que o homem vier a possuir materialmente, não poderá levar
para sempre consigo. O apóstolo Paulo asseverou isto quando disse: “Porque
nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele” (I
Tm 6.7). Logo, deve-se destacar três verdades acerca dos bens terrenos:
3.1 Eles são transitórios. Tudo o que possuímos
materialmente é transitório (Pv 27.24). O nosso dicionário define esta palavra
como: “de pouca duração; passageiro”.
Devemos estar conscientes de que os bens terrenos são passageiros, por mais que
possamos usufruí-los. As posses estão restritas a esta vida, pois quando
partirmos para estar com Cristo, nada levaremos “Tudo quanto te vier à
mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde
tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”.
(Ec 9.10).
3.2 Eles não são duradouros. Tudo o que é material se destrói,
se corrompe (Tg 5.2,3). Somente os bens espirituais é que são permanentes (I Pe
1.4). Logo, devemos estar atentos para a exortação de Jesus quanto a
preocupação exagerada com o acúmulo de bens terrenos, porque eles se estragam: “Não
ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam” (Mt 6.19).
3.3 Eles não preenchem o homem. Por mais que os bens possam nos
conceder regalias, conforto e direitos, eles não conseguem preencher o vazio
que há dentro do homem. A Bíblia diz que Zaqueu era um homem que desfrutava de
uma alta posição e que era rico (Lc 19.2), porém sentia falta de algo, pois “procurava
ver quem era Jesus” (Lc 19.3). De fato, as riquezas atendem algumas
necessidades do homem, mas não todas. Por isso Jesus disse: “Pois que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o
homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26).
IV – O QUE PODE LEVAR UMA PESSOA
A PERDER SEUS BENS
4.1 Falta de sabedoria. A expressão em destaque no grego
é “phronesis” que significa: “entendimento,
prudência”, ou seja, o uso correto da mente. Infelizmente, não são poucas
as pessoas que por falta de sabedoria acabam perdendo aquilo que possuem. É
preciso entender que qualquer coisa boa nas mãos de um falto de entendimento
logo se destrói: “Passei pelo campo do preguiçoso, e junto à vinha do
homem falto de entendimento, eis que estava toda cheia de cardos, e a sua
superfície coberta de urtiga, e o seu muro de pedras estava derrubado” (Pv
24.30,31).
4.2 Falta de Equilíbrio. São muitos os que arruínam suas
posses por falta de equilíbrio. É preciso agir com moderação também com aquilo
que possuímos. A Bíblia nos relata a história de Nabal, que era um homem muito
rico, porém muito duro e maligno (I Sm 25.2,3). Este negou ajudar Davi com suas
posses, e Deus lhe feriu por ser avarento e sem compaixão (I Sm 25.37,38).
Existe um aspecto do fruto do Espírito, que é implantado no crente regenerado,
chamado de temperança (Gl 5.22). Esta palavra no grego é “engkrateia” que
nos passa a ideia básica de força, poder ou domínio sobre o ego. Paulo exorta
os que possuem riquezas a serem moderados (I Tm 6.8-10; 17-19).
4.3 Provação. Não podemos negar que um crente
pode vir a perder suas posses por uma provação. O verbo provar no hebraico é “tsãraph”
que quer dizer: “refinar, provar,
fundir”. A Bíblia diz que Deus prova os seus (Êx 20.20; Dt 8.2; I Cr 29.17;
Sl 7.9; Jo 6.6; At 14.22; I Pe 4.12-19). O patriarca Jó foi acusado por Satanás
de servir a Deus com sinceridade, retidão, temor e prudência em troca de sua
proteção (Jó 1.9-11). Todavia, Jó, em meio a mais intensa dor de ter perdido
riquezas, filhos e saúde, permaneceu firme e glorificou ao Senhor (Jó 1.13-22),
provando assim seu amor verdadeiro por Deus (Jó 19.25).
V – COMO LIDAR COM A PERDA DOS
BENS TERRENOS
Enquanto estivermos no mundo,
estamos sujeitos a passar por momentos difíceis: “No mundo tereis aflições...”
(Jo 16.33-a). Enfermidade, morte, violência, privações materiais,
perseguições, angústias e outros males podem sobrevir ao crente. No entanto, a
Bíblia nos ensina como devemos proceder quando nos depararmos com momentos de
perda. Vejamos:
5.1 Tendo fé em Deus. O termo fé, do hebraico “heemin”
e do grego “pisteuõ” é definido pela própria Bíblia como “...o
firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não
vêem” (Hb 11.1). É a confiança que depositamos em todas as providências
de Deus (Gn 22.8). É a crença de que Ele está no controle de tudo, e que é
capaz de manter as leis que estabeleceu (Is 43.13). No livro de Jó encontramos ele
perdendo seus bens, no entanto, vemo-lo conservando a sua fé: “Porque eu
sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó
19.25). Semelhante convicção demonstrou o apóstolo Paulo diante das mais
severas provações:
“Por cuja causa padeço também
isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo
de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (II Tm 1.12).
5.2 Aceitando a vontade divina. O nosso Deus é Soberano. Isto
significa dizer que Ele exerce autoridade absoluta e inquestionável sobre todas
as coisas criadas, quer na terra, quer nos céus. Portanto, como seus servos
devemos aceitar seus desígnios sem questionar (Rm 9.20). É o que nos ensina
Jesus Cristo na oração modelo: “... seja feita a tua vontade, assim na
terra como no céu...” (Mt 6.10). Vemos essa submissão a vontade de Deus
bem expressa nas palavras de Jó, quando diante de todas as calamidades que lhe
aconteceram, disse: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá;
o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR” (Jó
1.21).
5.3 Permanecendo firme. Definitivamente, é praticamente
impossível viver sem passar por crises, pois a vida é composta inevitalmente de
dias maus: “Porém, se o homem viver muitos anos, e em todos eles se
alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos.
Tudo quanto sucede é vaidade” (Ec 11.8). Logo, o justo pode até vir a
abalar-se diante das perdas, porém, deve permanecer firme no Senhor (Ef 6.13).
O termo “firme” no grego “bebaios” significa: “estável, seguro”. Por isso, o alicerce
da nossa vida não deve estar fundamentado nas posses materiais, e sim, na
obediência à Palavra de Deus, porque quando as tempestades nos sobrevêem,
avaliam a qualidade do nosso alicerce (Mt 7.24-27) e também onde realmente está
o nosso coração - se nas coisas materiais ou espirituais: “Porque, onde
estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12.34).
Portanto, imitemos a conduta do patriarca Jó diante das perdas que sofreu: “Em
tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1.22).
CONCLUSÃO
O cristão não está isento de
sofrer abalos também em sua vida material, fazendo com que venha a perder seus bens
(Jó 1.13-19). No entanto, a exemplo dos fiéis servos de Deus, devemos nos posiciar
com fé, submissão e firmeza, sabendo que não somos donos do que temos, mas
mordomos (I Co 7.30). Cientes de que os bens eternos, são melhores, pois estão
guardados em um lugar totalmente seguro, e neles é que o nosso coração deve
estar” (Mt 6.20,21).
REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD
•
VINE, W.E et al. Dicionário
Vine. CPAD
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
• GILBERTO, Antonio. O Fruto
do Espírito. CPAD
•
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Vencendo as aflições da vida. CPAD
Por
Rede Brasil de Comunicação