sábado, 11 de agosto de 2012

LIÇÃO 07 – A DIVISÃO ESPIRITUAL NO LAR

                                               1 Co 7.12-16 



INTRODUÇÃO
O casamento é uma instituição divina, cujo modelo foi estabelecido por Deus no Éden. Nesta lição, veremos qual o plano de Deus para a união conjugal; observaremos também qual a perspectiva de Paulo para o casal composto de um cônjuge crente e um não crente; veremos ainda qual deve ser a atitude da mulher cristã para com o seu marido não crente; e, por fim, destacaremos o que pode edificar ou destruir um lar, segundo o sábio Salomão.


I - CASAMENTO, UMA INSTITUIÇÃO DIVINA
O casamento não foi estabelecido por uma lei humana, nem inventado por alguma civilização. Ele antecede toda a cultura, tradição, povo ou nação. É uma instituição divina (Gn 1.27-31; Mc 10.6-9). A família começa com o casamento (Gn 1.28). Quando Deus criou Adão e Eva, ele revelou seu plano para o casamento:

1.1 Heterossexual. O relacionamento conjugal só é possível entre um homem e uma mulher, ou seja, entre um macho e uma fêmea. Qualquer união sexual fora desse padrão se constitui violência ao projeto original divino: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). 

1.2 Monossomático. Adão e Eva poderiam ser considerados não apenas um corpo, mas como duas almas e espíritos unidos pelos laços conjugais. Este é mais um mistério do casamento “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegarse- á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 1.24). 

1.3 União indissolúvel. No projeto de Deus, o casamento é indissolúvel. Ninguém tem autoridade para separar o que Deus uniu. “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6). 

1.4 União monogâmica. A monogamia é o padrão divino para o casamento. Monogamia, é o sistema de constituição familiar pelo qual o homem tem uma só mulher e a mulher um só marido “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele” (Gn 1.18).


II – A PERSPECTIVA PAULINA PARA O CASAMENTO CRISTÃO
O apóstolo Paulo em sua primeira carta aos crentes que estavam em Corinto, advertiu os solteiros e viúvos, que só deveriam se casar com alguém que professasse a mesma fé, isto é, o casamento do crente deve ser no Senhor (I Co 7.39). No entanto, o apóstolo abrange também as pessoas que são casadas e, depois do casamento, um dos cônjuges se converte ao Evangelho e o outro não. As “regras” são diferentes quando somente um cônjuge é cristão. Para este caso Paulo usa a expressão “...digo eu, não o Senhor...” a fim de referir-se a esta situação específica do casamento que não se trata de uma mera opinião do apóstolo, antes, porém, está declarando que não tem uma citação de Jesus por meio da qual ele pudesse apoiar o seu ensino. Todavia, o que ele passa a escrever, procede de quem tem autoridade apostólica, sob a inspiração divina (I Co 7.25, 40; 14.37). Para este caso, ele dá o seguinte parecer: 

2.1 Se o(a) cônjuge descrente consente morar, não o deixe. Ser crente não muda a aliança do casamento, que é indissolúvel (Mt 19.6; Rm 7.2; I Co 7.39). A ordem de Paulo segue o padrão divino para o casamento (Gn 2.24). Portanto, o crente, seja o marido ou a mulher, não tem o direito de iniciar um divórcio em tais casos. O membro cristão deve continuar vivendo em fidelidade amorosa ao cônjuge descrente, contanto que o descrente mostre boa vontade em continuar com o casamento “Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, NÃO A DEIXE. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, NÃO O DEIXE” (I Co 7.12,13).

2.2 O cônjuge descrente é santificado pelo esposo(a). O apóstolo ainda deixa claro que continuar na relação do casamento com um cônjuge descrente não contamina o crente. Pelo contrário, a fé do crente em Jesus tem uma influência santificadora na relação “Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido” (I Co 7.14). O crente já está santificado, pois é um santo separado por Deus e para Deus e o descrente participa dessa santificação, mas não em sentido de salvação. Ou seja, o cônjuge não crente não será salvo por que sua esposa é crente, mas ele poderá ser salvo por meio da esposa, pois ela pode ser o canal através do qual ele venha a ser redimido (I Co 7.16). Esse texto, bem como (At 16.31), não deve ser visto como uma promessa, e sim como uma possibilidade. 

2.3 Os filhos são santos. Segundo Paulo, a santificação do crente estende-se igualmente aos filhos do casamento, eles são “santos”, não “imundos” (I Co 7.14). Ou seja, a influência santificadora do pai ou da mãe crente torna os filhos santos no sentido de pertencerem ao Senhor e poderem ser conduzidos à sua presença para serem abençoados. Podemos ver claramente este exemplo na vida de Timóteo que possuia uma mãe judia, porém seu pai era grego (At 16.1). Eunice, a mãe de Timóteo, contribuiu muito na formação moral e espiritual de seu filho (II Tm 1.5; 3.15), de modo que as pessoas de sua cidade lhe davam bom testemunho (At 16.2), além de ter se tornado um bom obreiro, que auxiliou Paulo no desenvolvimento da obra de Deus (Rm 16.1).


III – COMO AGIR COM O CÔNJUGE NÃO CRENTE
É notório que nem todo cônjuge não crente aceita de bom grado a conversão da esposa. Muitas vezes existe resistência, perseguição, sofrimentos e angústia dentro do lar. Isto fora profetizado por Jesus (Mt 10.34). O apóstolo Pedro aconselhou de forma detalhada às esposas crentes (I Pe 3.1). Subentende-se que as mulheres eram bem mais numerosas que os homens nas igrejas às quais ele deu estas instruções. Isso nos parece bem atual. Por isso, nessa epístola, o apóstolo deixa claro que não desejava que as mulheres cristãs fizessem de sua fé cristã um motivo para interromperem o seu estado matrimonial. Antes que usassem-na para firmarem mais ainda o seu lar, tornando-o cristão. Vejamos as orientações do servo de Deus detalhadamente: 

3.1 “...sede sujeitas”. A expressão em destaque no grego é “hupotassõ” que quer dizer: “submeter-se; obedecer”. O apóstolo Pedro está exortando as mulheres cristãs que se submetam ao seu próprio marido. Tal recomendação fora feita também pelo apóstolo Paulo (Ef 5.22; Cl 3.18). Deve-se entender que Deus estabeleceu a família como unidade básica da sociedade. Toda família necessita de um dirigente. Por isso, Deus atribuiu ao marido a responsabilidade de ser cabeça da esposa e da família (Ef 5.23). Esta sujeição quer dizer também que a mulher deve cumprir o seu dever para com o esposo, como por exemplo: amando-o (Tt 2.4), respeitando-o (Ef 5.33), ajudando-o (Gn 2.18), vivendo de forma pura (Tt 2.5), com um espírito manso e quieto (I Pe 3.4), sendo uma boa mãe (Tt 2.4) e dona de casa (I Tm 2.15; 5.14; Tt 2.5). 

3.2 “...pelo procedimento de sua mulher”. Certo pensador já dizia: “As palavras ensinam, mas os exemplos arrastam”. De fato, nada impressiona mais o não crente que ver a transformação na vida de uma pessoa. Muito mais ainda se tratando da sua esposa. Se antes de Cristo a mulher era insubmissa, e, por isso, vivia em constantes brigas com seu marido não crente, após a conversão sua atitude deverá ser diferente (II Co 5.17), o que por certo resultará no louvor a Deus pelas obras que evidenciam sua salvação (Mt 5.16). Se antes de Cristo o casal discutia, agora, em Cristo, a mulher procura não revidar, pois aprendeu com Cristo a pagar o mal com o bem (Rm 12.21). Se o marido resiste ouvir o evangelho, ele não deixará de ver o testemunho vivido na prática por sua esposa, o que poderá resultar na sua conversão “...para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo procedimento de suas mulher seja ganho sem palavra” (I Pe 3.1). 

3.3 “Considerando a vossa vida casta (honesta), em temor”. O termo honesto no grego “kalos” quer dizer: “algo bom, admirável, conveniente, decoroso, justo, honrável”. Pedro destaca que a mulher crente deve estar livre das influências imorais e corruptas do paganismo, incluindo os pecados e os desvios sexuais, mas, também, qualquer contato com as maneiras do viver com os excessos de várias modalidades (I Pe 4.2-4). Portanto, neste presente século onde há tanta promiscuidade e infidelidade conjugal, o cristão casado deve mostrar-se santo e fiel ao compromisso que assumiu com seu cônjuge, honrando-o diante de Deus e dos homens, ornando a doutrina na qual foi instruído (Tt 2.10).


IV – EDIFICANDO OU DESTRUINDO O LAR
O ser humano tem a capacidade de pensar e de agir, tendo como única motivação a sua vontade - isto é livre arbítrio. Portanto, devemos estar cientes de que nossas atitudes podem gerar efeitos positivos, se foram tomadas com sabedoria; e negativos, se foram feitas com imprudência. O sábio Salomão aplicou essa realidade a construção do lar quando asseverou: “Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”. (Pv 14.1) 

4.1 A mulher sábia edifica. O verbo em destaque no hebraico é “bãnãh” que significa “construir, fundar, estabelecer”. Isso indica que assim como precisamos investir trabalho, esforço e dedicação na construção de uma casa, semelhantemente na construção de um lar; mas, devemos construir com sabedoria. O termo “sábio” do hebraico “kãhãm” quer dizer “dotado, hábil”. Quem é casado com o cônjuge não crente deve pedir a Deus para lhe dotar de sabedoria (Tg 1.5), a fim de que possa edificar o seu lar (Pv 31.10-31). 

4.2 A mulher tola destrói. A expressão “destruir” no hebraico “shahat” significa: “corromper, deteriorar, arruinar, desfazer”. Se o cristão não for cauteloso, corre o risco de ver o seu lar ser arruinado. Por exemplo, há algumas pessoas que usam como pretexto a obra do Senhor para esquivarem-se de seus compromissos com a sua casa, deixando de dar a devida assistência a sua família, dando ocasião para que o inimigo venha destruir seu casamento (I Co 7.33,34). O termo “tola” do hebraico “kesil” quer dizer “insensata”, ou seja, “falta de senso”. Quando o cônjuge é insensato, trás prejuízo para si e para seu lar. Daí o sábio Salomão dizer que “a mulher tola a derruba com as próprias mãos”.


CONCLUSÃO
Concluímos dizendo que Deus não quer que a pessoa após converter-se se divorcie, porque seu cônjuge não é crente (I Co 7.10), pelo contrário, se o marido ou a mulher descrente consente em habitar com seu cônjuge, diz Paulo que devem permanecer juntos (I Co 7.12). Portanto, quem vive nessa condição, deve buscar de Deus sabedoria para que possa administrar com bom senso o seu lar e o seu casamento, a fim de que possa permanecer casado e seu esposo ou sua esposa, seja juntamente com seus filhos conduzidos a Cristo.  



REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
• VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD
• CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
• HORTON, Stanley. I & II Coríntios. CPAD.
• COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Vencendo as aflições da vida. CPAD. 


Por Rede Brasil de Comunicação


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