quarta-feira, 23 de abril de 2014

LIÇÃO 04 – DONS DE PODER



I Co 12.4,9-11




INTRODUÇÃO
Entre os dons espirituais concedidos a Igreja, encontram-se o dom da fé, os dons de curar, e operação de maravilhas que podem ser denominados de Dons de Poder. Nesta lição, definiremos a palavra poder, veremos quais os propósitos de Deus através destas habilidades espirituais, e, por fim, destacaremos detalhadamente cada um destes dons e sua função para edificação do corpo de Cristo.


I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PODER
A palavra poder no grego é “dúnamis”, que significa “força”, “energia”, “habilidade”, “poder”, mas que normalmente se refere a algum agente de poder ou força capaz de realizar um determinado trabalho. Nosso vocábulo “dinamite” se deriva desse termo grego; e isso ilustra a natureza da palavra. Tal palavra era usada para indicar “milagres” e “maravilhas”, isto é, “feitos” que requerem poder extraordinário e sobre-humano (Mt 7.22; 11.20,23; 13.54). Nos trechos de Atos 3.12 e 4.7, essa palavra é empregada para indicar o poder que Pedro usou a fim de curar o aleijado. Em Atos 1.8, o poder referido é o do Espírito Santo, que seria dado aos crentes primitivos no dia de Pentecostes (CHAMPLIM, 2004, p. 311).


II – DEFINIÇÃO E PROPÓSITO DOS DONS DE PODER
Em (I Co 12.9,10) o apóstolo Paulo fala do segundo grupo dos dons espirituais: o dom da fé; os dons de curar e operação de maravilhas. Eles podem ser classificados didaticamente como Dons de Poder. Como o próprio nome já diz, estes são dons que transmitem poder, através de operações sobrenaturais. Por isso, apesar de distintos entre si, existe uma estreita correlação entre eles, inclusive em seus aspectos visíveis, ou seja, em seus resultados. Assim como os outros dons, estes também “são recursos extraordinários que o Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito, colocou à disposição da Igreja, visando: (1) o aperfeiçoamento dos santos; (2) a ampliação do conhecimento, de poder e da proclamação do povo de Deus; e (3) chamar a atenção dos incrédulos à realidade divina” (ANDRADE, 2006, p. 150).


III – OS DONS DE PODER
3.1 O dom da fé (I Co 12.9-a). A palavra fé no hebraico é “heemim” e no grego é “pisteuõ”. A Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hb 11.1). O dom da fé “é a capacidade concedida pelo Espírito Santo para o crente realizar coisas que transcendem à esfera natural, visando o benefício e a edificação da igreja” (RENOVATO, 2014, p. 45). Algumas considerações devem ser feitas a respeito desse dom: (1) Esse tipo de fé não são todos que possuem (I Co 12.7-9) e (2) ele nada tem a ver com chamada confissão positiva nem com a força do pensamento positivo, pois é um dom que atua sob o controle do Espírito e não do homem (I Co 12.7,11). Como o termo fé é recorrente na Bíblia, destacaremos no quadro abaixo os vários tipos de fé que existem:

TIPOS DE FÉ
DEFINIÇÃO




Natural

Conhecimento produzido pela detida observação da natureza, via de regra, conduz o ser humano a crer na existência de Deus. Este tipo de fé pode ser encontrado, por exemplo nos filósofos gregos que, embora desconhecessem os escritos dos profetas hebreus, lograram descobrir, nalgum ponto de suas especulações, a presença imarcescível do Criador de todas as coisas (Rm 1.19-21).



Salvífica

Proveniente da proclamação do Evangelho, esta fé leva-nos a receber a Cristo como o nosso único e suficiente Salvador (Jo 3.16). A fé salvadora só nasce no coração humano através da pregação do evangelho (Rm 10.13,16). Sem a mensagem da cruz não pode haver fé salvadora.



Aspecto do Fruto

Elevadíssima confiança em Deus desenvolvida a partir de uma íntima comunhão com o Espírito Santo (Gl 5.22). É uma fé constante, paciente e regular; independe de circunstâncias (Hb 3.17,18); ela nasce como resultado de um singular relacionamento do crente com a Palavra de Deus.




Dom

O dom da fé diz respeito a uma fé sobrenatural que capacita o crente a crer em Deus, para a realização de milagres extraordinários como a cura de doenças, ressurreição de mortos ou a realização de coisas impossíveis pelos meios naturais. O Dom da Fé é a capacitação sobrenatural do crente para crer e realizar o impossível no Nome do Senhor (Mt 17.20; At 3.6,7; 14.9,10).


3.2 Os dons de curar (I Co 12.9-a). “Este dom é multiforme na sua constituição e na sua operação. É uma sublime mensagem para os enfermos não importando a sua doença. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura de doenças e enfermidades do corpo, da alma e do espírito para crentes e descrentes” (GILBERTO, 2006, p. 197). A cura divina era parte fundamental no ministério de Jesus (Mt 4.23-25; 8.16; 10.1; Lc 4.14; At 10.38). O livro de Atos, o segundo tratado de Lucas, nos mostra também que Pedro, Filipe, Estevão e Paulo eram tremendamente usados por Deus com este dom (At 3.6-8; 6.8; 8.6-8; 19.11,12; 28.7,8; Rm 15.19; I Co 2.4; II Co 12.12).

3.2.1 Porque dons? É interessante notar que todos os outros dons listados por Paulo estão no singular. Mas os dons de curar estão no plural “E a outro...os dons de curar” (I Co 12.9). Não há, portanto, um “dom de curar”, mas uma variedade deles. A expressão “dons de curas” designa as variadas formas pelas quais o Espírito Santo pode operar em diferentes ocasiões. Podem ser manifestos através da pregação da Palavra, de outro dom, de uma palavra de ordem, da imposição de mãos, da oração, dentre outras (At 3.1-8; 5.15,16; 9.32-34; 28.8,9).

3.2.2 Todos tem este dom? Os dons de curar não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo (I Co 12.11,30), todavia, todos podem orar pelos enfermos, na autoridade do Nome de Jesus, porque Ele prometeu realizar sinais que confirmam a Sua Palavra (Mc 16.17,18), e havendo fé, os enfermos serão curados (Mt 21.22; Jo 11.40). Pode haver também cura de enfermidades através da unção com óleo, conforme ensinou Tiago (Tg 5.14-16). É interessante destacar três verdades sobre a cura: (1) a cura expressa a compaixão divina (Mt 14.14); (2) ela encontra-se entre os benefícios divinos que compõe o pão dos filhos (Mc 7.24-30); e, (3) faz parte da obra redentora de Cristo (Is 53.4,5; Mt 8.16,17).

3.2.3 A contemporaneidade dos dons de curar. Embora uma corrente da teologia cessacionista afirme que os dons do Espírito Santo não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico, os ensinos de Cristo e dos apóstolos mostram exatamente o contrário (At 2.39; I Co 12.28). A escassez ou pouca manifestação destes dons nos nossos dias pode ser por algumas causas: (1) Incredulidade (Mt 13.58; Ef 2.8; Rm 8.32; At 2.17); (2) falta de interesse em buscar este dom (I Co 12.31; 14.1; II Tm 1.6); e, (3) falta de temor, adoração e santidade (Pv 8.13; Js 3.5; At 2.43).

3.3 O dom de Operação de Maravilhas (I Co 12.10). Esse Dom manifesta-se como os demais, de maneira sobrenatural, geralmente sendo uma intervenção divina nas leis da natureza. É Deus modificando as leis naturais para manifestar o seu supremo poder (Js 10.12-14; At 9.36-42; 20.9-12). Sempre que o Dom de Operação de Maravilhas se manifesta, os resultados são imediatos e visíveis (At 2.43; 8.5-8,13; 19.11). “A palavra 'maravilha' no grego 'teras', 'algo estranho' que leva o observador a se maravilhar, sempre é usado no plural e geralmente depois do termo semeia, 'sinais'; o oposto ocorre em At 2.22,43; 6.8; 7.36; em At 2.19, o termo 'teras' aparece sozinho 'prodígios'. O sinal tem o propósito de apelar para o entendimento, a 'maravilha' apela para a imaginação, o poder 'dúnamis' indica que sua fonte é sobrenatural” (VINE, 2002, p. 774).

3.3.1 Propósitos dos milagres. Deus não faz milagres apenas por fazer. Sempre que ele realiza algo sobrenatural e extraordinário tem em mente alguns propósitos, entre os quais podemos citar:

PROPÓSITOS DE DEUS COM OS MILAGRES


A glorificação do Seu
Nome

Os milagres narrados nas Escrituras, tanto no Antigo como em o Novo Testamento, objetivam a glória de Deus. Em nenhum momento encontramos os profetas e apóstolos, buscando chamar a atenção para si (II Rs 5.15,16; At 3.8,12; 14.14,15).


Dar uma resposta a
necessidade humana

Todos os textos narrando os milagres realizados deixam bem claro que os mesmos ocorreram em resposta a uma necessidade humana e também em resposta ao sofrimento humano (I Rs 17.5-7; 9-16; II Rs 4, 5 e 6; Mt 8.23-27; Lc 7.11-17).


Propiciar evidências
para que haja fé em
Deus

Os milagres operados pelos servos de Deus são uma clara demonstração do poder divino. Todos eles tiveram como propósito especifico despertar a fé no único Deus Verdadeiro, que demonstra a sua graça e glória nas mais diferentes situações na vida (I Rs 18.36-39; Jo 20.31).


CONCLUSÃO
Sinais, curas e milagres ocuparam parte importante do ministério de Cristo Jesus e dos seus santos apóstolos, com a finalidade de confirmar a mensagem do evangelho que pregaram. Este mesmo poder, permanece com a Igreja nos dias de hoje a fim de que esta se desenvolva espiritualmente e possa conduzir muitas vidas a experiência da salvação.



REFERÊNCIAS
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø GILBERTO, Antonio. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
Ø  SOUZA, Estevam Ângelo de. Nos Domínios do Espírito. CPAD.
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD. 



Por Rede Brasil de Comunicação


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