Dn
11.1-3,21-23,31,36
INTRODUÇÃO
O capítulo 11 do livro de Daniel,
descreve a quarta e a última visão do conteúdo profético do livro. A visão diz respeito
aos reinos que se seguirão sucessivamente até chegar ao governo do Anticristo,
prefigurado na pessoa de Antíoco Epifânio, um rei selêucida, que surgiu no
período Interbíblico. Veremos nesta lição, o período entre os Testamentos; a ascensão
do governo de Antíoco Epifânio; quem foi Antíoco Epifânio e, a semelhança do
seu governo com o do Anticristo.
I – O PERÍODO INTERBÍBLICO
O período entre os dois
Testamentos foi um espaço de quatrocentos anos, conhecido como Interbíblico ou Intertestamental.
Esta época compreende o retorno dos judeus do exílio até o nascimento de Jesus
e, é considerado como o período do silêncio divino. Contudo, nesta época,
acontecimentos proféticos cumpriram-se na íntegra, trazendo o surgimento de um
personagem importantíssimo tanto para a história bíblica, quanto para a
história secular. “As condições gerais desse período podem ser relembradas
sabendo-se que houve quatro tempos distintos em que esses quatrocentos anos podem
ser divididos: (1) o período persa, 430-322 a.C.; (2) o período
grego, 321-167 a.C; (3) o período da independência, 167-63 a.C; e (4)
o período romano, 63 a.C. até Jesus Cristo” (CHAMPLIN, 2013, vol. 5, p. 226
– acréscimo nosso).
II – O SURGIMENTO DO GOVERNO DE ANTÍOCO
EPIFÂNIO
Com a queda do Império Persa em
cerca 331 a.C., Alexandre o Grande, tronou-se um imponente imperador, conquistando
também a Palestina em cerca de 332 a.C. Em cumprimento do que está escrito em
(Dn 11.3,4), Alexandre o Grande morreu precocemente no apogeu do seu poder e, o
seu reino foi divido e repartido entre quatro dos seus generais, a saber,
Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu. Seleuco governou a Síria, a
Babilônia e a Média (o Reino do Norte); e, Ptolomeu governou o Egito (o
Reino do Sul). A princípio, a Palestina ficou debaixo do controle sírio, mas
não muito depois passou para o controle egípcio, ficando assim durante cerca de
cem anos, até 198 a.C. Neste ínterim, os selêucidas (o Reino do Sul) reconquistaram
a Palestina, e nos anos 175-164 a.C., os judeus foram severamente perseguidos
por Antíoco IV ou Epifânio, que estava resolvido a exterminá-los, juntamente
com a sua fé em Deus. (CHAMPLIN, 2013, vol. 5, p. 226 – acréscimo nosso).
III – ANTÍOCO EPIFÂNIO NA VISÃO
HISTÓRICA E NA VISÃO PROFÉTICA DE DANIEL
“Antíoco Epifânio (175 a 164
a.C.); filho de Antíoco o Grande, rei dos selêucidas, do Reino do Norte;
governou onze anos e, morreu no ano 164 a.C. Foi o grande perseguidor dos
judeus na Palestina. Ele foi em sua geração, o homem mais desprezível, narrado
nesta profecia; um tipo do futuro Anticristo, “[...] o homem do pecado, o
filho da perdição” (2 Ts 2.3);” (SILVA, 1986, p. 211 – acréscimo
nosso). “Antíoco tentou incorporar os judeus em seu programa de helenização, ou
seja, implantar nos judeus a cultura grega; mudando suas leis, proibindo o
culto e os costumes religiosos deles sob pena de morte” (CHAMPLIN, 2013, vol.
1, p. 194 – acréscimo nosso). Abaixo destacamos informações bíblicas a respeito
deste homem.
3.1 “Depois se levantará um
homem vil...” (Dn 11.21a). “Antíoco
Epifânio é apresentado como um homem vil, alguém em quem não se pode confiar;
um maquinador e um impostor. É o ‘pequeno chifre’ citado no livro de Daniel
8.9-27. Ele é chamado de o Anticristo do Antigo Testamento e, é visto
prefigurando o Anticristo do fim dos tempos” (ADEYEMO, 2010, p.1037 - acréscimo
nosso).
3.2 “[...] ao qual não tinham
dado dignidade real...” (Dn 11.21b). “Antíoco Epifânio não estava na linha da sucessão,
mas tornou-se rei por manipulação, traição e lisonjas, isto é, a política
usual. O trono deveria ser de Demétrio Soter, filho e sucessor direto de
Seleuco IV Filopater, o atual rei do Reino do Norte, que segundo a profecia
morreu “sem ira e sem batalha” (Dn 11.20), envenenado por
Heliodoro, seu irmão de criação.” (CHAMPLIN, 2001, vol. 5, p. 3423). “Demétrio Soter
, estava sendo mantido refém em Roma. E com o trono desocupado, Antíoco usurpou
o trono e assumiu o poder na Síria” (MACARTHUR, 2010, p. 1095 – acréscimo nosso).
3.3 “[...] mas ele virá
caladamente...” (Dn 11.21c, 24). A
expressão “caladamente” no texto revela a sagacidade deste tirano. “Antíoco
Epifânio era um pensador hábil e um orador habilidoso, cujas guerras com
palavra eram tão eficazes como suas guerras com armas. Gostava de valer-se de
traições, lisonjas e truques. A palavra hebraica para as lisonjas é 'halaqlaq',
que tem o sentido básico de 'esperteza suave' (CHAMPLIN, 2001,
vol. 5, p. 3423 – grifo nosso). “Conforme a descrição dos escritos antigos,
Antíoco Epifânio às vezes fugia secretamente da corte e ia para cidade
disfarçado, fazendo amizades com os estrangeiros mais desprezíveis que
visitavam o país. Ele praticava os caprichos mais esquisitos, levando alguns a acreditar
que fosse um imbecil e, a outros que fosse um louco” (HENRY, 2010, p. 897 –
acréscimo nosso).
3.4 “E com os braços de uma
inundação...” (Dn 11.22). “Antíoco
Epifânio era alguém que sabia falar, mas também era um bom guerreiro. Alcançou
êxito em sua primeira ação militar, no momento em que as suas forças militares
arrasaram os exércitos egípcios como se fosse uma enchente/dilúvio, uma
expressão usada para ataque militar (Dn 9.26)” (CHAMPLIN, 2001, vol. 5, p. 3423
– acréscimo nosso).
3.5 “[…] como também o
príncipe do concerto” (Dn 11.22). “Ele
encomendou o assassinato do sumo sacerdote de Jerusalém, Onias III, a quem a
profecia se refere como príncipe da aliança, que foi morto
pelo seu próprio irmão, Menelau, que o traiu, a pedido do próprio Antíoco”
(MACARTHUR, 2010, p. 1095 – acréscimo nosso). “Em Daniel 11.28,30 e 32 a palavra
'aliança' ou 'concerto' é usada para se referir ao Estado judeu, que na época
era uma teocracia (o Governo de Deus), tendo o sumo sacerdote como seu líder”
(ADEYEMO, 2010, p.1037 - acréscimo nosso).
3.6 “[...] seu coração será
contra o concerto...” (Dn 11.28,31). “Na sua viagem para o norte, através de Israel para
a Síria com as suas riquezas, Antíoco propagou uma sedição, ou seja, uma
sequência de assassinatos bárbaros, roubos, catástrofes. Ele atacou o templo de
Jerusalém, colocando no lugar Santo uma imagem do deus grego, Zeus; esse altar
a Zeus é o que os judeus chamam de abominação desoladora; profanou os ritos dos
sacrifícios quando ofereceu uma porca no altar do Senhor” (MACARTHUR, 2010, p.
1095 – acréscimo nosso); “os judeus consideravam os porcos imundos (Lv
11.4,7,8); além disso, os sacrifícios eram normalmente feitos com animais
machos (Lv 8.18-21). Desse modo, o sacrifício de uma porca foi uma tentativa de
sujar e desonrar a religião judaica” (DYER, sd, p.12) . “Antíoco ainda
massacrou 80.000 judeus, levou 40.000 como prisioneiros de guerra e, vendeu
outros 40.000 como escravos” (MACARTHUR, 2010, p. 1095 – acréscimo nosso).
3.7. “E esse rei fará conforme
a sua vontade...” (Dn 11.36). Neste
ponto, o autor apresenta um rei que governará “no fim do tempo” (Dn 11.40). O
seu reinado de terror inaugura um ‘tempo de angústia’ sem paralelos na história
humana (Dn 12.1; Mt 21.21,29-31); este rei não pode ser Antíoco
Epifânio, mas é um personagem perverso e tirânico do fim dos tempos. Esta descrição
está em conformidade com a descrição deste personagem, apresentado em outras
passagens da Bíblia (Dn 7.8- 11,20-27; 2 Ts 2.3,10; Ap 13.4-8; 19.19-20), e foi
aceita por toda a História da Igreja (por exemplo, Crisóstomo, Jerônimo, Teodoreto
e Lutero) (DEFESA DA FÉ, 2010, p.1363).
IV – SEMELHANÇAS
DO GOVERNO DE ANTÍOCO EPIFÂNIO COM O GOVERNO DO ANTICRISTO
“Aqui, as histórias dos dois
“anticristos” são colocadas de costas uma para a outra, não simplesmente por
ênfase, mas porque ambas envolvem o ódio aberto contra Deus e a perseguição aos
judeus, à plataforma de ambos os governos se assemelham.” (ADEYEMO, et al,
2010, p.1037 - acréscimo nosso).
DESCRIÇÃO
|
ANTÍOCO EPIFÂNIO
|
ANTICRISTO
|
Significado do nome
|
“Opositor”
|
No grego “antichristos” “contra
Cristo”
|
A promoção da
mentira
|
Dn 11.21,23,24,27
|
2 Ts 2.11
|
A promoção do
pecado
|
Dn 11.25-30
|
2 Ts 2.3
|
A promoção do culto
a Satanás
|
Dn 11.31 Dn 11.45;
|
2 Ts 2.4
|
A promoção de uma economia
única
|
Dn 11.22, 23
|
Ap 13. 16-18
|
CONCLUSÃO
Como podemos ver, Antíoco
Epifânio prefigura o Anticristo que há de vir. Assim como este perverso
imperador perseguiu os judeus com roubos, assassinatos, profanando o sagrado e
com tantas outras catástrofes, semelhantemente, o Anticristo, o homem do
pecado, perseguirá os judeus, cometendo as maiores atrocidades, a fim de
destruí-los, mas assim como Antíoco Epifânio foi extirpado, o Anticristo com o
seu governo também será, pois o Senhor, que é o Rei dos Reis e Senhor dos
Senhores, destruirá o Anticristo pelo assopro da sua boca e pelo esplendor da
sua vinda (2 Ts 2.8).
REFERÊNCIAS
Ø
ADEYEMO,
Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
Ø
Bíblia de Estudo Defesa da Fé. CPAD
Ø
Bíblia de Estudo MacArthur. SBB.
Ø
CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblias, Teologia e Filosofia, vol. 1. HAGNOS.
Ø
CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblias, Teologia e Filosofia, vol. 5. HAGNOS
Ø
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado: Versículo por versículo, vol. 5. HAGNOS.
Ø
HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento. CPAD.
Ø
SILVA,
Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação
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