Lc 9.38-42,46-50
INTRODUÇÃO
Professor,
como anda o aprendizado de seus alunos? As dúvidas deles são sendo sanadas?
Sabia que nós, professores, como qualquer ser humano normal, também possuímos
nossas limitações. Por isso, se não souber responder alguma indagação no
momento da aula, não fique constrangido; mas, comprometa-se a trazer a resposta
na aula seguinte. Assim, a equivoca ideia de que sabemos de tudo não deve ser
alimentada, o que não nos exime da responsabilidade de termos o domínio do
conteúdo da lição. Portanto, esmere-se no preparo da lição para obter tal
domínio (Rm 12.7). Na lição de hoje veremos que os discípulos muito falharam por
serem, assim como nós, limitados, porém essas falhas e tropeços não devem ser
encarados como uma via de mão única, mas, sim, como uma falha onde reside o aprendizado
e o perdão. Desejo a todos uma excelente aula!
I.
LIDANDO COM A DÚVIDA (Lc 9.37-43)
Por
andarem com o Mestre Jesus e verem as obras maravilhosas do nosso Senhor, os
discípulos de Jesus são considerados muitas vezes, não como seres humanos
normais, mas como pessoas acima da média como se fossem seres humanos
perfeitos. Alguns chegam a terem a ideia equivocada de que foram “super-homens”,
ou melhor “super-crentes”! Bem, eles, na verdade, eram tão imperfeitos, fracos
e frágeis como qualquer um de nós. O episódio do apaziguamento da tempestade
(Lc 8.22-25), mostra de forma nítida Jesus advertindo os discípulos sobre a
falta de fé deles, dizendo: “Onde está a vossa fé?” (Lc 8.25). Marcos,
em seu evangelho, acentuou ainda mais a advertência de Jesus: “Porque
sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4.40). Mas, o que é fé?
Segundo Aurélio, em seu dicionário, a fé é definida
como o exercício da “crença religiosa”, ou da “confiança”. O Pr. Claudionor de Andrade diz
que a fé (Do heb. heemim; do gr. pisteuõ; do lat. fidem) é a confiança que depositamos em todas as providências de
Deus. Porém, não há uma definição melhor de fé do que a mencionada pelo autor
da epístola aos Hebreus, que diz: “Ora,
a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a provadas coisas que se
não vêem” (Hb 11.1). Assim, a fé nos faz enxergar o invisível e
alcançamos o impossível (Mc 11.23,24).
Mas, essa não foi a única vez que o Senhor censurou os discípulos por não
demonstrarem a fé necessária em Deus. Ao tentarem expulsar o espírito imundo de um jovem possesso (Lc 9.40), os discípulos por não
conseguirem foram, outra vez, juntamente com todos ali presentes, censurados
pelo Mestre: “Ó geração incrédula e
perversa! Até quando estarei convosco e vos sofrereis?” (Lc 9.41). Mas,
como pode acontecer isto? Jesus não deu autoridades aos discípulos? Sim,
concedeu! Porém, esse poder ou autoridade está intrinsicamente ligado ou
condicionado a nossa comunhão com Ele (Jo 15.4,5; Mc 16.17,18). Sobre o
referido episódio o Pr. José Gonçalves, diz: “A meu ver esse é um dos textos mais
contundentes sobre as limitações dos discípulos de Jesus. É um texto que mostra
claramente que os discípulos não eram homens perfeitos nem ilimitados. Eles
foram derrotados diante de um possesso de demônio. Um desesperado pai exclama: “Roguei
a teus discípulos que o expulsassem, e não puderam!” Não é que eles não tentaram! Tentaram, mas não puderam. E por que não
puderam? As razões podem ser muitas. Jesus os censurou denominando-os de “geração
incrédula” (Lc 9.41). Eles não apenas
faziam parte de uma cultura incrédula, como também assimilaram seus valores.
Foram contaminados pela cultura ao seu redor! Essa “contaminação cultural”
sempre foi um perigo iminente para o povo de Deus. Na passagem paralela do
Evangelho de Marcos encontramos o texto: “Quando eles se aproximaram dos
discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com
eles” (Mc 9.14). Em vez de expelir o
demônio, entraram em divagações teológicas com os escribas. Perderam o foco!
Quando se perde o foco, os debates teológicos se tornam mais importantes do que
a missão de libertar vidas. Por outro lado, os discípulos aprenderam a viver à
sombra do seu Mestre. Acostumaram apenas a assistir Jesus expulsar os demônios
e agora que tinha chegado o momento deles mesmos fazerem isso, não fizeram”.
Realmente, muitos podem ser os motivos de os discípulos terem sido
envergonhados, e o Pr. Gonçalves em seu comentário já cita alguns: 1)
Falta de fé; 2) Associação com uma cultura contaminada; 3) Perda
do foco em sua missão; e 4) Comodismo por está na companhia de Jesus.
Quanto ao segundo item citado, o Apóstolo Paulo advertindo aos cristãos de sua
época no que diz respeito à santidade, os exortou quanto ao perigo iminente e
sutil dessa “contaminação cultural”
(2 Co 6.16,17; Ef 5.1-8). Todavia, mesmo levando em consideração todos esses
fatores, ainda não chegamos ao cerne da questão! Portanto, o Senhor logo revela
a eles o porquê de passarem esse vexame: Por
causa da vossa pequena fé. Em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão
de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada
vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão por meio
de oração e jejum” (Mt 17.20,21). Assim, por sempre estarem à sombra de
Jesus, os discípulos negligenciavam a vida devocional (Mc 4.38; Mt 26.40-45), o
que levava eles a terem uma vida devocional pobre. Infelizmente, muitos hoje
agem da mesma forma! Acham que por entregarem suas vidas a Cristo, serem
membros de uma igreja evangélica e terem uma Bíblia evangélica é o suficiente.
Engano! Não basta dizer que somos de Jesus ou que andamos com Ele, não! É
indispensável que assumamos nosso dever como discípulos! Os
discípulos parecem ter esquecido que o ministério de libertação dependia do
Espírito Santo (Mt 12.28; Lc 11.20). E que não basta recorrer ao uso de
técnicas e fórmulas na solução de coisas espirituais. Antes, é preciso cultivar
um relacionamento com Deus. Em outras palavras, um crente que não busca a Deus
através da oração, do jejum e da meditação da Palavra de Deus não terá nenhum
poder para enfrentar as forças do mal!
II.
LIDANDO COM A PRIMAZIA E O EXCLUSIVISMO (Lc 9.46-48)
Mas,
a questão da vida devocional pobre dos discípulos é só a primeira das muitas
limitações deles. Em outra situação, quando caminhavam para Cafarnaum (Mt
17.24), indo para casa onde eles se hospedavam (Mc 9.33), os discípulos
discutiam pelo caminho sobre “quem era o
maior” (Lc 9.46). O adjetivo “maior” no grego é “meizon”
e significa “mais forte que”. A ideia deles era realmente de primazia! Como
ocorre, infelizmente, hoje em muitas igrejas, quem pregar mais do que o outro;
quem cantar melhor do que a outro; quem ensina melhor do que o outro, etc. Isto
são reflexos e mentalidade de uma vida ainda não convertida, pois Jesus
reprendendo os discípulos disse: “Em verdade vos digo que, se não vos
converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no
reino dos céus” (Mt 18.3). O Dono do céu esta dizendo que se não vivermos
seus ensinamentos, ninguém verá céu algum! E acrescentou: “Portanto, aquele que se tornar
humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus” (Mt 18.4).
Marcos, em seu evangelho, acrescenta dizendo: “Se alguém quiser ser o primeiro,
será o último e servo de todos” (Mc 9.35). Esta lição de humildade foi
ministrada por Jesus tendo a figura da criança como exemplo (Lc 9.47), porém,
mais tarde, o Senhor Jesus ratificou seu ensino com seu próprio exemplo (Jo 13.4,5,12-15).
Lamentavelmente, ainda tem crente que não aprendeu esta lição! Cuidado, para seu
nome não ser riscado do Livro da Vida do Cordeiro!
Para
exemplificar a desastrosa consequência do pecado da primazia, o Pr. Gonçalves
cita em seu livro – ‘Lucas – O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito’,
uma ilustração escrita pelo escritor egípcio Michael Youssef intitulada “Bispo
de Alexandria”, vejamos: “O escritor egípcio Michael Youssef ilustrou
como esse desejo por primazia se torna uma poderosa ferramenta nas mãos do
Diabo. Youssef conta que no século V, um famoso homem santo costumava passar
muito tempo orando no deserto, tal como fez Jesus. Assim como Cristo, esse
homem santo sofria tentações. Tão santo era ele, que o Diabo enviou um pelotão
inteiro de demônios com o intuito específico de fazê-lo tropeçar e pecar — em
suma, fazer o que fosse necessário para que o homem de Deus caísse. Eles
utilizaram todos os métodos usuais. Pensamentos lascivos para arrastar seu
espírito para baixo. Fadiga, para impedi-lo de orar. Fome, para fazê-lo abandonar
seus jejuns. Mas não importava o que eles tentassem, ou quão arduamente
trabalhassem, seus esforços sempre eram inúteis. No fim, Satanás estava tão
irritado com a incompetência de seus lacaios, que os afastou do projeto e
assumiu ele mesmo a operação.
“O motivo do fracasso”, ensinava ele a
seus seguidores, “é que vocês usaram métodos muitos toscos com aquele homem.
Ele não sucumbirá a um ataque direto. Vocês precisam ser sutis e atacá-lo de
surpresa. Agora, observem o mestre em ação!”
O Diabo, então, aproximou-se do homem santo de Deus e, muito suavemente, sussurrou estas palavras em seus ouvidos: “Seu irmão foi ordenado Bispo de Alexandria”.
O Diabo, então, aproximou-se do homem santo de Deus e, muito suavemente, sussurrou estas palavras em seus ouvidos: “Seu irmão foi ordenado Bispo de Alexandria”.
Imediatamente, o maxilar do homem de
Deus se enrijeceu. Seus olhos se apertaram. Suas narinas se dilataram. O Bispo
de Alexandria! Seu irmão! Que ultraje!”
Continuando, diz Yosseff, “Bem, isso é uma lenda, não uma história. Mas ela mostra um ponto importante. Observe que os demônios que tentaram o homem santo não chegaram a lugar nenhum usando os grandes pecados morais. Ele podia vê-los chegando a um quilômetro de distância, e conseguia defender-se. Então, o que fez Satanás? Usou um pecado socialmente aceitável. Ele até mesmo o adequou à fraqueza particular daquele homem. Ele sabia que o homem estava vigilante contra a tentação da carne, e que era inútil tentar emboscá-lo daquela maneira. Assim, entrou de forma sutil usando a inveja e orgulho espiritual, e o fez pensar: ‘Ei, eu sou o santo da família. Por que o meu irmão está sendo ordenado Bispo de Alexandria e não eu?”
Em seguida, o Pr. Gonçalves comenta: “Querer ser o primeiro, o maior, o chefe ainda continua sendo uma poderosa tentação para muitos cristãos. Quando acontece no meio da liderança então, os seus efeitos são muito mais catastróficos. Hoje estamos vivenciando uma verdadeira fragmentação da igreja evangélica no Brasil e a causa principal é a disputa pela liderança. Ninguém quer mais ser índio, todos querem virar cacique”.
Outra
mentalidade também combatida por Jesus foi a do exclusivismo. Mas, que é exclusivismo?
Segundo Aurélio, é o sistema ou feitio de quem repele tudo que é contrário à
sua opinião, ou quer tudo só para seu uso ou gozo pessoal. Foi exatamente o que
ocorreu quando os discípulos estavam indo para Cafarnaum. Ao chegarem em Cafarnaum,
João diz ao Senhor: “Mestre, vimos um homem que em teu nome
expulsava demônios, e nós o proibimos de fazer isso porque não segue conosco”
(Lc 9.49). Marcos também relata o fato, e tanto ele como Lucas concordam que
João fora o porta-voz do grupo, mas a mentalidade exclusivista era do grupo,
pois em ambos os textos o verbo acha-se no plural (Mc 9.38 cf Lc 9.49). Porém,
como disse o Pr. Gonçalves, a ideia aqui não é validar crenças e práticas
heréticas, mas sim de não permitir que o exclusivismo religioso nos cegue de
tal forma que só venhamos a enxergar o nosso grupo. Jesus, porém, corrigindo os
discípulos disse: “Não lhe proibais. Ninguém há que faça milagre em meu nome, e logo a
seguir possa falar mal de mim, pois quem não é contra nós, é por nós”
(Mc 9.39).
III.
LIDANDO COM A AVAREZA (Lc 12.22-34)
Em
seguida, como reforço, Jesus passa a ensinar aos discípulos a não viverem
ansiosos pelas coisas desta vida (Lc 12.22-31). Mas, o que é ansiedade? A
ansiedade é um estado emocional de inquietude, medo e perturbação do Sistema
Nervoso Central. Ela está no topo da lista dos grandes males que afligem a
sociedade dos nossos dias. Até mesmo entre os crentes em Jesus, há os que se
deixam dominar pela ânsia, agitação e medo, anulando a fé em suas vidas (2 Co
5.7; Hb 10.38). A ansiedade é o caminho mais rápido de acesso ao estresse, que
é o resultado de um conjunto de reações orgânicas e psíquicas do organismo
humano quando exposto a estímulos como provocação, irritação, medo, etc. Vejamos, pois, no quadro abaixo algumas das causas, sintomas e tratamentos desta doença:
O Pr. Geremias do Couto, utilizando o texto de Mt 6.25-34, comenta o assunto dizendo: “Após mostrar os perigos que estão por trás do apego aos bens terrenos, o Senhor trouxe o foco de sua mensagem para ver as verdadeiras razões que levam os homem a pôr o coração nas riquezas deste mundo. Em primeiro lugar, fica implícito no texto que um desses motivos (25-31) é a ansiedade pelo consumismo, uma característica do nosso tempo, onde as pessoas são avaliadas não pelo que são, mas pelo que têm. O profeta Isaías vaticinou contra essa postura em que o deleite carnal é mais importante do que o pão de cada dia (Is 55.2). Em segundo lugar, o Senhor deixa transparecer que a ansiedade por maior abastança é outra razão para essa batalha desigual em busca pelo acúmulo de bens. Em terceiro lugar, a preocupação com o amanhã (v.34) também aparece como uma das causa para justificar a ambição pelas riquezas, na expectativa de termos um futuro bem assegurado. É óbvio que todas essas coisas nos são indispensáveis, mas o que o Senhor condena é o fato de elas tomarem o lugar de Deus em nossa vida e se tornarem a fonte de maior preocupação, pois via de regra é por aí que as riquezas acabam tornando-se o nosso algoz”.
ANSIEDADE
É um estado emocional de inquietude, medo e
perturbação do Sistema Nervoso Central.
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CAUSAS |
Sociais: Cuidados
excessivos com a vida e com o acúmulo de bens materiais; dívidas insolúveis,
saúde, etc.
Drogas: Lícitas e ilícitas
(álcool, etc).
Espirituais: Fé vacilante.
Emocionais: Medo,
insegurança, desesperança.
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SINTOMAS |
Físicos: Sudorese, fadiga, cefaleia,
taquicardia, nervosismo, etc.
Emocionais: Medo, confusão mental, dificuldade
para relaxar, insônia, etc.
Espirituais: Dificuldade
para orar, santificar-se e ler a Bíblia.
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TRATAMENTO |
Medicamentoso: Há remédios
para tratar a ansiedade.
Físico-emocional: Caminhada, leitura de um bom livro, etc.
Espiritual: Fé, oração, leitura bíblica e esperança em Deus.
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O Pr. Geremias do Couto, utilizando o texto de Mt 6.25-34, comenta o assunto dizendo: “Após mostrar os perigos que estão por trás do apego aos bens terrenos, o Senhor trouxe o foco de sua mensagem para ver as verdadeiras razões que levam os homem a pôr o coração nas riquezas deste mundo. Em primeiro lugar, fica implícito no texto que um desses motivos (25-31) é a ansiedade pelo consumismo, uma característica do nosso tempo, onde as pessoas são avaliadas não pelo que são, mas pelo que têm. O profeta Isaías vaticinou contra essa postura em que o deleite carnal é mais importante do que o pão de cada dia (Is 55.2). Em segundo lugar, o Senhor deixa transparecer que a ansiedade por maior abastança é outra razão para essa batalha desigual em busca pelo acúmulo de bens. Em terceiro lugar, a preocupação com o amanhã (v.34) também aparece como uma das causa para justificar a ambição pelas riquezas, na expectativa de termos um futuro bem assegurado. É óbvio que todas essas coisas nos são indispensáveis, mas o que o Senhor condena é o fato de elas tomarem o lugar de Deus em nossa vida e se tornarem a fonte de maior preocupação, pois via de regra é por aí que as riquezas acabam tornando-se o nosso algoz”.
O
Pr. José Gonçalves comentando o mesmo texto usado pelo Pr. Geremias do Couto, diz:
“A preocupação
demasiada com as coisas desta vida demonstrou a imaturidade dos discípulos que
ainda não tinham conseguido adquirir uma mentalidade diferente daquela da
cultura à sua volta. Jesus deixou bem claro que os “gentios procuram todas
essas coisas” (Mt 6.32). Que coisas?
1. Os gentios valorizavam mais o corpo do
que a alma, mais a estética do que a ética (Mt 6.25).
2. Os gentios entesouravam na terra, mas
não possuíam reservas no céu (Mt 6.26).
3. Os gentios buscavam as coisas grandes
esquecendo-se das pequenas (Mt 6.28-30).
4. Os gentios priorizavam a obrigação,
mas esqueciam a devoção (Mt 6.33).
5. Os gentios preocupavam-se muito com o
futuro, mas esqueciam o presente (Mt 6.35).
Tudo
o que escrevi tem a ver com uma cultura de consumo. O consumismo parece ser uma
prática humana bem antiga, pois Jesus já advertia seus discípulos para não
andarem preocupados com o dia de amanhã. O cuidado com a aparência e o estômago
tem sido uma das principais preocupações da sociedade pós-moderna. Zygmunt
Bauman observou acertadamente que “em
uma sociedade de consumidores é muito difícil ser sujeito (gente) sem primeiro virar mercadoria”. E
verdade! O desejo pelo bem-estar e a busca desenfreada pelo prazer é uma das
principais marcas dessa geração”.
IV.
LIDANDO COM O RESSENTIMENTO (Lc 17.3,4)
Não bastasse a vida devocional pobre, a busca pela
primazia e a posição exclusivista dos discípulos, agora, chegamos no ápice de
tudo – o ressentimento e a ausência de perdão! É bem verdade que sob o domínio
da natureza pecaminosa, ou seja, do velho homem é impossível vivermos o perdão
ensinado por Jesus! Sabe por quê? Porque disse Paulo: “A inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não é sujeita a lei de Deus, nem em verdade o pode ser.
Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.7,8). Assim,
só estando sob o domínio do Espírito Santo, ou seja, sendo guiado por Ele é que
temos a capacidade concedida por Deus para vivermos o ensino do perdão e outros
ensinos também (Rm 8.5,13,14; Gl 5.22,23,25). Aliás, vejamos o que Senhor Jesus
ensinou sobre este tema e a sua relevância para nossas vidas. Na oração modelo
também conhecida como “Oração do Pai Nosso”, Jesus foi enfático mostrando que
para sermos perdoados, primeiro precisamos perdoar, Ele disse: “Perdoa-nos
as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt
6.12). Este mesmo ensino foi registrado por Marcos, assim: “E quando
estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que
vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas se vós não
perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará as vossas
ofensas” (Mc 11.25,26). Jesus está revelando que o perdão é uma via de
mão dupla. Que funciona assim: para eu ser perdoado, primeiro preciso perdoar.
Em outras palavras: sem ter comunhão com meu irmão, eu também não posso ter
comunhão com Deus (1 Jo 1.7; 4.20; 1 Co 12.18-27). Logo, minhas orações não
serão nem ouvida por Ele, e muito menos ainda respondidas! Eis aí um dos
principais motivos de muitas orações não serem respondidas! A seriedade deste
ensino é tamanha que Jesus até o ilustrou por meio de uma parábola (Mt
18.23-35). Na conclusão desta parábola, o Mestre diz: “Assim, vos fará também meu Pai
celeste, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”
(Mt 18.35).
Mas, não pára por aí, em Lc 17.3,4, o Mestre diz: “Olhai
por vós mesmos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se
arrepender, perdoa-lhe. Se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no
dia vier ter contigo, e disser: Arrependo-me; perdoa-lhe”. Esse mesmo
ensino foi registrado pelo evangelista Mateus, assim: “Ora, se teu irmão pecar contra
ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste a teu irmão.
Mas se não te ouvir, leva contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou
três testemunhas toda palavras seja confirmada. E, se não as ouvir, dize-o à
igreja; e, se também não ouvir a igreja, considera-o como gentio e cobrador de
impostos” (Mt 18.15-17). Jesus mostra que a nova criatura gerada pelo
Espírito de Deus por meio da Sua Palavra (Tt 3.5; 1 Pe 1.23), sempre estará,
assim como Ele, disposto a perdoar. Mas, se tais frutos não forem gerados,
então, esse tal continua sendo gentio (velha
criatura) e precisa nascer de novo (Jo 3.5; 2 Co 5.17; Ef 4.20-24; Cl
3.8-14).
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que os
Apóstolos do Senhor não eram pessoas infalíveis, como muitos pensam; pelo
contrário, eles foram homens que aprenderam os ensinos do Mestre e nunca mais
foram as mesmas pessoas, porém, eram tão limitados como qualquer um de nós. Por
isso, as Escrituras em vez de apresenta-los como heróis, mostram que eles
cometeram falhas e tropeços revelando, assim, suas fraquezas e fragilidades. O
Apóstolo Paulo chancela essa verdade ao dizer: “Temos, porém, este tesouro em
vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós”
(2 Co 4.7). O Senhor confirma a declaração de Paulo ao dizer: “A
minha graça de basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co
12.9a). Portanto, tal realidade revela a grande carência que possuímos de
buscamos cada vez mais ao Senhor, por meio da oração, do jejum, da leitura da
Palavra e da prática da mesma e, assim, cultivarmos as verdadeiras virtudes
cristãs. O perdão ainda continua sendo o melhor remédio para cura da alma! Deus
abençoe a todos!
REFERÊNCIAS
Ø BOYER,
Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o
Homem Perfeito. CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 2012). CPAD.
Ø COUTO, Geremias
do. Lições Bíblicas. (2º Trimestre de 2001). CPAD.
Ø GABY,
Wagner dos Santos. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 2008). CPAD.
Ø Revista Ensinador, nº 62. CPAD.