Rm 13.1-8
INTRODUÇÃO
Neste capítulo
13 de Romanos, o apóstolo Paulo trata de três tópicos importantes sobre as
responsabilidades do crente para com as autoridades civis (Rm 13.1-7); para com
o próximo (Rm 13.8-10) e para com sua vida pessoal (Rm 13.11-14). Paulo
escreveu esta seção visando o ambiente sociopolítico das igrejas que se reuniam
em casas romanas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e
políticas que confrontavam os cristãos em Roma. O apóstolo não pretendia
apresentar uma teoria geral de relacionamento Igreja-Estado. Sua intenção era
mostrar que, assim como Deus ordenou toda a criação, devemos manter em ordem a
comunidade social e política.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA AUTORIDADE
Paulo menciona
“autoridades superiores” em Romanos 13.1 referindo-se ao Estado, com seus
representantes oficiais. O termo do grego “exousia” significa “autoridade”
e aparece 102 vezes no NT e destas 4 vezes só no capítulo 13 de Romanos com o
sentido, neste contexto, de “governantes civis”. O princípio da
autoridade constituída, ou delegada, vem de Deus, e por isso o crente tem o
dever de se submeter a ela (Jo 19.10,11; Rm 13.1,2; Tt 3.1; 1 Pd 2.13,14,17,18).
Este mesmo sentido é mostrado no AT, onde é mostrado que nenhum governante
exerce autoridade fora do domínio de Deus (Pv 8.15,16; Dn 2.21; 4.17,25,32;
5.21; Is 45.1-7) (GONÇALVES, 2015, p. 71 – acréscimo nosso). “A autoridade é,
em primeiro plano, o poder efetivo de fazer algo; em segundo lugar, o direito
de exercer tal poder; e, em última análise, é o poder político, síntese do
direito e do poder” (LOPES, 2010, p. 424).
II. A SUBMISSÃO AS
AUTORIDADES E OS LIMITES
Em Romanos 13 o
apóstolo Paulo vai falar sobre a “origem”
da autoridade (Rm 13.1), em segundo lugar, a “natureza” da autoridade (Rm 13.4,5), e em terceiro lugar, a “finalidade” da autoridade (Rm 13.3,4).
Paulo ensina que o crente deve respeitar e se submeter às autoridades
legitimamente constituídas. Porém, isso não significa que ele deva concordar
com o pecado daqueles que estão em uma posição de liderança (Dn 6.1-10). A
desobediência civil só se justifica no caso de conflito entre a lei humana e a
lei divina, onde o cristão, em razão da sua consciência para com Deus se
submete a “sofrer” as consequências por este ato (At 4.19; 5.29; 1 Pd 2.19-21).
Há um limite básico para a obediência do cristão ao governo: ele tem que
obedecer a Deus antes que ao homem. “Se o Estado exige aquilo que Deus proíbe,
ou então proíbe o que Deus ordena, então, como cristãos, nosso dever é claro:
resistir, não sujeitar-nos, desobedecer ao Estado a fim de obedecer a Deus (1 Rs
21.3; Dn 3.18; 6.12; Mc 12.17; At 4.19; 5.29; Hb 11.23)” (STTOT apud LOPES,
2010, p. 424). Quando pessoas corruptas alcançam o poder, pervertem a
instituição de Deus, contribuindo para a injustiça, a violência, a exploração,
a desordem e a corrupção (Pv 29.2; 28.12,28) (CABRAL, 2005, p.139).
III. O CRENTE E
SEUS DEVERES CIVIS
O salvo deve ser
sempre um bom cidadão. A finalidade espiritual da obediência às autoridades, do
cumprimento dos deveres civis, é “taparmos
a boca dos ignorantes que falam mal do Evangelho” (1 Pe 2.15). O cristão
não pode ser revolucionário, isso não quer dizer que se acomode à maldade e à
injustiça. Em Romanos capítulo 13 Paulo escreveu esta seção visando o ambiente
sociopolítico das igrejas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e
políticas que confrontavam os crentes em Roma. O apóstolo queria evitar a
anarquia e, consequentemente, uma perseguição desnecessária, pois, o princípio
de governo e da autoridade provém de Deus, então fica estabelecido que os
cristãos, ao invés de insubordinarem-se devem ser, ao contrário, os melhores
cidadãos. E quais são seus deveres? Vejamos:
3.1 Devemos honrar e obedecer às autoridades.
Deus autoriza a
existência do governo civil e manda os cristãos obedecerem, pois fazendo isso
mostramos que amamos ao Senhor (Ec 8.2; 1 Pd 2.13). Temos uma responsabilidade
de sujeição (Rm 13.1-7), e o cristão deve obediência às autoridades de sua
pátria (Rm 13.1; Jr 29.7). Essa obediência não se deve originar do temor a
elas, mas sim da própria consciência (Rm 13.5), que reconhece ser a obediência
a elas da vontade de Deus (1 Pd 3.15-17; Tt 3.1; 1 Pd 2.13,14). A honra que se
deve às autoridades é o respeito, a dignificação, o enobrecimento das
autoridades por todos os cristãos é para vivermos uma vida tranquila (1 Tm
2.1,2). É pecado o trato desdenhoso, zombeteiro, de deboche e de desprestígio
para com as autoridades.
3.2 O crente e suas obrigações com o governo.
É pecado o
tratamento desonroso que muitos usam ao se referirem às autoridades. Anedotas,
zombarias, xingamentos, são naturais para o mundo, mas não para o cristão, que
deve obedecer e honrar as autoridades. Paulo mostra que o cristão é um cidadão
de “dois mundos” e de “duas ordens” e que a sujeição por parte
dos cristãos às autoridades governamentais deve-se primeiramente por razões de
obediência. Então, podemos dizer que: a)
o cristão deve orar pelos funcionários do governo (Jr 29.7; 1 Tm 2.1-2); b) deve pagar os impostos (Mt 22.21; Rm
13.6-7; Lc 20.19-26); c) deve
obedecer o governo e suas leis desde que estas leis não firam os preceitos
bíblicos (At 4.19), e d) deve honrar
o governo (Rm 13.7; 1 Pe 2.17).
IV. O CRENTE E SEUS
DEVERES MORAIS
Paulo apresenta
uma lista de ações que compõe um estilo de vida aprovada por Deus. Notemos:
4.1 Cumprir com os compromissos.
O apóstolo aconselhou
a não ficarem em débito com ninguém: "A ninguém devais coisa alguma
[...]" (Rm 13.8). Em palavras atuais, significa que o crente deve ter o
"nome limpo na praça”. Não
podemos dever nada a ninguém, exceto o amor (Rm 13.8). Amar o próximo é uma obrigação
moral que temos para com a raça humana.
4.2 Pagar tributos e impostos.
Um crente fiel
paga seus impostos e nunca “burla” a lei usando de falcatruas. “Por
esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus [...]
(Rm 13.6,7; Mt 22.21).
4.3 Manter relações interpessoais sadias (Rm 13.9).
O crente precisa
obedecer princípios morais estabelecidos por Deus, e isso fez o apóstolo ter
interesse em falar das relações interpessoais quando ele cita esses
mandamentos.
4.4 Deixar as obras das trevas (13.12b).
A vida cristã é
um campo de batalha e não basta estarmos acordados, precisamos despojar-nos das
obras das trevas. Não é suficiente apenas tirarmos as vestes noturnas,
precisamos vestir-nos das armas da luz. Um soldado não vive de pijamas, ele se
atavia com roupas próprias para o combate.
4.5 Andarmos como filhos da luz (Rm 13.13,14).
Paulo lista aqui
seis pecados, em três pares, tratando da falta de controle nas áreas da bebida,
do sexo e dos relacionamentos. Paulo passa da vestimenta adequada ao
comportamento apropriado. A falta de controle próprio contradiz totalmente um
comportamento cristão decente (Gl 5.22; 1 Tm 3.3; Tt 1.8).
4.6 Amar o próximo (Rm 13.10).
Paulo reforça o
seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo
que “o
cumprimento da lei é o amor”. O mandamento do amor sintetiza todos os
outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9). O mandamento do amor
suplanta todos os 613 mandamentos da Torá. “Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mc 12.30). “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis
uns aos outros; como eu vos amei a vós...” (Jo 15.34). “Nisto
conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa
vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16; ver ainda 1 Jo 4.20,21).
V. O CRENTE E SEUS
DEVERES ESPIRITUAIS
Podemos enumerar
alguns deveres que temos com o testemunho cristão. Vejamos:
5.1 Glorificar a Deus (1 Pd 4.11).
Todo cristão
deve ter como principal objetivo, glorificar a Deus (Rm 11.36; Ap 1.6).
5.2 Edificar a Igreja (Ef 4.16).
Todo cristão
deve ter o objetivo de promover a edificação do corpo de Cristo. Diversos
textos das Escrituras nos ensinam este princípio (Rm 14.19; 15.2; 1 Co
14.12,26).
5.3 Servir ao próximo (Mt 20.28).
O cristão sempre
exercerá sua obrigação servindo ao próximo, atendendo suas necessidades
físicas, emocionais, sociais e espirituais (At. 2.42-47; Tg 2.14-17; Rm 12.13).
5.4 Adorar a Deus (Jo 4.24; Rm 12.1).
A palavra
“adoração” significa “chegar-se a Deus, de modo reverente, submisso e
agradecido, a fim de glorificá-lo. Adorar é um ato de total rendição, gratidão
e exaltação a Deus”. Adorar a Deus é um sublime ato de serviço a Deus (Sl
95.3-6; Hb 12.28,29).
5.5 Evangelizar aos perdidos (Mc 16.15; At 1.8).
A tarefa da
Evangelização foi entregue pelo Senhor Jesus à sua igreja. Todo cristão deve
estar ocupado com esta tarefa, com o objetivo de conduzir os pecadores a
Cristo.
5.6 Discipular aos noviços (Mt 28.18-20).
O discipulado é
uma ação conjunta com a evangelização, pois não há como discipular sem
evangelizar (2 Tm 2.2).
CONCLUSÃO
Nesta lição,
vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio social
como espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado. Devemos
respeitar a ordem estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual temos
deveres para com o outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fp 3.20), somos
também cidadãos da Terra. Devemos investir nos relacionamentos horizontais,
mantendo sempre em mente que o salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns
dos outros.
REFERÊNCIAS
Ø GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø CHAFER,
Lewis Sperry. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø CABRAL,
Elienai. Romanos: O evangelho da justiça de Deus. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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