Dn 2.24-28
INTRODUÇÃO
Nesta
lição trataremos de alguns desafios específicos quando tentamos evangelizar
universitários e pessoas que ocupam cargos políticos. Falaremos também de que é
necessário anunciar o Evangelho de forma estratégica a fim de que a mensagem de
Cristo possa alcançar o coração dos pecadores nestes lugares; e, por fim,
destacaremos a pessoa do apóstolo Paulo como um missionário que cumpriu o seu
chamado de evangelizar os povos, alcançando tanto leigos como intelectuais,
tanto plebeus como reis e magistrados.
I. A UNIVERSIDADE E O MUNDO ACADÊMICO NA HISTÓRIA BÍBLICA
Pode parecer sem sentido falar-se em universidade na Bíblia;
mas, há referências que indicam a existência de pessoas que tinham estudos de
“nível superior” para sua época, mesmo que não houvessem instituições formais
de ensino universitário nos moldes que a conhecemos hoje. Vejamos alguns exemplos de personagens bíblicos que se destacaram
em sua “vida universitária”:
1.1
Moisés.
O líder do êxodo “foi instruído em toda a ciência dos
egípcios, era poderoso em palavras e obras” (At 7.22). Certamente,
Moisés tinha obtido instrução de nível superior no Egito, e segundo Filo,
historiador judeu do 1º século, citado por Norman (2005, Vol 3, p.149), “Ele
conhecia (...) as ciências como astronomia, medicina, matemática, filosofia
religiosa(...)” “(...) acrescendo-se ainda
a aritmética, geometria, todo ramo de música, os hieróglifos, e os idiomas
assírio e o caldeu”. Moisés era um homem erudito, tendo
a qualificação necessária para ocupar o trono egípcio, como “filho da
filha de Faraó” (Hb 11.24).
1.2 Os
jovens hebreus.
Daniel e seus três companheiros exilados em Babilônia, foram
escolhidos não só por serem das famílias reais e nobres hebraicas, mas por
possuírem qualificações acadêmicas “(...) instruídos em toda
sabedoria, doutos em ciências, versados no conhecimento e que fossem
competentes para assistirem no palácio do rei(...)” Dn 1.4,. Daniel também possuía habilidades
político-administrativas, foi estadista durante o governo de
Nabucodonosor (Dn 2.48,49), Belsazar (Dn 5.29) Dario, o medo, e Ciro, o persa
(Dn 6.28). Após passarem pela prova de sua fé, não se contaminando com o manjar
do rei, os moços hebreus receberam de Deus qualificações espirituais
“conhecimento e inteligência em toda a cultura e sabedoria, mas a Daniel
deu inteligência de todas as visões e sonhos” (Dn 1.17). Daniel e seus
três amigos foram reeducados cientificamente na língua e na cultura dos caldeus
(Dn 1.4), nos textos cuneiformes em acádio, uma vasta gama de resumos sobre
religião, magia, astrologia e ciências, além de falarem e escreverem em
aramaico. E mesmo assim, tiveram uma vida e uma carreira acadêmica de
testemunho.
1.3 Jesus
entre os doutores de Israel.
O adolescente Jesus, aos 12 anos de idade, teve a oportunidade
singular de, com a sabedoria divina, confundir os doutores e sábios de Israel
(Lc 2.46-47). Os doutores de Israel eram, sem dúvida, pessoas de nível
“universitário” para a sua época. O menino Jesus os sobrepujou em tudo, pois
crescia “em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens” (Lc
2.52).
1.4 O apóstolo Paulo.
Devemos, também, considerar a ascendência “universitária”
judaica de Paulo (Fp 3.5). Na escola da sinagoga o menino começava a ler as
Escrituras com apenas cinco anos de idade, aos dez anos, estudou a Mishna com
suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história,
nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo (falava hebraico, grego,
aramaico e latim). Passou em Jerusalém sua juventude “aos pés de
Gamaliel”, onde foi instruído “segundo a exatidão da lei...” (At
22.3; 26.4). Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. Segundo a profecia de Atos 9.15 o público para quem Paulo foi enviado
incluía as autoridades políticas “[...] para levar o meu nome diante dos
gentios, e dos reis [...]”.
II. PAULO, UMA TESTEMUNHA DE CRISTO NO MUNDO POLÍTICO E ACADÊMICO
Embora servos de Deus como: José e Daniel
deram testemunho da sua fé em Deus diante dos governantes (Gn 41.16,25,28,32;
Dn 2.27,28,37,44,45; 4.27; 5.22,23), destacaremos aqui a vida do apóstolo Paulo. Mesmo sem dispor de Rádio,
Televisão, Internet e meios de transportes modernos, ele pôde ganhar milhares
de vidas para Cristo. Segundo a profecia de Atos 9.15 o público
para quem Paulo ministrava era um público vasto, que incluía as autoridades
políticas “[...] para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis
[...]”. Este nobre servo do Senhor foi um missionário exemplar, levando
a mensagem aos que estavam no mundo acadêmico e político, como podemos ver
abaixo:
2.1 No mundo político.
O registro de Atos nos mostra Paulo pregando
para o procônsul Sérgio Paulo, em sua primeira viagem missionária (At
13.1-3,7). Aquela autoridade ao ouvir a mensagem do evangelho creu no Senhor
(At 13.12). Em Cesaréia, Paulo também testemunhou de Cristo as autoridades
políticas (At 26.1-32).
Ele fora para lá para ser julgado, visto que as autoridades judaicas queriam a
sua morte (At 25.14,24; 26.21). Quando trazido à presença dos magistrados, o
apóstolo foi autorizado a dar o seu depoimento (At 26.1). Aproveitando a
oportunidade o servo do Senhor, testemunhou da sua fé da seguinte forma: a)
Paulo falou educadamente (At 26.1-3); b) Paulo relatou a sua
transformação, por meio do evangelho (At 26.4-12); c) Descreveu sua
experiência com Jesus no caminho de Damasco (At 26.13-19); e, d) Pregou
o evangelho a todos os presentes (At 26.20-32).
2.2 No mundo acadêmico – Paulo em Atenas
(Atos 17).
A cerca de Atenas nos diz Beacon (2006, p.
340) “Atenas foi o maior centro de
cultura e educação da antiguidade. A escultura, a literatura e a oratória de
Atenas, nos séculos V e IV a.C., nunca foram ultrapassadas; também na filosofia
ela ocupava um lugar de liderança, sendo a terra natal de Sócrates e de Platão,
e o lar adotivo de Aristóteles, Epicuro e Zeno. Assim como Roma, Atenas ainda é
uma das grandes capitais do mundo”. Lucas
nos registra qual a reação de Paulo diante desta importante cidade da Grécia: a) Paulo
viu a sua idolatria (At 17.16b); b) Paulo se comoveu por tal situação de
ignorância (At 17.16a); c) Paulo pregou o evangelho (At 17.17,18). Em
sua pregação, Paulo se dirige aos judeus na sinagoga e na praça com os gentios
(At 17.17). Quando levado ao Areópago, Paulo prega para dois grupos de
filósofos chamados de epicureus e estóicos, sobre a revelação de Deus (At
17.30,31).
III.
COMO PREGAR NO MUNDO ACADÊMICO E POLÍTICO
A Bíblia não somente orienta-nos a
pregar o evangelho como também nos ensina a forma como devemos pregar. É
preciso usar estratégias a fim de que a preciosa mensagem de Cristo alcance os
corações dos ouvintes. Vejamos algumas formas com as quais podemos anunciar o
evangelho nos ambientes acadêmico e político:
3.1
Ter consciência que há uma estratégia especifica para alcançar cada segmento
social.
Paulo nos diz “Porque, sendo livre para com
todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei,
como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se
estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de
Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me
como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar
alguns. E eu faço isto por causa do
evangelho, para ser também participante dele (1 Co 9.19-23).
3.2
Com a própria vida (1 Pe 3.1).
Nenhum testemunho acerca de Cristo é
tão impactante na evangelização quanto o testemunho pessoal (Mt 5.13-16). Pedro
nos ensina que a melhor defesa não é uma argumentação veemente, mas um bom
procedimento em Cristo, o testemunho silencioso de uma vida
santa centrada no Senhor Jesus (1 Pe 1.14-16; 2.12). Pois, de nada adiantará
pregarmos a mensagem de Cristo senão reproduzirmos no dia a dia, os traços do
seu caráter em nosso comportamento (Tt 3.8; Tg 2.12; 1 Jo 2.6). Os
universitários cristãos devem produzir frutos dignos de um salvo, como também
aqueles que estão assumindo cargos públicos a fim de que o Nome do Senhor seja
glorificado (Mt 5.16; 1Co 10.31; 1 Pe
3.15).
3.3
Com respeito e mansidão (Tt 3.2; 1 Pe 3.15).
Isso implica em respeito às
autoridades, professores, políticos, etc. Jesus sabia lidar com as pessoas (Jo
4.6-10). O apóstolo Pedro nos recomenda agir da mesma forma, quando as pessoas
perguntarem o motivo da nossa crença “[…] e estai sempre preparados para
responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós”.
3.4
Com sabedoria (Cl 4.5).
Além
de mansidão e respeito, precisamos ter sabedoria para comunicar o evangelho de
Cristo. “O termo grego para ‘sabedoria’ é ‘sophia’
e significa: “habilidade nas questões da vida”, “sabedoria prática”,
“administração sábia e sensata” ou “uso correto do conhecimento” (Lc 21.15; At
6.3; 7.10; Cl 1.28; 3.16; 4.5)” (STAMPS, 1995, p. 1926). Esta encontra-se a
disposição daquele que busca em oração (Ef 1.17; Tg 1.5). O apóstolo Tiago diz
que a sabedoria divina é “[…] primeiramente pura, depois pacífica,
moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e
sem hipocrisia” (Tg 3.17). Jesus prometeu aos seus seguidores que lhes
daria sabedoria para responder acerca da sua fé, quando fossem questionados (Mt
10.17-20).
3.5 Com Equilíbrio (2
Tm 4.5).
Paulo recomenda a Timóteo “(...) Sê
Sóbrio em todas as coisas,
suporta as aflições, faze o trabalho de
um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”. É preciso
equilíbrio para que no testemunho verbal, possamos esperar o momento certo,
para trazermos a palavra certa, e assim, produzir o efeito desejado (Pv 25.11;
Ef. 4.29); Ser equilibrado é ter a maturidade cristã necessária para esse tipo
de evangelismo específico.
3.6 Com Humildade (Jo 13; Fl
2.3).
A humildade é a atitude fundamental na vida do
cristão, pois ela demonstra como vivenciamos nossa fé e a testemunhamos em meio
à sociedade. Jesus foi o nosso maior exemplo de humildade (Mt 11.28-30; Jo 13;
Fl 2.6-8); Pedro nos recomenda humildade (1 Pe 5.5), a Igreja primitiva servia
ao Senhor com simplicidade e singeleza de coração (At. 2.46). A humildade nos
leva a reconhecer os outros superiores a nós mesmos (Fp 2.3) e a reconhecer
nossa pequenez diante de Deus (Jó 42.2; Rm 15.18,19; 2 Co 3.5; 4.7).
3.7 Com Oração e Jejum (Dn
6.10; 9.4; 10.2,3; 1Ts 5.17; 1Tm 2.1,2; Mt 6.16,17; 17.31; Mc 14.38; Lc 5.33-35).
Toda obra evangelística requer uma preparação
espiritual, portanto Orar e Jejuar é atividade primordial para alcançarmos
qualquer vida sem Cristo. Pois travamos uma batalha espiritual diária contra as
forças das trevas (Ef. 6.12; 1 Pe 5.8), por isso precisamos estar preparados
(Ef. 6.10,11,13-18; 1 Pe 5.9).
3.8 Na dependência do Espírito e no poder de Deus (Jo 16.13; 1 Co 2.4,5; 2Co 3.5; Ef. 5.18; 6.19,20).
O apóstolo Paulo não procura fazer uso de seu
conhecimento filosófico para ganhar os coríntios que eram influenciados pela
filosofia grega, antes, Na dependência do Espírito, procurava apresentar a
Cristo no poder do Espírito Santo, pois Cristo é o Poder de Deus e Sabedoria de
Deus (1 Co 1.24).
CONCLUSÃO
Sem
sombra de dúvidas, a evangelização é uma tarefa desafiadora. Ainda mais quando
se trata de testemunhar de Cristo no mundo acadêmico e político. Faz-se
necessário que nós cristãos saibamos de forma prudente comunicar as Boas Novas
de salvação da forma correta, mostrando aos acadêmicos e aos políticos que, ser
cristão não é cometer suicídio intelectual; que fé e a razão são convergentes,
não excludentes.
REFERÊNCIAS
Ø EARLE, Ralph. Comentário Bíblico Beacon. Vol
07. CPAD.
Ø STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário