Jo 3.1-16
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
refletiremos, um pouco sobre um dos desafios da Igreja atual, a evangelização
dos grupos religiosos. Embora tomados aqui de forma específica visando atender
a metodologia do autor da lição, não devemos nos esquecer que todos os membros
dessas organizações religiosas são pecadores, e como tal, precisam nascer de
novo.
I. DEFINIÇÕES
1.1
Religião.
A religião é
um sistema de crenças, doutrinas e rituais que são próprios de um grupo social.
“Religião é um sistema comum de crenças e práticas relativas a seres
sobre-humanos (...) que podem fazer coisas que nós não podemos (...) e que
podem tomar a forma de ancestrais, deuses ou espíritos (Enciclopédia
Merrian-Webster de Religiões do Mundo). No caso das religiões não cristãs, que
apesar de negarem os valores cristãos, não são seitas em virtude de sua
estrutura, história e influência na sociedade. São reconhecidas como falsas
religiões, com exceção do Judaísmo, que originalmente veio de tempo por causa
da sua rejeição ao Messias. Já qualquer
movimento que discorda dos pontos fundamentais da fé cristã, defendido
pelos três principais ramos do Cristianismo, tais como: autoridade da Bíblia,
Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, pecado, inferno, salvação e o homem é seita (SOARES, p. 25-27).
1.2 Seita.
O termo
seita do grego “hairesis” procede de uma raiz que significa “selecionar”,
“escolher”
ou “facção”,
traduzido pela Vulgata Latina (Tradução do grego para o Latim) por “secta”. Grupo de pessoas que optam por
seguir uma doutrina contrária à ortodoxia. O termo e seus derivados acham-se
com abundância nas páginas do NT (Mt 12.18; 1Co 11.19; Gl 5.20; Fp 1.22; 2Ts
2.13; Hb 11.25; 2Pe 2.1). Originalmente, um herege do grego “hairetikos” era alguém cuja opinião
distinguia-se da teoria de um partido ou escola de pensamento historicamente
estabelecido (ANDRADE, 2006, p. 329 – grifo e acréscimo nosso).
II. PRINCIPAIS GRUPOS RELIGIOSOS DOS DIAS DE JESUS
O Novo
Testamento usa a palavra grega “hairesis” para identificar esses
grupos religiosos. O apóstolo Paulo disse: “... conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu”
(At 26.5). Essa mesma palavra é usada para identificar os saduceus: “E,
levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (e eram eles da
seita dos saduceus), encheram- se de inveja” (At 5.17). Veja que o
judaísmo, que era a religião de Saulo antes de sua conversão, conforme Gálatas
1.13,14, congregava em seu bojo esses grupos religiosos, que o próprio Novo
Testamento chama de seita. Dois principais grupos religiosos surgiram dentro do
judaísmo no período inter bíblico, nos dias de João Hircano II, da família dos
Macabeus, por volta da metade do séc. II, a.C. Foram eles os fariseus e os
saduceus, cada um desses grupos com suas características sociais, religiosas e
políticas.
2.1 Os
fariseus.
Os fariseus,
do hebraico “prushim”, que significa “separados”, porque não concordavam
com os saduceus. Defendiam a separação do Estado da religião e achavam que o
estado devia ser regido pela Torá, a lei de Moisés. Eram provenientes
principalmente da classe média urbana, mas havia alguns camponeses.
Representavam o povo, e apesar de serem minoria na sociedade pré-cristã,
exerciam fortes influências na comunidade judaica. Eram membros do sinédrio e
tornaram-se inimigos implacáveis de Jesus. Os evangelhos estão repletos de
provas do comportamento negativo dos fariseus e de suas hipocrisias. Jesus os
censurou severamente em Mateus 23. Eles se caracterizaram de maneira marcante
pela hipocrisia. Jesus, porém, evangelizou Nicodemos, fariseu e um dos principais dos
Judeus, com a maior de todas as mensagens: a do amor de Deus (Jo 3.1-21).
2.2. Os
saduceus.
O nome vem
do hebraico, “tsedukim”, de Zadoque, família que detinha o cargo de sumo
sacerdote desde a época de Salomão: “...
e
a Zadoque, o sacerdote, pôs o rei em lugar de Abiatar” (1 Rs 2.35).
Defendiam a política expansionista dos Macabeus e a união da religião com o
Estado, queriam que o sumo sacerdote governasse a nação. Alegavam aceitar
apenas os cinco livros de Moisés, rejeitando os demais livros do AT. Aceitavam
o Pentateuco com certa reserva, pois não acreditavam em anjos, espíritos e nem
na ressurreição: “... os
saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus
reconhecem uma e outra coisa” (At 23.8). Por isso Jesus fez questão de
mostrar que é o Pentateuco que mostra ser o Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e
Deus de Jacó, o Deus de vivos e não de mortos, em Lucas 20.37,38. Por
que Jesus não citou outras partes das Escrituras que falam da ressurreição dos
mortos? Para tomar mais evidente a contradição das crenças dos saduceus. Muitos
deles eram sacerdotes, conforme já vimos em Atos 5.17, e eles exerciam fortes
influências no Sinédrio.
III. PRINCIPAIS GRUPOS RELIGIOSOS NOS DIAS DA IGREJA PRIMITIVA
3.1 Religião
do Estado - O panteão greco-romano – a
adoração aos ídolos estava entrelaçada com todos os aspectos da vida. Era
encontrada em todos os lares para serem adoradas. Em todas as cidades eram
oferecidas libações aos deuses. As imagens eram adoradas em todas as cerimônias
cívicas ou provinciais. Um exemplo claro disso é a adoração de Ártemis, em
Éfeso, a imagem que diziam ter caído do céu (At. 19.27,35). A devoção fanática
é evidenciada pelo motim que encheu o anfiteatro (At. 19.34).
3.2.O culto
ao imperador (2 Ts 2.3,4; At. 17.7) – A
adoração ao imperador era considerada uma prova de lealdade. Nos lugares mais
visíveis de toda cidade, havia uma estátua do imperador reinante, para onde
deveriam ser dirigir oferendas e incensos como se ofereciam aos deuses.
3.3.As religiões
de mistérios – era o ocultismo daqueles
tempos, o acatamento e respeito supersticiosos das massas para com aqueles
poderes do universo que não podiam compreender, embora os sentisse de modo vago
(Cl 2.18,19). Os feiticeiros são mencionados em Atos, como rivais dos pregadores
do evangelho (At. 8.9-24; 13.6-11).
3.4.Os
Judaizantes – A controvérsia judaizante
que começou em Antioquia e que afligiu Paulo ao longo de todo seu ministério
foi o arauto de muitos outros erros que atacaram a igreja do primeiro século
(Gl 1-3). Nas epístolas a Timóteo e a Tito, Paulo deu grande ênfase à ortodoxia
doutrinária, predizendo que mais tarde alguns se afastariam da fé, dando
ouvidos a espíritos sedutores e a doutrina demoníaca (1Tm 4.1; 2 Tm 4.4). As epístolas de 2 Pedro, Judas, 1,2,3
João, foram escritas para resolver problemas criados por essas tendências para
as falsas doutrinas dentro da Igreja resultante de grupos religiosos da época,
que se constituíam um duplo desafio para o apóstolo: barrar os falsos ensinos,
bem como, ganhar os adeptos desses grupos para o reino de Deus.
IV. PRINCIPAIS GRUPOS RELIGIOSOS DESAFIADORES
4.1.No Mundo – Religiões Orientais (Hinduísmo,
Budismo, Jainismo, Confuncionismo, Xintoísmo, etc); Religiões Primitivas
(Tradicionais de povos nativos da África, América, Ásia, ilhas da Oceania, Ex.
Xamanismo, Totemismo, Magia, etc); Religião Oriental (Islamismo), este
último, tem crescido assustadoramente, sobretudo pela imigração causada pelas
guerras.
4.2.No
Brasil – As Testemunhas de Jeová ensinam que
a redenção de Cristo oferece apenas a oportunidade para a pessoa alcançar a
salvação através das obras. Jesus apenas abriu o caminho, o restante é com o
homem. Uma de suas obras diz: “trabalhamos
arduamente com o fim de obter nossa própria salvação”. Os Adventistas creem que
a vida eterna só será concedida aos que guardarem a lei, que para eles implica
a guarda obrigatória do Sábado. O Espiritismo. Creem na reencarnação
e na consulta os mortos. Inclui-se aqui o Candomblé, Umbanda e Quimbanda. Catolicismo
Romano. Crê na mediação dos santos, na intercessão por Maria e num
purgatório etc. Os Mórmons afirmam crer no sacrifício expiatório de Jesus,
porém, sem o cumprimento das leis estipuladas pela igreja deles não haverá
salvação. A Congregação Cristã no
Brasil. Não aceitam nem creem num mistério pastoral, no dízimo nem tampouco
na evangelização.
V. COMO ALCANÇAR OS GRUPOS RELIGIOSOS NOS DIAS ATUAIS
Embora
estejamos tratando de grupos religiosos, entretanto, o contato com os membros
desses grupos, sempre será pessoalmente. Por isso, o Evangelismo Pessoal é de
grande relevância e é a obra de falar de Cristo aos perdidos individualmente: é
levá-los a Cristo, o Salvador (Jo 1.41,42; At 8.30). A importância vê-se no
fato de que a evangelização dos pecadores foi o último assunto de Jesus aos
seus discípulos antes de ascender ao céu (Mc 16.15,19; At 1.8,9). Ganhar almas
foi a suprema tarefa do Senhor Jesus aqui na terra (Lc 19.10; 1Tm 1.15).
Vejamos alguns passos para alcançarmos esses grupos:
5.1 Leia a Bíblia e se familiarize com a
Palavra (2 Tm 2.15; 3.15);Não se pode evangelizar sem se conhecer a Palavra.
5.2 Ore por aqueles que você quer ganhar para
Jesus (Fp 4.6; 1 Tm 2.1; Lc 11.5-10);
5.3 Procure conhecer o máximo
que puder sobre o grupo a ser alcançado, com isso você saberá que abordagem e
que textos específicos precisará utilizar na evangelização daquele grupo (1
Cor. 9.19-22);
5.4 Trate a cada um com respeito, amor e consideração
(Fl 2.3; Jo 13.34; 15.12), não procure depreciar a religião do
outro, denegrindo a imagem do fundador, crenças ou práticas
religiosas, Jesus é o nosso maior exemplo de respeito e amor ao próximo (Jo
3.1-16; 4.4-30; Gl 5.13-16);
5.5 Procure
entender que são ovelhas que não tem
pastor (Mt 9.36; Mc 6.34) e que estão enganados (2 Cor. 4.4; 1 Cor 2.14), tanto
quanto estávamos antes de aceitarmos Jesus ( Ef. 2.2,3, 11,12; Is. 53.6-12); .
5.6 Demonstre
o amor de Deus por meio de seu
testemunho (Mt 5.14,16; Jo 13. 34,35;2 Cor. 2.17; 3.2,3; Cl 2.6; 1 Jo
2.6); Sendo atencioso (Jo 4.17); Falando com convicção (At 27.25; 2Tm
1.12); Persistindo e nunca discutir (Rm 14.19; 2Tm 2.24- 25); Usando a
sabedoria
divina (Rm 10.9); Dando ênfase ao Senhor Jesus (At 4.12; Jo
14.6).
CONCLUSÃO
Os grupos
religiosos são desafios contemporâneos à Igreja do séc. XXI, e que como os
apóstolos, precisamos conquistá- los em “[...]
demonstração
do Espírito e do poder de Deus” (2 Co 2.4b). Nunca devemos evangelizar
com o intuito de agredir ou maltratar alguém por professar uma outra fé. A
marca que o Senhor disse que seus discípulos teriam é o amor: “Sigamos,
pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os
outros” (Rm 14.19). Temos que mostrar com respeito e mansidão a verdade
que a Bíblia ensina: “A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um”
(Cl 4.6); “[...] estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor...” (1 Pd 3.15,16); “E ao servo do Senhor não
convém contender, mas sim ser manso para com todos...” (2 Tm
2.24,25).
REFERÊNCIAS
·
ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
·
BÍCEGO,
Valdir. Manual de Evangelismo. CPAD.
·
BOYER,
Orlando. Esforça-te para Ganhar Almas.
Vida.
·
SOARES,
Ezequias. Manual de Apologética.
CPAD.
·
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
·
TENNEY,
Merril C. O Novo Testamento: sua origem e análise. VIDA NOVA.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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