Mt 18.2-6; Mc
10.13-16
INTRODUÇÃO
Dentre
os desafios que compõem a tarefa de evangelização, um deles é de levar a
mensagem de Cristo às crianças. Nesta lição destacaremos o que a Bíblia diz no
AT e no NT sobre as crianças; veremos que há interesse em Deus na evangelização
dos infantes. Veremos ainda quais os trabalhos que a igreja tem desenvolvido
para alcançar os pequenos; e, por fim, quais os métodos que devemos utilizar ao
apresentarmos o plano da salvação aos infanto-juvenis.
I. O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A CRIANÇA
Vemos
na Bíblia, que toda criança nascida no mundo é descendente do primeiro homem e
continua a ter fôlego de vida dado por Deus (Gn 1.26,27; Sl 139.13-16; Jr
1.4,5). A cerca disso descreve o salmista de forma poética no Salmo 139.13-15.
Paulo acrescenta ainda que “[…] ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a
respiração, e todas as coisas” (At 17.25).
1.1
Ela nasce pecadora (Rm 3.23; 5.12).
Embora
o homem tenha sido criado à imagem e semelhança de Deus, no uso do seu livre
arbítrio ele pecou contra Deus (Gn 3.1-6). Tal falha trouxe implicações para
toda a humanidade (Sl 14.3; 143.2; Ec 7.20; Rm 3.1-12, 19, 20, 23; Gl 3.22; Tg
3.2; 1 Jo 1.8, 10). Várias passagens ensinam que o pecado é uma “herança” do homem desde a hora da sua
concepção e seu nascimento, e, portanto, está presente na natureza humana (Gn
6.5). A Bíblia é muito explícita relativamente à extensão e/ou universalidade
do pecado (Sl 51.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Rm 5.12). Em Ef 2.3 diz o apóstolo Paulo
que “os efésios eram “por natureza” filhos da ira, como também os demais”.
Nesta passagem a expressão “por natureza”
indica uma coisa inata e original, em distinção daquilo que é adquirido. O
sábio disse que “a estultícia está ligada ao coração da criança [...]” (Pv 22.15a).
1.2
Ela precisa de salvação (Lc 19.10; Jo 3.16).
A
criança até certa idade é despida de consciência moral, mas congenitamente
possui a natureza pecaminosa herdada. Nesse sentido, toda criança até alcançar
a idade da consciência do bem e do mal é pecadora por natureza, ainda que não
tenha a culpa pessoal (Sl 51.5; Jn 4.11). No Juízo Final, as pessoas serão
julgadas mediante o teste da conduta pessoal, enquanto estas crianças, no
período da inocência, mesmo tendo uma natureza para o mal, são incapazes de
transgressão pessoal; por isso, elas estarão entre os salvos (Mt 19.14; 21.16;
25.45,46; Lc 10.21). Mas, após o período da inocência, já é responsável pelos
seus atos, portanto, tem noção de certo e errado (Pv 20.11; Is 7.15). Assim que
a criança tiver idade para compreender que pecou contra Deus e ficar triste
pelo seu pecado, terá idade para confiar em Cristo. Portanto, se “[…] todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23), todos
necessitam de salvação, inclusive as crianças (Tt 2.11). É por esse motivo que
nossa Igreja só batiza o infante a partir de 12 anos de idade, e que já
demonstre maturidade, compreensão e consciência de seu estado de pecado, sendo
esta a condição para o batismo (At. 2.38; 19.4,5; Rm 6.3,4; Mt 3.2).
1.3
O projeto divino de salvação inclui as crianças (Mt 19.14; Mc 10.14).
Em
seu ministério Jesus deu muita atenção as crianças. Em Mateus 19.14, Ele disse:
“Deixai”
- “permitam”, “consintam” - “os pequeninos e não os embaraceis” -
“não os impeçam” - “de vir a mim”. O Senhor apreciava muito recebê-los de bom
grado. Então, Ele acrescentou: “porque dos tais é o Reino dos céus”.
Amor, simplicidade de fé, inocência e, acima de tudo, humildade, são as
características ideais das criancinhas, e dos súditos do reino (Mt 18.3; 21.16;
Lc 9.48).
II. O INTERESSE DIVINO PELA EVANGELIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
Deus
sempre mostrou interesse de que as crianças fossem ensinadas, desde muito cedo,
a temer o Seu Nome e obedecer aos seus mandamentos, como veremos a seguir:
2.1
No Antigo Testamento.
Deus
orientou seus servos quanto à evangelização das suas crianças. Na escolha do
nome, por exemplo, vemos que alguns pais tinham o interesse de identificar no
infante a fé em Deus. Na instituição da circuncisão, os pequenos deveriam se
submeter ao pacto com Deus desde muito cedo (Gn 17.10-14). A cerca de Abraão
Deus disse: “Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos
e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR [...]” (Gn 18.19). Na ocasião da
instituição das festas, Deus ordenou que as crianças deveriam ser ensinadas
pelos pais, quanto ao motivo espiritual da celebração (Êx 12.25-27). Os
primogênitos que foram poupados da morte na noite da primeira Páscoa celebrada
no Egito (Êx 13.1,2). Em Deuteronômio 6, vemos que Deus delega aos pais a
missão da evangelização dos seus filhos. O sábio Salomão frisou bem esta tarefa
dada aos pais (Pv 22.6). Em momentos de convocação solene de arrependimento e
conversão, as crianças também não podiam ficar de fora (2 Cr 20.4,13; Ed 10.1;
Jl 2.16). O povo de Israel falhou quando os pais deixaram de evangelizar os
filhos (Jz 2.10).
2.2
No Novo Testamento.
Nas
páginas neotestamentárias, encontramos entre o povo, pais judeus cuidadosos
quanto à observância das práticas ensinadas no AT. Jesus, foi circuncidado ao
oitavo dia (Lc 1.59; 2.21). Como era o filho primogênito de Maria, após
quarenta dias de nascido, a criança foi trazida para o Templo para ser
apresentada ao Senhor (Lc 2.22-24). O Senhor Jesus foi ensinado desde muito
cedo pelos seus pais a frequentar o Templo (Lc 2.41,42). Eunice e Lóide
ensinaram as Escrituras ao jovem Timóteo como recomendou Deus na sua Lei (II Tm
3.14,15). Paulo orientou que os pais criassem os filhos “na doutrina e admoestação do
Senhor” (Ef 6.4).
III. O PAPEL DA IGREJA LOCAL NA EVANGELIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
A
Igreja desenvolve vários trabalhos que contribuem eficazmente para
evangelização dos pequenos. Abaixo citaremos quais são:
3.1
A Escola Bíblica Dominical.
A
EBD é a maior escola de ensinamento bíblico do mundo. Nela, as crianças
aprendem sobre Deus, Jesus, Espírito Santo, Pecado, Salvação, Céu, Eternidade,
etc, compreendendo os valores espirituais, em metodologia apropriada à faixa
etária, importantes para sua vida. A EBD corrige a educação anticristã
ministrada nas escolas seculares. E, em muitas situações ela complementa a
educação cristã ministrada nos lares. Pode-se acrescentar ainda a EBF (Escola Bíblica de Férias) que é uma das
estratégias evangelísticas realizadas pela Escola Bíblica Dominical a fim de
evangelizar crianças não salvas conduzindo-as a Cristo, bem como reforçar as
crianças salvas, ensinos que enriqueçam sua vida espiritual.
3.2
O Círculo de Oração Infantil.
Outro
trabalho de evangelismo que a igreja exerce para alcançar as crianças se dá
através do COI (Círculo de Oração
Infantil). Este tem como objetivo geral incentivar a criança a conhecer
melhor a Deus e Sua Palavra, para que possa com convicção, professar a fé em
Cristo a fim de se tornarem cidadãos do céu.
3.3
No culto infantil.
No
culto infantil, se reúnem as crianças de 3 a 11 anos, realizando-o com uma
linguagem apropriada para os infantes. Nele, as crianças terão a oportunidade
de serem evangelizadas, de aprenderem as doutrinas bíblicas, além de ter
participação direta na liturgia.
IV. PORQUE EVANGELIZAR AS CRIANÇAS
Evangelizar
as crianças é necessário pelos seguintes motivos:
a)
Em Adão, todos pecaram, inclusive crianças (Sl 58.3; Rm 3.23);
b)
o coração do homem é mau desde a sua meninice (Gn 8.21; Sl 58.3);
c)
a criança possui alma e espírito imortais (Ez 18.4; 1 Ts 5.23), portanto, necessita
de salvação (Mt 18.6);
d)
é mandamento bíblico (Dt 4.9,10; 6.6,7; Pv 22.6; Mt 28.19; Mc 16.15);
e)
Jesus deu o exemplo, por isso devemos imitá-lo (Mt 18.2; Mc 9.36,37); e,
f)
não é vontade de Deus que uma criança se perca (Mt 18.14; Mc 10.14).
V. COMO EVANGELIZAR AS CRIANÇAS
5.1.
Através da Bíblia.
A
Bíblia é a Palavra de Deus (2 Tm 3.14-17; 2 Pd 1.20,21). Ela é essencial para o
crescimento de todo cristão (1 Pd 2.1-5, Cl 1.9-12; Fl 2.12; Tt 2.11-14). Ela é
o manual de instrução que nos orienta como devemos agradar a Deus, para uma
vida feliz de fé e santidade na presença em Sua presença.
5.2.Convidando
e levando-a à Igreja.
Todo
cristão tem a responsabilidade de conduzir pessoas a Cristo (Mt 28.19,20; Mc
16.15). Convidar e levar crianças a Igreja, além de ser uma estratégia
evangelística, é uma oportunidade de proporcionar a elas conhecer o plano de
Salvação de Deus, por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, num
ambiente de louvor e adoração ao Senhor na EBD, nos Círculos de Oração, Culto
Infantil e nos Cultos Evangelísticos.
5.3.
Pelo exemplo pessoal.
De
nada adiantará evangelizar as crianças, se o comportamento do ensinador difere
do que ele ensina. Jesus ensinou dando exemplo (Jo 13.15,34; 15.12). Paulo
procurava imitar a Cristo e por isso podia dizer a igreja “sede meus imitadores, como também
eu de Cristo” (I Co 11.1). Com frequência, as crianças reproduzem o que
veem nos adultos, seja bom ou mau. Alguém já disse acertadamente: “as palavras ensinam, mas os exemplos
arrastam”.
5.4.
Utilizar uma linguagem compreensível.
Jesus
utilizava-se de uma linguagem acessível para transmitir suas mensagens. A
parábola do semeador (Mt 13.3-9), da ovelha perdida (Lc 15.3-7), das bodas (Mt
22.1-13), mostra-nos que o Mestre se valeu de experiências do seu cotidiano
para ensinar a Palavra de Deus (Mc 13.34,35). De igual forma, na evangelização
de crianças, precisamos utilizar lições bíblicas evangelísticas, em uma
linguagem infantil, compreensível a elas, a fim de que entendam o plano da
salvação. A mensagem é a mesma, mas a metodologia deve adequar-se a realidade
do ouvinte.
5.5.
Utilizar recursos visuais.
Cartazes,
livro sem palavras, cenários, maquetes, objetos concretos, visual de mãos, etc
faz parte da lista de recursos didáticos que apelam para a visão como fonte de
experiência. É um meio de comunicação de massa de natureza visual cuja finalidade
é anunciar os mais diversos tipos de mensagens (Hc 2.2). Jesus, na explicação
de seus ensinos, utilizou diversos recursos como um grão de mostarda (Mt
17.20;Lc17:6), uma Moeda (Mt 22.18-22); Lavando os pés dos discípulos (Jo
13.1-13), uma criança (Mt 18.1-5); Sal (Mt 5.13); Luz (Mt 5.14-16), etc.
5.6.
Utilizar literatura adequada.
Há
muitas literaturas produzidas na área de educação e evangelismo infantil,
dentre as quais podemos citar: A Bíblia de recursos para o Ministério de
Crianças ed. Hagnos/APEC; Evangelização e discipulado infantil, autora Débora
Ferreira da Costa, CPAD; A importância do Evangelismo Infanto-Juvenil, autora
Helena de Figueiredo, CPAD. Ressaltamos, porém, que se reservem de cuidados,
pois também existe no mercado, uma série de literaturas que possuem erros
doutrinários e teológicos, contrários ao ensino ortodoxo doutrinário.
CONCLUSÃO
A
fase infanto juvenil é o período da vida em que o coração e a mente estão mais
predispostos à influência do evangelho. Uma criança ganha para Cristo
representa uma alma salva e uma vida que poderá ser empregada no serviço do
Mestre. Sabendo disto, devemos nos empenhar para conduzir o maior número de
crianças a Cristo.
REFERÊNCIAS
· ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
· Bíblia de Recursos para o Ministério
Infantil. HAGNOS/APEC
· COSTA,
Débora Ferreira da. Evangelização e
discipulado infantil. CPAD
· DOERTHY,
Sam. Bases Bíblicas para a evangelização
das crianças. APEC.
· FIGUEIREDO,
Helena de. A importância do Evangelismo
Infantil. CPAD.
· GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal.
CPAD.
· STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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