sábado, 15 de outubro de 2016

LIÇÃO 03 – ABRAÃO, A ESPERANÇA DO PAI DA FÉ








Gn 12.1-10





INTRODUÇÃO
Queridos (as) irmãos (ãs), nesta lição estaremos estudando sobre o grande exemplo de fé de nosso pai Abraão. São muitos os exemplos de fé descritos na Bíblia, mas este se destaca com especial tratamento denominando-o de “pai da fé”. A palavra fé, do ponto de vista escriturístico, tem o significado básico de “fidelidade” (Dt 32.4; Sl 36.5; 37.5). Na verdade, o estudo da vida de Abraão é de grande valor pelo fato de ser ele o pai da nação eleita – Israel, e pai na fé de todos os que crêem em Deus. Assim, desejo a todos uma excelente aula!


I. A CHAMADA DE ABRAÃO (Gn 12.1-3)
Segundo a cronologia bíblica, os primeiros onze capítulos do Gênesis compreendem um período de 1756 anos (4004 a.C. – 2248 a.C.). Este período, por sua vez, abrange da Criação até a Dispersão das Raças. Porém, da Dispersão das Raças até a Chamada de Abraão são mais 327 anos, ou seja, 1921 a.C. É exatamente aqui, em Gêneses 12 até Êxodo 12, que temos o Período Patriarcal que durou 430 anos (1921 – 1491 a.C). Este período é também conhecido como Era Patriarcal ou Dispensação da Promessa, sendo esta a quarta dispensação segundo a teologia.
Assim, no contexto dos primeiros onze capítulos do Gênesis, quatro homens se destacam na história da humanidade: Adão, Sete, Enoque e Noé. Nesses mesmos capítulos, destacam-se também, quatro importantes eventos: a criação, a queda do homem, o Dilúvio e a torre de Babel. Portanto, os primeiros acontecimentos da história da humanidade encontram-se no contexto desses capítulos.
Mas, é a partir do capítulo 12 de Gênesis, que inicia-se a era patriarcal, e nesse período destacam-se os patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José. Após a confusão de línguas em Babel, as gentes espalharam-se por toda parte e as características raciais se tornaram distintas por toda a terra. As organizações tribais, as línguas e as etnias acabaram por formar as nações espalhadas no mundo inteiro. Organizaram-se, também, sistemas de governo de povos, de famílias e tribos, e iniciou-se a era patriarcal, em que o pai de família se constituía em chefe, príncipe de tribos e famílias. Entre tantos personagens que existiram antes de Abraão, e que deixaram sua marca na história. Contudo, Abraão, é quem foi chamado por Deus para fazer parte do maior projeto divino – o projeto da salvação de todos os povos da terra (Gn 12.3; Gl 3.8; Ap 5.9).   

1. Um projeto divino.
Antes de prosseguirmos, faz-se necessário distinguir Onisciência de Presciência. A Onisciência é um atributo natural, absoluto e incomunicável de Deus em que Ele tudo sabe e tudo Conhece. Nada lhe é oculto (Sl 139; Hb 4.13). Já a Presciência é o aspecto da onisciência relacionado com o fato de Deus conhecer todos os eventos e possibilidades futuros (1 Sm 23.10-12; Is 46.10; At 2.23; 1 Pe 1.2,20). A palavra do Novo Testamento traduzida “presciência” (que significa “conhecer de antamão”) é “prognosis”, da qual deriva a palavra “prognóstico” em português. Significa “saber antes” (“pro” = antes; “gnosis” = saber ou conhecer). Logo, não existe o fator surpresa para Deus. Por isso, Deus não foi surpreendido com a queda de Adão; pelo contrário, Ele já havia provido o remédio contra o pecado, pois em Apocalipse 13.8 diz: “[...] no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Em sua Suprema Sabedoria e Presciência, Deus antes de criar o mundo visível e tudo que nele há, já providenciara a solução para redimir e restaurar o homem – a coroa da sua criação. Portanto, é nesse contexto que, Deus se revela a Abraão e lhe faz grandes promessas para torná-lo o pai de uma grande nação.    

2. O desafio de acreditar no projeto divino. 
Nada sabemos do período da vida de Abraão desde o seu nascimento (1921 a.C. segundo o Pr. Ant. Gilberto) até o momento de seu chamado por Deus. O que sabemos é que Abrão (pai elevado ou pai das alturas), cujo nome Deus mais tarde mudou para Abraão (pai fecundo ou pai de uma multidão), nasceu em uma das fabulosas cidades do mundo antigo, Ur. Esta era a famosa cidade sumeriana localizada às margens do Rio Eufrates, cerca de 241 Km a nordeste da costa do atual Golfo Pérsico. Era a mais importante dentre um complexo de cidades-estados e sua civilização era altamente culta.
Nos dias de Abrão, 4.100 anos passados, Ur era o centro de uma rica cultura, uma cidade que ostentava uma arquitetura monumental, enorme riqueza, moradia confortáveis, música e arte. Era, portanto, uma cidade altamente cosmopolita, já que não-sumérios como o próprio Abraão e seus antepassados – de origem semítica – lá viveram e fundiram seus conhecimentos intelectuais e sua cultura com o lastro cultural dos sumérios. Em sua terra natal, Abrão ‘servia a outros deuses’ (Js 24.2,14,15). No entanto, quando recebeu o chamado de Deus, Abrão deixou sua civilização e peregrinou para Canaã, onde viveu como nômade em tendas por quase cem anos.
Nesse contexto, surge a questão: Como Abraão veio a conhecer a Deus em meio a tanta idolatria? Está confirmado pela História e pela Arqueologia que a religião dos povos primitivos era monoteísta (Rm 1.20). Além disso, Sem foi contemporâneo de Abraão durante 150 anos, conforme capítulos 5 e 11 de Gênesis, e pode ter-lhe transmitido diretamente a revelação divina. Deus também podia revelar-se diretamente a ele, pois é soberano, inclusive na chamada (ver Mc 3.13).
Diante de tais fatos, Abraão é desafiado a abandonar seu velho estilo de vida com suas crenças, e aceitar o chamado divino para a realização de um projeto especial em sua vida. O chamado divino requereria de Abraão total obediência do mesmo. Tratava-se, portanto, de um contrato (pacto) de promessas e compromissos. É aqui, neste exato momento, que as Escrituras Sagradas asseveram: “Creu Abrão no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn 17.6; Rm 4.3-6; Gl 3.6; Tg 2.23). Abraão creu e aceitou pela fé o desafio de seu chamado, e saiu daquela terra para uma terra que não conhecia (Hb 11.8). Esse fato é o ponto chave para uma das principais doutrinas cristãs – A Justificação pela Fé. Porquanto, fé e obediência são os elementos mais fortes de uma relação com Deus.
Abraão poderia ter discutido e questionado o projeto de Deus para sua vida, mas não o fez, porque entendeu que o projeto de Deus era muito superior ao que ele mesmo pudesse compreender. Qualquer um de nós prefere conhecer os detalhes de um projeto antes de aceitá-lo. Em vez disto, Abraão partiu para um lugar desconhecido pela fé.

3. Um projeto para abençoar as nações. 
Sabemos que o projeto divino era abençoar todas as famílias da terra por meio de Abraão (Gn 12.3b). Então, surge a indagação: Porque Abraão? Devemos compreender que Abraão foi chamado não como um ato de acepção arbitrária, e muito menos ainda, como um ato determinista de Deus. Mas, no fato de que, ele possuía as qualidades necessárias com as quais o plano divino seria mantido e cumprido (Ne 9.7,8). Além disso, ele descendia de Sem (Gn 11.10-26). Assim sendo, a intenção de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os seus caminhos (Gn 18.19). Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem a vontade de Deus. Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o prometido descendente da mulher (Gn 3.15; Gl 3.8,16,18). Tudo estava sob a presciência de Deus!


II. A PROVISÃO DE DEUS
Quando lemos Gênesis 12, num primeiro momento pensamos que aqui ocorreu o chamado de Abraão. Pois é, mas na verdade, ao lermos At 7.2-4, Estevão nos revela que ocorreram dois chamados. O primeiro na cidade natal de Abraão, em Ur dos Caldeus (At 7.2), o segundo em Harã, lugar do sepultamento de seu pai Terá (Gn 11.31-12.1). Esse segundo chamado em Gênesis 12 é, na verdade, uma confirmação do primeiro. Essa é uma verdade importante que deve ser observada.  

1. Abraão sai da sua terra (Gn 12.4-8). 
Ao revelar-se a Abraão em Ur dos Caldeus, o Senhor lhe ordenou: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai [...]” (At 7.2). Infelizmente, dentre as muitas falhas do patriarca, a primeira foi a interferência familiar. Assim, Abraão não teve forças para obedecer totalmente (100%) ao que Deus lhe dissera. Ele deixou-se influenciar por um sentimentalismo familiar, levando consigo em sua peregrinação inicial a casa de seu pai e o sobrinho Ló e sua família. Estes só lhe trouxeram aborrecimentos e entraves à sua peregrinação. Mesmo assim, Deus não desistiu de Abraão, porque conhecia o coração dele. Contudo, ficamos a lição de que interferências sempre são perigosas quando temos um plano de Deus em nossas vidas.

2. Abraão enfrenta escassez em Canaã (Gn 12.9,10). 
Ficando em Harã por algum tempo, os planos iniciais para terra de Canaã foram atropelados por seus familiares. Após a morte de seu pai, Terá, Abraão ouve a voz de Deus (segundo chamado) e, sem tosquenejar, sai de Harã e vai par Canaã, passando a habitar em Siquém. Ali, Abraão que sempre procurava manter comunhão com Deus e sua orientação para essa jornada, ergue um altar ao Senhor. Porém, ele ainda continuava preso a seus familiares.
Embora Abraão tivesse promessas de Deus em sua vida, essas não o isentavam de problemas e provações. A primeira delas ao chagar em Siquém foi a oposição dos cananeus. Em seguida, Abraão percebendo a escassez de grama e de grãos, deixou de olhar para o Senhor e passou a considerar a escassez da terra, que por questões climáticas havia se tornado seca e a fome era sentida naquele lugar. Mas, porque haveria fome justamente na terra para onde Deus havia chamado Abraão? Este foi um teste para a fé de Abraão que não questionou a liderança de Deus. Contudo, ele deveria buscar de Deus uma resposta, mas não a vez. Ao invés disto, Abraão tomou a decisão de ir para o Egito. O que quase lhe custou à esposa!

3. Abraão enfrenta esterilidade de sua esposa (Gn 16.1-6,10,11,15,16). 
Em uma de suas promessas ao patriarca Abraão, Deus havia tido: Far-te-ei uma grande nação”. Porém, Abraão e Sara estavam casados a muitos anos. Na verdade, eles estavam avançados em idade, ele com quase 100 anos e ela com 90 anos (Gn 17.17,24). Até então, não tinham filhos para alegrar lar e cumprir as maravilhas profecias a respeito do futuro do casal. Conforme os anos foram se passando, a dissonância entre a promessa e as circunstâncias foi-se tornando cada vez mais frustrante (Gn 15.2,3). Não ter filhos era uma calamidade e uma desgraça para qualquer esposa hebreia, e para Sara era pior ainda (Gn 18.11,12). O que aconteceu? Marido e esposa quiseram ajudar a Deus no cumprimento de sua promessa (Gn 16.1,2). Este episódio nos leva a uma infeliz conclusão: Sempre que homens e mulheres permitem que a sua fé desabe, recorrem a expedientes humanos. E o fim é sempre discórdia, tragédia e sofrimento. Que Deus tenha misericórdia de nós!


III. AS PROMESSAS DE DEUS NA VIDA DE ABRAÃO 
Para que essas promessas se cumprissem na vida de Abraão, ele teria que cumprir primeiro à ordem divina: ““Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei ” (Gn 12.1). Tratava-se, portanto,  de uma promessa condicional. Deus para realizar a sua parte, primeiro requeria do patriarca a dele. Noutras palavras, a obediência era e continua sendo o fator chave de todas as bênçãos de Deus. Se Abraão obedecesse, as provisões divinas, em termos de saúde, de prosperidade material, de tudo que necessitasse em sua peregrinação seriam providos pelo Senhor. Todavia, três delas se destacavam a saber:

1. “Far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei”. 
Os povos judeus e árabes são descendentes de Abraão (Gn 21.18; 25.13-18). Abraão teve uma vida longa (Gn 25.7) e foi abençoado com grande riqueza (Gn 13.2). Melhor de tudo, Deus lhe perdoou e o protegeu (Gn 12.17,20), e a Abrão foi concedido um relacionamento pessoal com o Senhor (Gn 15.6, 18.17-19).

2. “Engrandecerei o teu nome”. 
Abrão trocou a desvanecente glória deste mundo por um relacionamento pessoal com Deus — e ganhou fama imortal. Hoje ele é reverenciado por adeptos de três grandes religiões mundiais: judaísmo, islamismo e cristianismo. O Antigo Testamento o reconhece como patriarca do povo escolhido de Deus, os judeus. E o Novo Testamento o dignifica como o pai espiritual de todos que ‘andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai’ (Rm 4.12).

3. “Em ti serão benditas todas as nações da terra”. 
Esta é a segunda profecia das Escrituras sobre a vinda de Jesus Cristo a este mundo. O texto fala de uma bênção espiritual que virá através de um descendente de Abraão. Paulo declara que esta bênção se refere ao evangelho de Cristo, oferecido a todas as nações. A promessa de Deus a Abrão revela que, desde os primórdios da raça humana, o propósito do evangelho era abençoar todas as nações com salvação. Deus está agora realizando os seus propósitos através de Jesus e seu povo fiel, que compartilha da sua vontade de salvar os perdidos, enviando pregadores para proclamar o evangelho a todas as famílias da terra


CONCLUSÃO
A chamada divina feita a Abraão coloca-o entre aqueles que Deus em sua presciência conhecia e, por isso, o escolheu para ser o homem a cumprir os seus desígnios. Abraão foi obediente à chamada divina e pautou toda a sua vida pelo princípio de fazer a vontade de Deus. Porquanto, ele sabia que “aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.17). Por isso, ele foi chamado de ‘Amigo de Deus’ (Tg 2.23). Deus abençoe a todos!




REFERÊNCIAS
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
GILBERTO, Antonio. A Bíblia Através dos Séculos. CPAD.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD
CABRAL, Elienai. O Deus de Toda Provisão. CPAD.
GIBBS, Carl Boyd. A Doutrina da Salvação. EETAD.
STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas. (4º trimestre/2002). CPAD.





Por Amigo da EBD.


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