sábado, 1 de setembro de 2018

LIÇÃO 10 – OFERTAS PACÍFICAS PARA UM DEUS DE PAZ (SUBSÍDIO)






Lv 7.11-21




INTRODUÇÃO
Nesta lição falaremos detalhadamente de uma das cinco ofertas do sistema levítico – a oferta pacífica; trataremos de três aspectos desta oferta, a saber: ações de graças, voto e a oferta voluntária; pontuaremos quais as especificações da oferta de paz; e, por fim, traremos as devidas aplicações para a igreja.


I. DEFINIÇÃO DE OFERTA PACÍFICA
A expressão “oferta pacifica” no hebraico: “shalom” significa: “paz, bem, feliz, tranquilo, saúde e prosperidade”. Era também chamada de “oferta de paz” ou de “ofertas de comunhão”. Josefo (historiador judeu do primeiro século) também chamava-a de “ofertas de agradecimento” (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 487). Tais termos denotam que esta oferta não era para pacificar a Deus, mas era apresentada pelo ofertante que já estava em comunhão com Deus. Nesta oferta, podia se oferecer “gado” (Lv 3.1); ou “gado miúdo” (Lv 3.6) tais como: “cordeiro” (Lv 3.7) ou “cabra” (Lv 3.12); podendo ser “macho ou fêmea” (Lv 3.1,7,12), desde que fosse “sem defeito” (Lv 3.1,6). O ofertante tinha de impor a mão sobre a cabeça da sua oferta (Lv 3.2,8,13), matar o animal e apresentar ao sacerdote os pedaços a serem oferecidos (Lv 3.3,4,9,10,14,15). Em seguida, o sacerdote ministrante os queimava no altar (Lv 3.5,11,16). A outra parte da carne fazia parte da refeição (Lv 7.14,15,16). Quanto a “gordura” e ao “sangue”, estes dois, não poderiam jamais ser comidos, mas oferecidos ao Senhor como oferta queimada (Lv 3.16,17).


II. TIPOS DE OFERTA PACÍFICA
Os sacrifícios pacíficos tinham três variedades, a saber: “ofertas de ações de graças” (Lv 7.12), “ofertas votivas” (Lv 7.16) e “ofertas voluntárias” (Lv 7.29). Vejamos cada um destas detalhadamente:

1. Ações de graças.
O primeiro tipo era oferecido por benefícios recebidos de Deus. A dádiva de ações de graças no hebraico “tôdâ” representava o reconhecimento do ofertante quanto às misericórdias de Deus para com ele (Lv 7.12-21). Embora todas as coisas pertençam a Deus em última análise, seu relacionamento com o crente exige que este último transfira a Deus uma certa proporção daquelas coisas que foram confiadas a ele (1 Cr 29.14). Esta exigência remove o relacionamento espiritual de um nível puramente verbal, e exige esforço do participante humano para sua dedicação ser posta em prática. Juntamente com a oferta de ações de graças vários tipos de “bolos asmos”, “coscorões ázimos”, e, “bolos de flor de farinha” deviam ser apresentados (Lv 7.12,13), um dos quais era a porção do Senhor e era dado ao sacerdote oficiante (Lv 7.14). Nesta oferta o adorador não tinha licença de deixar qualquer parte da carne do animal sacrificial para outro dia mas, sim, era-lhe exigido que a comece na ocasião em que foi oferecida (Lv 7.15).

2. Voto.
Esta oferta é chamada no hebraico “neder” era feita para cumprir um voto (Lv 7.16; 22.21). O sacrifício do seu voto “oferta votiva” era prometido a Deus na esperança de receber ajuda divina (Sl 66.13,14; 116.1-19). Um voto é “um juramento ou um compromisso de caráter religioso, e também uma transação qualquer entre o homem e Deus, de acordo com a qual o individuo dedica a si mesmo ou o seu serviço ou alguma coisa valiosa a Deus (Gn 28.20; Nm 6.2; 1 Sm 1.11). Essa era uma característica comum entre os israelitas (Lv 7.16; 22.18,21; Nm 6.2,5; 15.3,8; 21.2; 29.39; 30.2-9,11-14; Dt 12.6,11,17,26; 23.18,21; Jz 11.30,39; 1 Sm 1.21; 2 Sm 15.7,8; Jó 22.27; Sl 22.25; 50.14; 56.12; Pv 7.14; Ec 5.4; Is 19.21; Jr 44.25; Jn 1.16; Na 1.15)” (CHAMPLIN, 2004, p. 689 – acréscimo nosso).

3. Oferta voluntária.
A oferta “voluntária” (Lv 7.28-30) ou oferta “movida” (Lv 7.30), no hebraico “nedãbâ” consistia em um ato de homenagem e obediência ao Senhor num caso em que nenhum voto tinha sido feito, mas que o ofertante desejava voluntariamente ofertar ao Senhor: “as suas próprias mãos trarão [...]” (Lv 7.30-a). Embora os sacerdotes receberam instruções no sentido de se assegurarem que todas ofertas sejam sem defeito, e o catálogo das incapacidades físicas que desqualificavam os descendentes do serviço no santuário é aplicado aos animais sacrificiais (Lv 22.22,24). A única exceção é a dos animais que aparentemente exibem danos “genéticos”, ou seja, “não físicos”, e até mesmo estes podem ser sacrificados somente por oferta voluntária (Lv 22.21,23). Para uma oferta voluntária ou uma que era feita para cumprir um voto, o ofertante tinha licença de usar um dia adicional para completar a festa, e, nesta ocasião provavelmente convidaria amigos para participarem da refeição (Dt 12.12). Especificamente qualquer carne que permanecia depois daquele tempo tinha de ser queimada, mais provavelmente como uma medida higiênica (Lv 7.17). O descumprimento desta ordem consistia em pecado resultando em morte (Lv 7.18).


III. CARACTERÍSTICAS DA OFERTA PACÍFICA
No Livro de Levítico há instruções detalhadas sobre quando as ofertas pacíficas eram comidas (Lv 7.15-17), quem poderia comê-las (Lv 7.20,21), o que podia ser comido (Lv 7.24-26) e, quais porções pertenciam a quem (Lv 7.31-35). Abaixo, destacaremos algumas características da oferta de paz que a diferencia das outras. Vejamos:

1. Uma oferta queimada ao Senhor.
A oferta pacífica era “oferta queimada ao Senhor”, no entanto, apenas parte da oferta deveria ser queimada (Lv 3.3,4,9,10,14,15). A especificação é que a “gordura, os rins e o redenho” deveriam ser oferecidos para o Senhor (Lv 3.3,4).

2. Uma oferta que o sacerdote ministrante se alimentava.
Algumas ofertas, apesar de serem oferecidas ao Senhor, serviam de alimento para os sacerdotes (Lv 2.3,10). Deus, como sempre, se preocupou com o sustento daqueles que vivem exclusivamente para a obra. Falando especificamente da “oferta pacífica” como havia muitos sacerdotes, aquele que ministrava esta oferta era quem deveria comer dela, como uma recompensa pelo seu trabalho (Lv 7.14,31,32,34-35).

3. Uma oferta que o ofertante se alimentava com sua família.
Na oferta pacífica apenas uma parte era queimada ao Senhor (Lv 3.5,11,16), enquanto que a outra parte o adorador reunia-se ao sacerdote na refeição sacrificial, daquilo que restava. Portanto, este era o único sacrifício em que o ofertante tinha licença de participar (Lv 7.14,15).

4. Uma oferta que os pobres podiam participar e outros convidados.
Além do sacerdote oficiante, o adorador, os membros de sua família; as pessoas pobres que fossem convidadas podiam também participar “E vos alegrareis perante o SENHOR vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; pois convosco não tem parte nem herança” (Dt 12.12).


IV. A OFERTA PACÍFICA E A SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Em Levítico, são listados cinco tipos de sacrifícios (Lv 1.3-17; 2.1-16; 3.1-17; 4.1-5; 5.14-16). Todos estes sacrifícios podem ser reduzidos a somente dois: (a) o primeiro, abrangendo aqueles sacrifícios oferecidos antes da reconciliação e os que visavam obtê-la; e, (b) o segundo, os sacrifícios oferecidos depois da reconciliação e para celebrá-la. Isto aponta para uma verdade bem clara no NT, o sacrifício pelo pecado foi efetuado por Cristo (Gl 1.4; 2.20; Ef 5.2,25; 1 Tm 2.6; Tt 2.14; Hb 9.14), por meio do qual temos paz com Deus (Rm 5.1; Cl 1.20); o sacrifício por gratidão pela absolvição é feita pelo pecador redimido. Vejamos:

1. Ações de graças.
O termo “ações de graças” ou seja é o ato de dar “graças a Deus”. Jesus deixou-nos o grande exemplo de ações de graças (Mt 11.25; 26.27; Jo 6.11; 11.41). Os seres celestiais ocupam-se desse ato de devoção (Ap 4.9; 7.11,12; 11.16,17). Trata-se de um ato de devoção ordenado por Deus (Sl 50.25; Fp 4.6 e 1 Ts 5.18). Trata-se de coisa boa, sendo benéfica para quem se mostra grato ao Senhor (Sl 92.1). Deve ser expressa a gratidão a Deus (Sl 50.14), a Cristo (1 Tm 1.12), em nome de Cristo (Ef 5.20), na adoração pública (Sl 35.18), na adoração individual (Dn 6.10), em tudo (1 Ts 5.18), por todas as coisas (Ef 5.20). Devem ser expressas contínuas ações de graças (Ef 1.16; 5.20 e 1 Ts 1.2). Devem ser expressas ações de graças pela bondade e pela misericórdia de Deus (Sl 106.1; 107.1; 136.1-3). Devem ser dadas ações de graças ante o sucesso em qualquer empreendimento (Ne 12.31,40). Também pelo suprimento das necessidades físicas, e antes das refeições (Jo 6.11; At 27.35). Por causa do grande dom de Cristo (2 Co 9.15).

2. Voto.
A prática do “voto” não é exclusivamente judaica, mas também cristã. Ainda hoje nós podemos fazer votos ao Senhor. É bom destacar que: (a) o voto não não obriga Deus a conceder o que pedimos, pois Deus não faz nada contra a Sua vontade (1 Jo 5.14); (b) o voto não pode ser confundido com barganha, pois Deus não se submete a isso (Dt 10.17; 2 Cr 19.7); (c) não devemos votar e não cumprirmos (Pv 20.25; Ec 5.4); e, (d) o voto, deve ser feito como expressão de gratidão a Deus, por uma bênção que se almeja receber (Sl 22.25; 61.8; 76.11; 116.14,18; Pv 7.14). Quanto ao voto de consagração da própria vida ao Senhor, há uma grande diferença entre os votos do AT e do NT. Os primeiros eram uma obrigação passageira (Nm 6.1-21), ao passo que na Nova Aliança sempre envolve uma relação permanente com Cristo e sua cruz até a morte: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Veja também: (Mt 16.24; Rm 6.13; 1 Co 6.20; 1 Pd 1.15-19).

3. Oferta voluntária.
A expressão “oferta voluntária” indica que as demais ofertas eram exigidas por Deus, enquanto que estava ficava a cargo da voluntariedade do ofertante (Lv 22.21; 23.38; 15.3). Esta oferta voluntária tem diversas aplicações para a vida cristã. Por exemplo: (a) devemos ofertar o nosso louvor, não como uma obrigação religiosa, mas com voluntariedade (Sl 54.6; 119.108); (b) o crente não deve se limitar apenas a entregar os seus dízimos o que é uma exigência bíblica (Gn 14.18-20; 28.18-22; Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29; Pv 3.9; Ml 3.10; Mt 23.23; 1 Co 9.9-14); ele também deve ofertar com liberalidade e alegria: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2 Co 9.7).


CONCLUSÃO
O sacrifício pelo pecado foi provido pelo próprio Deus, quando nos enviou Cristo Jesus. Agora, tendo paz com Deus, nós cristãos podemos lhe oferecer ações de graças, como gratidão por todos os benefícios que dEle temos recebido.




REFERÊNCIAS
ü  ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico.CPAD.
ü  CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
ü  HARRISON, R.K. Levítico: MUNDO CRISTÃO.
ü  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
ü  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD




Por Rede Brasil de Comunicação.


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