Lv 24.1-4
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos um pouco sobre o candelabro de ouro puro e batido que estava no
Lugar Santo do Tabernáculo e posteriormente no Templo; veremos o material que
ele fora feito, sua localização, seu peso e medida, seu formato, sua finalidade
e como era feita sua manutenção; e por fim, notaremos sua tipologia em relação
a Igreja a partir do uso do azeite e da luz que ele produzia.
I. O CANDELABRO NOS TEMPOS DE
MOISÉS
Em hebraico a
palavra que indica o candeeiro, castiçal, candelabro ou
simplesmente lâmpada que era usado no tabernáculo e
posteriormente no templo de Jerusalém é “menorah” (Êx 25.31-40;
37.17-24; Zc 4.2-5,10-14). A fabricação do candelabro foi feita sob a
supervisão de Bezalel, da tribo de Judá, e Aoliabe, da tribo de Dã (Êx 31.1-11;
35.30-35). Estes homens, sem dúvida, eram bons artífices, possivelmente tendo
aprendido o ofício quando eram escravos no Egito. O Senhor colocou seu Espírito
sobre eles, para que o trabalho fosse feito com perfeição, exatamente segundo o
modelo revelado e mencionado a Moisés (Êx 25.9,40; 39.43; 40.16) (CHAMPLIN,
2001, p. 572). Vejamos algumas informações sobre o candelabro:
1. O material do candelabro.
Diferente da
mesa dos pães da proposição e do altar de incenso que eram de madeira e revestidos
de ouro, o candelabro era totalmente de “ouro puro e batido” (Êx
25.31,36,39; 31.8; 37.24; 39.37). Assim como o candelabro deveria ser de “ouro
puro e batido” as espevitadeiras (tesoura para cortar
os pavios) e as bandejas também eram de ouro puro e
batido (1Rs 7.49), e por sua vez, o azeite também deveria ser de “azeite
puro e batido” (Êx 27.20; Lv 24.1-2). O candelabro era o único
utensílio do tabernáculo que não possuía argolas para ser transportado. Por
isso, o próprio castiçal e seus acessórios eram cobertos com um pano azul
e depois envolvidos numa cobertura de peles de texugos, e
então era colocado sobre uma barra (vara) para ser carregados (Nm
4.4,6,9,10,15,16,19,20).
2. A localização do candelabro.
O candelabro se
localizava no lado sul do Lugar Santo (do lado esquerdo de quem entrava no Tabernáculo)
em frente a mesa dos pães da proposição: “Pôs também na tenda da
congregação o castiçal defronte da mesa, ao lado do tabernáculo para o sul” (Êx
40.24; 26.35).
3. O peso e as medidas do
candelabro.
O candelabro
tinha sete hásteas com sete lâmpadas; uma localizada na coluna central, e três
saindo de cada lado em braços separados (Êx 25.37; 37.17-22; Nm 8.2). As
lâmpadas queimavam óleo de oliva batido a mão (Lv 24.2, Êx 27.20), seu peso era
de um talento (cerca de 40 a 50 kg), e segundo a tradição judaica media 1,5
metro de altura por 1,0 metro de largura de uma
extremidade a outra. Moisés seguindo as instruções de Deus acendeu as lâmpadas
do castiçal (Êx 40.1-4,25). Mais tarde, Arão fazia isso (Nm 8.3), e depois os
filhos de Arão (Êx 27.20,21; Lv 24.3,4) (CHAMPLIN, 2001, vol. 1, p. 572).
4. O formato do candelabro.
Deus exigiu que
o castiçal fosse feito exatamente da forma como havia sido mostrado a Moisés no
monte Sinai: “Atenta, pois, que os faças conforme o seu modelo, que te
foi mostrado no monte” (Êx 25.40). O candelabro era formado de uma
única peça de ouro, pelo que não havia partes separadas ou emendadas (Êx 25.31;
37.17). A coluna ou talo central do candelabro era decorada com quatro cálices
esculpidos em forma de flores de amendoeira, alternando-se entre botões e flores
e cada uma das hastes laterais tinha três cálices, alternando-se da mesma forma
entre botões e flores (Êx 25.31-36; 37.17-22). As lâmpadas precisavam ser
limpas e receber seu suprimento de azeite a cada dia pelos sacerdotes (Lv
24.1-4; Êx 40.25,27). Podemos ver isso no tempo do sacerdote Eli: “antes
que a lâmpada de Deus se apagasse […]” (Êx 27.20; 1Sm 3.3) (CHAMPLIN,
2001, vol. 1, p. 572).
5 A finalidade do candelabro.
Uma das
principais finalidades do candeeiro era trazer luminosidade na parte interior
do Tabernáculo. No pátio externo do tabernáculo havia a luz do altar do
holocausto (Lv 9.22-24), no lugar Santo havia a luz do candelabro
(Êx 27.20,21; Lv 24.1-4), e no Santo dos Santos havia a luz do
propiciatório através da presença de Deus pela “shekinah” (a
luz da glória de Deus em cima do propiciatório) (1Sm 4.4; 21,22).
6. A manutenção do candelabro.
Arão e seus
filhos deviam preparar as lâmpadas cada vez que oferecessem incenso no altar de
ouro: manhã e tarde (Êx 30.7,8). Para que as lâmpadas permanecessem acesas era
ordenado que trouxessem “azeite puro” (Êx 27.20; Lv 24.1,2). O
sacerdote tinha duas tarefas diárias que não podiam ser esquecidas: manter
aceso o fogo sobre o altar (Lv 6.12,13) e manter acesas as
lâmpadas do candelabro dentro da tenda durante todo o dia, sendo assim,
a luz não podia ser apagada em momento algum. A expressão “continuamente”
aparece por três vezes (Lv 24.2-4). Era função do sacerdote: a) aparar
os pavios, retirando a parte queimada, e, b) manter o suprimento de
azeite (Êx 27.21; Lv 24.3; Nm 8.1-3). Arão usava cortadores de pavio e
apagadores para cumprir suas funções sacerdotais (Êx 37.23,24) (HENRY, 2010, p.
427).
II. O CANDELABRO E A TIPOLOGIA DA
LUZ
O tipo bíblico é
uma representação pré-ordenada onde pessoas, eventos e instituições do AT prefiguram
pessoas, eventos e instituições do NT. São figuras, ou
lições, pelas quais Deus tem ensinado seu povo acerca do seu plano redentor. Os
tipos são uma mostra de coisas vindouras (Cl 2.17; Hb 8.5; 10.1), e a Bíblia
usa diversos tipos tais como: sinal (Jo 20.25); figura (At
7.43; Rm 5.14; 1Co 10.11); forma (Rm 6.17); parábola,
alegoria (Hb 9.9); modelo (At 7.44; Hb 8.4,5); sombra
(Cl 2.14; Hb 8.5), e exemplo (Fp 3.17; 1Tm 4.12; 1Pe 5.3;
2Pe 2.6). Notemos então:
1. Jesus e a luz.
O profeta Isaías
já falava sobre a vinda da luz ao mundo (Is 9.2; 60.1-2). A vinda de Jesus
significa exatamente isso quando a luz do mundo, e o Verbo (a Palavra) de Deus,
se fez carne e habitou entre nós, Ele ofereceu a luz a todos: “‘Eu sou a
luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo
8.12 ver 9.5). João declarou: “E a luz resplandece nas trevas, e as
trevas não a compreenderam” (Jo 1.5). O apóstolo ainda declara em João
3.19-20: “[…] a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do
que a luz […]”. O evangelista Mateus afirma: “O povo, que estava assentado
em trevas, viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra
da morte a luz raiou” (Mt 4.16). Uma vez que não havia janelas no
tabernáculo, o candelabro supria a luz necessária para o ministério dos
sacerdotes no Lugar Santo. Jesus Cristo é a “luz do mundo” (Jo
8.12).
2. O crente e a luz.
Uma das
características marcantes entre os cristãos é que somos pessoas diferentes.
Temos luz, não luz própria (Fp 2.15). No Sermão da Montanha, o Senhor Jesus
ensinou a seus discípulos que, através do testemunho cristão, os homens
glorificam a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt
5.16). A ausência da luz permite que a escuridão prevaleça. Mas, quando a luz chega,
as trevas desaparecem. Quando Jesus diz que somos a luz do mundo, está
afirmando que a luz se opõe ao mundo, que está em trevas (Is 9.2; 59.9; Jo1.5;
3.19; Rm 13.12; 2Co 6.14). Ser luz do mundo, significa ser santo. Salomão nos
mostra como devemos viver na luz: “O caminho do justo é como a luz da
alvorada, que brilha cada vez mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18). Se
a luz estiver apagada ou escondida, nenhum benefício trará ao ambiente, por
isso, ela precisa ser alimentada: “Vós sois a luz do mundo […] nem se
acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire […]” (Mt 5.14,15).
3. A igreja e a luz.
A simbologia do
candelabro é de particular importância, pois a sua missão era iluminar, e a
missão da Igreja é ter compromisso com Deus, consigo mesma, iluminar o mundo e
estar envolvida. Os sete candelabros representavam as sete igrejas da Ásia, na
visão de João: “[…] os sete candeeiros são as sete igrejas” (Ap
1.20). Jesus Cristo passeava no meio dos sete candelabros (Ap 1.12,13). A
igreja também é chamada de luz do mundo (Ef 5.8; 1Ts 5.5; 1Jo 1.7). As lâmpadas
serviam “para alumiar defronte dele” (Êx 25.37), ou seja, do
próprio candelabro. Da mesma forma, a Igreja foi chamada para “brilhar
diante do Senhor”. As lâmpadas do candelabro tinham que brilhar
continuamente (Lv 24.2). O pedestal ensina-nos que assim como os braços estavam
ligados a haste central devemos andar nos passos de Jesus (1Jo 2.6). As hásteas
estavam ligadas à coluna central do mesmo modo, a Igreja está ligada a Cristo
Jesus. Na alegoria da videira e os ramos (Jo 15.1-5), Jesus é a videira, e seus
discípulos, os ramos. Todo ramo que não estiver ligado nEle não pode suster-se,
nem produzir frutos.
III. O CANDELABRO E A TIPOLOGIA
DO AZEITE
1. Jesus e o azeite.
A palavra grega
para azeite é “chrisma”, que é traduzida por unção (1 Jo
2.20,27). Cristo é o ungido de Deus o Messias prometido. O cálice do candelabro
tinha o formato côncavo de amêndoa, e era uma espécie de copo, no qual se colocava
o azeite. Na cerimônia memorial da Ceia do Senhor o cálice é uma referência
nítida do sangue de Jesus, derramado na cruz para remissão de pecados (Mt
26.27,28; 1Co 11.25). Sendo assim, este cálice pode simbolizar o sacrifício de
Cristo (Jo 18.11; Mt 20.23; 26.42).
2. O Espírito Santo e o azeite.
O azeite é
símbolo notável do Espírito Santo (At 10.38; Mt 25.4; Sl 23.5; Lv 14.16; Nm
6.15; Dt 32.13). É o Espírito Santo que age em cada vida individualmente, e na
Igreja como um todo, para que se possa refletir a luz de Cristo neste mundo,
levando todos a glorificarem o Seu nome (Ap 4.5, Zc 4.6). As hásteas do
candelabro eram ocas, bem como a coluna central, por onde se colocava os
pavios, que eram cheios de azeite de oliva, o combustível do candelabro (Lv
24.1-4), da mesma forma devemos estar “limpos” para que o azeite possa fluir em
nossa vida. É importante salientar que para o bom funcionamento das lâmpadas, o
canal de cada hástea não poderia estar obstruído de modo algum. Assim também
não podemos e não devemos resistir nem entristecer o Espírito de Deus em nossa
vida (At 7.51; Ef 4.30).
3. O crente e o azeite.
O azeite para as
lâmpadas foi trazido, voluntária e generosamente, pela congregação de Israel
(Êx 25.6), assim mesmo devemos oferecer voluntariamente ao Senhor o melhor que
temos. O uso das “espevitadeiras” e “apagadores” era
justificado na manutenção diária das lâmpadas do candelabro, que cabia ao sumo
sacerdote (Êx 30.7). Ele aparava as pontas chamuscadas dos pavios, a fim de que
o brilho pudesse ser mais intenso. Mas para que este brilho perdurasse, era
imperioso que Arão e seus filhos cuidassem diariamente do candelabro (Êx
30.7,8). À luz do dia, limpavam-no, provendo-o de azeite. Isto nos lembra das
fadigas, dos sofrimentos que nós passamos por servir a Deus (Rm 8.18; Jo
14.33). Até mesmo Jesus (a coluna central) passou por isso (Hb 2.18; Jo 4.6;
19.28; Mt 8.24; 26.38; 27.50). Como a manutenção diária das lâmpadas, nossa
vida também tem que ser santificadas e renovadas todos os dias (Pv 4.18).
CONCLUSÃO
As lâmpadas do
Tabernáculo precisavam ser mantidas acessas constantemente e para isso o povo
precisava fornecer o azeite, o combustível que alimentava as chamas. Israel era
um povo sacerdotal, escolhido pelo Senhor para mostrar a todas as nações que a
luz do mundo, Jesus, viria para iluminar os corações de todos os homens,
gentios e judeus. Hoje, pela fé em Jesus Cristo, fomos feitos reis e sacerdotes
e temos a responsabilidade de ser “luz do mundo” (Mt 6.13,14).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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