sábado, 24 de novembro de 2018

LIÇÃO 08 – ENCONTRANDO O NOSSO PRÓXIMO (SUBSÍDIO)


   



Lc 10.25-37 




INTRODUÇÃO
Nesta lição será abordada uma das mais conhecidas parábolas contadas por Jesus: “a parábola do bom samaritano”; veremos algumas considerações importantes para a compreensão da mensagem central desta narrativa; pontuaremos também alguns aspectos do amor verdadeiro, ilustrados na atitude do samaritano; e por fim, destacaremos o que a Bíblia diz sobre o amor ao próximo.


I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
A parábola do bom samaritano é mais uma das narrativas do Senhor Jesus, encontrada apenas no registro do evangelista Lucas. Embora exista uma passagem semelhante (Mt 22.34-40; Mc 12.28-31), porém, há diferenças, notavelmente na cronologia e no fato de que nos demais o resumo é dado por Jesus, mas aqui na passagem em apreço pelo intérprete da lei. Notemos ainda outras informações:

1. A motivação do anúncio da parábola.
Enquanto Jesus ensinava, levantou-se um doutor da lei, fazendo uma pergunta cujo propósito era colocar o Senhor à prova, ou seja, em uma situação embaraçosa: “[…] um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25); isto quer dizer que sua pergunta não foi feita sinceramente mas, para fazer com que Jesus não conseguisse responder à altura, e que tivesse uma oportunidade de se colocar em superioridade. Para corrigir tal atitude bem como mostrar, qual deve ser a conduta dos seus seguidores, a saber, fazer o bem a todas as pessoas, o Mestre conta esta famosa parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37).

2. Personagens principais.
Nesta parábola alguns personagens são mencionados especificamente. Vejamos:

A) Um homem que descia de Jerusalém para Jericó (Lc 10.30).
Jericó estava situada a cerca de vinte e sete quilômetros a noroeste de Jerusalém, estando a cerca de mil metros abaixo desta cidade, de modo que em uma viagem como a deste homem seria necessário enfrentar uma descida bastante íngreme. Era um caminho que corria entre desfiladeiros rochosos com curvas imprevistas que o faziam um lugar ideal para os salteadores (BARCLAY, sd, p.120 – acréscimo nosso). Sobre o homem ferido não se tem qualquer informação, além dos acontecimentos de sua jornada. Seu nome não é informado, nem mesmo a sua raça é declarada: “[…] descia um certo homem de Jerusalém para Jericó” (Lc 10.30a). No entanto, a implicação da história é que ele era judeu, visto que, grande parte da essência e da força da história dependem deste fato. Embora tenha uma atenção especial no texto, ele não é a figura central, de modo que ele faz simplesmente o papel do próximo.

B) Um sacerdote (Lc 10.31).
Um grande número de sacerdotes viviam em Jericó e subiam até Jerusalém quando chegava o seu período de servir no Templo. Este sacerdote, em particular, poderia vir do Templo ao término do seu período de uma semana de serviços. Sendo assim, ele provavelmente passou para o outro lado da estrada para evitar a profanação cerimonial, o que interferiria em suas funções sacerdotais por algum tempo (Nm 19.11; Lv 21.1). De qualquer forma, alguma outra coisa era mais importante para ele do que a vida de um homem mesmo a vida de um semelhante judeu: “[…] descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo” (BEACON, 2006, p. 414).

C) Um levita (Lc 10.32).
Os levitas ajudavam os sacerdotes executando os serviços necessários no Templo (Nm 1.47-54). Qualquer que fosse o motivo que levou a ambos, o sacerdote e o levita, a passarem pelo seu semelhante judeu sem ajudá-lo, a ênfase é a mesma: o que importa é o que lhes faltou, e não o motivo pelo qual não agiram. Eles estavam quase (se não inteiramente) desprovidos de amor pelo seu próximo: “E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo”.

D) Um samaritano (Lc 10.33).
Os samaritanos eram descendentes de casamentos mistos de judeus nos dias do cativeiro; eles inventaram sua própria adoração, uma forma mista de judaísmo e paganismo (2 Rs 17.22-31; Ed 4.1,2), com um templo próprio no monte Gerizim (Jo 4.20-23); eram considerados impuros pelos judeus (2 Rs 17.29; Mt 10.5; Jo 4.9). Por isso, os samaritanos eram odiados pelos judeus e, evidentemente, a maioria dos samaritanos tinha um sentimento similar pelos judeus (Jo 4.9; 8.48). O importante é que um homem que não tinha nenhuma razão especial para ajudar este judeu e quase toda a motivação racial para não ajudá-lo, foi movido de compaixão por um ser humano que estava sofrendo. Embora esse ser humano pertencesse a uma raça odiada, ele parou e o ajudou, fazendo por ele o máximo que podia. É muito importante destacarmos os verbos que aparecem na atitude do samaritano mostrando seu grande amor pelo próximo: “chegou, viu, moveu, aproximou, atou, aplicou, pôs, levou, cuidou, deu, pagou” (Lc 10.33-35). Um caso interessante sobre os samaritanos é o relato dos 10 leprosos curados quando apenas um voltou reconhecendo a graça de Deus, e este, era um samaritano (Lc 17.11-19).

E) Propósito da parábola.
Nenhum outro segmento dos ensinos de Jesus sofre tanto nas mãos de alguns intérpretes como as parábolas. Muitos abordam essa passagem usando o método alegórico, esse, entretanto, não é o método correto de se interpretar uma parábola. O texto mostra nitidamente que ao escriba que queria pegar Jesus em contradição com as minúcias da Lei, é surpreendido pela responsabilidade da graça: “[…] amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. […] respondeste bem; faze isso, e viverás” (Lc 10.27,28). O doutor da Lei queria manter a discussão em nível teórico e filosófico, mas o Senhor o conduz ao campo prático do amor e da ação em benefício do próximo: “Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira” (Lc 10.37). A parábola do bom samaritano destaca a verdade de que compaixão e cuidado são intrínsecas à fé salvadora e à obediência a Cristo. Amar a Deus deve ser também amar ao próximo: “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveuse de íntima compaixão” (Lc 10.33).


II. CARACTERÍSTICAS DO AMOR VERDADEIRO ILUSTRADO NO BOM SAMARITANO
1. Altruísta.
Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra altruísta, quer dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do próximo do que com o seu. O samaritano colocou sua agenda pessoal em segundo plano para servir. Ele “[…] ia de viagem […]” (Lc 10.33), tudo ficou para trás: viagem, negócios, perigo de assaltantes, para salvar aquele homem agonizante. Notemos até que ponto o samaritano ajudou o judeu: a) Ele lhe prestou um imediato socorro emergencial; b) Ele o levou para uma hospedaria, onde o homem poderia receber os cuidados necessários enquanto convalescia; c) Ele pagou a conta antecipadamente; e d) Ofereceu mais assistência caso fosse necessário. Ele não negligenciou nenhum tipo de ajuda que pudesse prestar. Assim sendo, altruísmo é acima de tudo, uma demonstração de amor, pois, o amor não busca os seus interesses (1 Co 13.5; Fp 2.4).

2. Empático.
Um sentimento que fica evidenciado no samaritano é a empatia, ou seja, “a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias” (Lc 6.31). Sobre ele nos é dito: “[…] vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). O samaritano nem procurou saber quem era o necessitado a sua frente, sua religião ou mesmo a sua nação; agiu como que o que se passava fosse com ele mesmo ou um dos seus. Quando temos este amor de Deus servimos bem a todos, servimos bem à obra do Senhor, sem interesse em qualquer recompensa (Mt 7.12 ver ainda Lv 19.18; Mt 22.40; Rm 13.8,10). A ajuda deve ser prática, e não deve consistir simplesmente em sentir pena da pessoa (Tg 2.14-17). É provável que o sacerdote e o levita sentiram algum tipo de dó pelo ferido, mas não fizeram nada. A compaixão, para ser verdadeira, deve gerar atos (Tg 2.26; 1 Jo 3.17,18).

3. Imparcial.
Quando o doutor da Lei perguntou a Jesus: “quem é o meu próximo” (Lc 10.29), Jesus contou-lhe, então, a parábola do bom samaritano, demonstrando que o verdadeiro amor não faz acepção de pessoas (Tg 2.1,8,9); pois, o homem que havia sido assaltado e espancado não foi ajudado pelo sacerdote e nem pelo levita, mas, foi socorrido por um samaritano, que não olhou para sua nacionalidade (Lc 10.25-37). Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos são os dois maiores mandamentos na Lei (Mt 22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-27). A acepção de pessoas é uma atitude contrária à lei do amor (At 10.4; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.9), por isso, devemos amar a todos (Gl 6.10; 1 Ts 3.12), inclusive nossos inimigos (Mt 5.44; Lc 6.27,35). “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). Qualquer pessoa que está em necessidade é nosso próximo, nossa ajuda deve ser tão ampla como o amor de Deus (Jo 3.16).


III. EXORTAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O AMOR AO PRÓXIMO
1. Uma evidência do novo nascimento.
João deixa bem claro que é impossível dizer que conhecemos a Deus, ou seja, que nascemos de novo, se não amarmos ao próximo. Ele diz: “Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 Jo 3.10; 4.20). É pelo amor ao próximo que demonstramos que somos nascidos de Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4.7). Em outras palavras, o apóstolo está afirmando que, se não amamos, é porque não conhecemos a Deus, ou seja, não somos nascidos dEle (Por mais que entendamos que uma pessoa não regenerada também possa amar seu próximo, pois mesmo depois da Queda, ainda existe, mesmo que manchada, a imagem de Deus nela). Que esta lição sirva de motivação e estímulo para amarmos a Deus e ao próximo.

2. Um mandamento.
Amar ao próximo é o segundo mandamento na Lei (Mt 22.35-40). E o apóstolo João reitera este mandamento, quando diz: “E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento” (1 Jo 3.23). Em outra ocasião um doutor da Lei perguntou a Jesus: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.35-40). Portanto, amar não é apenas uma opção, e sim, um mandamento.

3. Caracteriza o autêntico cristão.
O amor deve ser a marca distintiva dos seguidores de Cristo. Por isso, como cristãos, nossa responsabilidade não é apenas ensinar ou pregar sobre o amor, mas, acima de tudo, praticar o amor no nosso dia a dia. Jesus disse: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35). Quem afirma ser cristão, mas tem o coração insensível diante do sofrimento e da necessidade dos outros, demonstra cabalmente que não tem em si a vida eterna (Mt 25.41-46; 1 Jo 3.16-20).


CONCLUSÃO
Que cada cristão seja um “bom samaritano” no sentido bíblico; que cada servo de Deus seja uma bênção para seu próximo. O amor ao próximo da parte de Deus abrange todos os homens, sem qualquer distinção de raça, língua e nacionalidade. Neste particular mais uma vez Jesus é o nosso modelo (Jo 13.15).



REFERÊNCIAS
Ø  BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
Ø  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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