sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

LIÇÃO 02 – A NATUREZA DOS ANJOS: A BELEZA DO MUNDO ESPIRITUAL (SUBSÍDIO)


  




Lc 1.26-35




INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos quem são os anjos, veremos os nomes dados a alguns deles; notaremos que eles são seres espirituais e pessoais; pontuaremos sua natureza e ofício; analisaremos um pouco sobre sua hierarquia; falaremos sobre quem é o “Anjo do Senhor”, e por fim, verificaremos porque não devemos adorar os anjos.


I. QUEM SÃO OS ANJOS
A área da teologia que estuda os anjos é denominada de angelologia. Há inúmeros registros de anjos nas páginas da Bíblia. Não obstante, a descrição dos anjos é sucinta e objetiva quanto a sua origem, identidade, natureza e ofícios. Temos de admitir que muitos fatos sobre os anjos não são claramente revelados nas Escrituras. Elas contêm o que precisamos saber de essencial sobre eles. Quando a Bíblia não detalha, devemos nos abster de especular (Dt 29.29). Por essa razão, precisamos tomar muito cuidado ao fazer deduções fundamentadas apenas em experiências humanas. Vejamos:

1.Definição exegética da palavra anjo.
Em hebraico a palavra anjo é “malak”, em grego é “angelos”, no aramaico é “qaddîsh” e no latim é “angelus” de onde provém o termo português “anjo” que tem o significado de “mensageiro”. A palavra “anjo” aparece 292 vezes em 35 livros da Bíblia (CHAFER apud GABY In: GILBERTO (org) 2010, p. 447). O termo “anjo” significa “mensageiro” nas línguas originais, hebraico e grego, e é usado para designar seres celestiais, seres humanos e também para designar os anjos-maus (Mc 1.2; Ap 3.1;7;14; 2Pe 2.4). Daí, somente no estudo do contexto é que se pode averiguar se a referência diz respeito a um mensageiro humano ou a um angelical. Na Bíblia os anjos são chamados de: a) santos (Dt 33.2); b) vigia (Dn 4.13); c) exército ou exércitos (Sl 148.2); e, d) tronos, dominações, principados, potestades (Cl 1.16). Esses seres espirituais podem ser bons ou maus (Rm 8.38; Ef 6.12). O termo “angelos” é usado poucas vezes no NT para mensageiros humanos (Lc 7.24; 9.52; Tg 2.25; Ap 3.1;7;14), e na maioria das vezes, a palavra refere-se aos mensageiros de Deus que habitam o céu e assistem em sua presença.

2. Os anjos são seres pessoais.
Os anjos são uma ordem sobrenatural de seres celestiais criados por Deus antes da fundação do mundo (Jó 38.6,7; Ne 9.6; Sl 148.2,5; Cl 1.16; 1Pe 3.22). São espirituais: “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores […]” (Hb 1.14). São numerosos (Ap 5.11) e organizados em milícias espirituais que povoam os céus: “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus […]” (Lc 2.13). São seres dotados de: a) personalidade (Lc 1.19); b) inteligência (2Sm 14.17,20; Dn 10.14; Ap 17.7); c) razão (Sl 148.2); d) sentimentos (Jó 38.7; Lc 2.13; 15.10); e, e) volição (Is 14.12-14; Jd 6), isto é verdadeiro tanto para anjos bons quanto para anjos do mal. Eles não são meras figuras de retórica, nem emanações cósmicas, mas são reais e habitam nos céus: “os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18.10). Os anjos e os homens possuem uma natureza racional e espiritual que os torna superiores às demais criaturas irracionais, mas eles não são semideuses (SOARES (org), 2017, p. 85 – acréscimo nosso).


II. A NATUREZA E OS OFÍCIOS DOS ANJOS
1. A natureza dos anjos.
Os anjos são seres espirituais (Hb 1.14), imortais (Lc 20.35,36), imateriais e incorpóreos (Lc 24.39; Ef 6.12), são assexuados (Lc 20.34-36), e não são eternos (Cl 1.16). São criaturas com poderes extraordinários: “Bendizei ao SENHOR, anjos seus, magníficos em poder” (Sl 103.20); estão acima dos seres humanos: “Enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder” (2 Pe 2.11); tem status superior aos humanos além de mais conhecimento (Sl 8.4,5; 2Sm 14.20). Todavia, não são ilimitados, pois são criaturas e não conheciam os planos eternos de Deus (Ef 3.9). Eles não são oniscientes (Mt 24.36; 1Pe 1.12). São seres invisíveis aos olhos humanos (Sl 34.7), mas podem manifestar-se de forma visível de acordo com a vontade de Deus (Lc 1.11,19; Hb 13.2). Eles são seres pessoais e morais (Hb 1.14). Suas aparições em forma humana são aparências assumidas ocasionalmente em forma angelofânica (Gn 19.1-3; Jz 13.6; Hb 13.2). Existem grandes multidões de anjos no céu (Hb 12.22; Ap 5.11) mas apenas Gabriel (Dn 10.13; Ap 12.7) e Miguel (Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19,26; Jd 9) são identificados por nome na Bíblia. Os anjos também não se reproduzem nem podem multiplicar-se (Mc 12.25).

2. Os ofícios dos anjos.
Os anjos são poderosos (2 Sm 24.15,16; 2Rs 19.35,36) e obedientes a Deus: “anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra” (Sl 103.20). Eles louvam e glorificam a Deus tanto no céu (Sl 148.2; Ap 7.11,12) como na terra, assim como aconteceu por ocasião do nascimento de Jesus (Lc 2.13,14). Eles intermediaram a entrega da Lei no Monte Sinai (At 7.53; Gl 3.19). Estão presentes nos cultos e observam a nossa vida (1Co 4.9; 1Tm 5.21). Esses seres angelicais executam as obras de Deus tanto no julgamento dos inimigos do povo de Deus (2Rs 19.35; At 12.23) como também dos crentes quando estes desobedecem a Deus (1Cr 21.16). Eles revelam e comunicam a mensagem de Deus aos seres humanos (Lc 1.13; 26,27). Esses mensageiros celestiais assistiram os apóstolos Pedro e Paulo (At 27.23) e o próprio Senhor Jesus (Mc 1.13; Lc 22.43). Foram eles que anunciaram às mulheres a ressurreição de Jesus (Mc 28.5,6) e estiveram presentes na sua ascensão (At 1.10,11). Os anjos estão associados à vinda de Cristo (1Ts 4.16), pois eles acompanharão o Senhor Jesus na Sua volta gloriosa (Mt 25.31), que enviará os seus anjos para separar o trigo do joio (Mt 13.39- 41) e para ajuntar os escolhidos no fim dos tempos (Mt 24.31). Eles trabalham a favor dos que temem a Deus (Sl 34.7; 91.11,12) e os livra (At 5.19; 8.26; 12.11; Hb 1.14). São eles que transportam os salvos ao seu destino final na sua morte (Lc 16.22).


III. A HIERARQUIA DOS ANJOS
Os anjos acham-se organizados de forma hierárquica através de graduações que revelam níveis de autoridade entre eles. Essas graduações são percebidas pelo tipo de atividade que os anjos exercem no universo e na presença de Deus. Quando a Bíblia Sagrada se refere a principados (Ef 3.10), potestades (Cl 2.10), tronos (Cl 1.16) e domínios (Ef 1.21), não alude a espécies de anjos, mas à diversificação dos níveis de autoridade exercida por eles. Notemos:

1. Os arcanjos.
A palavra “arcanjo” do grego “archangelos” significa: “anjo principal”. O prefixo “arch” sugere tratar-se de um anjo chefe, principal ou poderoso. Isso indica um ser angelical que exerce um papel de maioral, de príncipe, como um “primeiro-ministro” em governos terrenos. Miguel é um deles (Jd 9), o guardião do povo de Israel (Dn 12.1). O nome Miguel, “mikhael” em hebraico, significa: “quem é semelhante a Deus?”. O nome aparece cinco vezes na Bíblia como: “príncipes” (Dn 10.13,21; 12.1); como arcanjo (1Ts 4.16; Jd 9); e como o combatente contra Satanás e seus anjos (Ap 12.7). Segundo o pastor Ezequias Soares, a declaração: “e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes” (Dn 10.13) mostra que existem mais anjos da categoria dele, e não é, portanto, verdadeira a ideia de que só existe um arcanjo (SOARES; SOARES, 2018, pp. 46,47).

2. Os querubins.
A palavra “querubim” origina-se do plural hebraico “kerub” cujo significado é: “guardar; cobrir; proteger” que é um vocábulo correlato com um verbo acadiano que também significa: “bendizer, louvar, adorar”. Satanás pertencia à classe dos querubins (Ez 28.14). Os querubins aparecem como guardiões da árvore da vida, do trono e da santidade de Deus (Gn 3.24; 1Sm 4.4; 1Rs 6.29-35; Ez 10.1,20; 41.18-25). No livro do profeta Ezequiel eles aparecem como criaturas com características humanas e animais (Ez 10.14,15). Os querubins estão diretamente ligados à santidade de Deus e à sua adoração (Êx 25.20,22; 26.31; Nm 7.89; 2 Sm 6.2; 1Rs 6.29,32; 7.29; 2Rs 19.15; 1Cr 13.6; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26; 9.3; 10.1-22; 11.22) (GABY In: GILBERTO (org) 2010, p. 454). Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia como guardiões do jardim do Éden (Gn 3.24). Eles, porém, representam a presença, a grandeza e a majestade de Deus (Ez 11.22). Deus habita entre os querubins (1Cr 13.6; Sl 18.10; Ez 10.1-22) (SOARES (org.), 2017, p. 88).

3. Os serafins.
O vocábulo “serafim” origina-se da raiz hebraica “sarap” que quer dizer: “ardentes, flamejantes, brilhantes, refulgentes”. Os serafins aparecem em Isaías 6 como os seres de asas que cantam a Javé, o Deus de Israel. Estão diretamente ligados a adoração e o louvor a Deus. Os serafins, é mencionado somente em Isaías 6.2-7 (SOARES, 2017, p. 89).


IV. O ANJO DO SENHOR
1. Um Anjo especial.
O Anjo do Senhor reivindica uma autoridade divina, pois exibe atributos divinos e realiza ações divinas. A expressão “Anjo do Senhor” é mencionada na Bíblia Sagrada mais de cinquenta vezes no AT e a maneira pela qual esse Anjo é descrito distingue-o dos demais, pois Ele: a) perdoa ou não pecados (Êx 23.20-23); b) aceita adoração (Êx 3.1-6; Js 5.13-15); c) executa juízos (Nm 22.22); d) intercede pelo povo escolhido (Zc 1.12); e, e) tem o poder de salvar (Is 63.9). A designação “Anjo do Senhor” é a expressão usada no AT para revelar profeticamente o próprio Cristo em várias de suas manifestações antes da sua encarnação (Cristofania, uma aparição de Cristo pré-encarnado). Uma coisa sumamente importante é dita acerca dEle: que o “nome do Senhor está nEle” (Êx 23.20,21). Em um bom número de citações bíblicas “o Anjo do Senhor” fala como o próprio Deus, na primeira pessoa do singular (Gn 16.7; 21.17; 22.11,15; 31.11-13; Êx 3.2; 14.19; Nm 22.22-36; Js 5.13-15; 13.2-22; Jz 2.1,4; 1Cr 21.16). O Anjo do Senhor é identificado explicitamente como Deus. É dito claramente que Ele é o Senhor (Gn 16.13; 22.12,15-18; 31.11-13; 48.15-16; Êx 14.19; 23.21; Jz 6.11-23; 13.19-22; Is 42.8). A referência ao “Anjo do Senhor” cessa depois da encarnação de Cristo e as referências a “um anjo do Senhor” (Lc 1.11; At 5.19) falta o artigo “o”, o que sugere “um” anjo comum.


V. OS ANJOS NÃO RECEBEM ADORAÇÃO
O culto aos anjos é uma perigosa idolatria (angelolatria), na qual muitos têm naufragado. A Bíblia proíbe terminantemente que o homem os adore (Cl 2.18). Vejamos por que os anjos não devem ser objetos de nosso culto.

1. Os anjos são criaturas de Deus.
Somente o Criador é digno de toda a honra e de todo o louvor; sendo os anjos criaturas (Sl 33.6), têm como missão louvar a Deus, e não receber louvor ou adoração (Ap 19.10; 22.8,9).

2. Os anjos são nossos conservos.
Sendo eles criados por Deus, consideram-se nossos conservos (Ap 19.10). Esta é recomendação dos anjos (Ap 22.8,9). Erram, portanto, aqueles que, menosprezando o Criador buscam adorar a criatura (Rm 1.25). Os anjos recusam adoração; antes, adoram a Deus e a Cristo (Sl 148.1,2; Is 6.3; Hb 1.6; Ap 4.8-11; 5.11,12; 7.11).


CONCLUSÃO
Concluímos esta lição aprendendo que os anjos são seres reais, pessoais e espirituais que foram criados por Deus para servi-lo, adorá-lo e também para guardar o seu povo como conservos seus.




REFERÊNCIAS
Ø  GILBERTO, Antônio (Org.); et al. Teologia Sistemática Pentecostal. RJ: CPAD, 2008.
Ø  SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. RJ: CPAD, 2018.
Ø  SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Ø  HORTON, S. M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. RJ: CPAD, 1996.




Por Rede Brasil de Comunicação.


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