1 Pe
5.5-9
INTRODUÇÃO
Neste primeiro
trimestre de 2019, estudaremos o tema: “Batalha espiritual – O povo de Deus e a
guerra contra as potestades do mal”. Hoje iniciaremos a primeira lição
com o tema: “Batalha espiritual – a realidade não pode ser subestimada”.
Introduziremos o assunto definindo o que é batalha espiritual; destacaremos que
de forma equilibrada devemos estar conscientes de que vivemos em uma guerra
contra as hostes espirituais da maldade; pontuaremos como se dá a atuação de
Satanás no mundo; e, por fim veremos que Jesus se manifestou para desfazer as
obras do diabo.
I. DEFININDO O
TERMO
A palavra “batalha”
é definida pelo dicionário como: “combate entre forças oponentes; combate
especialmente importante ou decisivo; troca de golpes, luta, duelo, peleja,
enfrentamento prolongado ou permanente” (HOUAISS, 2001, p. 413). Já a
expressão “batalha espiritual” diz respeito ao enfrentamento espiritual
que se dá entre a Igreja de Cristo e as forças do mal, a saber: Satanás e os
demônios que estão sobre o seu comando. O principal texto bíblico que faz
referência explícita a esta batalha é Efésios 6.10 onde Paulo diz que: “[…] não
temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as
hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12).
II. A REALIDADE DA
BATALHA ESPIRITUAL
1. Ignorar.
Infelizmente não
são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra
os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque
preferem não acreditar. No entanto, a Bíblia nos assegura que a vida cristã não
é um mar de rosas, senão de que é uma peleja constante até o nosso último
suspiro de vida ou até o retorno de nosso Senhor Jesus Cristo. A vida cristã
sempre foi retratada como uma batalha ou combate (Mt 7.24- 27; 2 Co 7.5; Fp
1.27,30; 2.25; Cl 1.29; 2.1; 4.12; 1 Ts 2.2; 2 Tm 4.7; Hb 10.32; 12.4). Ignorar
o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso
Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2 Co 2.11). Pedro também
afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar” (1 Pd 5.8). Veja ainda (1 Co 7.5; Ef 6.16; 1 Ts 2.18; Ap
12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão algemados no Inferno (2 Pe 2.4;
Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes e emissários de Satanás, sob
o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).
2. Supervalorizar.
Enquanto uns
ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo
menos dois erros: a) atribuem
tudo ao diabo. Embora Satanás seja um causador de males aos homens na
terra, há males que sobrevêm ao homem por causa do seu pecado (Rm 5.12; Lm
3.39), e outros que são enviados por Deus como punição (gn 6.5,17; 2 Cr 7.13);
e, b) acham que o diabo é tão poderoso
quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At
26.18; 2 Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is
14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e
sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31). O
diabo e seus anjos já foram derrotados por ocasião do sacrifício de Cristo (Gn
3.15; Cl 2.15). No entanto, a consumação de sua derrota está por vir, quando
definitivamente será sentenciado ao castigo eterno (Is 14.15; Mt 25.41; Ap
20.10).
3. Ser moderado.
Que existe um
reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12)
influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está
patente na Bíblia, que afirma: “o mundo jaz no maligno” (1 Jo 5.19).
Jesus, por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo”
(Jo 12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe
das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência”
(Ef 2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de
Cristo que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e
potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação
ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja
(2 Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os
demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Esse texto
não quer dizer que nenhum crente como pessoa e nenhuma igreja local ou
denominação, jamais será destruída. O que Cristo quer dizer é que, a despeito
de Satanás fazer o pior que pode, a igreja não será destruída. Portanto, o
crente individualmente, pode sim, ser tentado e derrotado pelos demônios.
Lembremos de Judas (Lc 22.3); Ananias e Safira (At 5.3-5), e outros que
sucumbiram ante os ataques do inimigo (1 Tm 5.15). Logo, para vencermos, é
necessário não darmos lugar ao diabo (Ef 4.27); nos fortalecermos no Senhor (Ef
6.10); usarmos as armas espirituais que dispomos (2 Co 10.3-5; Ef 6.11; 13-17);
mantendo uma vida de constante oração e vigilância (Ef 6.18). A Bíblia mostra
que a luta incessante do Diabo contra a igreja pode ocorrer de diferentes
maneiras: a) através de pessoas
ímpias que assumem posições na política (Dn 7.21; Ap 13.7); b) por meio da criação de leis que se
contrapõe a liberdade de culto e afronta os valores judaico-cristãos (Dn 3.10;
Ap 2.10; 13.16); e, c) do surgimento
de heresias (At 20.29,30; 2 Co 11.3,13,14; 1 Tm 4.1).
III. A ATUAÇÃO DE
SATANÁS NO MUNDO
1. Induzindo os homens ao pecado.
Após sua
rebelião contra Deus, a primeira coisa que Satanás fez foi induzir a tentação o
primeiro casal, no Éden, como registrou Moisés (Gn 3.1-6). Que o inimigo estava
agindo, por meio da serpente, mais tarde o NT revela (Ap 12.9; 20.2). Após a
Queda, este mesmo ser, continua tentando os homens, levando-os ao erro e
consequente afastamento de Deus. Paulo tratou desse assunto quanto disse: “o
príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da
desobediência” (Ef 2.2). Mesmo sendo crentes não estamos livres de
sermos tentados pelo diabo. O próprio Jesus foi tentado (Mt 4.1; Hb 4.15);
Paulo asseverou que o diabo ainda tenta os cristãos (1 Co 7.51 Ts 3.5); Tiago e
Pedro também afirmaram isso (Tg 4.7; 1 Pe 5.8). É bom destacar que o fato de o
diabo influenciar, isto não tira do homem a responsabilidade moral e individual
do pecado (Gn 4.7; 1 Cr 21.1,8; Rm 5.12).
2. Oprimindo as pessoas.
O diabo e seus
demônios, além de tentarem os homens para levá-los ao pecado, podem também
oprimir as pessoas. A palavra “opressão” significa: “sujeição
imposta pela força ou autoridade; tirania, jugo” (HOUAISS, 2001, p.
2072). Esta opressão pode se dar por meio das enfermidades (Mt 9.32; Lc 13.16)
embora nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos maus (2 Rs
20.1; Is 38.1; 1 Tm 5.23); e, também da possessão demoníaca (Mt 15.22; Mc
5.2-5; Lc 8.2; At 16.18). É bom destacar que o crente que vive em comunhão com
Deus não pode ficar endemoninhado, pois neste habita o Espírito Santo (1 Co
6.19; 1 Jo 5.18); o Espírito Santo e os demônios nunca poderão habitar no mesmo
corpo simultaneamente (2 Co 6.15,16), exceto se, esta pessoa pecar contra Deus
e não se arrepender entristecendo o Espírito Santo (1 Sm 16.14; Ef 4.32; 1 Ts
5.19). Os demônios podem, no entanto, influenciar os pensamentos, emoções
e atos dos crentes que não obedecem os ditames do Espírito Santo (Mt 16.23; 2
Co 11.3,14) (STAMPS, 2005, p. 1467 – acréscimo nosso).
3. Cegando o entendimento dos incrédulos.
Paulo diz que
existe uma atuação de Satanás no mundo criando barreiras para os pecadores não
se convertam: “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que
lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de
Deus” (2 Co 4.4). A expressão “cegar o entendimento” fala de um
poder espiritual que o diabo exerce sobre as pessoas que estão debaixo do
pecado, dificultando-lhes o entendimento e a compreensão das coisas de Deus (2
Co 4.3; Ef 4.18; Cl 1.21).
IV. A ATUAÇÃO DE
CRISTO NO MUNDO
Além de vir ao
mundo para salvar os pecadores (Mt 1.21), o apóstolo João diz que: “para
isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1
Jo 3.8). Acima, citamos algumas obras do Diabo no mundo, no entanto, abaixo
destacaremos o que Jesus veio fazer para desfazê-las. Vejamos:
1. Perdoando os pecados.
O pecado afasta
o homem de Deus (Gn 3.23,24; Is 59.2). Só a remoção deste, tornará possível a
reconciliação da criatura com o Criador. Jesus veio ao mundo “salvar
o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21). João Batista disse que Ele é o
“Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O escritor aos hebreus
disse que Jesus “uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si
mesmo” (Hb 9.26).
2. Libertando da opressão.
Isaías
profetizou que o Messias viria para “proclamar liberdade aos cativos, e a
abertura de prisão aos presos” (Is 61.1-b). Na sinagoga de Nazaré,
quando teve a oportunidade de fazer a leitura dos profetas e trazer a devida
explicação, Jesus, leu esta profecia de Isaías e asseverou: “Então
começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”
(Lc 4.21), ou seja, Ele veio “pôr em liberdade os oprimidos” (Lc
19). Pedro pregou o evangelho para o gentio Cornélio e asseverou o poder
libertador de Jesus dizendo: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o
Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os
oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38).
3. Abrindo os olhos espirituais.
Isaías também
profetizou que o Messias abriria os olhos aos cegos (Is 35.5; Lc 4.19). No meio
das mais densas trevas que o mundo ficou por causa do pecado, a vinda do
Messias é retratada como o raiar de uma luz “o povo que andava em trevas, viu
uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu
a luz” (Is 9.2). Tal profecia se cumpriu literalmente por ocasião do
aparecimento de Jesus como nos mostrou Mateus (Mt 4.16-16). O apóstolo João
também se referiu a vinda de Jesus ao mundo como a chegada da luz: “E a
luz resplandece nas trevas […]” (Jo 1.5a); e registra que o próprio
Jesus se declarou ser “a luz do mundo” (Jo 8.12; 9.5;
12.46); que, como tal veio abrir os olhos dos homens, que desejam enxergar: “E
disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem
vejam, e os que veem sejam cegos” (Jo 9.39). Portanto, mediante o poder
do evangelho o pecador pode ser iluminado, e ter seus olhos espirituais abertos
(Ef 1.18; Hb 6.4; 10.32). Foi para esta tarefa espiritual que Jesus comissionou
os apóstolos e a igreja (At 26.18).
CONCLUSÃO
Precisamos estar
cônscios de que existe um inimigo que luta com todas as suas forças para
destruir a nossa vida e impedir o avanço da obra de Deus. No entanto “maior
é o que está conosco do que o que está no mundo” (1 Jo 4.4).
REFERÊNCIAS
ü GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática
Pentecostal. CPAD.
ü HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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