Fp 4.4-9
INTRODUÇÃO
Na presente
lição trataremos da realidade de que o diabo age de forma astuta contra os
cristãos a fim de causar-lhes danos a vida espiritual; destacaremos quais as
áreas que o nosso inimigo poderá atuar no âmbito material e também o
espiritual, tendo como alvo a mente humana; e, por fim, concluiremos pontuando
o que é necessário fazer para vencermos os ardis do maligno contra a nossa
mente.
I. AS ASTUTAS
CILADAS DO DIABO
Engana-se quem
pensa que o diabo age de forma desordenada. Ele é um ser calculista, ou seja,
que age de forma planejada para alcançar os seus objetivos malignos (2 Co 2.11;
1 Tm 3.7b). Paulo nos falou sobre “as astutas ciladas do diabo” (Ef
6.11). A palavra “cilada” significa: “emboscada, armadilha, arapuca”
(HOUAISS, 2001, p. 717). O apóstolo diz que estas ciladas são astutas, palavra
que significa: “esperteza, manha, sagacidade, malícia, treta, artimanha” (HOUAISS,
2001, p. 1895). Quando escolheu o animal para por meio dele enganar o primeiro
casal, o diabo preferiu a serpente por ser “a mais astuta das alimárias do
campo” (Gn 3.1). A serpente sabe esperar o momento certo de dar o bote,
ela não se precipita, e com muita cautela espera que a vítima esteja no lugar
certo e quando isso não sucede, ficando rodeando a mesma procurando uma posição
que facilite a investida. Paulo sabia disto, por isso exortou a igreja de
Corinto dizendo: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia,
assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem
da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). Muitas vezes as ciladas
perigosas surgem com ares de inocência, mas que são preparadas para pegar de
surpresa o crente, tanto na esfera física, como moral, e espiritual.
II. ÁREAS EM QUE O
DIABO PROCURA ATUAR
Segundo Paulo, o
diabo pode disparar “dardos inflamados” contra os homens
(Ef 6.16). Os dardos eram estopas embebidas em alguma substância inflamável,
que eram acesas e lançadas em flechas contra o adversário. Havia naquele tempo
escudos muito frágeis, feitos de madeira. Os inimigos lançavam esses “dardos
inflamados” para queimar o escudo e tornar vulnerável o corpo do
soldado para ser atingido (CABRAL, 1999, p. 91). Já vimos em outras lições que
o diabo não pode agir de forma autônoma, ele
tem permissão condicionada por Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31).
Dentro da soberania divina, ele pode atuar em dois âmbitos da esfera humana. Vejamos:
1. No âmbito material.
O maligno também
pode lançar seus dardos inflamados contra aquilo que temos a fim de nos
prejudicar. Ele tocou no patrimônio financeiro e na família de Jó, a fim de
fazê-lo blasfemar contra Deus (Jó 1.11-19). Em certos casos, Deus soberanamente
permitiu que ele afligisse alguns dos seus servos com enfermidades, que foi o
caso de Jó (Jó 2.1-7) e talvez tenha sido o de Paulo (2 Co 12.7). Aos crentes
de Esmirna, por meio do imperador, ele desencadeou uma perseguição feroz, conduzindo-os
a prisão a fim de negarem a fé em Jesus (Ap 2.10).
2. No âmbito espiritual.
Um dos lugares
onde se dá o campo de batalha do homem contra Satanás é na mente. A palavra “mente”
no grego é “nous” é um substantivo que significa a mente como: sede das
emoções e sentimentos, do modo de pensar e sentir, inclinação moral,
equivalente ao coração (Rm 12.2; 1 Co 1.10; Ef 4.17,23); entendimento,
intelecto (Lc 24.45; 1 Co 14.14,15,19; Fp 4.7; Ap 13.18) (PALAVRA-CHAVE, 2009,
p. 3563). Pelo fato de nossa vida depender do tipo de pensamento que produzimos
ou desenvolvemos (Pv 23.7-a), Satanás, que é um ser inteligente (Ez 28.3), e
conhece o ser humano de maneira profunda (Mt 16.23-a), busca lançar dardos
inflamados na mente humana para que o homem pense, aja e reaja de acordo com a
sua vontade (Ef 2.2,3). Nesse âmbito, o diabo pode lançar as seguintes
investidas ou sugestões:
· Dúvidas (Gn 3.4,5);
· Rebelião (Ap 20.8);
· Medo (Lc 22.57);
· Pensamentos negativos (Mt 27.5);
· Culpa (Zc 3.1; Ap 12.10);
· Orgulho (1 Cr 21.1);
· Heresias (1 Tm 4.1; 2 Tm
2.25,26);
· Homicídio (Gn 4.8; Jo 8.44);
· Falta de misericórdia (2 Co
2.10,11);
· Tentação (Gn 3.6; 39.7; Jo 13.2;
At 5.3; 1 Co 7.5; 1 Ts 3.5).
III. VENCENDO AOS
ATAQUES DO DIABO NA MENTE
Que estamos numa
batalha contra as hostes espirituais da maldade, isto é fato (Ef 6.10-12).
Ciente disto, devemos nos precaver tomando as atitudes certas a fim de
vencermos esta luta. Abaixo destacaremos algumas atitudes necessárias para que
tenhamos êxito nesta peleja. Notemos:
1. Renovando a mente.
O homem em seu
estado natural “não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem
loucura” (1 Co 2.14a), pois ele não foi regenerado, está morto
espiritualmente em seus delitos e pecados (Ef 2.1,5); está entenebrecido no
entendimento (Ef 4.18); e, sob a cegueira de Satanás (2 Co 4.4). Somente quando
nasce de novo é que este homem é transformado pela renovação do seu
entendimento (Rm 12.2). Somente por meio dessa operação do Espírito é que o homem
tem condições de vencer os ataques de Satanás “[...] o que
de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1
Jo 5.18).
2. Guardando a mente.
Satanás é um
inimigo externo. Portanto, seus ataques contra o crente se dão de fora para
dentro. Ele procura diariamente introduzir na nossa mente seus dardos
inflamados, logo, para vencermos precisamos guardar a mente: “Sobre
tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as
fontes da vida” (Pv 4.23). O verbo “guardar” significa: “vigiar
para defender, proteger, preservar” (HOUAISS, 2001, p. 1493). Devemos
guardar o nosso coração dos ataques de Satanás, deixando-o ocupado com a oração
(Mt 26.41; Ef 6.18; Cl 4.12) e a Palavra de Deus (Sl 119.11; Ef 6.17-b). Foi
orando e com a mente impregnada da Palavra que Jesus venceu a mais terrível
batalha na mente: a tentação no deserto (Mt 4.1-11).
3. Sujeitando a mente a Cristo.
É inevitável que
soframos ataques de Satanás, no entanto, devemos para vencê-los, sujeitando a
nossa mente a Cristo: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao
diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). “Essa palavra é um termo militar
que significa fique no seu próprio posto, ponha-se no seu lugar. Quando um
soldado quer se colocar no lugar do general ele tem grandes problemas” (LOPES,
2006, p. 89). Somos exortados a amar a Deus com toda a nossa mente (Dt 11.13;
Mc 12.30). Se consagrarmos a nossa vida inteiramente a Cristo, não haverá
espaço para que o pecado nos domine. Só assim venceremos a Satanás (Rm
6.12,13).
4. Ocupando a mente com coisas boas.
A mente vazia ou
exposta a coisas ruins é terreno para a atuação do diabo. A mente humana
funciona como uma esponja que absorve tudo o que vemos, ouvimos e percebemos.
Sendo assim, precisamos selecionar muito bem aquilo a que assistimos, como
também o que lemos e ouvimos, estes são os canais que dão acesso à nossa mente
(Sl 101.3; Mt 6.22). Logo, precisamos ocupá-la com o que edifica. O apóstolo
Paulo deixou bem claro que aquele que serve a Deus deve preencher a mente com o
que agrada ao Senhor: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). E, ainda: “pensai nas coisas que são de
cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.2).
5. Usando a fé.
O diabo pode
enviar suas sugestões na nossa mente, a fim de nos prejudicar, no entanto,
devemos rebatêlas por meio da fé: “Tomando sobretudo o escudo da fé, com
o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef
6.16). Neste versículo Paulo comparou a fé com um escudo. “O escudo é a arma
defensiva contra os ataques diretos do inimigo. O soldado prendia o escudo num
dos braços. Esse escudo tinha a forma de um prato gigante, que servia para
proteger todo o corpo. A fé diz respeito à nossa confiança e crença
doutrinária. Um soldado cristão sem escudo é soldado vulnerável aos ataques
satânicos. O conhecimento da Palavra de Deus forma o ‘corpo da fé’, ou seja, o
escudo da fé que protege o crente contra as heresias e mentiras satânicas”
(CABRAL, 1999, pp. 90,91). A fé é de vital importância para que vençamos os
ataques de Satanás, pois a fé mostra que somos dependentes de Deus e que não
podemos vencer sozinhos. Pedro diz também que podemos resistir ao diabo pela
fé: “Sede
sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando
como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo
que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1
Pd 5.8,9). A fé chama em nosso socorro a ajuda de Deus (1 Co 10.13; 2 Pd 2.9).
CONCLUSÃO
O diabo investe
ferrenhamente contra a nossa mente com o intuito de nos atingir e provocar o
nosso fracasso espiritual. No entanto, podemos vencer esta árdua batalha
tomando as atitudes corretas, guardando a nossa mente, sujeita-a domínio de
Cristo, ocupando-a com as coisas boas e utilizando o escudo da fé.
REFERÊNCIAS
Ø BÍBLIA
DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE. CPAD.
Ø CABRAL,
Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Comentário Bíblico: Tiago. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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