Mt
4.1-11
INTRODUÇÃO
Introduziremos esta aula trazendo
a definição da palavra “tentação”; destacaremos algumas
verdades sobre a tentação a luz da Bíblia; pontuaremos também que Tiago destaca
o processo da tentação que culmina na consumação do pecado; por fim, veremos
quais as atitudes necessárias devemos tomar para vencer as tentações.
I. DEFINIÇÃO
Segundo o dicionário a palavra “tentação”
significa: “impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável”
(HOUAISS, 2001, p. 2695). No original grego, a palavra tentação é “peirasmos”,
que significa “teste”, “provação”, “tentação para a prática do mal”.
Esse vocabulário pode incluir ou não a ideia de alguma questão moral envolvida.
Pode simplesmente indicar um teste difícil, uma prova, e não alguma tentação
tendente à prática do mal, uma incitação ao pecado. Por outro lado, essa
palavra pode envolver também a ideia de incitação ao pecado (CHAMPLIN, 2004, p.
351). Logo, esta palavra pode ter conotação tanto positiva (provação)
quanto negativa (tentação), dependendo do contexto (Sl 95.8; Mt 6.13;
Lc 8.13; 11.4; Gl 4.14; Ap 3.10).
II. ALGUMAS
VERDADES SOBRE A TENTAÇÃO
1.
A tentação é algo do ser humano.
A tentação é algo próprio do ser
humano: “Não veio sobre vós tentação, senão humana […]” (1 Co 10.13).
Somando-se ao fato da humanidade, o homem, depois da Queda do primeiro casal,
herdou a natureza pecaminosa que o inclina para o mal (Gn 8.21; Sl 51.5; Jó
14.4; Rm 5.12; Ef 2.3). Tiago nos diz que “[…] cada um é tentado, quando atraído e
engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14). O caso de
Jesus, porém é excepcional. Embora tenha sido tentado porque era plenamente
humano: “em tudo foi tentado” (Hb 4.15a), ele não possuía a natureza
pecaminosa: “mas sem pecado” (Hb 4.15a). Veja também: (Jo 8.46; Lc 1.35; Hb
7.26). Como Deus ele não podia ser tentado, mas como homem passou por diversas
tentações (Mt 4.3; Lc 22.28; Hb 2.18). É bom destacar também que ser tentado
não é pecado, o pecado está em ceder a tentação (Mt 6.13; 26.41).
2.
A tentação tem um agente.
O agente da tentação não é Deus.
Tiago nos assevera isso: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou
tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta”
(Tg 1.13). A Bíblia diz que Deus prova os Seus filhos (Gn 22.1; Êx 20.20; Dt
8.2; Sl 11.5; Jo 6.6; 1 Pd 4.12-19). O diabo é quem aparece na Bíblia como o
tentador, aquele que induz o homem ao pecado (Mt 4.3; Lc 4.13; 1Ts 3.5). Logo
nos primeiros capítulos da Bíblia vemos ele tentando os nossos primeiros pais
(Gn 3.1-7). Incitando Davi a contar o povo (1 Cr 21.1). Em Mt 4.3 vemo-lo
tentando a Cristo. Paulo escrevendo aos Tessalonicenses diz: “temendo
que o tentador vos tentasse” (1Ts 3.5). Aos coríntios escreveu dizendo
que: “temia que eles fossem enganados pela serpente” (2 Co 11.3);
Pedro diz que o tentador “anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8).
3.
A tentação pode ser vencida.
Por mais forte que seja a
tentação contra um crente, ela pode ser vencida (Tg 4.7). Deus não permite que
sejamos tentados além das nossas forças: “[...] fiel é Deus, que não vos deixará
tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que
a possais suportar” (1 Co 10.13). “O termo escape ‘ekbasis’ era usado como
referência a uma passagem na montanha. A imagem é de um exército ou de um grupo
de viajantes preso nas montanhas. Eles descobrem uma passagem e o grupo escapa
para algum lugar em que possa estar em segurança” (BEACON, 2006, p. 320). Isso
nos remete ao momento escatológico em que o exército de Israel será cercado
pelo anticristo para ser desbaratado por este, no período da grande tribulação,
no entanto, nesse momento, os judeus clamarão ao Senhor e Ele virá ao Seu
encontro para os defender e abrir o escape para o Seu povo quando pisar o monte
das Oliveiras, que se fenderá no meio (Zc 12.10; 14.1-5; Ap 19.11-21).
III. AS FASES DA
TENTAÇÃO
Alguns judeus arrazoavam que
tendo Deus criado tudo, devia também ter criado o impulso do mal, e
considerando que é o impulso do mal que tenta o homem ao pecado. Em última
análise é Deus que o criou, e por isso é o autor e responsável pelo mal
(BARCLAY, sd. p. 52). Tiago refuta essa ideia afirmando que “Deus
não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13).
Em vez de acusar Deus pelo mal, o homem deve assumir a responsabilidade pessoal
dos seus pecados (Lm 3.39). “O homem faz de vítima a si mesmo” (CHAMPLIN, 2004,
p. 24). É a sua própria cobiça ou concupiscência que o atrai e o seduz (Tg
1.14,15). A palavra “concupiscência” no grego “epithumia”,
denota “desejo forte, desordenado” de qualquer tipo seja bom ou ruim,
sendo frequentemente especificado por algum adjetivo. A palavra é usada em
referência a um desejo bom somente em (Lc 22.15; Fp 1.23; 1 Ts 2.17), em todos
os outros lugares têm um sentido negativo referindo-se aos maus desejos que
estão prontos para se expressar (Rm 13.14; Gl 5.16,24; Ef 2.3; 2 Pe 2.18; 1 Jo
2.16) (VINE, 2002, p. 487 – acréscimo nosso). Tiago vê o pecado não apenas como
um ato, mas como um processo em quatro estágios. Notemos:
3.1
A atração.
O primeiro passo da tentação é a
atração: “Mas cada um é tentado, quando atraído” (Tg 1.14a). A palavra “atração”
significa: “sedução, sentimento de interesse, curiosidade” (HOUAISS, 2001,
p. 338). Isto significa dizer que jamais seremos tentados por aquilo que não
nos sentimos atraídos. Esaú não resistiu ao guisado, quando voltou da caça e
vendeu seu direito de primogenitura, para saciar o seu desejo (Gn 25.29,30,34);
Sansão viu uma mulher filisteia e não resistiu contraindo matrimônio com ela
(Jz 14.1,3); a mulher de Potifar se insinuou para José, um jovem de boa
aparência, no entanto, ele resistiu recusando a sua proposta indecente (Gn
39.7-9); quando Jesus teve fome, que o diabo apareceu para
induzi-lo a transformar as pedras em pão (Mt 4.2,3); no entanto, o
Mestre resistiu e não cedeu a oferta de Satanás (Mt 4.4). A natureza carnal que
ainda existe em nós, vez por outra, sentirá atração pelo pecado, cabe ao
crente, andar no Espírito, para não cumprir este desejo: “Andai em Espírito, e não
cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). A Bíblia nos exorta a
resistir aos desejos carnais, “deixando-os” (Hb 12.1); “negando-os”
(Mt 16.24); “mortificando-os” (Cl 3.5); e, se preciso for, “fugindo”
deles (2 Tm 2.22).
3.2
O engodo.
A segunda coisa destacada pelo
apóstolo Tiago na tentação é o engodo (Tg 1.14-b). A expressão “engodo”
quer dizer: “isca usada para atrair animais; chamariz” (HOUAISS, 2001, p.
1149). O simbolismo, talvez seja o da pesca. Os homens usam de uma isca para
enganar o peixe, o qual, apanhado pelo engodo, paga com sua vida” (CHAMPLIN,
2004, p. 23). Da mesma forma, o homem é atraído por algo que desperta a sua
concupiscência. O diabo é especialista em colocar a isca certa para atrair e
despertar a concupiscência humana. Vejamos alguns exemplos bíblicos: a) para o primeiro casal ele tinha a curiosidade
pelo fruto (Gn 3.6); b) Para Noé ele
tinha uma taça de vinho (Gn 9.20,21); c)
para Davi uma mulher se banhando (2 Sm 11.2); d) para Ananias e Safira o desejo de se tornar notório (At 4.35-37;
5.1-10); e) para Judas o dinheiro
(Mt 26.15; Jo 12.6); e, f) para
Demas, o presente século (2 Tm 4.10).
3.3
A concepção.
A terceira fase da tentação é a
concepção (Tg 1.15-a). Esta fase é bastante perigosa, pois aproxima o homem da
queda que é o próximo passo. O verbo “conceber” quer dizer: “ser
fecundado por, engravidar, gerar, acalentar” (HOUAISS, 2001, p. 1149).
Todos somos tentados diariamente por coisas que se colocam na nossa frente.
Diante disto, nós podemos renunciar ou permitir que este desejo
seja alimentado em nosso interior, tal como uma semente que quando cai na
terra, se encontrar terreno propício e for irrigada, poderá criar raízes e
florescer até gerar o fruto maligno que é a consumação (Tg 1.15). Devemos com a
ajuda da graça (2 Tm 2.1) e do poder de Deus (Ef 6.10), resistir aos apelos da
carne, do mundo e do diabo que dia a dia procuram nos seduzir a prática das
obras da carne, que são um obstáculo na nossa caminhada (Hb 12.1).
3.4
A consumação.
Este é o último estágio da
tentação (Tg 1.15-b). Quando a pessoa não procura resistir as demais fases da
tentação, não conseguirá evitar o passo seguinte: a consumação. O verbo “consumar”
quer dizer: “levar a termo; concluir, rematar; cometer, praticar” (HOUAISS,
2001, p. 815). O resultado da consumação do pecado é a morte: “[…]
o
pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15b). Foi o que foi dito
ao primeiro casal (Gn 2.17), e o que eles receberam pela desobediência (Rm
5.12; 6.23). Essa morte é essencialmente espiritual, mas pode também ser física
(At 5.5,10; 1 Co 11.30) e eterna (1 Co 6.10; Gl 5.19-21; Ap 22.15), senão
houver arrependimento sincero e abandono do pecado (Pv 28.13).
IV. COMO VENCER AS
TENTAÇÕES
MEIOS
PARA VENCER AS TENTAÇÕES
|
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Orando e vigiando (Mt 26.41);
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Renunciando a si mesmo (Gn
39.7-12);
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Tomando toda a armadura de Deus
(Ef 6.10-18);
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Refugiando-se em Jesus (Hb
2.18);
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Evitando a ociosidade (2 Sm
11.1,2; 2 Pe 1.8-10);
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Sujeitando-se a Deus (Tg 4.7a);
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Evitando tudo que possa levar a
tentação (Pv 27.12; 1 Ts 5.22);
|
Resistindo ao Diabo (Tg 4.7b);
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Lendo e meditando na Palavra de
Deus (Js 1.7,8);
|
Vivendo cheio do Espírito Santo
(Ef 5.18);
|
Andando em Espírito (Gl 5.16);
|
Vivendo em santidade (Ef
4.22-25; 1 Pe 1.16);
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Ocupando a mente com o que é
santo (Fp 4.8; Cl 3.2);
|
Manifestando o fruto do
Espírito (Gl 5.22,23).
|
CONCLUSÃO
As tentações na
vida cristã são diárias. Precisamos da ajuda de Deus para vencer o pecado e
conservarmos a nossa vida espiritual saudável até a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø BARCLAY,
William. Comentário Bíblico de Tiago.
PDF.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø VINE,
W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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