Ef
6.10-12
INTRODUÇÃO
Nesta lição
destacaremos algumas informações essenciais sobre a epístola de Paulo aos
Efésios; pontuaremos também, algumas considerações importantes sobre a batalha
espiritual, visto que a nossa luta não é contra carne e sangue; e por fim,
veremos quais as recomendações apostólicas para vencermos esta guerra.
I. INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA
AOS EFÉSIOS
1. Autoria e
destinatários.
A autoria é
classicamente atribuída ao apóstolo Paulo quando de sua primeira prisão em Roma
(Ef 1.1; 3.1; 4.1; 6.20); Paulo implantou a igreja em Éfeso durante a sua
segunda viagem missionária. Depois de ter passado 18 meses em Corinto (At
18.11), ele visitou Éfeso com Áquila e Priscila (At 18.18), e voltou a Éfeso
durante sua terceira viagem missionária e permaneceu ali por três anos (At
19.8-10; 20.31). Durante o tempo que ali passou, Deus operou poderosamente
através do apóstolo (At 19.11), em Éfeso houve várias conversões (At 19.18,19),
batismo no Espírito Santo (At 19.6,7), curas divinas e expulsão de demônios (At
19.12), e a propagação do evangelho (At 19.10,20,26), resultando no temor a
Deus e a glorificação do nome do Senhor Jesus (At 19.17).
2. Propósito.
Essa epístola
não foi escrita para combater alguma heresia específica ou mesmo problemas na
igreja local, antes foi enviada com a finalidade de fortalecer e encorajar os
crentes de um modo geral (Ef 1.15-17). Paulo em oração anseia que seus leitores
cresçam na fé e que sejam cheios do poder do alto (Ef 3.14,16), para que assim
vivam uma vida digna da vocação com que foram chamados (Ef 4.1-3; 5.1,2).
3. Curiosidades.
A carta aos
Efésios é considerada a coroa dos escritos de Paulo, a rainha das epístolas
paulinas (LOPES, 2009, p. 09), também é considerada uma carta gêmea de
Colossenses, visto que são escritas do mesmo local, no mesmo período e levadas
às igrejas pelo mesmo portador e ambas tratam basicamente das mesmas coisas (Ef
6.21; Cl 4.7,8). A igreja em Éfeso é a única do Novo Testamento que recebeu
cartas de mais de um escritor bíblico, João também tinha uma mensagem para eles
(Ap 2.1-7). Essa igreja teve mais pregadores famosos do que qualquer outra,
isso incluiu homens como Paulo, Apolo, João e Timóteo.
II. CONSIDERAÇÕES QUANTO A NOSSA
LUTA ESPIRITUAL
Além das
informações já mencionadas a respeito da epístola aos Efésios, algo que é digno
de nota é que o fato de Paulo tratar de forma tão veemente a respeito da
batalha espiritual, se dá exatamente pela experiência vivida pelo apóstolo na
implantação da igreja naquela cidade. Em Éfeso, além da resistência ao
evangelho por parte de alguns judeus (At 19.8,9), a influência demoníaca era
visível, pois nela estava o templo da deusa pagã chamada de Diana dos efésios
(At 19.24,27,35), boa parte dos cidadãos daquela cidade tinham envolvimento com
artes mágicas (At 19.19), muitas pessoas eram oprimidas por espíritos malignos
(At 19.12), a tal ponto que existia entre eles um grupo de judeus que tinham
como prática o “exorcismo” (At 19.13). Por essa razão Paulo considera
necessária a conscientização da luta espiritual. Vejamos algumas considerações:
1. Definição do
termo lutar.
Paulo ao
referir-se ao combate espiritual na sua epístola aos Efésios assim afirma: “Porque
não temos que lutar contra a carne e o sangue […]” (Ef 6.12),
ele usa a palavra “lutar” do grego “pale”, que diz
respeito a ação de duas forças que agem em sentido contrário, esse termo em seu
sentido original aponta para a luta romana (1Co 9.25), ou seja, uma competição
entre duas pessoas na qual cada uma se esforça para derrubar a outra, e que é
decidida quando um é capaz de manter seu oponente no chão com seu braço sobre
seu pescoço; Paulo usou essa palavra baseado no tipo de luta que havia nos
jogos gregos e, posteriormente, nas arenas romanas, onde os lutadores lutavam
corpo a corpo até a morte de um deles, desse modo o termo é usado figuradamente
acerca do combate cristão contra as forças do mal. Sobre esta luta o apóstolo
faz algumas advertências, e para poder vencê-la, devem ser levadas em
consideração as orientações expostas nesta carta.
2. É uma
realidade.
O apóstolo Paulo
deixa claro que o verdadeiro cristão (Ef 1-3), cuja vida é controlada pelo
Espírito Santo (Ef 4.1 – 6.9), pode ter certeza de que está numa batalha
espiritual (Ef 6.10-18). É apropriado Paulo usar uma imagem militar para
ilustrar o conflito do cristão com Satanás e os demônios, pois ele próprio
encontrava-se acorrentado a um soldado romano (Ef 6.20), e, por certo, seus
leitores estavam acostumados com os soldados e seus equipamentos de guerra. Na
verdade, o apóstolo demonstra uma predileção por ilustrações militares para
descrever a vida cristã (2 Co 10.4; 1Tm 6.12; 2Tm 2.3; 4.7). Diversas vezes
nesta carta Paulo mencionou que a trajetória de vida dos cristãos não está
ilesa de dificuldades, mas está fundamentalmente marcada pela luta, ainda que
Cristo tenha derrotado os poderes, sendo entronizado como Soberano (Ef 1.21;
3.10), as potestades do mal exercem sua ação sombria contra os salvos em Jesus
(Ef 6.12).
3. Exige do
crente preparação.
Toda e qualquer
batalha requer preparação e estratégia. Ninguém deve se lançar numa luta
despreparado. Essa preparação requer cuidados que se tornam indispensáveis para
o sucesso da batalha, Paulo assim recomenda: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). A palavra vem de “endunamousthe”
e significa: “tornar-se forte, receber força”, outro
termo usado com o mesmo sentido é: “krataioomai”, que quer dizer:
“ser fortalecido, ser corroborado”, e o imperativo está na voz passiva:
“sede fortalecidos”, “fortalecei-vos”, dessa maneira
fica claro que força necessária aqui não pode ser produzida por pessoas (2 Co
10.3), pelo contrário ela tem sua fonte e essência no Senhor (CABRAL, 1999, p.
87). Quando se vive em união com Ele, dentro dos limites de Sua vontade e,
consequentemente, de Sua graça, não pode haver falha devida à falta de poder (1
Jo 2.14). Fora dEle o cristão nada pode fazer (Jo 15.1-5), mas toda a força do
Seu poder está à nossa disposição. Pelo fato de forças espirituais más estarem
dispostas em ordem de batalha contra o crente, só os recursos divinos e
espirituais podem resistir a elas (2 Co 10.4). Esse fortalecimento se faz
necessário para que o conflito que é violento possa ser suportado (Ef 6.11,13).
4. Deve se
identificar a natureza do combate.
Paulo deixa
claro que a guerra cristã não é empreendida contra forças terrenas, porque ele
diz: “não temos que lutar contra carne e sangue […]” (Ef
6.12), caso se tratasse disso a força humana seria suficiente. Antes de falar
contra quem devemos lutar, o apóstolo declara contra quem não é a nossa luta. O
apóstolo declara enfaticamente que essa batalha não é física nem terrena, mas
espiritual. A expressão “carne e o sangue” denota a espécie da batalha,
uma expressão usada frequentemente no NT para referir-se a ser humano, ou a
natureza do homem (Mt 16.17; 1Co 15.50; Gl 1.16; Hb 2.14), portanto, ao usá-la
Paulo quer dar a entender aqui, simplesmente, a natureza humana em contraste
com os seres espirituais, que não possuem a matéria e, portanto, não são
de carne e sangue. Sendo assim, não se trata de uma luta humana de
homens contra homens, mas contra inimigos espirituais, nossa luta, portanto,
não é física, mas espiritual e esta realidade era por certo, algo bem familiar
aos cristãos em Éfeso (At 19.13-20). Seria uma tragédia um soldado sair para a
guerra sem saber contra quem deve guerrear. Há muitos cristãos que estão entrando
na batalha e ferindo aos próprios irmãos, estão atingindo com seus torpedos os
próprios aliados, em vez de bombardear o arraial do inimigo (LOPES, 2009, p.
178,179). O inimigo a ser derrotado é o diabo e todo o seu exército (1Pe 5.8;
Ef 6.12).
2.5 O lugar do
combate.
Mais uma vez
fortifica-se o fato de que se trata de uma luta espiritual e não terrena: “[…]
nos lugares celestiais” (Ef 6.12) No grego, a frase “nos
lugares celestiais” aparece como: “en tois epouraniois”, “que
existe no céu, coisas que têm lugar no céu”. Diversas vezes encontramos
esta expressão na epístola aos Efésios. Nas passagens de Efésios 1.3 e 2.6,
esses lugares celestiais indicam a posição do crente em Cristo, uma posição
elevada, isto é, colocada acima da vida do mundo; entretanto, no texto de
Efésios 6.12, o significado da expressão lugares celestiais é outro, indica os
lugares onde Satanás e suas hostes habitam e comandam toda a sua guerra contra
os remidos do Senhor (CABRAL, 1999, p. 89).
III. COMO VENCER A LUTA
ESPIRITUAL
1. Revestir-se
de toda a armadura de Deus.
Reiterando a
necessidade do cristão estar preparado para a batalha espiritual e vencê-la,
Paulo exorta a que nos revistamos das armas pertencentes a Deus: “Revesti-vos
de toda a armadura de Deus […]” (Ef 6.11), notemos que este ato implica
na responsabilidade humana: “A noite é passada, e o dia é chegado.
Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz” (Rm
13.12).
2. Viver em
constante vigilância.
Uma recomendação
não menos importante é que o cristão deve ficar firme: “[…] para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef
6.11), do grego “histemi”, que significa: “ficar de pé, manter-se
no lugar, continuar seguro, continuar pronto ou preparado”, isso indica
estar de olhos abertos, atento, de prontidão para o combate visto o perigo a
volta e sagacidade do inimigo (1Pe 5.8,9). Devido à insistência do adversário bem
como a intensificação dos seus ataques (Mt 4.1-11; Lc 4.13), é possível ao
cristão sentir o desgaste e se tornar propenso a esmorecer e ceder às pressões
durante o combate (Mc 6.48), por essa razão o apóstolo alertou sobre a necessidade
de em Deus buscarmos a capacidade de resistir: “[…] para que possais
resistir no dia mau […]” (Ef 6.13), o termo mau “poneros”
traz a ideia de: “um momento cheio de labores,
aborrecimentos, fadigas”, são momentos como esses em que o crente
deve buscar ainda mais a graça de Deus para vencer (2 Co 12.9).
3. Agir com
prudência e perseverando em oração.
A luta contra o
diabo e seus demônios é uma realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar
fogo, de modo que a recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois
de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.13 –
ARA), depois das vitórias alcançadas não devemos abaixar as armas, visto que não
há momento mais vulnerável na vida de um cristão quando depois de uma grande
conquista. Uma forma de evitar essa vulnerabilidade é o crente se fortalecer
através da oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não podemos vencer essa guerra
com nossa própria capacidade (2 Co 3.5).
CONCLUSÃO
A batalha
espiritual é uma realidade incontestável à luz das Escrituras, no entanto,
também fica claro que esta luta não é contra as pessoas e sim contra as forças
espirituais do mal, por essa razão fortalecidos em Deus, poderemos com segurança
sermos vitoriosos.
REFERÊNCIAS
Ø CABRAL,
Elienai. Comentário da Carta aos Efésios. CPAD.
Ø HAHN,
Eberhard; BOOR, Werner. Comentário Carta aos Efésios. EDITORA ESPERANÇA.
PDF
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Comentário Expositivo Efésios. HAGNOS.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário