terça-feira, 9 de abril de 2019

LIÇÃO 01 – TABERNÁCULO: UM LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS (SUBSÍDIO)






Êx 25.1-9




INTRODUÇÃO
Neste segundo trimestre de 2019, estudaremos o tema: “O Tabernáculo – Símbolos da Obra Redentora de Cristo”. Nesta primeira lição, definiremos a palavra tabernáculo; faremos algumas considerações sobre este templo móvel; quais os propósitos de Deus ao ordenar a Moisés que erguesse essa tenda; e, por fim, abordaremos que o tabernáculo e seus utensílios prefiguram a pessoa do Messias Jesus e Sua obra na cruz do Calvário em favor do mundo.


I. DEFININDO O TABERNÁCULO
O tabernáculo era uma tenda portátil que os israelitas carregaram nos 40 anos de vagueações no deserto e durante seus anos na Terra Prometida até que Salomão construiu o primeiro templo. Geralmente chamava-se “tenda” ou “tabernáculo” por sua cobertura exterior que o assemelhava a uma tenda (Êx 26.1; Lv 8.10; Nm 1.50; Js 22.19). Também se denominava “tenda da congregação” porque ali Deus se reunia com o seu povo (Êx 29.42-44). Visto como continha a arca e as tábuas da lei, chamava-se “tabernáculo do testemunho” (Êx 38.21). Chamava-se, além disso, “santuário” porque era uma habitação santa para o Senhor (Êx 25.8). No hebraico os dois termos principais para tabernáculo são “Bayith”, “casa”, e, “Miqdash”, “sagrada” (CHAMPLIN, 2004, p. 124).


II. CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TABERNÁCULO
Depois de haver resgatado o povo de Israel da escravidão, Deus lhes deu um código de Leis (Êx 20-23); orientou-lhes também sobre um tabernáculo, como um lugar específico de adoração (Êx 25.1-8); os ministros do culto (Êx 28.1-43); as ofertas para o culto (Lv 1-4); e, as festas que deveriam anualmente ser celebradas como culto (Lv 23.1-44). Vejamos algumas considerações sobre o tabernáculo:

1. Idealizado por Deus.
O livro de Gênesis nos mostra que os patriarcas costumavam construir altares em diversos locais de acordo com a sua peregrinação, não havendo portanto, um lugar fixo para adoração a Deus (Gn 8.20; 12.8; 13.18; 26.25; 35.7). No entanto, na ocasião em que Deus redimiu o povo de Israel da escravidão no Egito, o conduziu ao deserto, o Senhor ordenou-lhes que construíssem um lugar pudesse estar no meio do Seu povo. A ideia da construção do tabernáculo foi divina, não humana: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8). O tabernáculo que era um templo móvel, que com o passar do tempo foi substituído por um templo fixo, arquitetado por Davi e construído por seu filho Salomão (1 Cr 28.6). A afirmação de que no NT não se faz necessário um templo é um equívoco, pois Jesus frequentava o templo (Mt 21.14; 26.55; Lc 19.47); e, os discípulos da igreja primitiva também (At 2.46; 5.25; 5.42).

2. Foi construído com as contribuições do povo.
Para a edificação deste lugar de adoração, Deus ordenou que Moisés recolhesse do povo as contribuições, que fossem dadas voluntariamente: “Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada” (Êx 25.2). O relato de Moisés nos diz que Deus especificou os materiais necessários para a construção dessa casa sagrada (Êx 25.3-7). Estas ofertas foram custosas, pois se calcula que por si sós equivaleriam hoje a mais de um milhão de dólares” (HOFF, 1995, p. 71). Interessante que a Bíblia não somente registra as contribuições para a edificação desta casa, como também fala de que era responsabilidade do povo a manutenção dela, e dos ministros que vivem exclusivamente para o trabalho do Senhor (Nm 18.19-21). Esta manutenção se dá por meio entrega dos dízimos e das ofertas: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa [...]” (Ml 3.10). Este mesmo princípio é válido no NT para os obreiros que vivem exclusivamente para a obra (Lc 10.7; 1 Co 9.9-14; 1 Tm 5.17,18).

3. Foi revelado a Moisés.
Deus não somente ordenou a Moisés a construção do tabernáculo como, no monte, mostrou-lhe o modelo “conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo [...]” (Êx 25.9), e, também especificou os materiais e os móveis que deveria ter, com uma grande riqueza de detalhes (Êx 25-27). Ensina a grande lição de que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados com o culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o culto prestado segundo prescrições de homens. Por isso mais duas vezes no livro de Êxodo o Senhor exorta a Moisés dizendo: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40); e, “Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte” (Êx 26.30).

4. Uma representação das coisas celestes.
A palavra de Deus para Moisés sobre o tabernáculo foi: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40). O escritor da epístola aos hebreus assevera que existe um tabernáculo celeste e que o tabernáculo terrestre é uma representação dele: “os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hb 8.5-a). O autor usa os termos gregos “hypodeigma” e “skia”, traduzidas aqui como “exemplo” e “sombra” respectivamente. Portanto, cada detalhe exposto na sombra - tabernáculo terrestre, que era um tipo, tinha o propósito de aproximar-se da realidade, isto é, do antítipo - tabernáculo celeste” (GONÇALVES, 2017, p. 70 – acréscimo nosso).


III. O PROPÓSITO DO TABERNÁCULO
Quando Deus ordenou a Moisés que construísse esta casa sagrada, Ele tinha em mente pelo menos três motivos. Notemos:

1. O lugar do encontro de Deus com o Seu povo.
Deus desejava habitar com o Seu povo e quando ordenou a construção do tabernáculo tinha esse objetivo: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8).

2. O lugar onde o povo ofertaria ao Senhor.
Era para este lugar que cada israelita deveria trazer suas ofertas e apresentá-las ao Senhor, seja para se redimir (Lv 1.1-9), ou ações de graças, voto ou oferta voluntária (Lv 7.11-21).

3. O lugar onde o povo se redime com Deus.
Além dos sacrifícios diários que os hebreus poderiam apresentar a fim de redimirem diante de Deus (Lv 1-4); havia também no tabernáculo, anualmente, o Dia da Expiação onde nacionalmente o povo se redimia com Deus (Êx 30.10; Lv 16.1-34).


IV. O TABERNÁCULO PREFIGURA CRISTO JESUS
A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o tabernáculo revela a pessoa de Cristo Jesus:

1 O próprio tabernáculo (Êx 25.8).
O corpo humano é chamado na Bíblia de tabernáculo (2 Co 5.1,4; 2 Pd 1.13,14). Quando o evangelista João falou sobre a encarnação de Cristo, ele afirmou que “[…] o Verbo se fez carne, e habitou entre nós [...]” (Jo 1.14). A palavra grega “eskenosen” traduzida por “habitou”, neste caso, se deriva do substantivo “skenoõ” que significa “tenda”; e é bem provável que apesar desse vocábulo ser usado no simples sentido de “habitar”, sem qualquer referência à sua etimologia, contudo, o autor deste evangelho talvez tenha querido fazer uma definida alusão ao tabernáculo, armado no deserto (Êx 25.8,9; 40.34) (CHAMPLIN, 2005, p. 272 – acréscimo nosso). O propósito do tabernáculo cumpre-se literalmente no Messias. Notemos: a) no tabernáculo Deus se revelava ao seu povo – Cristo é a maior e mais perfeita revelação de Deus (Jo 14.9; Hb 1.1; Cl 1.15); b) o tabernáculo comportava a glória de Deus: em Cristo habita a plenitude da divindade (Cl 2.9); e, c) o tabernáculo era o lugar onde o povo se redimia com Deus: Cristo é aquele que reconcilia o homem com Deus e só por Ele o homem pode ir a Deus (Jo 14.6; At 4.12; 2 Co 5.18-20).

2. Os móveis do tabernáculo.
Tanto o tabernáculo em si quanto os seus utensílios que havia no seu interior prefiguram a pessoa de Cristo. Notemos:

O TABERNÁCULO E OS MÓVEIS
CRISTO JESUS
O tabernáculo (Êx 25.8)
A encarnação de Cristo (Jo 1.14; Fp 2.7; 1 Jo 1.1,2)
O altar do holocausto (Êx 27.1-8)
O sacrifício de Cristo (Hb 9.12-14; 25-28;10.10-14; 13.10)
A pia de bronze (Êx 30.17-21)
A purificação por Cristo (Jo 15.3; Ef 5.26; 1 Co 6.11)
O candelabro (Êx 25. 31-40)
A iluminação de Cristo (Jo 8.12; 9.5; 12.46; Ap 1.13,20)
A mesa com os pães da proposição (Êx 25.23-40)
A provisão de Cristo (Jo 6.32,48)
O altar do incenso (Êx 30.1-10)
A intercessão de Cristo (Rm 8.34; Hb 7.25)
A arca da aliança (Êx 25.10-16)
A presença de Cristo (Mt 18.20; 28.20; Jo 14.23)


3. Os sacrifícios no tabernáculo.
Aos sacerdotes foi dada a responsabilidade de comparecer diante de Deus com ofertas e sacrifícios (Hb 5.11). Embora estes sacrifícios tenham sido instituídos por Deus, eles não eram plenos, pois: a) eram repetitivos (Hb 10.11); b) não limpavam à consciência (Hb 9.9); e, c) não purificavam os pecados (Hb 10.4). Isaías profetizou que um homem faria expiação pelos pecados da humanidade (Is 53.1-12). Igualmente o salmista (Sl 40.6-8). O escritor aos hebreus cita este texto para mostrar que profeticamente se cumpriu em Jesus, quando este encarnou e vivendo de forma perfeita entregou o seu corpo como oblação pelo nosso pecado (Hb 10.5-9).

4. Os ministros do tabernáculo.
O sacerdote, termo que no hebraico é “kohen”, era o ministro divinamente designado, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). O sacerdócio de Arão prefigurava o de Cristo (Hb 2.17,18; 4.14-16; 5.1-4; 7.11). No entanto, o sacerdócio de Cristo é superior, quanto a: a) perfeição moral (Hb 7.26-28); b) função mediadora (Hb 5.5,6,10; 7.21); c) consagração permanente (Sl 110.4; Hb 2.17; 7.26-28); d) intercessão nos céus (Hb 2.18; 7.25); e, e) e, a oferta de si mesmo (Hb 9.14; Hb 10.10).


CONCLUSÃO
O tabernáculo foi idealizado por Deus e edificado com as contribuições dos hebreus, com o propósito de que neste lugar Deus habitasse entre o Seu povo e dele recebessem ofertas. Esta casa sagrada e os seus móveis prefiguram Cristo e a Sua obra redentora em prol de todos os homens.




REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé. CPAD.
Ø  HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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