Êx
31.1-11
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos os significados dos nomes Bezalel e Aoliabe; analisaremos alguns
aspectos da escolha de Deus em relação aos artesãos do tabernáculo; e por fim,
pontuaremos algumas lições práticas que aprendemos com Bezalel e Aoliabe para
nossa vida.
I. O SIGNIFICADO
DOS NOMES DOS CONSTRUTORES DO TABERNÁCULO
1. Bezalel.
O primeiro a ser
escolhido por Deus era um descendente da tribo de Judá, ou seja, um judeu: “Eu
escolhi Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá”
(Êx 31.2). Bezalel significa: “à sombra de Deus” ou “Deus
é a minha proteção”. O nome o pai de Bezalel é “Uri” significa: “luz,
resplendor”. Já o nome do seu avô “Hur” significa: “livre”.
Bezalel era da tribo de Judá, que significa “louvor”
(CONNER, 2004, p. 18 – grifo nosso).
2. Aoliabe.
O outro homem
envolvido na edificação do Tabernáculo foi um descendente da tribo de Dã, ou
seja, um danita: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque,
da tribo de Dã [...]” (Êx 31.6; 35.34,35). Aoliabe
significa: “tabernáculo ou tenda de meu pai”. O nome do pai de Aoliabe que
é “Aisamaque”
significa: “aquele que apoia ou auxilia”. Aoliabe era da tribo de Dã,
que significa “juiz”. O artesão chefe na construção do templo de Salomão foi
Hirão que também pertencia à tribo de Dã (2 Cr 2.13,14) (CONNER, 2004, p. 18 –
grifo nosso).
II. OS ARTESÃOS DO
TABERNÁCULO E A ESCOLHA DE DEUS
A descrição
detalhada do Tabernáculo, incluídos os numerosos acessórios e mobiliário exigia
um toque hábil. Deus revelou o tabernáculo a Moisés (Êx 25.9), e através dele
convocou Bezalel e Aoliabe e outros artífices (escultores, artesãos,
carpinteiro, marceneiros e tecelões), imbuídos de devoção e sabedoria e
dotados de inteligência e habilidades para elaborar o santuário, cumprindo o
que fora ordenado pelo Senhor no monte Sinai (Êx 26.36). Notemos:
1. Deus falou quem seria os construtores.
Para fazer com
precisão os muitos detalhes exigidos na construção do Tabernáculo e de todas as
suas mobílias e acessórios, Moisés precisava de trabalhadores especializados.
Deus até poderia produzir este lugar de adoração mediante um ato milagroso do
seu poder, mas, escolheu fazer por meio de homens capacitados com inteligências
artificiosa e inventiva para o trabalho: “Depois, falou o Senhor a Moisés [...]”
(Êx 31.1).
2. Deus revelou quem seria os construtores.
Foi o próprio
Deus quem revelou a Moisés os nomes de quem seria os artesãos: “[…]
Eis
que o Senhor tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da
tribo de Judá” (Êx 35.30). Bezalel deveria ser o arquiteto, ou o
artesão mestre (Êx 35.34), e pertencia à tribo de Judá uma tribo que Deus se
alegrava em honrar. Era neto de Hur, provavelmente o mesmo Hur que tinha
ajudado a manter erguidas as mãos de Moisés (Êx 17.12), e que nesta ocasião
estava trabalhando com Arão no governo do povo, na ausência de Moisés (Êx
24.14). A tradição dos judeus diz que este Hur era o marido de Miriã irmã de
Moisés. E, caso isto seja verdade, era necessário que Deus o indicasse a este
serviço, para que, se Moisés o tivesse feito, não fosse julgado parcial para
com seus próprios parentes, uma vez que seu irmão Arão também tinha sido colocado
no sacerdócio. Deus honrou os parentes de Moisés, mas mostrou que esta honra não vinha
de Moisés, mas sim, do próprio Deus (HENRY, 2010, p. 325 – grifo
nosso).
3. Deus chamou os construtores.
O Tabernáculo
era um projeto divino e Deus precisava de pessoas habilidosas para construí-lo.
Por isso, Ele chamou pessoas e as usou de maneira graciosa: “Eis
que eu tenho chamado [...]” (Êx 31.2-a; ver ainda 36.1).
Bezalel e seu assistente, Aoliabe, foram chamados para dar beleza às formas
materiais do Tabernáculo. Os homens aqui foram chamados por Deus para fazer
trabalhos artísticos específicos com ouro, prata, cobre (bronze), madeira, e
pedras (Êx 31.4,5). Eles seguiriam as instruções detalhadas dadas a Moisés: “conforme
tudo que te tenho mandado” (Êx 31.11). Estes homens usariam sua perícia
e orientariam os outros no desempenho da obra de Deus: “todo aquele que é sábio de
coração” (Êx 31.6).
4. Deus capacitou os construtores.
Neste texto, não
estão em vista a capacitação natural que pode ser treinada e aperfeiçoada, mas
o dom da graça recebido pelo Espírito Santo (Êx 36.2). Os dons do Espírito são
em grande parte estas capacitações naturais dedicadas a Deus e inspiradas pelo
Espírito. Estes dons são achados nas expressões vocais e no intelecto, mas
também em trabalhos manuais e na percepção visual. Para esta tarefa, houve o
enchimento do “Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo
artifício” (Êx 31.3). Podemos então dizer que neste texto: a)
Espírito de Deus fala da capacitação dada exclusivamente pelo Senhor; b)
Sabedoria denota o alcance de mente e força de capacidade; é o poder de
julgar a melhor coisa a fazer; c) Entendimento é a capacidade de
compreender as partes diferentes de um trabalho e sua forma completa; e, d)
Ciência indica o conhecimento de materiais pela prática e experiência.
É possível dedicar as habilidades pessoais a Deus para serem usadas diretamente
na obra do Senhor.
5. Deus ordenou os construtores.
Todos somos alvo
do amor de Deus quanto a salvação, pois seu desejo é que todos os homens
indistintamente cheguem ao pleno conhecimento da verdade e sejam salvos (1Tm
2.3,4). No entanto, para realização de Sua obra em algumas funções específicas,
há uma ordenação particular: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe
[...] para que façam tudo o que te tenho ordenado” (Êx 31.6).
III. LIÇÕES
PRÁTICAS QUE APRENDEMOS COM BEZALEL E AOLIABE
Um “dom
natural” é fruto da genética ou treinamento, enquanto que um “dom
espiritual” é uma concessão unicamente do Espírito Santo. Notemos:
1. A escolha de Deus para a obra é soberana.
É Deus que nos
escolhe, nos chama, nos capacita e nos envia. Foi o Senhor quem elegeu,
chamou,
capacitou
e enviou
Bezalel e Aoliabe para todas as obras relacionadas ao Tabernáculo a fim de que
fosse construído exatamente conforme o modelo que fora mostrado. Não está
dentro das atribuições unicamente do homem selecionar, chamar, qualificar
ou nomear.
Tal é a sã doutrina que nos é sugerida pelas palavras do próprio Deus, pois os
obreiros para esta construção foram: a) Divinamente escolhidos: “eu
tenho posto” (Êx 31.2a), b) Divinamente chamados: “eu tenho
chamado” (Êx 31.6a), c) Divinamente qualificados: “eu
tenho dado” (Êx 31.6b), e, d) Divinamente nomeados: “eu tenho
ordenado” (Êx 31.6c). Demais, ninguém podia presumir de se nomear a si próprio
para esta obra; nem tampouco ninguém pode nomear-se a si próprio para a obra do
ministério, pois tudo, é e deve ser, absolutamente da competência divina: “E
subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele” (Mc
3.13).
2 Nossa capacidade na obra vem de Deus.
A declaração de
que Bezalel e Aoliabe receberam suas aptidões do “Espírito de Deus”
prefigura os dons do Espírito que o Senhor concede a todos os crentes
consagrados à obra do Senhor (Rm 12.4-8; 1 Co 12.1-31; Ef 4.7-13). No caso dos
artesãos do tabernáculo não foi diferente: “e o enchi do Espírito de Deus, de
sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx
31.3). Devemos nos lembrar sempre que nossa capacidade vem do Senhor: “não
que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós
mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5). Todos
nascemos com diferentes aptidões dadas por Deus e, quando nos convertemos,
recebemos diferentes dons do Espírito Santo que devem ser usados para o bem da
igreja e para a glória do Senhor. Paulo nos diz ainda: “O qual nos fez também capazes
de ser ministros [...]” (2 Co 3.6a).
3. Deus capacita de maneira especial para a obra
quem Ele chama.
Deus chamou
Moisés e nomeou Bezalel e Aoliabe para dirigir a obra da construção do
Tabernáculo, pois sem líderes a obra não avançaria, e o Senhor também chamou
artífices voluntários para auxiliá-los (Êx 31.6; 35.10). Bezalel e Aoliabe
foram capacitados para fazer os móveis do tabernáculo: “Assim, trabalharam Bezalel, e
Aoliabe, e todo homem hábil a quem o SENHOR dera habilidade e inteligência
[...]” (Êx 36.1). Todos os homens são chamados para serem salvos, mas,
nem todos os salvos são chamados para serem líderes. Por isso, o apóstolo Paulo
disse: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Uma vez escolhidos e
chamados, seremos agora capacitados por Deus. Devemos lembrar das palavras de
João Batista: “O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu”
(Jo 3.27).
4. Deus capacita aqueles que são obedientes e
submissos na sua obra.
O Senhor chamou
Moisés diretamente pelo nome (Êx 3.1-10), mas Bezalel e Aoliabe foram
chamados indiretamente, ou seja, através de Moisés. Embora Deus
escolhesse por nome a Bezalel e Aoliabe (Êx 31.2a, 6a), logicamente coube a
Moisés nomeá-los e apresentá-los (Êx 35.30; 36.2). Não
há nenhuma passagem mostrando Deus falando diretamente com eles como fez com
seu líder. É inspirador ser chamado por nome direta ou indiretamente
por Deus, mas também é importante ser nomeado por quem Deus autoriza a escolher
obreiros (BEACON, 2010, p. 222 – grifo nosso). Bezalel, Aoliabe e os outros
auxiliares tiveram o privilégio de participar destas obras e foram fiéis,
submissos e obedientes em seguir as orientações divinas dadas ao seu líder: “Fez
Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, tudo quanto o Senhor
ordenara a Moisés” (Êx 38.22).
5. Deus capacita aqueles que estão dispostos a
glorificar ao Senhor e não a si mesmo.
Apesar das
grandes importantes contribuições, Bezalel e Aoliabe são praticamente
esquecidos depois do tabernáculo concluído. Tem gente que seu nome aparece, mas
a sua obra não, e tem gente que o seu nome não aparece, mas a sua obra se eterniza:
“Não
a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória [...]”
(Sl 115.1). O apóstolo Pedro também entendeu assim: “A ele seja a glória, tanto agora
como no dia eterno” (2 Pe 3.18). Paulo também compreendeu desta forma:
“Porque
dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém!” (Rm 11.36). João na ilha corrobora com esta visão:
“Digno
és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as
coisas […]” (Ap. 4.11).
CONCLUSÃO
Na igreja local,
muitos trabalhos requerem habilidades especiais. Por exemplo, quem escreve
precisa ser habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso
no ofício do canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental;
quem prega e ensina precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto
e da retórica. Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar
obras especiais são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas
para atividades bem específicas na obra do Senhor.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA. 2001.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. (Trad. Gordon Chown). CPAD, 1995.
Ø CONNER,
Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas).
Atos, 2004.
Ø HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico do AT: Gênesis
a Deuteronômio. CPAD. 2010.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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