Êx 27.1,2,6,7
INTRODUÇÃO
Quando se
adentrava no pátio do tabernáculo, o primeiro móvel que o ofertante se deparava
era o “altar de bronze” também chamado de “altar do holocausto”. Nesta lição
falaremos um pouco deste móvel e de suas características; veremos que o este
importante utensílio e o holocausto nele oferecido, prefiguram o sacrifício
perfeito e definitivo de Cristo Jesus no Calvário por todos os homens.
I. O ALTAR DO
TABERNÁCULO
A palavra “altar”
literalmente significa “levantado”, “alto” ou “subindo”,
visto que era uma elevação acima da terra. O Antigo Testamento mostra que
muitos dos patriarcas ergueram altares para sacrificar ao Senhor (Gn 8.20;
12.7; 26.25; 35.1). No entanto, com a institucionalização do culto levítico, um
altar foi construído para que nele se fizessem os sacrifícios a Deus, por meio
do sacerdote. Vejamos alguns detalhes acerca deste importante utensílio:
1. Material.
Muitos altares
eram feitos de rocha natural, ou eram montes de terra ou rochas escavadas (Êx
20.24; 1 Rs 18.32). No entanto, esse altar do tabernáculo era feito de madeira
de acácia (cetim) e era coberto de bronze (cobre) segundo algumas versões da
Bíblia (Êx 27.1-8). Daí porque ele era chamado de “altar de bronze” (Êx
38.30; 39.39). No Tabernáculo, o bronze se destaca particularmente nos
elementos do pátio externo (Êx 26.11,37; 27.10; 30.18). Esse bronze, sem
dúvida, foi obtido através das ofertas trazidas diante do Senhor para edificar
o Tabernáculo (Êx 25.3; 35.5,16).
2. Medidas e formato.
O altar de
bronze era a maior peça do tabernáculo. O relato bíblico diz que ele media “cinco
côvados de comprimento” e “cinco côvados de largura”,
aproximadamente (2,5 m x 2,5 m), e “três côvados de altura” (1,5 m)
(ALMEIDA, sd, p. 24). Seu formato era “quadrado” (Êx 27.1). Ele possuía
chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser
transportado (Êx 27.2,6,7). Contava com uma armação gradeada de metal (Êx
27.4,5). O altar de bronze era provavelmente colocado sobre um monte de terra ou
pedras e o fogo era ateado em cima. Os chifres que havia em cada canto do
altar, tinham um significado especial, eram adornos funcionais, pois era ali
que os animais sacrificados ficavam amarrados (Sl 118.27).
3. Utensílios.
Junto com o
altar do holocausto também foram fabricados utensílios que auxiliavam o
sacerdote nos sacrifícios e na manutenção deste móvel e todos eram igualmente
feitos de cobre (Êx 27.3). Vejamos:
· Recipientes: Para recolher as cinzas
– usados para retirar as cinzas do holocausto e limpar o altar (Lv 6.10,11);
· Pás: Usadas para apanhar as cinzas e
lidar com o fogo;
· Bacias: Ou tigelas, usadas para
derramar e aspergir o sangue no altar (Êx 24.6);
· Garfos: Usados para
distribuir os sacrifícios sobre o altar. O sacrifício deveria estar em ordem
para ser perfeitamente consumido (1 Sm 2.13);
· Braseiros: Ou incensários, usados
para levar as brasas do altar de bronze para o altar de ouro (Lv 16.12).
4. Finalidade.
Esse móvel
também é chamado de “altar do holocausto” (Êx 30.28;
31.9; 35.16; 38.1; 40.6). Isso fala de sua principal finalidade: oferecer nele
sacrifícios, sendo o principal deles o holocausto (Lv 1-5). A palavra hebraica
traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo
que vai para cima”, uma alusão ao sacrifício que quando queimado seu
aroma subia como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9-b). A oferta do holocausto,
também chamada de “oferta queimada” (Lv 1.9), era “inteiramente consumida”
sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas
com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como
ato de adoração (1Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter
algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6- 8;
14.19,21,22; 15.15,30; 16.24). Era o único sacrifício regularmente estabelecido
para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por
isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, “perpétuo”,
“contínuo”
(Êx 29.38- 42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo
nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais
específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21).
5. Localização.
Quando se
adentrava ao átrio do tabernáculo o primeiro móvel que se via era o altar do
holocausto. Por isso ele é chamado de “o altar que está diante da porta da tenda da
congregação” (Lv 1.5). A localização deste altar mostra-nos quão
importante era o sacrifício a fim de que a pessoa pudesse acertar o seu relacionamento
com Deus: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a
favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Ele era o móvel que lembrava
da constante da necessidade de expiação e arrependimento, por parte do
ofertante.
II. O ALTAR
SIMBOLIZA A CRUZ DE CRISTO
Os altares
antigos era costumeiramente feito de pedras e coberto de madeira para que a
vítima sobre ela sacrificada, pudesse ser depois queimada sobre a lenha. No
monte (Jo 19.17), Cristo foi crucificado sobre o madeiro (At 5.30; 10.39). Logo
há um paralelismo entre o altar e a cruz. Notemos:
1. Lugar de sacrifício.
O altar de
bronze era o altar dos sacrifícios. Nele todos os sacrifícios eram realizados
(Lv 1-5). Esse altar prefigura a cruz, visto que foi o lugar onde Jesus foi
sacrificado (Jo 19.17; Fp 2.8).
2. Lugar do juízo e da justiça de Deus.
Era sobre o
altar que o pecado encontrava o julgamento. O transgressor trazia para ele o
animal que deveria ser morto pelo pecado do ofertante (Lv 1.4). Foi na cruz
onde Jesus foi morto pelo nosso pecado (Is 53.4,5; Rm 5.6,8; 1 Co 15.3; 2 Co
5.15; 18-21).
3. Lugar de substituição.
O altar do
holocausto também era o altar da substituição, pois nele o pecador era
substituído pela oferta: “E porá a sua mão sobre a cabeça do
holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv
1.4). Foi na cruz, onde Cristo levou o nosso pecado (Gl 3.13; 1 Pe 2.24).
III. O SACRIFÍCIO
DO HOLOCAUSTO PREFIGURA O SACRIFÍCIO DE CRISTO
Os sacrifícios
realizados no sistema levítico no AT prefiguram o sacrifício de Cristo. A
expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir”
(HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o holocausto aponta para a pessoa de
Cristo Jesus:
SIMILARIDADES DO HOLOCAUSTO QUE APONTAM PARA
CRISTO
|
|
O animal tinha
que ser macho (Lv 1.3,10,14).
|
Cristo se fez
homem (Jo 9.11; 19.5; At 2.22; 1 Tm 2.5).
|
O animal tinha
que ser sem defeito (Lv 1.3,10).
|
Cristo não
teve pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1 Pe 2.22).
|
O adorador
deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado, gesto que simbolizava
a transferência de algo para o sacrifício, no caso o pecado (Lv 1.4).
|
Os sofrimentos
e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o
lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que
mereciam foi transferida para Ele (Mt 20.28; Jo 11.50; Rm 5.6-8; 2 Co
5.14,15,21; Gl 2.20; 3.13; 1 Tm 2.6; Hb 9.28; 1 Pe 2.24).
|
O pecador
degolava o animal que morria em seu lugar (Lv 1.5,11).
|
Cristo foi
morto pelos nossos pecados (Rm 4.25; 1 Co 15.3; Gl 1.4).
|
O holocausto
contemplava o rico e o pobre (Lv 1.3,10,14).
|
O sacrifício
de Cristo proporciona salvação a todos os homens indistintamente (Jo 3.16; Tt
2.11; 1 Jo 2.2; Ap 5.9).
|
IV. O SACRIFÍCIO DE
CRISTO É SUPERIOR AO SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO
Embora os sacrifícios
realizados no sistema levítico no AT prefigurem o sacrifício de Cristo, eles
não era permanentes porque não podiam satisfazer completamente a justiça divina
e a necessidade humana. Logo, o sacrifício de Cristo foi necessário e é
superior ao holocausto. Vejamos:
O HOLOCAUSTO
|
CRISTO JESUS
|
Um animal era
sacrificado pelo pecador (Lv 1.4a).
|
O próprio
Filho de Deus foi sacrificado pelo pecador (1 Pe 3.18; 1 Jo 2.2; 4.10).
|
O sangue do
animal cobria o pecado (Lv 1.4b).
|
O sangue de
Cristo nos purifica do pecado (Jo 1.29; 1 Co 6.11; Hb 1.3; 1 Jo 3.5; Ap 1.5).
|
O sacrifício
era feito em prol de alguns de pecados, não todos (Lv 4.2).
|
O sacrifício
de Cristo nos purifica de todo pecado (Tt 2.14; 1 Jo 1.7,9).
|
O sacrifício
era repetitivo (Lv 6.9-13).
|
O sacrifício
de Cristo foi definitivo (Hb 9.26; 10.10).
|
O animal era
trazido contra a própria vontade (Hb 9.25).
|
Cristo
ofereceu-se voluntariamente (Jo 10.17,18).
|
CONCLUSÃO
Deus não somente
anunciou a vinda do Messias, por meio de palavras, como através do altar de
bronze em que o holocausto era oferecido pelo pecador no tabernáculo ele
preparou a nação de Israel para o sacrifício definitivo que seria feito por
meio de Cristo Jesus e que de uma vez por todas (Jo 1.29; Hb 9.26).
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA,
Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja.
CPAD, 2009.
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA, 2010.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA, 2001.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD, 1995.
Ø TENNEY,
Merril C. Enciclopédia da Bíblia.
EDITORA CULTURA CRISTÃ, 2009.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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