1 Co 6.13-20
INTRODUÇÃO
Nesta lição
trataremos da natureza material do corpo a luz da Bíblia; veremos esta parte
material do homem como uma criação de Deus; pontuaremos os canais que conduzem
o pecado contra o corpo; e por fim, veremos as consequências do pecado contra
este tabernáculo.
I. A BÍBLIA E A
NATUREZA MATERIAL DO CORPO
A definição
básica de corpo é: “estrutura física e material que, juntamente com a alma e o espírito,
compõe o homem” (ANDRADE, 2006, pp. 116,117). Como servos de Deus,
temos a obrigação de cuidar muito bem do nosso corpo, pois ele é o templo do
Espírito Santo. E, além disso, é desejo do Pai que desfrutemos de boa saúde
física, mental e espiritual. A mordomia do corpo implica reconhecer que o mesmo
é de Deus, e deve ser conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1). Vejamos o
que a Bíblia nos diz sobre e natureza do corpo:
1. A estrutura do corpo humano.
No hebraico, a palavra
corpo é “basar” e no grego a palavra é “soma”. O corpo é apenas a
parte tangível, visível e temporal do homem (Lv 4.11; 1 Rs 21.27; Sl 38.4; Pv
4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1 Co 15.47-49; 2 Co 4.7). O corpo é a parte que se
separa na morte física. A Bíblia relata a criação do corpo do ser humano (Gn
1.26-28; 2.18-25), e a estrutura humana revela uma complexidade que a teoria da
evolução jamais explicará. A Bíblia declara que Deus fez o homem do “pó da
terra” (Gn 2.7; 1 Co 15.47-49). O corpo é importante, pois Deus o
ressuscitará (1 Co 15.42), ele é o invólucro do espírito e da alma (Gn 35.18;
Dn 7.15), é a parte física da constituição humana, o homem exterior, que se
corrompe, ou seja, envelhece e é mortal (2 Co 4.16; 1 Pe 1.24). O homem é carne
como criatura perecível (1 Pe 1.24). A ciência afirma que o corpo é constituído
de vários elementos químicos terrígenos como: (cálcio, carbono, cloro, flúor,
hidrogênio, iodo, ferro, magnésio, manganês, nitrogênio, oxigênio, fósforo,
potássio, silicone, sódio e súlfur), juntos eles não ultrapassam 6% de
todo o corpo e o restante é composto de água, carbono e gases, concordando
assim, com o relato bíblico quanto a constituição do corpo humano (RENOVATO,
2019, p. 22).
2. Ilustrações tipológicas da natureza material do
corpo.
A dimensão
material do corpo revela uma obra maravilhosa; a estrutura do corpo, o
arquiteto que o planejou. Podemos de maneira metafórica dizer com o corpo é
comparado na Bíblia aos seguintes tipos: a)
Tabernáculo ou tenda (2 Co 5.1; 2 Pe 1.13). Esses textos referem-se ao corpo como
algo provisório, assim como o Tabernáculo o era para Israel, em sua
peregrinação pelo deserto; b) Templo de Deus (1 Co 6.19), aqui o termo
“templo” faz alusão à adoração e que devemos prestar a Deus por intermédio do
nosso corpo uma adoração (Sl 103.1), e, c)
Vaso de Barro (Lm 4.2; 2 Co 4.7; 2 Tm
2.20,21), essa designação tem o objetivo de mostrar a fragilidade do nosso
corpo e, também, destacar a importância e utilidade desses vasos para a obra de
Deus (CABRAL, 1987, p. 8).
II. O CORPO HUMANO
COMO CRIAÇÃO DE DEUS
1. O nosso corpo foi criado por Deus (Gn 1.26.27;
2.7).
A Bíblia relata
a criação do corpo do ser humano (Gn 1.26-28; 2.18-25). Deus criou o homem com
um cuidado todo especial, e disse que era “muito bom”. Somos a obra-prima de
Deus (Ef 2.10), Ele nos criou e nos formou de forma assombrosamente
maravilhosa: “Eu te louvarei, porque de modo tão admirável e maravilhoso fui formado;
maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl
139.14).
2.O nosso corpo foi redimido por Deus (1 Co 6.20).
A redenção não
alcançou apenas a nossa alma, mas também nosso corpo (1 Co 6.20). Não apenas
nossa alma será aperfeiçoada para entrar na glória, mas também nosso corpo será
glorificado para desfrutar das bem-aventuranças eternas (Fp 3.21). Nosso corpo
foi comprado por um alto preço. Ele não nos pertence; é de Deus. Somos mordomos
do nosso próprio corpo. Se o destruirmos, Deus nos destruirá (1 Co 3.17). A
mordomia do corpo implica reconhecer que o mesmo é de Deus, e deve ser
conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1; 1 Co 6.20).
3. O nosso corpo deve glorificar a Deus (1 Co 6.20).
Devemos
glorificar a Deus por meio do nosso corpo (1 Co 6.20; Fp 1.20; (1 Ts 5.23). A
salvação que Deus nos deu em Jesus não apenas trouxe bênçãos para a nossa alma
e espírito, mas também para o nosso corpo físico. O mundo apresenta o corpo
como um objeto de realização visual, satisfação dos desejos carnais, e outras
práticas mundanas, malignas e egoístas. A constituição corpo é um ambiente
criado por Deus, e com o qual devemos ter cuidado: “Cristo será, tanto agora como
sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Fl
1.20).
4. O nosso corpo deve ser consagrado a Deus (Rm
12.1).
Fomos remidos e
comprados por alto preço, precisamos, agora, glorificar a Deus em nosso corpo.
Devemos dedicar inteiramente nosso corpo a Deus (Rm 12.1,2). Não temos mais o
direito de apresentar os membros do nosso corpo ao pecado (Rm 6.1-23). Devemos,
agora, usar o nosso corpo em santificação e honra (1Ts 4.4). O nosso corpo não
é destinado à impureza, mas à santificação. Devemos comer, beber e fazer
qualquer outra coisa para a glória de Deus (1Co 10.31). Nossos olhos devem ser
puros. Nossos corações devem ser fontes de vida. Nossos pés devem caminhar por
veredas de justiça. Nosso pensamentos deve ser puro e louvável (Fp 4.8).
5. O nosso corpo é habitação de Deus (1Co 6.19).
As Escrituras
chamam no corpo de “templo de Deus” (1 Co 6.19). O Deus transcendente que nem os
céus dos céus podem contê-lo, deleita-se em habitar plenamente em nosso corpo.
Fomos feitos a “morada do Altíssimo” (Ef 1.20-23; 3.19; 5.18). Nosso corpo é o
santo dos santos onde a glória de Deus se manifesta. Assim como o tabernáculo
era um símbolo da igreja e a arca um símbolo de Cristo, assim, por onde
andarmos, levaremos conosco a gloriosa presença de Cristo, pois ele habita em
nós (Cl 1.27; 1Co 6.19,20).
6. Devemos cuidar do nosso corpo.
A Bíblia chama
nosso corpo de “vaso de barro” (Lm 4.2; 2 Co 4.7; 2 Tm 2.20,21). Essa
designação tem o objetivo de mostrar a fragilidade do nosso corpo. Como
cristãos, temos uma compreensão diferente da finalidade do corpo “O
homem bom cuida bem de si mesmo, mas o cruel prejudica o seu corpo”
(Pv 11.17). Devemos manter o corpo em bom funcionamento, mantendo uma
alimentação sadia e suprida de proteínas, verduras, frutas, legumes, cereais,
etc., além de praticar exercícios físicos, dormir adequadamente; e, devemos
consultar o médico em suas diversas especialidades periodicamente. Como
mordomos, devemos cuidar bem do corpo tendo cuidado com o que consumimos (Pv
23.20-21; Fp 3.18- 19); se exercitando com moderação (1Tm 4.6-8; 1Co 9.24-26),
e permitindo que o corpo descanse (Êx 20.8-11; Mc 6.31).
III. CANAIS QUE
CONDUZEM O PECADO CONTRA O CORPO
1. O mal uso do próprio corpo.
Infelizmente
estamos vivendo a época da autolatria e o culto ao corpo. O Aurélio define
idolatria como: “culto prestado a ídolos” (FERREIRA, 2004, p. 1067).
Teologicamente “a idolatria pode ser considerada também o amor excessivo por
alguma pessoa, ou objeto. Amor este que suplanta o amor que se deve devotar,
voluntária, incondicional e amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE,
2006, p. 220). Porém, em um sentido mais amplo, pode indicar a veneração ou
adoração a qualquer objeto, pessoa, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe
diminua a honra que lhe devemos” (CHAMPLIN, 2004, p. 206). A palavra autolatria é formada por dois vocábulos
gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”.
Logo, autolatria significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria
também é conhecida como egolatria. Portanto, qualquer pessoa que use o seu
próprio corpo como alvo de “culto” comete a autoidolatria.
2. O mal uso da visão.
Jesus falou que
os “olhos
são a candeia do corpo” (Mt 6.22). Portanto, devemos cuidar dos olhos
para que sejam luz e não trevas (Mt 6.23). As pessoas são induzidas a pecar
através da “concupiscência dos olhos” (1 Jo 2.16). Concupiscência é a força
do desejo impuro e lascivo despertada através do que se vê. É pela visão de
algo proibido, que muitas pessoas pecam contra “o seu tabernáculo” desonrando-o
com o adultério, a fornicação, a imoralidade sexual e o furto (Êx 20.14: Gl
5.19-21). A Bíblia fala de: olhos altivos (Pv 6.17; Is 2.11); olhos malignos
(Pv 23.6); o olho mau (Mt 6.23; Pv 28.22); olhos zombeteiros (Pv 30.17); olhos
cheios de adultério (2 Pe 2.14) (CABRAL, 1987, p. 8).
3. O mal uso do olfato e paladar.
O olfato e o
paladar são faculdades físicas ligadas aos instintos naturais da satisfação da
fome e sede, os quais também podem se tornar condutores de pecado contra o
corpo. Os pecados de glutonaria e embriaguez são estimulados pelo paladar (Lc
21.34). Quando o paladar está sob a força do poder do pecado o homem perde o
controle desse instinto natural de sua vida (Gl 5.21) (CABRAL, 1987, p. 8).
4. O mal uso do tato.
O mordomo
cristão deve administrar, tanto os pés como as mãos para a glória do Senhor.
Nenhum órgão do corpo pratica qualquer ato por si mesmo, porque todos são
comandados pela mente. A Bíblia fala do valor das mãos: o fruto do trabalho das
mãos (Pv 10.4); mãos que engrandecem (Pv 31.31); mãos que sustentam (Mt 14.31);
mãos que abençoam (Mt 19.13); mãos que trabalham (1 Ts 2.9). Nossos pés devem
ser consagrados para andar em retidão na presença de Deus (Gn 5.24; 6.9; 17.1).
Andar com sinceridade e segurança (Pv 10.9); andar na luz do Senhor (Is 2.5);
não andar em trevas (Is 50.10); andar em Espírito (Gl 5.16). Nossos pés não
devem andar segundo o curso do mundo (Ef 2.2); nem andar nos desejos da carne
(Ef 2.3); nem andar desordenadamente, em dissolução, concupiscência (2 Ts 3.6;
1 Pe 4.3) (CABRAL, 1987, p. 9).
IV. CONSEQUÊNCIAS
DO PECADO CONTRA O CORPO
Os pecados
contra o corpo trazem consequências negativas tanto para a pessoa que o pratica
quanto para outras que são levadas a cometer tais pecados. Vejamos algumas:
1. Doenças sexualmente transmissíveis.
São resultado de
uma vida promíscua e sem respeito às leis divinas. Comprovadamente, essas
doenças resultam de relações sexuais ilícitas. Só o pecado pode produzir esses
males contra o corpo e contra a alma. O texto de 1 Coríntios 6.12-20 exorta o
crente a não expor seu corpo à prostituição por ser ele o templo do Espírito
Santo (CABRAL, 1987, p. 10).
2. Toxicomania.
É o uso de drogas
narcóticas. A dependência da droga está vinculada a impulsos psicológicos e
emocionais, e provoca conflitos íntimos, dando origem a neuroses, além de males
de toda espécie contra o usuário, sua família, as autoridades e a sociedade em
geral (CABRAL, 1987, p. 10). 1987.
3. Alcoolismo e tabagismo.
As bebidas
alcoólicas e o fumo são dois grandes males da nossa sociedade que,
infelizmente, fazem parte do status. A mordomia bíblica do corpo abstém-se e
condena formalmente esses dois males que tanto prejudicam a pessoa no seu todo
e não apenas o seu organismo e sua saúde. A Bíblia está cheia de conselhos para
que o corpo humano seja mantido puro, saudável, pois nele deve habitar o
Espírito Santo (1Co 6.19,20; Rm 12.1) (CABRAL, 1987, p. 10).
CONCLUSÃO
O nosso ser
humano tem uma dimensão material e outra espiritual. Nesse aspecto, a Palavra
de Deus tem orientações diretas sobre o perigo do pecado contra o nosso corpo e
a necessidade de vivermos em santidade diante de Deus.
REFERÊNCIAS
· CABRAL, E. Mordomia
cristã. RJ: CPAD, 2003.
· __________. Lições
Bíblicas de Jovens e Adultos: Maturidade Cristã. RJ: CPAD, 1987.
· __________. Lições
Bíblicas de Jovens e Adultos: Mordomia Cristã: Servindo a Deus com
excelência. RJ: CPAD, 2003.
· STAMPS, Donald
C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
· RENOVATO, E. Tempos,
Bens e Talentos. RJ: CPAD, 2019,
· CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
· ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD,
2010.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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