1 Sm 8.4-7; 10.1-7
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a
definição da palavra monarquia; notaremos que o estabelecimento de um rei sobre
Israel já era algo predito por Deus em sua Lei; pontuaremos quais os critérios
para a escolha do rei; estudaremos sobre a monarquia e o reino unido, e por
fim; falaremos sobre a monarquia e o reino dividido.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA MONARQUIA
1. Definição do termo.
Segundo o
dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 1949) o termo monarquia significa: “forma
de governo em que o chefe de Estado tem o título de rei ou rainha ou seus
equivalentes”. Monarquia é uma das mais antigas formas de governo, com
ecos na liderança de chefes tribais. Existem duas principais formas de
monarquia: a absoluta (considerada um regime autoritário), em que o poder do
monarca vai além do chefe de Estado, e a constitucional ou parlamentar
(considerada um regime democrático), em que o poder do monarca é limitado por
uma constituição. Formas de governo sem um monarca (rei) são denominadas de
repúblicas.
II. A MONARQUIA EM ISRAEL
1. O estabelecimento da monarquia em Israel.
Deus já havia dito
que de Abraão descenderia reis (Gn 17.6; 49,10); por meio de Jacó, anunciou que
o cetro ficaria com Judá (Gn 49.10); e, por meio de Moisés exortou como deveria
ser a postura de um rei (Dt 17.14-20). O
registro de Samuel nos mostra que ainda não era o tempo, e, o povo
precipitou-se pedindo para si um monarca (1Sm 10.19; 12.19); no entanto, Deus
atendeu a voz do povo. Ficou explícito em sua instituição que Deus reprovou tal
escolha para aquele momento de Israel (1Sm 12.18-19). Não era errado Israel desejar um
rei, o problema residia no fato de que o povo estava rejeitando o Senhor como
seu líder, porque queria ser como as “outras nações” (1Sm 8.5). Deus,
em sua misericórdia, ordenou que Samuel cuidadosamente explicasse ao povo os “prós”
e “contras”
de se ter um rei (1Sm 8.11-18). É bem verdade que se encontrava disposto na Lei
mosaica acerca dos ditames peculiares a um rei (Dt 17.14,15), no entanto,
Israel e os seus anciãos erraram ao não reconhecerem o Senhor como seu legítimo
e verdadeiro Rei (1Sm 8.7; 12.12). De fato é inegável que era da vontade de
Deus que Israel tivesse um monarca (Gn 49.10; Nm 24.17; Dt 2.10; 17.14-20). Entretanto,
não era de seu anelo que Israel obtivesse da maneira como estava fazendo na
ocasião errada e com motivos impróprios, mas mesmo assim Deus permitiu o
estabelecimento de um rei.
III. CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DO REI EM ISRAEL
Na história dos
hebreus a monarquia foi uma concessão de Deus correspondendo a um desejo da
parte do povo (1Sm 8.7;12.12). Esse desejo, que já havia sido manifestado numa
proposta a Gideão (Jz 8.22,23), e na escolha de Abimeleque para rei de Siquém
(Jz 9.6), equivale à rejeição da teocracia (1Sm 8.7), visto como o Senhor era o
verdadeiro rei da nação (1Sm 8.7; Is 33.22). A própria terra era conservada,
como sendo propriedade divina (Lv 25.23). Notemos alguns critérios
estabelecidos por Deus para a escolha do rei em Israel:
1. O rei não poderia ser estrangeiro.
Enquanto os
israelitas eram residentes forasteiros em Canaã e no Egito, muitos não-israelitas
faziam parte das casas dos filhos de Jacó e de seus descendentes (Gn 17.9-14).
Alguns dos envolvidos em casamentos mistos, junto com seus filhos, estavam
incluídos na grande mistura de gente que acompanhou os israelitas no Êxodo (Êx
12.38; Lv 24.10; Nm 11.4). No entanto, em assuntos governamentais, o
estrangeiro não tinha nenhuma posição política e nunca podia tornar-se rei do
povo de Israel: “[…] dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho
sobre ti, que não seja de teus irmãos” (Dt 17.15).
2. O rei deveria ser escolhido pelo Senhor.
Qual era o grande
requisito para ser designado rei em Israel? Era um único e estava absolutamente
a cargo de Deus: ser escolhido por Ele: “Porás, certamente, sobre ti como rei aquele
que escolher o Senhor teu Deus [...]” (Dt 17.15). O rei não se
escolhia a si mesmo, mas era o Senhor quem o escolhia. A Bíblia diz que somos
embaixadores (2Co 5.20; 8.23; Ef 6.20) e um embaixador não se nomeia a si
mesmo. Moisés, ao findar o seu ministério pediu ao Senhor que pusesse um homem
escolhido por Ele para ser líder do povo de Israel; e o Senhor escolheu Josué,
servo de Moisés (Js 1.1). Lembramos também o profeta Amós que não era filho de
profeta, mas boieiro. Mas foi chamado pelo Senhor (Am 7.14,15). Os apóstolos,
do mesmo modo, não se escolheram a si mesmos (1Co 12.28; Ef 4.11 ver Lc
6.12,13).
3. O rei deveria ser piedoso.
O rei não poderia
multiplicar para si cavalos (Dt 17.16). No Salmo 20, que é uma oração pelo rei,
lemos no verso 7 que “uns confiam em carros e outros em cavalos,
mas nós faremos menção do nome do Senhor”. Podemos considerar “cavalos”
como a força natural do próprio braço, ou seja, sua força. Mas não é pela força
nem pela violência que o rei tinha vitória (Zc 4.6). O rei ainda não poderia
multiplicar para si mulheres (Dt 17.17a); não poderia multiplicar para si ouro
ou prata (Dt 17.17-b); e, deveria ler a Palavra de Deus todos os dias da sua
vida (Dt 17.19)
4. O rei deveria ser ungido.
Desde as origens da
monarquia, a unção já é mencionada (1Sm 9.16; 10.1; 2Sm 2.4; 5.3). Esta unção
era acompanhada da vinda do Espírito Santo; pois ela conferia uma graça
especial ao monarca. Assim, o Espírito de Deus se apossou de Saul depois que
este foi ungido (1Sm 10.10), e no caso de Davi aparece ainda mais (1Sm 16.13).
O rei é o ungido do Senhor e merecia ser respeitado e honrado (1Sm 24.7,11;
26.9,11,16,23; 2Sm 1.14,16; 2Sm 19.22).
IV. A MONARQUIA E O REINO UNIDO
Sob a liderança de
Josué os israelitas conquistam a terra de Canaã, abandonaram o nomadismo
e estabelecem-se nas terras conquistadas de Canaã, dividindo o território entre
as 12 tribos. O reino unido foi a época em que as doze tribos de Israel tinham
um único soberano. Somente três reis reinaram sobre todo o povo unido de Israel
(as
doze tribos). Depois os israelitas se dividiram em dois reinos: Judá,
ao sul, e Israel, ao norte. O reino de Judá teve 19 reis e uma rainha ao longo
de 340 anos, enquanto que o reino de Israel teve 19 reis ao longo de 200 anos.
Notemos:
1. O primeiro rei: Saul (1Sm 10.1).
O primeiro monarca de
Israel ascendeu ao trono com um alto índice de popularidade (1Sm 9.2; 10.22-24
ver ainda 1 Sm 11.6,11), e reinou quarenta anos (At 13.21). Ao pedir um rei a
Deus, o povo de Israel entristeceu o
profeta Samuel (1Sm 8.6), mas Deus o advertiu (1Sm 8.7 ver ainda 1Sm 12.17-19).
Saul foi o primeiro rei de Israel. Com ele se inicia a monarquia. Sua escolha
se deu por designação profética e aclamação popular (1Sm 10.24). Era da tribo
de Benjamim (1Sm 9.1,2) e foi ungido pelo profeta Samuel, (1Sm 10.1). Iniciou
seu governo com uma vitória sobre os amonitas (1Sm 11.6- 11), e contou com
grande apoio popular (1Sm 11.15). Saul não teve palácio nem trono apenas um
assento em Gibeá (1Sm 20.25). Foi um rei guerreiro que conduziu sua nação a inúmeras
vitórias militares (1Sm 13.15). Todo o tempo de seu reinado foi gasto em
guerras e combateu os filisteus e os amalequitas. Porém, foi rejeitado pelo
Senhor por não obedecer à sua Palavra (1Sm 13.13,14; 15.11,23). No final de seu
reinado, temendo perder o trono, passou a perseguir a Davi e procurava matá-lo.
2. O segundo rei: Davi (1Sm 16.1).
Davi era da tribo de
Judá e um dos ascendentes de Jesus (Mt 1.1-6); foi ungido por Samuel quando
Saul ainda reinava (1Sm 16.1-13). Foi um homem “segundo o coração de Deus”
(1Sm 13.14 ver At 13.22) e foi escolhido e ungido rei ainda moço (1Sm 16.1-13
ver Sl 89.20), mas, em sua trajetória até o trono, passou por um longo período
de perseguição, batalhas e desafios até ser coroado rei sobre todo o Israel.
Foi ungido rei primeiramente sobre Judá e, sete anos depois, sobre todo o
Israel (2Sm 5.1-5). Ele levou a nação de Israel a patamares inimagináveis (2Sm
5.1,2), e teve o seu reino confirmado (2Sm 7.16). Davi nunca se queixou do
laborioso e solitário pastoreio das ovelhas de seu pai e mesmo ungido rei não
hesitou em voltar ao seu trabalho habitual (1Sm 16.19). Ele tinha um coração de
servo e o próprio Deus testificou disso (Sl 78.70; 89.20). Era humilde e
reconhecedor de suas limitações (Sl 131; 40.12,17). Apesar de ser um soldado
inigualável, um comandante corajoso, um rei bem sucedido, sempre atribuiu todas
as suas vitórias ao Senhor dos Exércitos (Sl 34.4-7; 40.5-10; 124; 144.1,2).
Portava-se perante o Altíssimo com o coração sincero (Sl 26.2; 38.9), e apesar
de suas grandes falhas, seu maior desejo era conhecer os caminhos de Deus, e
para isso, punha-se sob sua direção em tudo que fazia (Sl 17.5; 18.21; 25.4,5;
143.8,10), e Jeová era seu mais precioso tesouro (Sl 16.2,5; 142.5). Além de
conhecer seus erros (2Sm 12.13a; Sl
51.4), ele arrependeu-se do que fez, pediu perdão e foi perdoado pelo Senhor
Deus (2Sm 12.13b; Sl 32.5; 38.18; 51.3-19).
3. O terceiro rei: Salomão (1Rs 1.39).
Quando Davi atingiu a
velhice, ordenou ao sacerdote Zadoque que ungisse a Salomão e o proclamasse rei
sobre Israel (1Rs 1.33-40). O rei Salomão, o terceiro rei de Israel, foi mais
sábio do que todos os homens, pois Deus lhe deu “sabedoria e muitíssimo
entendimento” (1Rs 4.29-31). Durante o seu reinado, ele construiu o
templo de adoração a Deus, que era a glória e o orgulho de toda a nação. Num
ato de adoração ao Senhor, ofereceu mil sacrifícios em Gibeão (1Rs 3.4). Lá
estava o tabernáculo e o altar de bronze que Moisés havia erigido no deserto
(2Cr 1.2-5). Naquela mesma noite, o Senhor apareceu em sonhos a Salomão e neste
sonho, Deus faz ao rei uma pergunta, dando-lhe a oportunidade de pedir o que
desejasse, e sua resposta foi: “sabedoria para governar o povo de Israel”
(1Rs 3.3-10). Naquela noite, Salomão teve uma experiência com Deus que marcou
seu reinado e reinou com notória sabedoria e sucesso apesar de suas falhas.
V. A MONARQUIA E O REINO DIVIDIDO
Após 120 anos de
monarquia, uma grande cisão política e religiosa durante o reinado de Roboão
separou a nação de Israel em dois reinos: reino do Sul, Judá (duas tribos) e
reino do Norte (dez tribos) (2Cr 10.1-15). Os reis de Judá eram descendentes de
Davi mas os reis de Israel vieram de várias famílias e tribos diferentes.
Notemos:
1. A dinastia do reino do Norte (Israel ou
Samaria).
O reino de Israel
teve 19 reis ao longo de 200 anos de dinastia (série de reis ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono)
tendo o cativeiro assírio marcado o seu fim. Todos os 19 reis (Jeroboão I; Nadabe; Baasa; Elá; Zinri; Onri;
Acabe; Acazias; Jorão; Jeú; Jeoacaz; Jeoás; Jeroboão II; Zacarias; Salum;
Menaém; Pecaías; Peca e Oseias) “fizeram o que pareciam mal aos olhos do
Senhor” (1Rs 12.20). Por mais que os profetas exortassem o povo a
voltar para os mandamentos de Deus, a liderança permanecia no erro, porque lhe
era conveniente. Assim, o reino do Norte, deixou de existir quando a Assíria
derrubou a monarquia israelita e levou as tribos em cativeiro.
2. A dinastia do reino do Sul (Judá).
O reino de Judá com a
capital em Jerusalém teve 19 reis e uma rainha ao longo de 340 anos com uma
durabilidade maior de 140 anos a mais que o reino do Norte. O governo foi
exercido por 19 descendentes de Davi (Roboão;
Abias; Asa; Josafá; Jeorão; Acazias; Joás; Amazias; Uzias; Jotão; Acaz;
Ezequias; Manassés; Amom; Josias; Jeoacaz; Jeoaquim; Joaquim e Zedequias)
mais uma mulher que foi Atalia que quando soube que seu filho Acazias estava
morto, matou todos os netos (menos um,
que escapou foi salvo pela sua tia) e tomou o trono, mas, depois de sete
anos foi deposta e assassinada (2Rs 11.1-20). Um dos momentos áureos do reino
de Judá foi a grande reforma promovida pelo rei Ezequias, na qual o culto e o
sacrifício a Deus foram restaurados (2Cr 30.26). Infelizmente, apesar das
profecias advertindo o povo sobre abandonar a idolatria e voltar-se para Deus,
eles continuaram vivendo de maneira leviana e irresponsável.
CONCLUSÃO
Aprendemos com esta
lição que o segredo de desfrutarmos das bênçãos do Senhor é permanecermos em
sua presença em obediência e nos submetermos a sua vontade (Dt 28.1-14).
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP:
OBJETIVA, 2001.
Ø JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ:
CPAD, 2007.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ:
CPAD, 1997.
Ø WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT –
Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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