quinta-feira, 26 de março de 2020

LIÇÃO 07 – A QUEDA DO SER HUMANO (SUBSÍDIO)





Gn 3.1-7



INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre a realidade da queda do ser humano à luz das Escrituras; veremos também, que o homem foi criado com o livre-arbítrio e que Deus não é o autor do pecado; pontuaremos o que o pecado trouxe para o ser humano e quais as consequências deste terrível ato contra Deus.


I. A ORIGEM DO PECADO À LUZ DA BÍBLIA
A palavra hebraica: “hatah” e a grega: “hamartia” originalmente significam respectivamente: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4). Quanto a origem do pecado, vejamos:

1. Deus não é o autor do pecado.
Precisamos destacar que de modo algum Deus pode ser responsabilizado pela entrada do pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus torna-se uma blasfêmia contra o seu caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13- ARA).

2. O pecado no mundo espiritual.
De acordo com a Bíblia um número incontável de anjos foram criados por Deus (Hb 12.22); estes eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome tradicional dado a este anjo tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás” (CHAVES, 2015, p. 133).

3. O pecado no mundo físico.
No que diz respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos informa que se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com que Adão pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar ninguém nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois, o tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez nada no seu lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade” (2010, p. 70,75). A resposta real é que Adão pecou porque escolheu pecar.


II. A REALIDADE DO LIVRE-ARBÍTRIO HUMANO E A SOBERANIA DIVINA
1. O livre-arbítrio humano.
O dicionário Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego: “eklégo”, “escolher, selecionar, eleger” e, “eléutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra livre vem do latim: “liber”, que significa: “livre” e o termo arbítrio: “arbiter”, que é “uma pessoa escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774). A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil nos diz: “CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador” (SOARES, 2017, pp. 77,99). Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10).

2. A soberania divina.
A soberania de Deus consiste em sua onipotência, expressa em relação ao mundo criado, mormente no tocante à responsabilidade moral das criaturas diante dele (Mt 23.37). Além de mandar na sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões divinas (Sl 24.1; Sl 2.3,4; Is 43.1 Mt 20.15; Rm 9.20,21), a Bíblia nos ensina que essa soberania é exercida tendo em vista galardoar a piedade e castigar a rebeldia (Rm 11.22). Isso nos mostra que Deus não age arbitrariamente, movido por capricho, quando determina as coisas conforme os ditames de sua soberana vontade. Deus usa o livre-arbítrio do homem sem destruí-lo para exercer sua vontade soberana. Como ele faz isso? Única e exclusivamente baseado no Pré conhecimento que Ele tem das escolhas humanas. Há alguns segmentos evangélicos que defendem não haver qualquer harmonia entre esses dois conceitos, pois, segundo eles, se Deus é soberano o homem não pode ter o livre arbítrio essa é uma visão distorcida de duas verdades absolutas reveladas nas Escrituras.


III. O PECADO NO HOMEM
Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou consequências do pecado no homem, podemos destacar:

1. O pecado herdado.
Uma controvérsia gerada no século V, foi a que a raça humana não teria sido afetada pela transgressão de Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de seu primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia afirma é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co 1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza, culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11) (SOARES, 2017, p. 92 – grifo nosso).

2. O pecado afetou todo o ser do homem.
O pecado no homem não é meramente um hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser humano, ninguém precisa ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10; Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e eterna (Gn 2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD (2017, p. 101) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2 Co 7.1). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto (Is 1.3), emoção (Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1 Co 8.7), razão (Tt 1.15) e liberdade (Tt 3.3)”.

3. O pecado não destruiu totalmente a imagem de Deus.
Embora o homem tenha sido afetado extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a imagem de Deus no homem tenha sido destruída completamente (Rm 2.12-14). Encontramos um mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois elas também foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar a representação do próprio Deus (Tg 3.9,10) (GEISLER, 2010, p. 125). Veja também: (Gn 9.6).

4. O pecado não anulou a capacidade de escolha.
Embora tenha pecado e se tornado espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir a voz de Deus e também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos seres humanos (Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17). As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15; Rm 1.18-20; 2.14,15) (Declaração de Fé das Assembleias de Deus, 2017, p. 101 – acréscimo nosso).


IV. AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DO HOMEM
Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente a vida na Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado (1Rs 8.46; Rm 1.18; Rm 3.10-12, 23; 6.23). Portanto, vejamos algumas consequências que o pecado trouxe ao homem depois da Queda.

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO NA CRIAÇÃO
REFERÊNCIAS
O pecado fez com que a terra fosse amaldiçoada
(Gn 3.17.18)
O pecado trouxe ao homem a punição da morte física, espiritual e eterna
(Gn 3.19; Rm 5.12; 6.23; Tg 2.26)
O pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do homem
(Gn 3.16; Rm 8.20-23)
O pecado deu origem a lei da morte atuante sobre a totalidade da raça humana
(1Co 15.21,22; Ef 2.1,2)
O pecado escravizou o homem e interrompeu a comunhão com Deus
(Jo 8.34; Rm 3.23)
O pecado exclui o homem do céu
(Ap 22.15)


CONCLUSÃO
Como pudemos ver na aula de hoje, o pecado só trouxe ruína e destruição. A queda nos fala do patamar que tínhamos de uma comunhão quebrada e que o homem em si nunca poderá restaurar. O pecado foi um ato deliberado contra a santidade de Deus, como consequência a morte nos âmbitos e físicos e espirituais foram o salário recebido por tamanho mal. Louvamos a Deus por Jesus Cristo, que tem poder sobre o pecado como também para nos restaurar. 



REFERÊNCIAS
Ø  CHAVES, Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
Ø  GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø  SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


Por Rede Brasil de Comunicação.

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