Gn 3.1-7
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre a realidade da queda do ser humano à luz das Escrituras;
veremos também, que o homem foi criado com o livre-arbítrio e que Deus não é o
autor do pecado; pontuaremos o que o pecado trouxe para o ser humano e quais as
consequências deste terrível ato contra Deus.
I. A ORIGEM DO
PECADO À LUZ DA BÍBLIA
A palavra
hebraica: “hatah” e a grega: “hamartia” originalmente significam
respectivamente: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias
designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada
palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta
ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a
falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou
estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O
pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4). Quanto a origem do
pecado, vejamos:
1. Deus não é o autor do pecado.
Precisamos
destacar que de modo algum Deus pode ser responsabilizado pela entrada do
pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus torna-se uma blasfêmia contra o seu
caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl
18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor
decretou o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado
pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13- ARA).
2. O pecado no mundo espiritual.
De acordo com a
Bíblia um número incontável de anjos foram criados por Deus (Hb 12.22); estes
eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas
ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus
(Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos
em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser
semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome
tradicional dado a este anjo tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina
da Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6;
Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como alguém acertadamente
ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás” (CHAVES, 2015,
p. 133).
3. O pecado no mundo físico.
No que diz
respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos informa que
se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm
5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com que Adão
pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar ninguém
nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois, o
tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez
nada no seu lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos
livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade” (2010, p.
70,75). A resposta real é que Adão pecou porque escolheu pecar.
II. A REALIDADE DO
LIVRE-ARBÍTRIO HUMANO E A SOBERANIA DIVINA
1. O livre-arbítrio humano.
O dicionário
Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego: “eklégo”,
“escolher,
selecionar, eleger” e, “eléutheros”, “liberdade de ir onde quer”.
O dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função
da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa
determinante”. A palavra livre vem do latim: “liber”, que significa: “livre”
e o termo arbítrio: “arbiter”, que é “uma pessoa
escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774). A Declaração de Fé das
Assembleias de Deus no Brasil nos diz: “CREMOS,
professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus
de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […]
essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão
do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de
desobedecer ao Criador” (SOARES, 2017, pp. 77,99). Mesmo depois de haver
pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto,
um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou
tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder
responder de maneira livre (Gn 3.9-10).
2. A soberania divina.
A soberania de
Deus consiste em sua onipotência, expressa em relação ao mundo criado, mormente
no tocante à responsabilidade moral das criaturas diante dele (Mt 23.37). Além
de mandar na sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões divinas (Sl
24.1; Sl 2.3,4; Is 43.1 Mt 20.15; Rm 9.20,21), a Bíblia nos ensina que essa
soberania é exercida tendo em vista galardoar a piedade e castigar a rebeldia
(Rm 11.22). Isso nos mostra que Deus não age arbitrariamente, movido por
capricho, quando determina as coisas conforme os ditames de sua soberana
vontade. Deus usa o livre-arbítrio do homem sem destruí-lo para exercer sua
vontade soberana. Como ele faz isso? Única e exclusivamente baseado no Pré
conhecimento que Ele tem das escolhas humanas. Há alguns segmentos evangélicos
que defendem não haver qualquer harmonia entre esses dois conceitos, pois,
segundo eles, se Deus é soberano o homem não pode ter o livre arbítrio essa é
uma visão distorcida de duas verdades absolutas reveladas nas Escrituras.
III. O PECADO NO
HOMEM
Tudo o que Deus
criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do
livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não
destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns
efeitos ou consequências do pecado no homem, podemos destacar:
1. O pecado herdado.
Uma controvérsia
gerada no século V, foi a que a raça humana não teria sido afetada pela
transgressão de Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de seu
primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia afirma é que, pelo fato de Adão ser o
cabeça e o representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos
(Rm 3.23; 5.12-19), por isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”,
herança que recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co
1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza,
culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes
mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no
entanto, as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não
conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus
atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem
e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11) (SOARES, 2017,
p. 92 – grifo nosso).
2. O pecado afetou todo o ser do homem.
O pecado no
homem não é meramente um hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser
humano, ninguém precisa ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10;
Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo
pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e eterna (Gn
2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD (2017, p.
101) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua
composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2 Co 7.1). Isso
prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto (Is 1.3), emoção
(Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1 Co 8.7), razão
(Tt 1.15) e liberdade (Tt 3.3)”.
3. O pecado não destruiu totalmente a imagem de Deus.
Embora o homem
tenha sido afetado extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a
imagem de Deus no homem tenha sido destruída completamente (Rm
2.12-14). Encontramos um mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois
elas também foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar
a representação do próprio Deus (Tg 3.9,10) (GEISLER, 2010, p. 125). Veja
também: (Gn 9.6).
4. O pecado não anulou a capacidade de escolha.
Embora tenha
pecado e se tornado espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a
natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir
a voz de Deus e também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o
livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos seres humanos (Jo 1.11;
5.40; 6.37; 7.17). As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua
volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15;
Rm 1.18-20; 2.14,15) (Declaração de Fé das Assembleias de Deus, 2017, p. 101 – acréscimo
nosso).
IV. AS
CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DO HOMEM
Indiscutivelmente,
o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente a vida na
Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado
(1Rs 8.46; Rm 1.18; Rm 3.10-12, 23; 6.23). Portanto, vejamos algumas
consequências que o pecado trouxe ao homem depois da Queda.
CONSEQUÊNCIAS DO PECADO NA CRIAÇÃO
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REFERÊNCIAS
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O pecado fez
com que a terra fosse amaldiçoada
|
(Gn 3.17.18)
|
O pecado
trouxe ao homem a punição da morte física, espiritual e eterna
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(Gn 3.19; Rm
5.12; 6.23; Tg 2.26)
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O pecado
acarretou punições naturais e físicas na vida do homem
|
(Gn 3.16; Rm
8.20-23)
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O pecado deu
origem a lei da morte atuante sobre a totalidade da raça humana
|
(1Co 15.21,22;
Ef 2.1,2)
|
O pecado
escravizou o homem e interrompeu a comunhão com Deus
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(Jo 8.34; Rm
3.23)
|
O pecado
exclui o homem do céu
|
(Ap 22.15)
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CONCLUSÃO
Como pudemos ver
na aula de hoje, o pecado só trouxe ruína e destruição. A queda nos fala do
patamar que tínhamos de uma comunhão quebrada e que o homem em si nunca poderá
restaurar. O pecado foi um ato deliberado contra a santidade de Deus, como
consequência a morte nos âmbitos e físicos e espirituais foram o salário
recebido por tamanho mal. Louvamos a Deus por Jesus Cristo, que tem poder sobre
o pecado como também para nos restaurar.
REFERÊNCIAS
Ø CHAVES, Gilmar,
Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
Ø GEISLER, Norman. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø SOARES, Ezequias
(Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD
Ø STAMPS, Donald C.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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