1Ts 1.1-10
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos uma definição de cultura; pontuaremos algumas características da
cultura humana marcada pelo pecado; estudaremos algumas considerações gerais
sobre a cultura humana à luz das Escrituras Sagradas; notaremos como o cristão
deve se relacionar com a cultura; e por fim, mostraremos o evangelho
influenciando a cultura humana.
I. DEFINIÇÃO DO
TERMO CULTURA
1. Conceito da palavra cultura.
A palavra “cultura”
significa: “o conjunto de comportamentos e ideias característicos de um povo,
que se transmite de uma geração a outra e que resulta da socialização e
aculturação verificadas no decorrer de sua história (BURNS, 1995, p. 15).
Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 888) cultura é: “conjunto de padrões de
comportamento, crenças, conhecimentos e costumes que distinguem um grupo
social; forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais,
espirituais de um lugar ou período específico”. Portanto, podemos dizer
que, fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações:
música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos
alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização
social, etc. A cultura resume todos os costumes ligados à família, à
nacionalidade, ao trabalho e ao modo do ser humano encarar a vida.
II. CARACTERÍSTICAS
DA CULTURA HUMANA MARCADA PELO PECADO
1. Relativista.
Relativismo é o
ensino que faz a verdade depender do indivíduo ou do grupo, do tempo ou do
lugar. Ou seja, aquilo que é visto como correto para um, pode ser visto como
errado para outro (Jz 21.25; Is 5.20). A palavra de Deus, no entanto, como
“regra de fé e prática” do cristão, não admite posições relativistas, no que
concerne a moral ou a ética. Nela encontramos princípios divinos que
direcionam e guiam a vida do cristão, independente de sua cultura, status ou
época (Sl 119.9,11,105; Jo 17.17; 1 Co 6.12; 10.23). Numa sociedade
corrompida e perversa (Fp 2.15) em que o “mundo jaz no maligno” (1 Jo 5.19),
não é de se estranhar que a humanidade viva no seu dia-a-dia, “uma
inversão dos valores e dos padrões morais” (Is 5.20).
2. Materialista.
A cultura humana
tem sido marcada pelo materialismo, onde se tira totalmente a ideia do
espiritual, tudo se limita ao físico, ao terreno, ao transitório (1 Tm 6.7; Jó
1.21). Cultura que se valoriza, pelo que se tem, em detrimento da vida
espiritual e da vindoura (Lc 12.20,21). Paulo se contrapõem a esse pensamento
ao dizer: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos
os homens” (1 Co 15.19). A cultura cristã embora não anule a realidade
física da existência com suas necessidades mais pessoais (Mt 6.31-33), enfatiza
a realidade espiritual como sendo o ideal de quem passou pelo novo nascimento
(Mt 6.19,20; Cl 3.1-3). Devemos fazer a diferença em nossa cultura como nos
ensina a Bíblia (Fp 1.27 ver ainda Rm 12.2; 1 Co 10.32), seguindo o exemplo dos
nossos pais: “Segundo a tradição que de nós recebeu” (2 Ts 3.6).
3. Antropocêntrica.
O
antropocentrismo tem sido outra marca da cultura atual marcada pelo pecado. É
uma Ideologia ou doutrina, de acordo com a qual o ser humano é o centro de
tudo, sendo ele rodeado por todas as outras coisas; dentro dessa perspectiva
tudo converge para o homem (Dn 4.30; Lc 12.17-19). Esta ideia, porém, choca-se
frontalmente com o teocentrismo ensinado nas Escrituras, ou seja, Deus é o
centro de todas as coisas: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas
as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36).
III. CONSIDERAÇÕES
GERAIS SOBRE A CULTURA HUMANA À LUZ DAS ESCRITURAS
1. Quando a cultura contradiz as Escrituras, deve
ser rejeitada e combatida.
Podemos ver no
AT que os costumes dos povos deveriam ser rejeitados pelos israelitas porque
estavam ligados a uma religião idólatra e cruel (Lv 18.24-29). Estes costumes
incluíam práticas que abrangiam as diversas áreas da vida como a família, a
vestimenta, a religião, a arquitetura, direito, etc (Dt 2.5). Em certas
situações toda a cultura de um povo deveria ser completamente destruída (Dt
25.17-19; 1Sm 15.2-3). Os filhos de Israel deveriam cumprir o mandamento de não
cortar o cabelo em redondo, nem danificar as extremidades da barba (Lv 19.27).
É provável que aquele costume cultural identificasse a
pessoa com o paganismo e por isso deveria ser rejeitado (Rm 12.2). É a Igreja
que influencia os padrões de vida e costumes do mundo, porque ela é “o sal
da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5.13,14). O povo
de Deus é um povo diferente no mundo, no sentido espiritual, moral e social (1 Co
10.32). A Igreja é um grupo social, dentro de um contexto maior, chamado
sociedade, repleto de padrões culturais antibíblicos, onde quer que a Igreja se
encontre e por isso precisa fazer a diferença (1 Co 6.20; Tt 2.10).
2. O que da cultura não contradiz as Escrituras,
deve ser utilizada com sabedoria.
Apesar da
cultura estar contaminada pelo pecado, ela pode ser uma fonte da verdade, se
não vier a contradizer os princípios bíblicos. Daniel e seus amigos na corte
babilônica é um grande exemplo. Eles foram dotados por Deus com o conhecimento
e inteligência em toda literatura e sabedoria (Dn 1.17-21). Isto quer dizer que
ele tinha conteúdo cultural e sabia usar aquele conhecimento com equilíbrio e
sabedoria. Apesar deste conhecimento Daniel e seus companheiros não permitiram
que, no que a cultura babilônica feria os princípios divinos comprometessem sua
fé (Dn 1.8). Quando o costume cultural está de acordo com a verdade bíblica,
ele deve ser preservado e seguido; porém, quando contraria os princípios
estabelecidos na Palavra de Deus, deve ser rejeitado e combatido pela Igreja de
Cristo (At 5.29; Fp 4.8). Logo, a cultura até certo ponto não é nociva, desde
que não venha a ferir os princípios da Palavra de Deus. Quando uma respectiva
nação praticava um costume fora da vontade de Deus, a Bíblia é bem clara: “E não
andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós, porque fizeram
todas estas coisas; portanto fui enfadado deles” (Lv 20.23 ver ainda Dt
22.5).
IV. COMO O CRISTÃO
DEVE SE RELACIONAR COM A CULTURA
1. O exemplo do apóstolo Paulo.
Ele também foi
um cristão que entrou em contato com a cultura do seu tempo, mas não deixou se
corromper por nenhuma prática cultural. Seus escritos revelam conhecimentos
razoáveis em variadas áreas da cultura (At 17.15-34). Paulo podia levar os
princípios eternos da revelação especial que ele recebia a sua prática? Sim!
Porque conhecia bem os costumes judaicos em que ele fora criado, bem como os
costumes dos povos que ele estava evangelizando (1 Co 11.1-16). Apesar deste
conhecimento cultural, o apóstolo Paulo não negociava com a cultura de sua
época se esta prejudicasse a Palavra que ele pregava. Para Paulo, o meio de
salvação dos perdidos era a pregação do evangelho. Ele rejeitou a retórica dos
gregos para que a fé daqueles irmãos não repousasse sobre a sabedoria humana,
mas sobre o poder de Deus (1 Co 2.1-5).
2. Jesus Cristo, o mais sublime de todos os
exemplos.
O Senhor Jesus é
o maior e melhor exemplo de alguém que não deixou ser influenciado pela cultura
prevalecente de seus dias. Ele veio ao mundo como homem (Jo 1.14; Fp 2.5-11),
foi circuncidado e apresentado no templo (Lc 2.21-38), participou das festas
judaicas (Lc 2.39-43), demonstrando estar em contato com sua cultura. Porém,
não se rendeu a ela para ir de encontro aos princípios da Palavra de Deus (Mc
7.1-16). Os cristãos devem ser agentes transformadores da sociedade. Nossa
responsabilidade de transmitir e viver adequadamente o evangelho em qualquer
cultura é bíblica. Escrevendo aos coríntios o apóstolo Paulo diz: “Portanto,
quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória
de Deus” (1 Co 10.31). Significa dizer que tudo o que fazemos na vida,
até as coisas mais instintivas, como o comer e o beber, devem ser feito com a
plena conscientização da glorificação a Deus. Não podemos, portanto,
simplesmente aceitar uma cultura como ela é sem ter a visão clara do que ela
tem contrário à Palavra de Deus.
V. O EVANGELHO
INFLUENCIANDO A CULTURA HUMANA
1. A igreja e a pregação do Evangelho.
Uma das
principais atribuições da igreja é a de influenciar a cultura e a sociedade
onde ela está inserida (Mt 5.13-16; Mc 9.49; Lc 14.34-35; Mc 4.21; Lc 8.16; 1 Pe
2.12). E como ela pode fazer isto? Priorizando os princípios da Palavra de
Deus, independente do modelo cultural da sociedade. Na prática, significa
combater o pecado, mesmo que este seja visto como uma questão cultural. É
ensinar sobre a fidelidade conjugal (Hb 13.4), mesmo quando a infidelidade já
se tornou comum; combater a mentira e o engano (Ef 4.25; Rm 12.17), ainda que
sejam vistas como coisas normais ou naturais; pregar contra o paganismo e a
idolatria (Rm 2.22; 1 Jo 5.21), mesmo quando ela é vista como mera
religiosidade, etc. Recebemos do Senhor Jesus uma responsabilidade para
produzir uma cultura debaixo do Senhorio de Cristo (2 Co 10.4,5), ou seja,
promover a cosmovisão cristã em um mundo pluralista (Rm 12.1,2), onde as
culturas estão afetadas em suas estruturas e práticas do pecado, necessitando
assim, que a Igreja exerça sua função profética (1 Pe 2.9,10), mostrando o
caminho que Deus planejou para vivermos como seres humanos, julgando nossas
vidas por essas normas.
2. O evangelho na cidade de Éfeso.
Esta era a
capital da província romana da Ásia. A cultura era extremamente influenciada
pelo paganismo e hedonismo (busca desenfreada pelo prazer) ali estava o foco de
adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana (At 19.27) que possuía um
templo (At 19.28) que foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Historiadores calculam que a população da cidade de Éfeso no primeiro século
era cerca de 250 a 500 mil habitantes. Paulo na unção do Espírito Santo (At
19.11,12), começou a pregar nesta cidade e o impacto do evangelismo foi tão
grande que agitou a cidade, provocando muitas conversões até mesmo de pessoas
ligadas ao ocultismo (At 19.18); de modo que Lucas relata: “assim
a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19).
Durante o tempo que ali passou, Deus operou poderosamente através do apóstolo
(At 19.11), em Éfeso houve várias conversões (At 19.18,19), batismo no Espírito
Santo (At 19.6,7), curas divinas e expulsão de demônios (At 19.12), e a
propagação do evangelho (At 19.10,20,26), resultando no temor a Deus e a
glorificação do nome do Senhor Jesus (At 19.17).
3. O evangelho na cidade de Corinto.
O apóstolo Paulo
escrevendo aos coríntios deixou muito claro que a cultura não está acima das
Escrituras (1 Co 10.12,23,31). Tudo o que o crente fizer deve objetivar a
glória de Deus, pois para isto é que fomos criados (Ef 1.12). A Bíblia
adverte-nos: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de
filosofias e vãs sutilezas [...]” (Cl 2.8). Um dos maiores desafios da
igreja nestes últimos dias é lutar contra os enganos e os ardis do Inimigo na
nossa cultura. Os costumes e cultura nunca têm o peso de doutrina, porém, a doutrina
bíblica é que gera os bons costumes nas culturas (Dt 7.6). Paulo
ensinou que há coisas que em si mesmas não são pecado, mas são moldadoras,
dominadoras, controladoras e por isso, devem ser evitadas: “Nem
todas as coisas me convêm” (1 Co 6.12a), por este motivo a recomendação
bíblica: “Não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6.12b). Há coisas
que em si mesmas não são pecado, mas são embaraçosas (Hb 12.1). Há coisas que
em si mesmas não são pecado, mas dão a aparência de pecado (1Ts 5.2). Nossos
usos e costumes não devem provocar escândalos (1 Pe 3.3-5).
CONCLUSÃO
Vimos que
cultura é a atividade humana que intenciona o uso, o prazer e o desenvolvimento
da raça humana. A Bíblia nos fala a respeito da cultura. Ela diz que, quando a
cultura contradiz a verdade revelada, ela deve ser combatida; ensina também
que, quando um costume cultural está de acordo com os princípios eternos, ele
deve ser seguido. E, acima de tudo ela relata diversos exemplos de pessoas que,
mesmo estando inseridas em diversas culturas, elas permaneceram fiéis a Deus.
REFERÊNCIAS
· HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
· STAMPS, Donald
C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
· BURNS, Bárbara. Costumes
e Culturas: uma introdução à Antropologia Missionária. VIDA NOVA
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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