Jo 3.1-16
INTRODUÇÃO
Nesta última
lição do trimestre falaremos sobre o novo nascimento; definiremos a
regeneração; a necessidade que todos os homens tem de nascer de novo; as
características deste ato; quais os instrumentos que Deus usa para operar o
novo nascimento no pecador; e, por fim, pontuaremos a guerra que existe no
interior do crente entre a velha e a nova natureza e o que devemos fazer para
subjugarmos a inclinação da natureza pecaminosa.
I. DEFININDO
REGENERAÇÃO
Teologicamente o
“novo
nascimento” ou “regeneração” é: “o
milagre que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da
vida e da natureza divina. Através da regeneração o homem passa a desfrutar de
um nova realidade espiritual” (ANDRADE, 2006, p. 317 – acréscimo
nosso). A palavra regeneração no grego é “palinginésia” formada da expressão “pálin”,
'novamente', e “génesis”, 'nascimento', significa, portanto: “novo
nascimento”. O Pastor Eurico Bergstén (2016, p. 174) diz que: “a
regeneração ou novo nascimento significa o ato sobrenatural em que o homem é
gerado por Deus (1Jo 5.18) para ser seu filho (Jo 1.12) e participante da
natureza divina (2 Pe 1.4)”. A doutrina da regeneração é bíblica e foi
ensinada por Jesus e pelos seus santos apóstolos (Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Gl 6.15;
Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23).
II. A NECESSIDADE
DA REGENERAÇÃO
Deus criou os
seres humanos em um estado de perfeição: “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29a).
Uma das características que Deus concedeu ao homem foi o poder do livre
arbítrio (Gn 2.16). O primeiro casal fez uso da liberdade e quis desobedecer a
Deus (Gn 3.1-6). O que se seguiu a este mau uso da liberdade humana foi um estado
de pecaminosidade, do qual não podemos escapar e reverter sem o auxílio divino.
Dentre as consequências que o pecado trouxe ao homem, a principal delas, foi a
morte espiritual (Gn 2.16,17; 3.2,3; Rm 6.23). A morte espiritual é a separação
espiritual de Deus (Is 59.2). Como toda a humanidade estava representada em
Adão, quando ele caiu em transgressão, também toda a humanidade caiu com ele. O
apóstolo Paulo deixa isso bem claro quando assevera: “por um homem entrou o pecado
[...]
por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Confira também: (Rm 2.10-12;
3.23; 5.13-16). Geisler (2010, p. 104) acrescenta dizendo: “todo descendente de
Adão — toda pessoa nascida de pais naturais desde o tempo da Queda — também
está espiritualmente morto”. Diante de tal situação espiritual de morte,
faz-se necessário o homem nascer espiritualmente de novo. Portanto, a
regeneração é uma necessidade a todos os homens (Jo 3.3,5). Vejamos:
1. Sem o novo nascimento o homem permanece morto
espiritualmente.
Paulo diz que o
homem não regenerado “está morto em delitos e pecados” (Ef
2.1,5). Vale salientar que essa “morte” não é a incapacidade de
corresponder ao chamado de Deus, mas a separação espiritual da presença dEle
(Is 59.2; Rm 3.23). Paulo disse que o homem nessa condição não compreende as
coisas de Deus (1 Co 2.14). O pecador só pode ser vivificado, quando exposto a
pregação da Palavra que ilumina o seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2 Co 6.4),
até então obscurecido pelo pecado (Ef 4.18) e pelo diabo (2 Co 4.4). No
entanto, mesmo sendo iluminado, a pessoa pode optar por aceitar ou rejeitar
o plano da salvação (Mt 16.24; Jo 7.37; Ap 22.17).
2. Sem o novo nascimento, o homem não tem acesso ao
Reino de Deus.
Por melhor que
seja uma pessoa, ela não pode produzir sua salvação (Is 64.6; Tt 3.5). Jesus
declarou ao religioso Nicodemos três vezes que “é necessário nascer de novo”
(Jo 3.3,5,7). Moody (sd, p. 18) diz que esta “não é simplesmente uma exigência
pessoal, mas universal”. Segundo o Mestre Jesus, o novo nascimento é
necessário por que: a) sem ele o
homem não pode ver o Reino de Deus (Jo 3.3); e, b) tampouco entrar nele (Jo 3.5). O homem do jeito que está não
pode ter acesso ao Reino de Deus, pois é “filho da ira por natureza” (Ef 2.3);
e, andando na carne não pode agradar a Deus (Rm 8.8). Somente quando nasce de
novo, este homem é criado em verdadeira justiça e santidade requeridas por Deus
para que tenha acesso ao Reino (Ef 4.24).
III. CARACTERÍSTICAS
DA REGENERAÇÃO
1. Um ato espiritual.
A desobediência
humana recebeu como sentença a morte, tanto física quanto espiritual (Gn
2.16,17; Ez 18.4; Rm 6.23; Ef 2.1,5). Essa morte espiritual implica na
separação da presença de Deus (Rm 3.23). Portanto, “morto espiritualmente” o
homem necessita “nascer de novo” espiritualmente para ter comunhão com Deus. Por
isso, no discurso de Jesus com Nicodemos o Mestre lhe diz: “Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus” (Jo 3.3). Segundo Beacon (2006, p. 49 – acréscimo nosso)
a palavra traduzida como “de novo” é “anothen”, que tem vários
significados e um deles é: “de cima”. Acerca disso Wilmington
(2015, pp. 362,363) diz que: “o Messias estaria, então, dizendo que o único
requisito para viver nesta terra é ter um nascimento físico; igualmente, o
único requisito para viver um dia nos céus é ter um nascimento espiritual”.
Esse “nascer do Espírito” em nada tem a ver com a reencarnação, que é
um ensinamento que não encontra apoio nas Escrituras (2 Sm 12.21-23; Hb 9.27).
Aliás, Nicodemos perguntou se a regeneração era vir de novo a vida fisicamente,
voltando ao ventre materno (Jo 3.4). Jesus respondeu dizendo “o que
é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”
(Jo 3.6).
2. Um ato interior.
Os profetas
predisseram este ato sobrenatural (Dt 30.6; Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26,27).
Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega
várias figuras de linguagem para descrever o que acontece no novo nascimento.
Nestas passagens bíblicas o novo nascimento é comparado a uma “cirurgia
interior”. Deixando claro que a regeneração é um ato divino operado
pelo Espírito Santo no espírito do homem. Macgrath (2010, p. 525), diz: “a
regeneração altera a natureza interior do pecador” (Gl 5.16,17; Cl 3.5;
1 Pe 2.11; 2 Pe 1.4; 1Jo 3.9; 5.18).
3. Um ato instantâneo e distinto.
Diferente da
santificação que é um processo, a regeneração é um ato instantâneo. A palavra “instantâneo”
segundo o Aurélio significa: “que se dá num instante; rápido; súbito”
(2004, p. 1113). O apóstolo Paulo nos diz: “assim que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é [...]” (2 Co 5.17). É bom destacar também que a
regeneração é uma etapa da salvação distinta da justificação, da santificação e
da glorificação. A ordem segue-se assim: primeiro “o pecador é declarado justo”
(justificação); em seguida “ele é feito justo” (regeneração);
depois “ele vai se tornando justo” (santificação); e, por fim, ele “será
perfeitamente justo” (glorificação).
IV. COMO SE DÁ A
REGENERAÇÃO
O novo
nascimento não é produzido pelo próprio homem, nem pela religião, centros de
ressocialização ou qualquer outro meio terreno. Abaixo destacaremos os meios
pelos quais o homem pode ser regenerado:
1. Pela Palavra de Deus (O instrumento da
Regeneração).
O Mestre Jesus
ensinou que o novo nascimento é operado através da Palavra de Deus (Jo 3.5). A
água de que fala o Senhor é meramente um símbolo de purificação, como ensinava
o AT. Logo, esta água aqui é símbolo da Palavra (Jo 15.3; Ef 5.26) e não as
águas do batismo. O batismo em si não pode lavar pecados nem regenerar o
pecador. Na verdade a Palavra de Deus é a divina semente (1 Pe 1.23) e o agente
purificador (Jo 15.3; 17.17). Quando ela é aplicada em nosso coração pelo
Espírito Santo, acontece o milagre do novo nascimento. É o que Tiago nos diz: “[…]
ele
nos gerou pela palavra da verdade […]” (Tg 1.18). A expressão “palavra
da verdade” refere-se ao Evangelho (2 Co 6.7; Cl 1.5; 2Tm 2.15).
2. Pelo Espírito Santo (O agente da Regeneração).
A regeneração é
mencionada nas Escrituras como uma ação do Espírito. No AT os profetas falaram
dessa atividade do Espírito Santo (Is 32.15; Ez 36.27; 37.14; 39.29; Zc 12.10).
Jesus disse a Nicodemos que o homem precisa “nascer da água e do Espírito”
(Jo 3.5). O apóstolo Paulo também ensinou isto (Ef 4.24; Tt 3.5). O
Espírito Santo esteve presente na criação do homem (Gn 2.7; Jó
33.4); de igual modo está presente na recriação deste homem
(Jo 3.5; 20.22). A menção ao vento, aludindo a atividade do Espírito mostra que
se trata de algo sobrenatural (Jo 3.8). Veja também (Ez 37.9; At 2.2).
V. A VELHA E A NOVA
NATUREZA
1. A velha natureza.
Também chamada
de carne, no grego “sarx”.
Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza
humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao
Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que
quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18).
Acerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a não andarmos segundo seus
impulsos (Rm 8.1a); mas, nos despojarmos dela (Ef 4.22); e, fazer morrer seus
desejos (Cl 3.5).
2. A nova natureza.
Esta nova
natureza é fruto da regeneração ou novo nascimento, ato que se dá na vida de
quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e da natureza divinas. Esta
nova vida nos é transmitida pelo Espírito (Jo 3.8; Tt 3.5). Tal ato é concedido
ao crente quando pelo Espírito, ele desliga o pecador de Adão e o conecta com
Cristo (1 Co 12.13). Paulo ilustra tal mudança de condição quando diz que
éramos zambujeiro, mas fomos enxertados na boa oliveira que é Cristo, e por
meio da sua seiva, o Espírito Santo, podemos produzir bons frutos (Rm 11.17-24;
Gl 5.22).
3. A guerra interior.
Fomos salvos da
condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Rm
7.18,23). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito
permanente entre a carne e o Espírito. Eles são opostos entre si. Paulo tratou
da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm
7.22.23; Gl 5.17). Nessa batalha “carne versus espírito”, vencerá
aquele que dermos a maior preferência (Gl 5.16).
CONCLUSÃO
O pecado atingiu
o homem e o destituiu da glória de Deus. Todavia, Deus tomou a iniciativa de
restaurar a comunhão outrora perdida com o homem, através do evangelho, que
iluminando o entendimento humano, pode vivificá-lo, transformar o seu interior
e levá-lo a ser participante da natureza divina.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø MCGRATH,
Alister E. Teologia sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
Ø MOODY,
D. L. Comentário Bíblico de João. PDF.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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