Jó 1.1-5
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre o personagem secundário desta lição, já que o primeiro é o
nosso Deus. Sendo assim para sabermos bem quem foi este homem de Deus
precisamos entender bem o que o próprio Deus falou acerca Dele; estudaremos os
dias difíceis que ele viveu, seu comportamento diante dos homens, de Deus e
também da sua família, além de no final entenderemos a importância do
comportamento do cristão em nossos dias.
I. JÓ, UM SERVO DE
DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS
Boa parte dos
historiadores bíblicos colocam Jó dentro do período patriarcal, ou seja, ele
foi por certo contemporâneo de Abraão, Isaque e Jacó. Este era um tempo em que
os homens se distanciavam de Deus (Js 24.2), ao ponto de Deus escolher um para
trazer novamente seu Nome sobre ele e seus descendentes (Gn 12.1-3). Sendo
assim, precisamos enxergá-lo como um Enoque, Noé ou Abraão de seus dias. O
comportamento de Jó chamou atenção até mesmo do inimigo (Jó 1.7-9). Algo que
também nos surpreende, é que, antes de se mencionar o que Jó tinha, o texto
bíblico faz questão de mostrar quem ele realmente era (Jó 1.1). Vamos analisar
agora quem era este homem diante da Sociedade, em relação a Deus e da sua
família.
II. O COMPORTAMENTO
DE JÓ DIANTE DA SOCIEDADE
A sociedade é
regida por normas, a isso damos o nome de Ética, mas quando olhamos para Jó
enxergamos nele alguém que tinha uma ética muito superior aos homens de seu
tempo. Vejamos:
1. Sincero/integro (Jó 1.1).
Jó era "íntegro" (Jó 1.1). Não era um indivíduo
sem pecados, pois essa é uma característica que ninguém pode requerer para si
(1Jo 1.8). Porém, seu caráter era maduro e pleno, e sua conduta,
"reta". O termo "integridade"
é outra palavra importante em Jó (Jó 2.3,9; 27.5; 31.6). Pessoas íntegras são
indivíduos completos, sem qualquer hipocrisia ou duplicidade (WIERSBE, 2012, p.
8). O termo sincero na corrigida tem o seu sentido etimológico do latim; sincērus;
e significa sincero a um, puro; leal, franco;
algo escasso na sociedade desde os tempos de Jó.
2. Reto (Jó 1.1).
Além de ser
sincero, também lemos que Jó era reto (...). Não havia falta em Jó. Ele
preenchia todos os requisitos dos seus dias de um homem exemplar. Na narrativa,
essas qualidades em Jó não constituem a avaliação de homens, mas sim, a
avaliação do próprio Deus (CHAPMAN, 2016, p. 28). Esta qualidade é uma virtude
de seguir, sem desvios, a direção indicada pelo senso de justiça, pela
equidade; virtude de estar em conformidade com a razão, com o dever;
integridade, lisura, probidade.
III. O COMPORTAMENTO
DE JÓ EM RELAÇÃO A DEUS
De Deus ninguém se
esconde (Sl 139.7-12; Jr 23.24; Hb 4.13; Ap 2.2), alguém pode até fingir um
certo modelo ético de comportamento devido a moral, ou seja, por estar sempre
sendo vigiado, mas em Jó podemos enxergar também seu comportamento diante de
Deus. Também vemos que até pelo crivo divino Jó passou com louvor (Jó 1.8),
vejamos:
1. Temente a Deus (Jó 1.1).
Richard Alleine
assim descreve o homem piedoso: “Aquele que sabe o que é ter prazer em Deus
temerá a sua perda; aquele que viu sua face, terá medo de ver suas costas”.
Esta declaração é um perfeito resumo do relacionamento de Jó com o
Todo-Poderoso (...) A expressão hebraica que descreve o homem temente a Deus
que é a expressão “yará”, evoca um medo santo e respeitoso pelo Todo-Poderoso.
Medo esse, aliás, que não tem a natureza do terror. (ANDRADE, p. 35, 2006). O
temor ao Senhor é a base para qualquer ser humano se relacionar com Ele (Lv.
25.17; 2Cr 19.7; Pv. 9.16; 14.27; 16.6; Is 8.13) e como pudemos observar nos
textos citados ele mudará o nosso relacionamento com o próximo. Podemos
perceber que esse era o alicerce de seu caráter. “Eis que o temor do Senhor é a
sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento” (Jó. 28. 28). Temer
ao Senhor significa respeitá-lo por seu caráter, seus atos e suas palavras.
2. Desviava-se do mal (Jó 1. 1).
Era um homem
moral. Rejeitava o que era errado; não meramente o evitava. O escopo da conduta
nobre de Jó desdobra-se à medida em que a história progride. Chega ao seu
clímax no seu testemunho final (capítulos 29-31), onde insiste que suas
realizações são publicamente conhecidas (29) e nega quaisquer falhas sérias
(31). Era irrepreensível diante dos homens (4.3-6) ou de Deus (42.8) (WIERSBE,
p.8, 2012). O mais interessante que este ato de se desviar do mal não está
muitas vezes ligado apenas a algo prático, mas ao coração. Jó já entendia que
Deus sonda as mentes e corações (1Sm 16.7; Sl 139.1; Pv 21.2; Jr 11.20).
IV. O COMPORTAMENTO
DE JÓ EM RELAÇÃO A SUA FAMILIA
Uma das
características que encontramos em Jó é o seu zelo por sua família. O ambiente
familiar pode gerar em alguns um sentimento de liberdade para ser diferente do
que se é em sociedade, mas, mais uma vez Jó demonstrar seu caráter distinto.
Pelo que entendemos em seus dias não havia ainda autoridades sacerdotais
escolhidas por Deus tal qual o período levítico, sendo assim, Jó já entendia
que Ele deveria ser o sacerdote de seu lar. Vejamos agora o que podemos
enxergar em Jó com relação a sua família.
1. Um empresário que tinha tempo para a família (Jó
1.3).
Os bens de Jó eram
tantos que o autor Bíblico inspirado afirmar “Este homem era maior do que todos
no oriente”. Porém, observamos que mesmo sendo tão rico, Jó não
renunciava à sua família. Essa sempre foi a vontade de Deus para os pais (Dt
6.6-9; Pv 22.6). Infelizmente muitos pais têm negligenciado tamanha
responsabilidade e colherão um fruto amargo se não mudarem drasticamente. Que
sua família seja sua prioridade, ela é o nosso maior bem (Sl 128).
2. Um pai que mantinha sua família unida (Jó 1.4).
Sabemos que a
união entre os irmãos é algo agradável a Deus (Sl 133.1), encontramos isso na
família de Jó. Diferente de outras famílias que são apresentadas na Bíblia onde
havia disputa por poder, como no caso de Jacó e Esaú (Gn 27.36) e de José e
seus irmãos (Gn 37.4,11,20,27-28). Mesmo possuindo um pai rico, enxergamos seus
filhos desfrutando dos bens de seu pai em harmonia. Isso só pôde ser uma realidade
por conta dos ensinamentos e oração que seu pai sempre fazia.
3. Um intercessor contínuo (Jó 1.5).
Jó não orava as
vezes por seus filhos, ou apenas os ensinava quando estes erravam, o trabalho
de Jó é um trabalho preventivo, ele chegava antes do problema. Se preocupava
até com os possíveis pecados de coração deles: “Talvez os meus filhos tenham
pecado e blasfemado contra Deus em seu coração”. Observemos
pontualmente o trabalho de Jó para manter seus filhos na presença de Deus: a) Santificava-os; b) Oferecia Holocaustos por cada um; c) Preocupava-se com a vida espiritual deles e, d) continuamente fazia assim. Que nunca
esqueçamos este exemplo, sua família é de sua responsabilidade diante do Senhor
(1Tm 5.8).
V. A IMPORTANCIA DO
TESTEMUNHO CRISTÃO
A palavra de Deus,
como “regra de fé e prática” do
cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do
cristão, independentemente de sua cultura, status, época etc. (Sl 119.9,11,105;
Jo 17.17). Como Jó também temos a responsabilidade de viver uma vida na qual
nosso Deus seja visto e glorificado. Vejamos, então, na Palavra de Deus, quais
devem ser as atitudes do cristão neste mundo:
1. Não nos conformar com o mundo. (Rm 12.2).
A expressão “não
vos conformeis” tem o sentido de “não tomar a forma” ou “não
ser igual”. Em outras palavras, o apóstolo Paulo estava dizendo: “não queira ser igual ao mundo”. O
cristão deve reconhecer que o presente sistema mundano é mau (At 2.40; Gl 1.4)
e que está sob o controle de Satanás (Jo 12.31; 1Jo 5.19).
2. Demonstrar à sociedade que somos novas criaturas.
Através do
testemunho cristão, o crente demonstra à sociedade que já não é mais o mesmo, e
que sua vida foi transformada, tornando-se numa nova criatura (Rm 8.1; 2Co
5.17);
3. Evangelizarmos com a vida.
Através do seu
testemunho pessoal o cristão também evangeliza (1Tm 4.16). Sua própria vida já
é um testemunho vivo do poder de Deus. Se demonstrarmos um bom testemunho
diário, propagaremos, com eficácia, o poder do Evangelho que é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que crê, conforme (Rm 1.16);
4. Cuidar da nossa família (1Tm 5.8).
O apostolo Paulo
nos deixou um duro recado, se falharmos no cuidado com nosso próximo, principalmente
com os de nossa família, somos piores que os infiéis, ele nos exorta
assim porque conhecemos a verdade, os infiéis não. Que possamos conduzir nossa
família aos pés de Cristo sempre.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta
lição que nosso comportamento diante dos homens, de Deus e nossa família são a
base de nosso caráter. Que possamos como
cristãos imitadores de Cristo viver uma vida irrepreensível em dias tão
difíceis. Que nossa vida de boa conduta baseada nas Escrituras possa ser conhecida
dos homens, mas principalmente chancelada por Deus. Jó conseguiu e com a graça
de Deus creio que nós também conseguiremos.
REFERÊNCIAS
Ø ANDERSEN,
Francis. Introdução e comentário de Jó. VIDA
Ø ANDRADE,
Claudionor Correia. O problema do Sofrimento do Justo e o seu propósito. CPAD
Ø CHAPMAN,
Milo L. PURKISER, W. T. Comentário BEACON Vol. 3. CPAD
Ø WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo
Vol. 4. GEOGRAFICA
Por Rede Brasil de Comunicação.
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