Is 53.4-6; Mt 8.16,17
INTRODUÇÃO
Nesta lição enfatizaremos em que acreditamos no que diz
respeito à cura divina; destacaremos o que é ensinado sobre esse assunto à luz
do Antigo e do Novo Testamento; pontuaremos as principais causas das
enfermidades na humanidade; veremos por que nem todos são curados; e por fim,
quais os principais propósitos da cura divina, e esta como uma realidade para
nossos dias.
I. NO QUE CREMOS
SOBRE A CURA DIVINA
Na Declaração de Fé das Assembleias de Deus nos é dito:
cremos, professamos e ensinamos que a cura divina é um ato da soberania,
graça e misericórdia divina, (Mt 14.14; Mc 1.40,41) que, através
do poder do Espírito Santo (Lc 4.18,19; At 10.38) restaura física
e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo (At 3.16;
14.8-10). Deus fez o homem um ser integral, formado por uma parte material e
outra imaterial (Gn 2.7). A parte material, o corpo, é tão importante quanto a
imaterial, a alma e o espírito (1Co 6.19,20; 1Ts 5.23). A Bíblia mostra que a
obra redentora de Cristo incluiu também o corpo: “Gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). A
vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo: “É ele que
perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl
103.3). Faz parte da natureza divina curar os enfermos, e Deus assim o faz para
demonstrar o seu poder e amor pelos afligidos (SOARES Org, 2017, p.179 – grifo
nosso).
II. A CURA DIVINA À
LUZ DAS ESCRITURAS
1. No Antigo Testamento.
O grande título veterotestamentário para descrever o aspecto
da natureza de Deus em curar, acha-se em Êxodo 15.26: “[...] Eu sou o
Senhor que te sara”. O hebraico diz: “Ani Yahweh roph’eka”,
que também poderia ser traduzido por: “Eu sou o Senhor, teu Médico” (Jr
8.22). Visto que na antiga aliança a cura faz parte do pacto que Deus fez com o
seu povo (Êx 23.25) de modo que a obediência às exigências da aliança produzia
cura (Êx 15.26), enquanto a não observância de seus preceitos trazia doenças
(Dt 28.15,22). Em vários momentos da história relatada no AT, mostram pessoas
sendo curadas entre elas: a) Abimeleque e esposa, curados da
esterilidade (Gn 20.17); b) Naamã o siro, e Miriã irmã de Moisés, foram
curados de lepra (Nm 12.10-15; 2Rs 5.10-14; Lc 4.27); e, c) Israelitas
curados do efeito do veneno das serpentes (Nm 21.5-9), ficando evidente que, no
AT se era de sua natureza divina realizar curas, até hoje assim permanece;
pois, Deus não muda (Ml 3.6).
2. No Novo Testamento.
São vários os relatos de milagres curas e maravilhas no Novo
Testamento em momentos importantes, vejamos:
A. No ministério terreno de Jesus.
A cura divina foi parte fundamental no ministério terreno de
Jesus (Mt 4.23-25; 8.16; At 10.38). que foi marcado, principalmente, por
pregação, ensino e cura (Mt 4.23). Os evangelistas registraram diversas curas
realizadas pelo Senhor, e estas, foram um dos sinais de autenticação da sua
messianidade apresentados por ocasião da pergunta feita por João o batista (Mt
11.2,3,5 ver Is 35.5,6; 61.1). O NT relata que pessoas foram curadas por Jesus
de: a) febre (Mc 1.29-31); b) cegueira (Mt 21.14; Jo 9.1-5); c)
paralisia (Mc 2.1-12; Jo 5.5-9; d) surdez e gagueira (Mc 7.32-35); e)
lepra (Lc 5.12,13); e, f) hemorragia (Mc 5.25-29), entre outras
moléstias, uma vez que Ele: “curou muitos que se achavam enfermos de
diversas enfermidades [...]” (Mc 1.34).
B. Na igreja primitiva.
Aos seus discípulos o Senhor Jesus delegou autoridade para
curar os enfermos (Mt 10.1,8; Lc 10.9) e garantiu a possibilidade da cura
divina, aos que cressem (Mc 16.17,18). O livro de Atos, o segundo tratado de
Lucas, nos mostra que Pedro, Filipe, Estevão e Paulo, foram tremendamente
usados por Deus com como um canal de cura (At 3.6-8; 6.8; 8.6-8; 19.11,12;
28.7,8; Rm 15.19; 1Co 2.4; 2Co 12.12). Após o Pentecostes, muitas curas foram
realizadas por intermédio dos apóstolos, de modo que encontramos dezenas de
curas, realizadas pelo intermédio da igreja primitiva (At 3.6-10; 5.15,16; 8.5-8;
14.8-10; 19.11,12). O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios acerca dos dons
espirituais, enumera nove dons, dentre eles, os “dons de curar” (1Co 12.9).
Deixando claro que a cura divina sempre fez parte da realidade da igreja desde
o seu nascedouro.
III. AS CAUSAS DAS
ENFERMIDADES NA HUMANIDADE
1. Consequência do pecado.
As enfermidades e a morte entraram à experiência humana por
causa do pecado. Através da queda, no jardim do Éden, o pecado e a morte
passaram a todos os seres humanos (Rm 5.12). Parte da maldição ocasionada pela
queda foi a sujeição do corpo humano às enfermidades e à morte física. A morte
é considerada maldição, conceito este claramente ensinado nas Escrituras (Gn
3.19; Pv 11.19; Tg 1.15). Deus, porém, prometeu livrar o seu povo da maldição
das enfermidades do Egito, se eles o servissem (Êx 15.26; Dt 28.15-68). A
enfermidade e sua consequência, a morte, sem dúvida são uma penalidade por
causa do pecado (Gn 2.17), mas, devemos evitar supor que todas as
enfermidades e morte sejam consequência direta de um pecado imediato. A
enfermidade está no mundo por causa do pecado, mas, deve-se considerar também,
que a maldição é geral e aflige as pessoas independente de retidão pessoal ou
de pecados pontuais (Lc 13.1-4; ver Jó 1.1; 2.7).
2. Ação de
satanás.
Deus não deve ser
acusado pelas tragédias e misérias que ocorrem na humanidade (Tg 1.17). Antes,
nas Escrituras nos é dito que o diabo causa muitos dos males aos homens (At
10.38). Que Satanás, o adversário, é o responsável pela escravidão, tanto
física quanto espiritual, na qual pessoas se encontram, fica claro na Bíblia
(Lc 13.11-17; Hb 2.14,16; 1Jo 3.8). O Novo Testamento reconhece que os demônios
podem causar enfermidades às pessoas, e atormentá-las cruelmente (Mt 9.32,33;
12.22; 17.14-16; Mc 9.20-22), um erro, no entanto, é achar que toda
enfermidade é causada pelos demônios.
3. Descuido quanto
ao cuidado do corpo.
Tal fato pode
acontecer de várias maneiras: descuido nos hábitos alimentares, sono e repouso
insuficiente, falta de higiene pessoal, uso exagerado de medicamentos, dietas
inadequadas etc. Nossa fé em Cristo jamais deve ser utilizada como argumento
para justificar atitudes irresponsáveis ou de descuidado para com nossa saúde.
Proporcionar bem-estar ao corpo é também um modo de glorificar e exaltar a
Deus; por isso, em textos como as Epístolas vemos Paulo orientando seus amigos
a terem atenção a sua saúde (1Tm 5.23; 2Tm 4.20; Fp 2.25-30). Nossa mordomia do
corpo deve estar ligada a um ideal de vida saudável e equilibrada.
IV. PROPÓSITOS DA CURA DIVINA
Deus não faz
milagres apenas por fazer. Sempre que ele realiza algo sobrenatural e
extraordinário tem em mente alguns propósitos, entre os quais podemos citar:
1. Restauração da
saúde.
Todos os textos
narrando os milagres realizados deixam bem claro que os mesmos ocorreram em
resposta a uma necessidade humana e em resposta ao sofrimento humano (Mt
8.23-27; Lc 7.11-17).
2. Atesto da
veracidade da mensagem do evangelho.
Os milagres
operados pelos servos de Deus são uma clara demonstração do poder divino. Todos
eles tiveram como propósito específico despertar a fé no único Deus verdadeiro,
que demonstra a sua graça e glória nas mais diferentes situações na vida (1Rs
18.36-39; Jo 20.31).
3. Glorificação do
nome do Senhor Jesus.
Os milagres
narrados nas Escrituras, tanto no Antigo como em o Novo Testamento, objetivam a
glória de Deus (Jo 9.3). Em nenhum momento encontramos os profetas e apóstolos,
buscando chamar a atenção para si (2Rs 5.15,16; At 3.8,12; 14.14,15) antes, o
que dever ser glorificado nunca são os instrumentos da cura divina, mas sim, a
fonte que é o Senhor (Rm 11.36).
V. POR QUE NEM TODOS SÃO CURADOS?
Vejamos algumas
razões por que algumas pessoas não são curadas:
1. Falta de fé (Tg
1.6,7).
A falta de fé é
uma das causas pelas quais muitas pessoas não são curadas. O apóstolo Tiago nos
exorta dizendo que, o que pedimos ao Senhor devemos fazer com fé, sem duvidar.
Várias pessoas foram curadas pelos Senhor Jesus porque foram a Ele, movidas
pela fé (Mt 8.10; 9.1-8; 15.21-28; Lc 9.43-48). No entanto, outros não
receberam a intervenção divina por incredulidade (Mc 6.5,6; Mt 13.58).
2 Pecado oculto
(Tg 5.16).
Outra razão que
impede que algumas pessoas sejam curadas é o pecado oculto. É bem verdade que
Deus espera que confessemos nossos pecados, estando bem ou mal de saúde, pois a
confissão de pecados não deve ser feita por interesses na cura do corpo, e sim,
na cura espiritual (Pv 28.13).
3 Propósito divino
(2Co 12.7-9).
Não podemos negar
esta realidade que nem todos são curados como as Escrituras mostram: a) O
profeta Daniel esteve enfermo por alguns dias (Dn 8.27); b) Quando Jesus
chegou ao tanque de Betesda, havia muitos enfermos naquele lugar, porém,
somente um foi curado (Jo 5.1-15); c) Deus operou muitos milagres
através do apóstolo Paulo (At 19.11,12), porém, ele escreve a Timóteo dizendo
que deixou Trófimo doente em Mileto (2Tm 4.20); e, d) Timóteo e
Epafrodito, companheiros de Paulo, também estiveram enfermos (1Tm 5.23; Fp
2.25-27). Ficando claro, quem nem sempre a cura acontece, não porque Deus não
possa, mas, por razões que pertencem à soberania divina.
VI. A CURA DIVINA UMA REALIDADE
PARA NOSSOS DIAS
Como corpo de
Cristo, a igreja realiza a missão que Cristo estabeleceu: pregar o evangelho a
toda criatura (Mc 16.15; At 1.8) sendo esta missão acompanhada também por curas
(Mc 16.16,17). Portanto, os milagres são atuais, sendo orientado as seguintes
recomendações:
1. A oração pelos
enfermos.
A oração em favor
dos enfermos é uma prática presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. A
primeira oração de cura registrada no Antigo Testamento é feita por Abraão (Gn
20.17). Moisés orou pela cura de Miriã, sua irmã (Nm 12.10,13). O Novo
Testamento registra que a oração em favor dos enfermos era uma prática
constante na igreja primitiva e ensinada pelos apóstolos (Tg 5.14,15). A oração
pelos enfermos não entra em conflito com o tratamento médico. O rei Ezequias
foi curado de uma úlcera após ter uma pasta de figos posta sobre a sua enfermidade
(Is 38.21). O Senhor Jesus reconheceu o valor dos médicos (Mt 9.12), já Paulo,
o apóstolo, aconselhou Timóteo a beber vinho misturado na água com fins
terapêuticos (1Tm 5.18), e tinha entre seus colaboradores Lucas, que era médico
(Cl 4.14).
2. A unção com
óleo.
Os apóstolos foram
direcionados a ungirem os enfermos (Mc 6.13); na sua epístola Tiago exorta a
igreja para que, estando alguém doente, chamassem os presbíteros para que
orassem e os ungissem com azeite em nome do Senhor (Tg 5.14). Isto não é uma
sugestão de que Deus sempre atende a oração do crente com um sim. Toda oração,
inclusive a oração pela cura, fica sujeita à vontade de Deus (2Co 12.8,9; 1Jo
5.14). Deve-se destacar também que a prática de ungir a cabeça do
enfermo, não indica que o óleo possui poder curador. Embora na cultura
judaica o azeite de oliveira era considerado com propriedades medicinais (Lc
10.34). A ideia original é que esse óleo fosse usado como um sinal visível e
tangível do poder de Deus representando a unção do Espírito Santo.
Biblicamente, o que pode proporcionar cura é o nome do Senhor conforme as
Escrituras (Mc 16.17,18; At 3.6,7; Tg 5.14,15).
CONCLUSÃO
Sinais, curas e
milagres ocuparam parte importante do ministério de Cristo Jesus e dos seus
santos apóstolos, com a finalidade de confirmar a mensagem do evangelho que
pregaram. Este mesmo poder, permanece com a Igreja nos dias de hoje, a fim de
que ela se desenvolva espiritualmente e possa conduzir muitas vidas a
experiência da salvação.
REFERÊNCIAS
Ø MENZIES,
William W; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Uma perspectiva
Pentecostal. RJ: CPAD, 1999.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2018.
Ø SOARES, E. (Org.).
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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