Tg 4.4-10
INTRODUÇÃO
Nesta última
lição, estudaremos sobre a necessidade de nos mantermos firmes contra as forças
das trevas; destacaremos os principais inimigos que devemos resistir na batalha
espiritual; e, por fim, elencaremos quais atitudes necessárias para resistirmos
às sutilezas de satanás.
I. DEFINIÇÃO DO TERMO RESISTIR
O verbo resistir
significa de acordo com Houaiss (2001, p. 2438): “conservar-se firme; não
sucumbir, não ceder”. À luz do Novo Testamento, resistir advém da
expressão: “anthistemi” formado de: “anti”,
“contra” e, “histemi”, “fazer estar”; indicando a atitude
de: “indispor com; estabelecer contra; opor, reagir contra” (Mt 5.39; At
6.10; 13.8; Rm 9.19; 13.2; Gl 2.11; Ef 6.13; 2Tm 3.8; 4.15; Tg 4.7; 1Pe 5.9)
(VINE, 2002, p. 944 – acréscimo nosso). Uma palavra usada com frequência
pelo apóstolo Tiago em sua epístola, mostrando a necessidade do cristão não se
deixar vencer pelos inimigos da caminhada cristã (Tg 4.6,7; 5.6).
II. INIMIGOS A SEREM RESISTIDOS
Tiago, o primeiro
pastor da Igreja de Jerusalém, já via desde muito cedo a necessidade de os
crentes resistirem aos inimigos comuns a todo autêntico cristão, sendo estes:
interno e externo. Vejamos:
1. A natureza
pecaminosa.
Um dos principais
inimigos a serem resistidos é interno, ou seja, a carne (Gl 5.16,17). O ensino do
Senhor Jesus e dos seus apóstolos enfoca o tema com frequência. Tiago denuncia
alguns comportamentos inadequados devem estar longe da vida do cristão que
deseja vencer neste conflito espiritual: a) contenda entre irmãos (Tg
4.1-3); b) insubmissão a Deus (Tg 4.6); e, (c) maledicência (Tg
4.8).
2. O mundanismo.
O mundanismo
envolve a infidelidade de Israel, da Igreja ou de um cristão; é chamado na
Bíblia de adultério, prostituição e fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez 16.32; Ap
2.20). Ao exortar contra o adultério espiritual, Tiago associa esse desvio ao
mundanismo: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do
mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4). O mundo aqui do grego: “kosmos”
não é o planeta Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande
sistema do mal ao redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe
(Jo 14.30; 2Co 4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe
ao Senhor Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.15-17). Um crente pode tornar-se
amigo do mundo gradativamente: a) sendo amigo do mundo (Tg 4.4); b) contaminado
pelo mundo (Tg 1.27); c) amando
o mundo (1Jo 2.15-17); d) conformando-se com o mundo (Rm 12.2); e, por
fim, e) o resultado é ser condenado com o mundo (1Co 11.32). É sobre
este mundo que a Bíblia fala que jaz no maligno (1Jo 5.19).
3. Satanás e suas
sutilezas.
Embora Tiago tenha
enfatizado a tendência maligna da própria pessoa como responsável pelo pecado
(Tg 1.14), aqui ele admite a atuação de um ser maligno como agente externo do
mal (Tg 4.7). Sobre esse inimigo, Pedro afirmou: “[…] porque o diabo,
vosso adversário […] (1Pd 5.8; ver Tt 2.8), adversário do grego:
“antidikos” de “anti”, “contra” e “dike”,
uma causa ou demanda legal, traz a ideia de um opositor um inimigo (Lc 18.3).
Cujo propósito básico é separar o homem de Deus (2Co 11.3). Engana-se quem
pensa que o diabo age de forma desordenada. Ele é um ser calculista, ou seja,
que age de forma planejada para alcançar os seus objetivos malignos (2Co 2.11;
1Tm 3.7-b). O apóstolo Paulo asseverou que: “precisamos ficar firmes
contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). A palavra
“ciladas” vem do grego “metodeia”, que significa: “métodos,
estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas,
ele pesquisa meticulosamente (Jó 1.7; 2.2) em busca de nossos pontos
vulneráveis (Zc 3.1,3), e não hesita em buscar brechas em nossa vida espiritual
(1Pe 5.8), ele age insistentemente para nos levar a pecar contra Deus (Gn
39.10; Ne 6.4,5,13), não desistindo facilmente (Mt 4.1-11; ver Lc 4.13). Muitas
vezes as ciladas perigosas surgem com ares de inocência, mas que são preparadas
para pegar de surpresa o crente, tanto na esfera física, como moral, e
espiritual.
IV. RESISTINDO ÀS SUTILEZAS DE
SATANÁS
Satanás não é para
ser temido, mas resistido; de modo que qualquer que seja o poder que o diabo
tenha, o cristão pode estar absolutamente certo de que recebeu de Deus, a
capacidade para vencer às sutilezas, condicionados, porém, a algumas atitudes.
Vejamos:
1. Vivendo em
sujeição e comunhão com Deus (Tg 4.7,8a).
A ordem do verbo “sujeitai-vos”
exige uma ação passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de
alguém. Para manter-se firme diante do diabo, o crente precisa estar prostrado diante
do Senhor. A única maneira eficaz de resistirmos às artimanhas do Diabo, assim
como aos desejos e paixões da nossa própria carne, é nos rendendo
incondicionalmente ao Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1Pe 5.8,9). Esta
segunda ordem: “chegai-vos a Deus […]” (Tg 4.8a) indica uma ação
ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude resulta numa reciprocidade de Deus: “[…]
ele se chegará a vós”. Confira também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).
2. Vivendo em
santidade e humildade (Tg 4.8,10).
A santificação
posicional ocorre no ato da salvação quando fomos purificados pelo poder da palavra
(At 15.9; Tt 2.14) e, por isso, o Senhor espera de todo cristão uma purificação
pessoal (santificação progressiva), prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; 2Co
7.1; 1Ts 4.3; Hb 12.14). Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt
18.4; Fp 2.5-11). Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente
é a exaltação futura: “humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos
exaltará” (Tg 4.10); “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente
mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte” (1Pe 5.6).
3. Vivendo em
fidelidade e com prudência (1Pe 5.8,9).
Na batalha contra
o diabo devemos estar munidos do escudo da fé: “tomando sobretudo o
escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno”
(Ef 6.16), para resisti-lo firmemente: “ao qual resisti firmes na
fé” (1Pe 5.9), não podemos acreditar nas mentiras de Satanás nem dar crédito
às suas falsas promessas (Gn 3.4,5). Sobre essa batalha Pedro também advertiu: “Sede
sóbrios e vigiai […]” (1Pe 5.8), as palavras sobriedade e vigilância
mostram o equilíbrio e a prudência que devem reger os soldados dessa guerra
contra o diabo. Precisamos agir como o governador Neemias, que, em tempo de
ameaças, colocou metade de seus homens empunhando as armas e a outra metade
trabalhando (Ne 4.16), precisamos manter os olhos abertos.
4. Vivendo no
poder de Deus (Ef 6.10).
Enquanto
estivermos no mundo não teremos trégua na luta contra Satanás e os demônios.
Como a batalha é contínua nossa capacitação para vencer também deve ser
contínua. Precisamos diariamente do poder do Espírito Santo para prevalecermos
as hostes da maldade (Ef 5.18). O cristão jamais poderá prevalecer contra o poder
de Satanás e dos demônios sem o poder de Deus. Sabedor disto, Jesus delegou aos
apóstolos poder para expulsar os demônios (Mt 10.1; Mc 6.7; Lc 9.1). Na ocasião
em que o Mestre ordenou que outros setenta discípulos fossem expulsar os demônios,
também lhes conferiu poder (Lc 10.19). Sobre a necessidade do poder para vencer
os ataques demoníacos, Paulo exortou aos cristãos de Éfeso dizendo: “[…] fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10,11). Sobre esta afirmação
paulina, Beacon (2008, p. 194) diz que: “no conflito com os poderes
demoníacos, os cristãos têm de utilizar, de forma imediata e contínua, o poder
de Cristo para terem vitória”.
5. Vivendo em
constante vigilância (1Pd 5.8).
Uma recomendação
não menos importante é que o cristão deve ficar firme:
“[…] para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11), do
grego “histemi”, que significa: “ficar de pé, manter-se no
lugar, continuar seguro, continuar pronto ou preparado”, isso indica
estar de olhos abertos, atento, de prontidão para o combate visto o perigo a
volta e sagacidade do inimigo (1Pe 5.8,9). Devido à insistência do adversário bem
como a intensificação dos seus ataques (Mt 4.1-11; Lc 4.13), é possível ao
cristão sentir o desgaste e se tornar propenso a esmorecer e ceder às pressões
durante o combate (Mc 6.48), por essa razão o apóstolo alertou sobre a
necessidade de em Deus buscarmos a capacidade de resistir: “[…] para que possais
resistir no dia mau […]” (Ef 6.13), o termo “mau” do grego:
“poneros” traz a ideia de: “um momento cheio de labores,
aborrecimentos, fadigas”, são momentos como esses em que o crente deve
buscar ainda mais a graça de Deus para vencer (2Co 12.9).
6. Vivendo em
constante oração (Ef 6.18).
A luta contra o
diabo e seus demônios é uma realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar
fogo, de modo que a recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois
de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.13 – ARA),
depois das vitórias alcançadas não devemos abaixar as armas, visto que não há momento
mais vulnerável na vida de um cristão quando depois de uma grande conquista.
Uma forma de evitar essa vulnerabilidade é o crente se fortalecer através da
oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não podemos vencer essa guerra com
nossa própria capacidade (2Co 3.5).
CONCLUSÃO
Apesar dos ataques
de Satanás contra os servos de Deus, temos em Cristo a graça necessária para
resisti-lo, certos de que, em conservarmos a nossa vida diante do Senhor, o
diabo não poderá nos vencer, antes, fugirá de nós.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico.
CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Os Ataques Contra a Igreja de
Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de
Jesus Cristo. CPAD.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus.
CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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