Gn 31.17-19, 33-35;
Jz 17.1,3-5
INTRODUÇÃO
Na lição desta semana, estaremos estudando o quanto
prejudicial pode ser a família que permite que a idolatria se forme em seu
seio. A partir dos exemplos de Labão e Raquel, e Mica, aprenderemos que mesmos
personagens que conhecem a Deus, podem em algum momento, ceder à tentação da
idolatria. Definiremos idolatria, no Antigo e Novo testamento, comentaremos
sobre os ídolos familiares, além de mostrarmos os prejuízos que uma família
pode colher por sucumbir ao pecado da idolatria. E concluiremos apresentando os
ídolos familiares e como proteger a família da idolatria.
I. DEFINIÇÃO DE
IDOLATRIA
O dicionário de Houaiss define idolatria como: “culto
que se presta a ídolos” do grego “eidololatreia” (2011, p. 1567).
Teologicamente “a idolatria pode ser considerada também o amor excessivo por
alguma pessoa, ou objeto. Amor este que suplanta o amor que se deve devotar,
voluntária, incondicional e amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE,
2006, p. 220). “Essa palavra vem do grego: “eidolon” que
significa: “ídolo”, e “latreuein” que quer dizer “adorar”.
Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado
em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a
veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc.,
que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos”
(CHAMPLIN, 2004, p. 206). Notemos esta prática citada nas Escrituras:
1. No Antigo Testamento.
Quando os israelitas saíram do Egito, com destino a Canaã,
Deus lhes deu a Lei (Êx 20; Dt 5), que lhes advertia para que não aprendessem
as práticas idólatras dos povos de Canaã (Êx 20.2-4,23; 23.13,24,32; Lv 19.4;
26.1; Dt 7.5,25; 12.3). Após a conquista da Terra prometida, os hebreus não
expulsaram completamente os pagãos como Deus havia ordenado (Jz 2.1-3). Isto se
tornou um laço para eles, pois aderiram facilmente ao culto idólatra (Jz 2.11;
3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1). Nos períodos de apostasia, os profetas foram
levantados por Deus para advertirem aos israelitas que se abstivessem do
paganismo (1Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16). Porém, o povo de Deus não os
ouviu, e, por isso, experimentaram, o amargo cativeiro (2Rs 17.1-23; 2Cr
36.11-21).
2. No Novo Testamento.
Se a idolatria era combatida com rigor no AT, não foi
diferente no NT. O Senhor Jesus condenou o amor à riqueza, que é uma forma de
idolatria (Mt 6.24). A recomendação apostólica feita no Concílio de Jerusalém
condenou severamente a adoração a ídolos (At 15.28,29). Os apóstolos combateram
veementemente o envolvimento dos cristãos com essa prática pagã. Paulo, por
exemplo, exortou aos cristãos de Corinto a fugirem da idolatria (1Co 10.14); e
condenou a avareza, que também é uma forma de idolatria (Cl 3.5). Pedro e João
também condenaram as práticas idólatras (1Pe 4.3; 1Jo 5.21).
II. ÍDOLOS
FAMILIARES OU ÍDOLOS DO LAR
1. Os ídolos familiares.
Eram imagens de escultura, feitas em honra a diversas
divindades, deuses da lareira, tal como hoje as pessoas põem ídolos em nichos,
em suas casas. O comportamento de Labão revela uma ambiguidade espiritual, pois
ao mesmo tempo em que tinha consciência da adoração a Deus: “Labão e
Betuel responderam: Isso procede do Senhor. Nada temos a dizer, nem a favor e
nem contra” (Gn 24.50 - NAA), flertava com a idolatria, tendo seus
ídolos familiares furtados por sua filha Raquel (Gn 31.19), além de admitir a
prática da adivinhação (Gn 30.27 - NAA). Parece mais provável que
Raquel cresse na eficácia de orações e ritos realizados diante dessas imagens,
e benefícios que esses terafins poderiam conferir. Tais ídolos eram
postos nos lares a fim de protegê-los e trazer-lhes prosperidade.
2. Os ídolos familiares e as heranças.
Os tabletes de Nuzi (tratados de leis familiares) do
Séc. XV a.C. associam esses ídolos do lar aos direitos de herança, mas não é
provável que Raquel pensasse que eles pudessem garantir herança para Jacó
(CHAMPLIN, 2001, p. 206). Portanto, embora os ídolos do lar sejam mencionados
por muitos estudiosos como um documento utilizado nas relações imobiliárias, tendo força de “escritura”, porém, não parece
ser esse o objetivo e motivo da subtração dos ídolos por parte de Raquel, sua
filha, mostrando que a idolatria ainda fazia parte de sua vida.
III. CENÁRIO
POLÍTICO-SOCIAL DE ISRAEL NA ÉPOCA DE MICA
1. Período dos juízes.
Este período vai da morte de Josué até o fim do governo de
Samuel. A forma de governo era teocrática, isto é, Deus era o governante direto
da nação. Nesse período houve um ciclo vicioso com a nação de Israel: Israel
fazia o que era mau aos olhos do Senhor (Jz 2.11; 3.7); o Senhor lhes entregava
nas mãos dos inimigos; o povo, então, se arrependia dos seus pecados e clamava
a Deus; e Deus levantava um juiz que julgava o povo, e subjugava seus inimigos
(Jz 2.16). Enquanto aquele juiz julgava, o povo temia ao Senhor. Porém, após a
morte do juiz, o povo tornava a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor,
tornando assim um período de altos e baixos para a nação. Samuel foi o maior
líder espiritual desse período e, além de juiz, foi também Sacerdote e Profeta
(1Sm 3.20; 7.15; 12.1-5; At 3.24).
2. Período sem uma liderança central.
Com a morte de Josué, e os anciãos que viveram em sua época
(Jz 2.6), levantou-se em Israel uma geração que não conhecia a Deus (Jz 2.10), sem
uma liderança centralizada (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25), pois
“[…] cada um fazia o que bem lhes parecia aos seus olhos” (Jz 17.6).
3. Período de idolatria.
Fica claro, que esse período foi caracterizado por um
crescimento devastador da idolatria em Israel (Jz 1-2,17-21). Sem uma liderança
centralizada, sem uma geração que não foi ensinada nos princípios da Palavra, o
resultado não poderia ser diferente: degradação espiritual e moral de Israel.
IV. A FAMÍLIA
IDÓLATRA DE MICA
1. A família de Mica.
É apresentada nas Escrituras como espiritual e moralmente
confusa. Temos uma mãe que amaldiçoa porque lhe roubaram dinheiro (Jz 17.2),
mas retira a maldição e abençoa o filho por ter lhe devolvido. Com o dinheiro
recuperado, destina parte para o Senhor (Jz 17.3), e a outra, destina para a
fabricação de uma imagem de escultura e uma de fundição (Jz 17.4). Esta imagem
fica na casa de Mica, que a transforma num santuário. Faz uma estola
sacerdotal, alguns ídolos do lar, e consagra um de seus filhos para ser
sacerdote (Jz 17.5).
2. Problemas familiares causados pelo afastamento de Deus.
Com a família distante de Deus, é perceptível o desastre
espiritual demonstrado em Juízes 17, que envolveu: a desonra aos pais (v.
2), a mentira (v. 2), a cobiça (v. 2); a desonra ao nome do
Senhor (vv. 2,13); adorou a outros deuses (vv. 3-5); construiu
imagem de esculturas (v. 3); furto (v. 2), ou seja, a família
conseguiu quebrar quase todos os mandamentos, e isso sem sentir remoso,
arrependimento ou temor ao Senhor (Ver as duas relações dos Dez mandamentos (Êx
20.1-17; Dt 5.7-21).
V. ÍDOLOS FAMILIARES
MODERNOS
1. Avareza.
A Bíblia ensina claramente que a avareza, ou seja, o amor ao
dinheiro é idolatria (Cl 3.5). O Senhor Jesus ensinou que ninguém pode servir a
Deus e a Mamom, que é o deus da riqueza (Mt 6.24). E, o apóstolo Paulo diz que
o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males, e que os que querem ser
ricos caem em muitas tentações e concupiscências (1Tm 6.9,10). Por isso, o
cristão pode até ser rico, e possuir muitos bens, mas, jamais deve amar o
dinheiro e a riqueza!
2. Autolatria.
A palavra autolatria é formada por dois vocábulos
gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”,
que quer dizer “adoração”. Logo, autolatria significa: “adoração a
si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecido como egolatria.
Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is
14.12-14) e o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21). Ao se manifestar no
seio familiar, os pais ou filhos afetados por esse ídolo, promoverão a
desintegração familiar, haja vista que o(s) mesmo(s) só pensarão em si, e
nunca, na unidade da família.
3. Mídias sociais.
As mídias sociais exercem um papel de grande relevância em
nossa sociedade. A falta de cuidado com o uso, resultará na indisciplina com os
horários para descansar, estudar, se relacionar com os amigos, com os
familiares, ir à Igreja e etc. Essa falta de cuidado conduz a falta de objetivo
na vida. Por isso que a vida afetiva na área familiar, espiritual e
profissional têm sido severamente afetadas, causando nos mais jovens a
“adultização” precoce e frustrações no processo de maturidade (Ec 3.1; 12.1; Gl
5.22), bem como a e “sexualização” precoce nas crianças. Infelizmente, há
pessoas que passam mais tempo nas mídias sociais, que curtindo sua família. Há
famílias que não mais se comunicam fisicamente, senão, através da mídia, mesmo
vivendo na mesma casa.
4. Prosperidade.
Nunca este ídolo foi tão ovacionado. Há famílias que buscam
prosperidade a qualquer custo: seja jogando na Mega-sena, loteria esportiva, ou
qualquer outro meio que prometa “ganhos fáceis” e “rápidos”. Todo ganho fácil
que não seja resultante do trabalho, é visto nas Escrituras como desonesto, e
que acabará facilmente (Pv 13.11). A mordomia cristã nos aconselha a
administrarmos com sabedoria os nossos bens e cuidarmos de nossa família (1Tm
5.18). Nossa mente dever ser ocupada com tudo que é verdadeiro, respeitável,
justo, puro, amável, que tenha virtude e louvor (Fl 4.8).
5. Infantolatria.
O termo é utilizado para designar quando mães ou pais que
acatam todas as vontades dos filhos, tornando-os o centro da atenção, não só de
sua casa, mas de suas vidas. Tudo gira em torno do que o pequeno gosta e
deseja, fazendo com que os pais abram mão, constantemente, de suas preferências
para atender o pedido dos filhos. Os pais precisam lembrar que Deus estabeleceu
papéis sociais para cada membro da família (Ef 5.22-25; 6.1-4), e designou aos
pais, a responsabilidade da educação e formação do caráter de seus filhos (Dt
6.7-9; Pv 4.1-14; 22.6).
VI. PROTEGENDO A
FAMÍLIA CONTRA A IDOLATRIA
1. Defendendo a família contra a idolatria.
Vejamos como podemos proteger nossa família contra a
idolatria:
- Santificando o lar (Lv 20.26; 2 Co 7.1; 1Ts 4.7);
- Praticando o culto doméstico (Dt 6.7-9);
- Mantendo uma vida de oração e jejum (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17);
- Ensinando a Palavra de Deus no lar (Pv 22.6; At 5.42);
- Frequentando os cultos no templo assiduamente (2Cr 7.15,16; Sl 122.1);
- Vigiando em todo tempo (At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pe 5.8).
CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição, a importância de cuidarmos de
nossa família, buscando protegê-la dos ídolos da modernidade. Adorar ao Senhor
de todo o coração, sempre será o objetivo e a canção que estará nos lábios da
família cristã. Caber a nós, pais a responsabilidade da educação de nossos
filhos, apresentando-os ao Senhor, ensinando-os em seus caminhos, levando-os em
sua presença em oração, e, acima de tudo, sermos o exemplo vivo de um
adorador(a) que conhece a Deus profundamente, pois só assim, conseguiremos
tocar a alma de nossos filhos.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia
e Filosofia. HAGNOS.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. A Família Cristã e os
ataques do inimigo. CPAD
Ø KIDNER,
Derek. Gênesis: introdução e comentário. CULTURA
BÍBLICA.
Ø WIERSBE,
W. W. Comentário Bíblico Expositivo NT.
GEOGRÁFICA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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