Jó 1.13,16-19
INTRODUÇÃO
Nesta lição
falaremos sobre o luto; introduziremos o assunto trazendo uma definição e
também destacaremos alguns efeitos que são consequentes da perda de um ente,
destacando ainda o parecer bíblico; pontuaremos ainda o que a Escritura nos diz
sobre a morte física, destacando os mais diversos casos de luto nos
relacionamentos interpessoais; concluiremos destacando qual deve ser a nossa
postura quando enfrentarmos a perda de uma pessoa amada.
I.
DEFINIÇÃO DE LUTO
Segundo o
dicionário Houaiss (2011, p. 1794) significa: “profundo pesar causado
pela morte de alguém”. O luto é, com certeza, algo que todos nós
teremos que inevitavelmente enfrentar em algum momento da vida. O Dr. Gary
Collins (2014, pp. 407,415) diz que o luto é “uma reação natural à perda
de qualquer pessoa, objeto ou oportunidade que era importante para nós. Ele é
uma sensação de privação e ansiedade que pode se manifestar através do
comportamento, das emoções, dos pensamentos, da fisiologia, do modo como nos
relacionamos com os outros e até da nossa espiritualidade”. Ele pontua
ainda que o luto é ainda mais difícil quando a perda é inesperada, precoce,
traumática e súbita. Suas consequências podem ter: a) Efeitos físicos: prejudicar
a saúde; b) Efeitos emocionais: prejudicando a alma; c) Efeitos
sociais: isolamento; e, d) Efeitos patológicos: dificuldade de
aceitação a longo, acompanhado de sentimentos suicidas, culpa, depressão
profunda e etc.
O Dr. Gary Collins
afirma que: “quase todo mundo concorda que mesmo o luto mais intenso
termina dentro de um ano ou dois” (2014, p. 416). A Bíblia nos diz que
se houver morte de algum ente querido, o cristão deve viver o luto,
porém não deve viver em luto. O apóstolo Paulo exortou os crentes
de Tessalônica a não estarem permanentemente tristes com o falecimento dos seus
entes queridos, semelhante aos incrédulos (1Ts 4.13).
II.
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A MORTE
Embora, alguns
creiam erroneamente que o homem foi criado mortal, a Bíblia liga a morte
diretamente com o pecado (Gn 2.16-17). Portanto, a morte do hebraico: “wemuth”
ou “maweth” e do grego “thanatos” teve sua
origem no pecado, e é o resultado final da queda (Gn 2.17; 1Co 15.21,22,56).
Com a entrada da morte no contexto humano, todas as consequências relacionadas:
a dor da perda e a separação sobrevêm a todos. Destacaremos três verdades sobre
a morte física:
1. Uma sentença
devido ao pecado original.
A morte veio como
consequência do pecado: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm
6.23).
2. Alcança a
todos.
Porque todos
pecaram em Adão e porque o salário do pecado é a morte, a morte passou a todos
os homens, uma vez que todos pecaram: “Portanto, como por um homem entrou
o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a TODOS
os homens por isso que TODOS pecaram” (Rm 5.12 - grifo nosso). Veja
ainda (Hb 9.27). A morte é democrática, atinge a todos sem distinção e sem
exceção. Ela será o último inimigo a ser vencido (1Co 15.26).
3. Não é o ponto
final da história do homem.
A doutrina do
aniquilacionismo diz que todas as almas estão sujeitas à extinção após a morte
física. Tal doutrina não leva em consideração as verdades bíblicas e teológicas
referentes à imortalidade da alma e a ressurreição dos mortos que, de forma tão
clara e inquestionável, é ensinada pelos profetas, pelos apóstolos e por nosso
Senhor Jesus Cristo (Dn 12.2; Jo 5.28; 1Co 15.58). Portanto, a morte não
é o término de tudo, é o início da eternidade (Lc 16.22). Aos que
morreram em Cristo, está reservada a bem-aventurança dos céus (Ap 14.13).
III.
A PERDA DE UM ENTE QUERIDO
1. O luto por
causa do cônjuge.
A perda de um
cônjuge é com certeza uma perda muito difícil. A Bíblia mostra vários casos de
viuvez: a) Abraão. O grande patriarca perdeu a sua querida esposa Sara
quando esta completou 127 anos de idade. Ela foi profundamente lamentada pelo
nosso pai na fé (Gn 23.1,2), que adquiriu um valioso território para ali
sepultá-la (Gn 23.16-18); b) a viuvez de Rute e Noemi. Esse é um dos
relatos mais tristes da Bíblia em termos de perdas familiares. Noemi e suas
duas noras ficaram viúvas em um pequeno espaço de tempo nos campos de Moabe. O
Senhor, porém, demonstrou com o passar do tempo não estar alheio às aflições
dessas duas mulheres e provou ser o seu amparo. Rute, mesmo sendo gentia,
contraiu novas núpcias com o judeu Boaz e o fruto dessa nova relação passou a
ser contado na linhagem messiânica, sem contar que sua sogra Noemi também foi
beneficiada por tal relação (Rt 1-4). O cristão que está enfrentando a viuvez
deve fazê-lo consciente de que o Senhor não o desamparou. Ele é o juiz daqueles
que estão viúvos (Sl 68.5); e os ampara (Sl 146.9). A Bíblia diz também que a
pessoa viúva pode decidir casar outra vez, desde que queira, e assim, dar
continuidade a sua vida, desde que seja no tempo certo (Ec 3.1); com alguém no
Senhor (1Co 7.39).
2. O luto por
causa do genitor (a).
Há casos em que a
perda é dos genitores. Esta com certeza é das grandes perdas para os filhos e
demais parentes. A mãe e o pai são pessoas muito importantes no seio familiar.
Isaque sofreu muito com a morte de sua mãe Sara, e só se consolou quando se
casou com Rebeca, pois era mui apegado à sua mãe (Gn 24.67); José igualmente
sofreu muito com a morte de seu velho pai Jacó (Gn 49.33; 50.1), um pranto de
sete dias (Gn 50.10). É necessário atentar a importância que os pais têm quando
ainda vivos. A Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé e prática nos orienta
quanto ao procedimento que devemos ter para os nossos pais, tais como: a) honrá-los
(Êx 20.12; Ef 6.2); b) obedecê-los (Ef 6.1; Cl 3.20); c) amá-los
(Mt 10.37; Mt 22.39); e d) assisti-los em suas necessidades (Mt 15.3-6;
Mc 7.10-13). Aborrecer os pais é antecipar-lhes a morte. Querer reparar isso
após a partida deles, pode ser tarde demais (Ef 5.16).
3. O luto por
causa do filho (a).
Os pais esperam
ser sepultados pelos filhos, mas, às vezes acontece o contrário. Tal
experiência é bastante dolorosa. Um exemplo desta grande dor, é o patriarca Jó.
O homem temente a Deus que possuía sete filhos e três filhas (Jó 1.2), recebeu
a infeliz notícia que seus dez filhos foram mortos de uma vez só, num desabamento
(Jó 1.18,19). Esse golpe foi tão forte que os bens que ele havia perdido antes
não o fizeram sofrer tanto como o falecimento dos seus filhos: “Então, Jó
se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça [...]” (Jó
1.20). Satanás acusou Jó de que sua fidelidade era moeda de troca pelas bênçãos
divinas, mas foi frustrado pela atitude do patriarca, que mesmo diante da perda
inesperada de sua família, prostrou-se em terra e adorou a Deus: “o
SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR” (Jó
1.21). Deus tem o direito de pôr fim à vida humana quando desejar (Gn 1.26,27;
Dt 32.39).
4. O luto por
causa do amigo (a).
A experiência
humana mostra também como é dolorosa a perde de um amigo. Os amigos são pessoas
com quem compartilhamos alegria e tristezas. Algumas vezes estão conosco desde
a infância e isto faz com que eles façam parte da nossa vida. A Bíblia diz que:
“há amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24). A experiência
de Davi ao ver seu amigo Jônatas falecer de forma trágica, lhe trouxe muita
tristeza, que ele rasgou as suas vestes e ficou sem comer (2Sm 1.11,12). Mais à
frente quando estabelecido no reino, honrou a memória do seu amigo, abençoando
o seu descendente como havia prometido, quando ele ainda estava em vida (1Sm
20.13-17; 2Sm 9.1-13).
IV.
O QUE FAZER QUANDO ENFRENTAMOS O LUTO
As Escrituras não
se opõem ao luto, mas, sim, à atitude de se deixar ser consumido pelo luto. Nas
palavras do apóstolo Paulo, podemos ficar “abatidos, mas não destruídos”.
E mais: podemos ser “atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não
desanimados; perseguidos, mas não desamparados” (2Co 4.8,9). Em Deus
encontramos conforto para as nossas dores e sofrimentos (Sl 46.1; Na 1.7).
Vejamos algumas atitudes que devemos tomar quando estamos enfrentando o luto:
1. Devemos buscar
o consolo divino.
Quando Jesus disse
aos discípulos que estaria partindo, eles ficaram entristecidos, todavia
prometeu-lhes que não os deixaria órfãos, prometeu-lhes enviar o Consolador (Jo
15.26). Do gr “parakletos” que significa literalmente “chamado
para o lado de alguém”, ou seja, sugere a capacidade para prestar
ajuda. Sob este título, o Espírito Santo apresenta-se como aquele que nos
proporciona conforto (Jo 14.16). As consolações ministradas por ele, podem vir
das seguintes fontes: Palavra de Deus, oração e comunhão com os santos (Sl
119.50; Fp 4.6; 1Pe 5.7; Rm 12.15; Gl 6.2).
2. Devemos aceitar
a vontade de Deus.
A vontade soberana
de Deus pode ser definida como a predisposição inquestionável e irrevogável
dele em fazer concretizar os seus planos e decretos na história e na vida
particular de cada um dos seus filhos (Dt 32.39; 1Sm 2.6). Logo, se ele decide
que alguém morrerá, não devemos questionar, pois é Senhor e faz o que quer, e
os seus pensamentos são maiores que os nossos pensamentos (Jó 1.21; Is 55.8,9).
Outra coisa deve ser destacada: é que Deus, embora permita a morte do ímpio,
Ele não tem prazer nisso, antes seu desejo é que o ímpio se converta (Ez
18.32). Porém, quanto ao justo sua morte é preciosa (Sl 116.15).
3. Devemos ter
esperança.
O apóstolo Paulo
quando escreveu aos tessalonicenses deixou claro que os discípulos de Cristo
não devem se entristecer com a morte, como os demais homens que não tem
esperança, pois a ressurreição de Jesus é a garantia de que nós ressuscitaremos
(1Ts 4.13,14). A fé cristã transcende o túmulo, ela não está limitada as coisas
desta vida (1Co 15.19). Ela nos remete a uma vida porvir onde a morte, o
pranto, e a dor não mais existirão (Ap 21.4).
CONCLUSÃO
A morte é uma
realidade para todo ser vivo inclusive para o cristão. Ela veio como resultado
do pecado original no Éden, daí a morte passou todos os homens (Rm 5.12; 6.23).
O cristão verdadeiro consegue entender que quando estiver enfrentando luto deve
recorrer a Deus que consola, e assim aceitar a sua vontade e confiar em suas
promessas de que os que morrerem em Cristo serão ressuscitados para junto com
os que ficarem vivos estarem sempre com o Senhor nos céus, por ocasião do
arrebatamento (1Co 15.51-55; Ts 4.16,17).
REFERÊNCIAS
Ø COLLINS,
Gary R. Aconselhamento Cristão. VIDA NOVA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE,
W.E, et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das
palavras do AT e do NT. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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