Mt 1.21-23; Gl 4.3-7
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos o conceito do reino e Deus e seus
aspectos; notaremos este reino nas Escrituras; pontuaremos as manifestações
dele na terra; bem como sua natureza; e por fim; mostraremos o papel dos
seguidores de Cristo no reino de Deus.
I. CONCEITO BÍBLICO
DE MUNDO DE DEUS
1. Definição de mundo de Deus.
A expressão “mundo de Deus” aparece algumas
vezes no decorrer da Bíblia (também como reino de Deus). A Igreja
de Cristo é a expressão visível do Reino de Deus no mundo. Nesse sentido, há um
contraste entre os que representam os valores do Reino de Deus e os que
representam os valores do mundo. Assim, Deus permanece agindo no mundo
por meio da Igreja de Cristo, a expressão visível do Reino de Deus. De
acordo com as Sagradas Escrituras, o Reino de Deus apresenta tanto aspectos
presentes quanto futuros. Na atualidade, o reino divino está presente na vida
dos filhos de Deus, a saber, os salvos em Cristo. Estes foram libertos das
trevas e transportados ao “Reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13);
e o aspecto futuro do Reino de Deus está ligado ao reino milenar de Cristo
sobre a terra por ocasião da sua segunda vinda em glória (1Co 15.23-25).
II. O REINO DE DEUS
NAS ESCRITURAS
1. No Antigo Testamento.
Apesar da expressão Reino de Deus não aparecer no AT, o
Senhor é apresentado como o Rei de Israel (Is 43.15), da terra e de todo o
universo (Sl 24; 47.7,8; 103.19). Estas e outras referências manifestam a
prerrogativa soberana de Deus sobre a criação. Ele reina para sempre (Sl
29.10).
2. Em o Novo Testamento.
A mensagem central do ensino neotestamentário é o Reino de
Deus. Este foi apregoado por João Batista (Mt 3.2) João veio pregando no
deserto: “Arrependei-vos porque é chegado o Reino dos céus” (Mt
3.2). O fato de uma pessoa ser israelita e “filho da promessa” (Gl 4.28) não
lhe assegurava o direito de entrar no Reino de Deus. Era preciso produzir
frutos dignos de arrependimento. Pois, as boas obras são o resultado de um
autêntico arrependimento (Lc 3.8), e confirmado pelo ensino de Jesus Cristo (Mt
6.33). A proclamação e a concretização do Reino de Deus foram o propósito
central do ministério de ensino de Jesus. O Reino dos Céus foi o tema de sua
mensagem e ensino na terra (Mt 4.17). No Sermão da Montanha, Jesus conclamou a
multidão que o ouvia a buscar, com diligência e em primeiro lugar, o Reino de
Deus (Mt 6.33).
3. Reino de Deus ou Reino dos Céus.
Nos evangelhos de Marcos e Lucas a expressão “Reino de
Deus” aparece com frequência. Todavia, no Evangelho de Mateus, a
expressão mais usada pelo evangelista (aparece cerca de trinta e quatro vezes)
é “Reino dos Céus”. A maioria dos eruditos bíblicos concorda que
o emprego da expressão “Reino dos Céus” foi aplicado por Mateus devido à
rejeição do povo israelita ao uso indiscriminado do nome de Deus. Logo, as
expressões “Reino de Deus” e “Reino dos Céus”, quando comparadas entre os
Evangelhos sinóticos de Mateus, Marcos e Lucas, são sinônimos e intercambiáveis
(Mt 5.3; 13.10,11; Mc 4.10,11; Lc 6.20).
III. AS MANIFESTAÇÕES DO REINO DE DEUS
1. No passado.
A nação de Israel era uma monarquia teocrática. O Senhor
levantou reis para o povo judeu (Dt 17.14,15; Dt 28.36; cf. 1 Sm 10.1; 1 Sm
16.13) e estabeleceu normas reguladoras de relacionamento político entre o
governante e a nação (1 Sm 8.10-22). O objetivo de Deus era preparar o caminho
para a salvação da humanidade através da nação de Israel. Contudo, por causa
dos desvios do povo judeu e da rejeição de seu Messias, Jesus Cristo, o reino
divino foi-lhes retirado, ou seja, Israel na atualidade não tem mais a função
de propagar o Reino de Deus (Mt 21.43; Rm 10.21; 11.23). Tal missão cabe agora
à Igreja. Israel, porém, será restabelecido espiritualmente no futuro, conforme
escreve Paulo (Rm 11.25-27).
2. No presente.
O Reino de Deus foi estabelecido de forma invisível na Igreja
por intermédio do Rei dos reis. O reino divino pode ser visto nos corações e
nas vidas de todos aqueles que se arrependem, creem e vivem o Evangelho (Jo
3.3-5; Cl 1.13). Não se trata de um reino político ou material que, por
definição, é transitório e passageiro, mas de uma poderosa, transformadora e
eficaz operação da presença de Deus em e através de seu povo (Mc 1.27; 2 Co
3.18; 1 Ts 4.1), refletindo-se em toda a realidade à nossa volta, produzindo
transformação.
3. No futuro.
As Escrituras revelam que haverá um futuro reino literal,
porém, na presente dispensação da graça, esse reino é espiritual: “o Reino de
Deus está entre vós” (Lc 17.21). Durante o Milênio, predito pelos profetas do
Antigo Testamento (Sl 89.36,37; Is 11.1-9; Dn 7.13,14), Jesus Cristo reinará
literalmente na terra durante mil anos (Ap 20.4-6). E a Igreja reinará
juntamente com Ele sobre as nações (Mt 25.34; Ap 5.10; 20.6; Dn 7.22). O reino
milenial de Cristo dará lugar ao reino eterno de Deus, que será estabelecido na
nova terra (Ap 21.1-4; 22.3-5), a Nova Jerusalém (Ap 21.9-11). Os habitantes
são os redimidos do Senhor de todos os tempos. Que alegria nos inundará a alma
quando estivermos juntos com o Senhor (Dn 7.18).
IV.
A NATUREZA DO REINO DE DEUS
A mensagem do
Reino teve seu início com Jesus: “desde então, começou Jesus a pregar e a
dizer: arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 4.17).
Aqui, fica claro que a mensagem do Reino de Deus contém um apelo ao
arrependimento (Mt 3.2) e abrange o abandono do pecado e o voltar-se para Deus
(Lc 24.46,47); compreende uma nova atitude espiritual e moral, bem como uma
nova conduta (At 26.20; Ef 4.28). Somente o arrependimento e a fé na obra
expiatória e redentora de Cristo podem restaurar o pecador diante de Deus (At
3.19; Rm 3.23-25; 2 Co 7.10). Por conseguinte, é papel da Igreja proclamar a
mensagem do Reino em todo o mundo (Mt 24 .14). Dentre muitas características do
Reino de Deus no tempo presente, na atual dispensação, podemos destacar a sua
espiritualidade:
1. A natureza do
reino de Deus é espiritual.
Trata-se de um
domínio espiritual. Deus começa a dominar a partir do coração dos seus servos
(Jo 14.23), e tal domínio se dá através do Seu poder (Mc 9.1). É bom
destacarmos que o referido versículo não aponta para o Reino numa perspectiva
escatológica, isto é, o Reino Milenial de Cristo, embora reconheçamos que este
reino também tenha o aspecto escatológico. Quando Jesus diz que muitos veriam o
Reino chegar com poder, estava fazendo alusão ao Pentecostes, em que a Igreja
foi inaugurada pelo poder do Espírito (At 1.8; 2.1-4). Não estamos falando de
uma teocracia religio-política. O Reino não está vinculado ao domínio social ou
político sobre as nações ou reinos deste mundo (Jo 18.36). Deus não pretende na
presente era reformar o mundo mediante ativismo social ou político, da força ou
de ação violenta (Mt 26.52, 53).
2. A natureza do
reino de Deus é santa.
Uma marca
claríssima do Reino de Deus é a santidade. Desde o Antigo Pacto, o Senhor
estabeleceu a santificação como premissa maior para sua dominação (Êx 19.5,6;
Lv 11.44). Interessante assinalar que no Novo Pacto, os padrões ético-morais
são ampliados pelo nosso Senhor Jesus Cristo.
V.
O REINO DE DEUS ESTÁ ENTRE VÓS
De acordo com
Jesus, a natureza do reino de Deus é espiritual, não material ou política.
Muitas pessoas perdem os propósitos de Deus para suas vidas porque não
dispostas a deixá-lo mudá-las de dentro para fora. O fato de que o Reino de
Deus não vem com “aparência exterior” significa que ele não vem como um poder
terreno político, e não podemos ganhar um lugar nele pelos nossos próprios bons
esforços. Tornar-se parte do reino de Deus exige uma transformação do coração e
da mente que somente Deus pode produzir à medida que confiamos a nossa vida a
Ele. Assim que os propósitos do reino de Deus começam a se desenvolver dentro
de uma pessoa, ela começa a desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo, que
inclui “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17).
Através do poder do Espírito, podemos demonstrar o poder do reino de Deus ao
vencermos as forças do pecado, as doenças e Satanás, e não por vencermos reis e
conquistarmos nações. Quando Jesus vier à terra pela segunda vez, o reino de
Deus será revelado em seu pleno poder e glória (Mt 24.30), triunfando sobre
reis, nações e todo o mal (Ap 11.15-18; 19.11-21) (STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal Edição Global, 2022, pp.1806-07).
VI.
O PAPEL DOS SEGUIDORES DE CRISTO NO REINO DE DEUS
O NT tem muito a
dizer a respeito do papel do povo fiel de Deus no seu reino. Os seguidores de
Cristo têm o privilégio e a responsabilidade de buscar constantemente os
propósitos e o modo de vida que agrada a Deus em tudo o que fazem, para que a
sua presença e o seu poder sejam evidentes as pessoas que estiverem à sua
volta. Isto requer fome e “sede espiritual profunda” pela
presença e pelo poder de Deus, tanto em suas próprias vidas como na comunidade
cristã (Mt 5.10; 6.33).
1. Jesus transmite
informações adicionais sobre a natureza e o caráter daqueles que se tornam
parte do seu reino.
Em Mateus 11.12 Jesus indica que “pela força” as pessoas se apoderam do reino
dos céus. Isto se refere às pessoas que estão corajosamente comprometidas a
romper com os costumes do mundo, que são pecaminosos e desafiam a Deus, e que
buscam intensamente um conhecimento mais profundo de Cristo, da sua Palavra e
dos seus perfeitos propósitos (1Jo 2.15-17). Não importa o custo ou a
dificuldade, essas pessoas buscam intensamente o reino, com todo o seu poder.
Tudo isto quer dizer que vivenciar o reino dos céus e todos os seus benefícios
exige um esforço sincero e persistente para crescer na fé e para resistir às
más influências de Satanás, do pecado e de uma sociedade corrupta.
2. Os benefícios
supremos do reino de Deus não se destinam aos que não têm fome sede de justiça.
O reino de Deus
não é para os que negligenciam a Palavra de Deus, ou que fazem concessões aos
comportamentos ímpios e aos modos de vida do mundo. O reino dos céus é para
homens com o José (Gn 39.9), Natã (2Sm 12.7), Elias (1Rs 18.2 1), Daniel e seus
três amigos (Dn 1.8; 3.16-18), Mardoqueu (Et 3.4-5), Pedro e João (At 4.19-20),
Estêvão (At 6.8; 7.51) e Paulo (Fp 3.13-14); é para mulheres como Débora (Jz
4.9), Rute (Rt 1.16-18), Ester (Et 4.16), Maria (Lc 1.26-35), Ana (Lc 2.36-38)
e Lídia (At 16.14-15,40) (STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
Edição Global, 2022, pp.1639).
CONCLUSÃO
Os judeus
aguardavam um reino literal para libertá-los da opressão política, social e
econômica. Cristo os corrigiu e afirmou que o “Reino de Deus não vem com
aparência exterior” (Lc 17.20), isto é, não seria terreno, mas espiritual. O
reino literal ainda será implantado. Nesse aspecto, Cristo veio para resgatar o
homem do pecado. Isso requer arrependimento e fé no sacrifício da cruz. Os que
recusam a ética e a moral do Reino são condenados à morte eterna. Assim, os
valores cristãos devem ser observados pela Igreja, cuja missão é anunciar o
Reino de Deus num mundo dominado pelo Império do Mal.
REFERÊNCIAS
Ø
BAPTISTA,
Douglas. Valores cristãos.
CPAD.
Ø
BAPTISTA,
Douglas. A Igreja de Cristo e o
Império do Mal. CPAD.
Ø
GEISLER,
N. L. B, Peter. Fundamentos
inabaláveis. Vida.
Ø
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal
Edição Global. CPAD.
Ø
COUTO,
G. A Transparência da Vida Cristã: Comentário Devocional do Sermão do Monte.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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