sábado, 16 de dezembro de 2023

LIÇÃO 12 – O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA





At 11.19-26; 13.1-5
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre o padrão de missões à luz da Igreja de Antioquia; veremos algumas informações gerais sobre essa importante congregação e sua atuação na obra evangelística; e, por fim, veremos as características de um verdadeiro modelo de uma igreja missionária.
 
 
I. DEFINIÇÃO DO TERMO MODELO
1. Definição.
O dicionarista Houaiss (2001, p.1941) informa que modelo é: “coisa ou pessoa que serve de imagem, forma ou padrão a ser imitado, ou como fonte de inspiração; exemplo dado por uma pessoa, uma coisa que possui determinadas características em mais alto grau”. No Novo Testamento uma das palavras que são traduzidas por modelo é o termo: “tupos” que pode significar: a) no sentido técnico: “modelo de acordo com o qual algo deve ser feito”; e, b) num sentido ético: “exemplo dissuasivo, padrão de advertência; exemplo a ser imitado; de pessoas que merecem imitação” (1Tm 4.12; 2Tm 1.13; Tt 2.7). 


II. A IGREJA DE ANTIOQUIA
1. Sua localização geográfica.
A cidade de Antioquia da Síria destacada na atual lição (não confundir com Antioquia da Psídia), era localizada às margens do rio Orontes, a uns 24 km do mar Mediterrâneo, fundada em cerca de 300 a.C, por Seleuco Nicanor (chamado de Seleuco I), um dos generais de Alexandre, que lhe deu nome em honra a seu pai, Antíoco. Chegou a ser a sede do legado imperial da província romana da Síria e Cilícia, e aparecia como a capital do Oriente, sendo a terceira maior cidade do império romano, perdendo em importância somente para Roma e Alexandria. Antioquia era o centro de adoração para vários cultos pagãos que promoviam a imoralidade sexual e outras formas de maldade comuns a religiões pagãs, era famosa pelo culto a Dafne, cujo templo estava a uns 8 km da cidade. Também foi um centro comercial vital, a porta ao mundo oriental (CHAMPLIN, 2004, p.195 - acréscimo nosso). Foi nesse contexto, que nasceu uma igreja multicultural e multirracial para liderar a obra missionária no mundo.
 
2. Sua fundação.
Como igreja, Antioquia surgiu em decorrência do ministério de evangelistas anônimos. A perseguição que explodiu na cidade de Jerusalém em virtude da morte de Estêvão (At 8.1-4), não fez a igreja retroceder, antes, saíram pregando a Palavra de Deus: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus” (At 11.19). Os crentes dispersos, Judeus helenistas que haviam se convertido a Cristo, saíram pregando o evangelho aos gentios, alargando as fronteiras geográficas e culturais. Esses missionários anônimos pregaram na Fenícia, que corresponde ao Líbano de hoje; também pregaram em Chipre, a terra natal de Barnabé (At 4.36), chegando até Antioquia da Síria, imponente cidade do império romano: “E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20).
 
3. Sua importância para o trabalho missionário.
A igreja de Antioquia da Síria exerceu um papel muito importante no I século da igreja primitiva. Ela foi a primeira igreja gentílica e foi ali onde os crentes foram chamados cristãos pela primeira vez: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26). O trabalho prosperou, tendo de Deus a sua aprovação: “E a mão do Senhor era com eles [...]” (At 11.21-a), confirmando a amplitude da graça divina, aumentando o número de gentios alcançados: “[...] e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At 11.21-b), tornando-se pública e evidente a ação graciosa de Deus: “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia, o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou [...]” (At 11.22,23). Em razão da sua posição geográfica e sobretudo seu crescimento espiritual, a igreja de Antioquia adquiriu proeminência ao enviar missionários ao mundo gentio nesta cidade se deu o ponto de partida para as viagens missionárias. Sendo, portanto, uma cidade chave não só para Roma, mas também para a igreja primitiva.
 
 
III. O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA 
A igreja de Antioquia tornou-se um modelo não só de moralidade (o que se entende, em serem identificados por cristãos, “parecidos com; ou pertencentes a Cristo”), como também de uma liderança estruturada (At 11.25,26; 13.1), um exemplo de igreja altruísta e solidária, enviando donativos aos irmãos da Judéia (At 11.28-30), como igualmente se tornou um modelo, de como deve ser a obra missionária e qual deve ser o perfil dos que trabalham nela.
 
1. Barnabé e Paulo serviam na Igreja Local (At 13.2).
Lucas relaciona cinco homens que ministravam na igreja: Barnabé (At 4.36,37; 9.27; 11.22-26); Simeão, que talvez fosse da África, uma vez que tinha o sobrenome “Niger” (ou “negro”); Lúcio de Cirene, que talvez tenha sido um dos fundadores da igreja em Antioquia (At 11.20); Manaém, um amigo íntimo (ou talvez um irmão adotivo) de Herodes Antipas, que havia mandado matar João Batista; e, Saulo (Paulo), o último da lista, mas que em breve estaria exercendo uma liderança proeminente na obra missionária. Todos estavam ligados à igreja local e a serviço dela, como demonstração de seu compromisso com Deus. Ficando claro que antes de exercerem missões transculturais estavam exercendo atividades numa igreja local, subordinadas a igreja mãe em Jerusalém com a sua respectiva liderança apostólica e não à parte dela.
 
2. Barnabé e Paulo foram separados pelo Espírito Santo para a obra missionária (At 13.2).
Deus já havia chamado Paulo para ministrar aos gentios (At 9.15; 21.17-21) e convocou Barnabé para que trabalhassem juntos. Enquanto a igreja servia, o Espírito Santo tornou conhecida a sua vontade designando Barnabé e Saulo como missionários. O Espírito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. O Espírito se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra, que ora e jejua (At 13.2,3). O Espírito Santo fala por intermédio de homens (At 4.23), a igreja de Antioquia recebeu a mensagem, que os conclamou a separar dois dos ativos obreiros para a tarefa por Deus conferida. Deus sempre se encarregará de mostrar e nomear por meio da liderança espiritual constituída, aqueles a quem o Senhor estabeleceu para tarefas específicas (At 8.39; 9.31; 10.19,44). Ao longo de Atos, Lucas ressalta que o Espírito Santo controla o trabalho missionário do começo ao fim (At 1.8; 13.9; 15.8,28; 16.6,7; 20.28; 28.25).
 
3. Barnabé e Paulo tiveram a chamada reconhecida pela Igreja (At 14.26; Gl 2.9).
A igreja confirmou seu chamado e os enviou para o campo missionário. Faz parte do ministério do Espírito Santo, trabalhando por meio da igreja local, preparar e chamar cristãos para ir a outras partes e servir. Esse equilíbrio é sadio e evita ambos os extremos. O primeiro é a tendência para o individualismo, pelo qual uma pessoa alega direção pessoal e direta do Espírito, sem nenhuma referência à igreja. O segundo é a tendência para o institucionalismo, pelo qual todas as decisões são tomadas pela igreja sem nenhuma referência ao Espírito. Apesar de não podermos negar a validade da escolha pessoal, ela só é sadia e segura quando vinculada ao Espírito e à igreja através da sua liderança (At 14.28).
 
4. Barnabé e Paulo foram enviados pela Igreja em Antioquia (At 13.3).
A despedida dos missionários foi precedida por mais uma sessão de oração e jejum, tratando-se de um período de intercessão em prol da obra. Depois, os missionários receberam a imposição das mãos, o que segundo Champlin (2002, p.258 - acréscimo nosso) era um método usado para a consagração de pessoas às funções oficiais da igreja cristã, desde os tempos primitivos como uma forma de aprovação e reconhecimento de alguém para uma tarefa específica (1Tm 4.14; 2Tm 1.6), como também pode indicar um ato de benção, de concordância, de identificação com eles para o trabalho (At 6.6), enfatizando o compromisso da igreja na comissão dos missionários, os recomendando à graça de Deus (At 14.26).
 
5. Barnabé e Paulo prestavam relatório a Igreja de Antioquia (At 14.24-28).
Os missionários haviam passado em vários lugares estratégicos, enfrentando muitos desafios, porém, cumpriam com êxito a obra que lhes fora confiado. Ao regressarem, prestam contas das atividades realizadas, do sucesso da obra missionária. O testemunho é algo legítimo e necessário para encorajar a igreja. A igreja estava reunida para ouvir as notícias desse primeiro avanço missionário. Paulo e Barnabé relatam cuidadosamente não o que fizeram por Deus, mas o que Deus fez com eles e por eles: “E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14.27), como também fortaleceu a comunhão com a igreja local: “E ficaram ali não pouco tempo com os discípulos” (At 14.28). Não há trabalho missionário desconectado da igreja local (At 16.4). Eles se abastecem na comunhão da igreja e também encorajam a igreja a estar ainda mais comprometida com a obra missionária.
 
 
CONCLUSÃO
O trabalho missionário possui uma motivação divina a ser realizado e um padrão a ser seguido. Como Igreja do Senhor, sigamos firmes na realização em cumprir essa honrosa missão da evangelização mundial, seguindo os padrões de Deus deixados pela sua Palavra.


 
REFERÊNCIAS
Ø  KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Atos. Vol. 1. EDITORA CULTURA CRISTÃ.
Ø  PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
Ø  STOTT, John. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra. ABU EDITORA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  CHAMPLIN, Russel, Normam. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Vol. 3. HAGNOS.
Ø  HOWARD, Marshall, I. Atos: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Ø  LOPES, Hernandes dias. Atos: A Ação do Espírito Santo na vida da Igreja. HAGNOS.  
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.





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