At 11.19-26; 13.1-5
INTRODUÇÃO
Nesta lição
aprenderemos sobre o padrão de missões à luz da Igreja de Antioquia; veremos
algumas informações gerais sobre essa importante congregação e sua atuação na
obra evangelística; e, por fim, veremos as características de um verdadeiro
modelo de uma igreja missionária.
I.
DEFINIÇÃO DO TERMO MODELO
1. Definição.
O dicionarista
Houaiss (2001, p.1941) informa que modelo é: “coisa ou pessoa que serve
de imagem, forma ou padrão a ser imitado, ou como fonte de inspiração; exemplo
dado por uma pessoa, uma coisa que possui determinadas características em mais
alto grau”. No Novo Testamento uma das palavras que são traduzidas por
modelo é o termo: “tupos” que pode significar: a) no sentido
técnico: “modelo de acordo com o qual algo deve ser feito”; e, b)
num sentido ético: “exemplo dissuasivo, padrão de advertência;
exemplo a ser imitado; de pessoas que merecem imitação” (1Tm 4.12; 2Tm
1.13; Tt 2.7).
II.
A IGREJA DE ANTIOQUIA
1. Sua localização
geográfica.
A cidade de
Antioquia da Síria destacada na atual lição (não confundir com Antioquia da
Psídia), era localizada às margens do rio Orontes, a uns 24 km do mar
Mediterrâneo, fundada em cerca de 300 a.C, por Seleuco Nicanor (chamado de
Seleuco I), um dos generais de Alexandre, que lhe deu nome em honra a seu pai,
Antíoco. Chegou a ser a sede do legado imperial da província romana da Síria e
Cilícia, e aparecia como a capital do Oriente, sendo a terceira maior cidade do
império romano, perdendo em importância somente para Roma e Alexandria. Antioquia
era o centro de adoração para vários cultos pagãos que promoviam a imoralidade
sexual e outras formas de maldade comuns a religiões pagãs, era famosa pelo
culto a Dafne, cujo templo estava a uns 8 km da cidade. Também foi um centro
comercial vital, a porta ao mundo oriental (CHAMPLIN, 2004, p.195 - acréscimo
nosso). Foi nesse contexto, que nasceu uma igreja multicultural e multirracial
para liderar a obra missionária no mundo.
2. Sua fundação.
Como igreja,
Antioquia surgiu em decorrência do ministério de evangelistas anônimos. A
perseguição que explodiu na cidade de Jerusalém em virtude da morte de Estêvão
(At 8.1-4), não fez a igreja retroceder, antes, saíram pregando a Palavra de
Deus: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de
Estêvão caminharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém
a palavra senão somente aos judeus” (At 11.19). Os crentes dispersos,
Judeus helenistas que haviam se convertido a Cristo, saíram pregando o
evangelho aos gentios, alargando as fronteiras geográficas e culturais. Esses
missionários anônimos pregaram na Fenícia, que corresponde ao Líbano de hoje;
também pregaram em Chipre, a terra natal de Barnabé (At 4.36), chegando até
Antioquia da Síria, imponente cidade do império romano: “E havia entre
eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia,
falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20).
3. Sua importância
para o trabalho missionário.
A igreja de Antioquia
da Síria exerceu um papel muito importante no I século da igreja primitiva. Ela
foi a primeira igreja gentílica e foi ali onde os crentes foram chamados
cristãos pela primeira vez: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela
igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela
primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26). O trabalho prosperou,
tendo de Deus a sua aprovação: “E a mão do Senhor era com eles [...]” (At
11.21-a), confirmando a amplitude da graça divina, aumentando o número de gentios
alcançados: “[...] e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At
11.21-b), tornando-se pública e evidente a ação graciosa de Deus: “E
chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia, o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se
alegrou [...]” (At 11.22,23). Em razão da sua posição geográfica e
sobretudo seu crescimento espiritual, a igreja de Antioquia adquiriu
proeminência ao enviar missionários ao mundo gentio nesta cidade se deu o ponto
de partida para as viagens missionárias. Sendo, portanto, uma cidade chave não
só para Roma, mas também para a igreja primitiva.
III.
O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA
A igreja de
Antioquia tornou-se um modelo não só de moralidade (o que se entende, em serem
identificados por cristãos, “parecidos com; ou pertencentes a Cristo”),
como também de uma liderança estruturada (At 11.25,26; 13.1), um exemplo de
igreja altruísta e solidária, enviando donativos aos irmãos da Judéia (At
11.28-30), como igualmente se tornou um modelo, de como deve ser a obra
missionária e qual deve ser o perfil dos que trabalham nela.
1. Barnabé e Paulo
serviam na Igreja Local (At 13.2).
Lucas relaciona
cinco homens que ministravam na igreja: Barnabé (At 4.36,37; 9.27; 11.22-26);
Simeão, que talvez fosse da África, uma vez que tinha o sobrenome “Niger” (ou
“negro”); Lúcio de Cirene, que talvez tenha sido um dos fundadores da igreja em
Antioquia (At 11.20); Manaém, um amigo íntimo (ou talvez um irmão adotivo) de
Herodes Antipas, que havia mandado matar João Batista; e, Saulo (Paulo), o
último da lista, mas que em breve estaria exercendo uma liderança proeminente
na obra missionária. Todos estavam ligados à igreja local e a serviço dela,
como demonstração de seu compromisso com Deus. Ficando claro que antes de
exercerem missões transculturais estavam exercendo atividades numa igreja
local, subordinadas a igreja mãe em Jerusalém com a sua respectiva liderança
apostólica e não à parte dela.
2. Barnabé e Paulo
foram separados pelo Espírito Santo para a obra missionária (At 13.2).
Deus já havia
chamado Paulo para ministrar aos gentios (At 9.15; 21.17-21) e convocou Barnabé
para que trabalhassem juntos. Enquanto a igreja servia, o Espírito Santo tornou
conhecida a sua vontade designando Barnabé e Saulo como missionários. O
Espírito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. O Espírito
se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra, que ora e jejua (At 13.2,3).
O Espírito Santo fala por intermédio de homens (At 4.23), a igreja de Antioquia
recebeu a mensagem, que os conclamou a separar dois dos ativos obreiros para a
tarefa por Deus conferida. Deus sempre se encarregará de mostrar e nomear por
meio da liderança espiritual constituída, aqueles a quem o Senhor estabeleceu
para tarefas específicas (At 8.39; 9.31; 10.19,44). Ao longo de Atos, Lucas
ressalta que o Espírito Santo controla o trabalho missionário do começo ao fim
(At 1.8; 13.9; 15.8,28; 16.6,7; 20.28; 28.25).
3. Barnabé e Paulo
tiveram a chamada reconhecida pela Igreja (At 14.26; Gl 2.9).
A igreja confirmou
seu chamado e os enviou para o campo missionário. Faz parte do ministério do
Espírito Santo, trabalhando por meio da igreja local, preparar e chamar
cristãos para ir a outras partes e servir. Esse equilíbrio é sadio e evita
ambos os extremos. O primeiro é a tendência para o individualismo, pelo qual
uma pessoa alega direção pessoal e direta do Espírito, sem nenhuma referência à
igreja. O segundo é a tendência para o institucionalismo, pelo qual todas as
decisões são tomadas pela igreja sem nenhuma referência ao Espírito. Apesar de
não podermos negar a validade da escolha pessoal, ela só é sadia e segura
quando vinculada ao Espírito e à igreja através da sua liderança (At 14.28).
4. Barnabé e Paulo
foram enviados pela Igreja em Antioquia (At 13.3).
A despedida dos
missionários foi precedida por mais uma sessão de oração e jejum, tratando-se
de um período de intercessão em prol da obra. Depois, os missionários receberam
a imposição das mãos, o que segundo Champlin (2002, p.258 - acréscimo nosso)
era um método usado para a consagração de pessoas às funções oficiais da igreja
cristã, desde os tempos primitivos como uma forma de aprovação e reconhecimento
de alguém para uma tarefa específica (1Tm 4.14; 2Tm 1.6), como também pode
indicar um ato de benção, de concordância, de identificação com eles para o
trabalho (At 6.6), enfatizando o compromisso da igreja na comissão dos
missionários, os recomendando à graça de Deus (At 14.26).
5. Barnabé e Paulo
prestavam relatório a Igreja de Antioquia (At 14.24-28).
Os missionários
haviam passado em vários lugares estratégicos, enfrentando muitos desafios,
porém, cumpriam com êxito a obra que lhes fora confiado. Ao regressarem,
prestam contas das atividades realizadas, do sucesso da obra missionária. O
testemunho é algo legítimo e necessário para encorajar a igreja. A igreja
estava reunida para ouvir as notícias desse primeiro avanço missionário. Paulo
e Barnabé relatam cuidadosamente não o que fizeram por Deus, mas o que Deus fez
com eles e por eles: “E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram
quão grandes coisas Deus fizera por eles e como abrira aos gentios a porta da fé”
(At 14.27), como também fortaleceu a comunhão com a igreja local: “E
ficaram ali não pouco tempo com os discípulos” (At 14.28). Não há
trabalho missionário desconectado da igreja local (At 16.4). Eles se abastecem
na comunhão da igreja e também encorajam a igreja a estar ainda mais
comprometida com a obra missionária.
CONCLUSÃO
O trabalho
missionário possui uma motivação divina a ser realizado e um padrão a ser
seguido. Como Igreja do Senhor, sigamos firmes na realização em cumprir essa
honrosa missão da evangelização mundial, seguindo os padrões de Deus deixados
pela sua Palavra.
REFERÊNCIAS
Ø KISTEMAKER,
Simon. Comentário do Novo Testamento: Atos. Vol. 1. EDITORA CULTURA
CRISTÃ.
Ø PEREIRA,
Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
Ø STOTT,
John. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra. ABU EDITORA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
Russel, Normam. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Vol.
3. HAGNOS.
Ø HOWARD,
Marshall, I. Atos: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Ø LOPES,
Hernandes dias. Atos: A Ação do Espírito Santo na vida da Igreja.
HAGNOS.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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