Ef 4.11-16
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre os “dons ministeriais”; pontuaremos cada um [apóstolo,
profeta, evangelista, pastor e mestre] com suas especificidades; falaremos
também sobre as funções do presbítero e mencionaremos a diferença entre o
diaconato e a diaconia, mostrando que o primeiro é uma função eclesiástica para
alguns escolhidos e o segundo um serviço para todo os crentes.
I.
DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS APÓSTOLOS
“O termo deriva-se
do grego e significa literalmente “enviado” (Lc 6.13; 9.10).
Paulo foi comissionado diretamente pelo próprio Senhor (1Co 9.1; 15.8), depois
de sua ascensão, para levar o evangelho aos gentios” (At 9.1-15) (VINE, 2002,
p. 407). O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O
verbo: “apostello” significa: “enviar alguém em missão
especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O
título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus
(Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm
16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7).
1. O termo
apóstolo no sentido especial e no sentido geral.
No sentido especial, refere-se
àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente
comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer igrejas (os
Doze, Paulo e outros). Eles tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à
revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais
até hoje. O ministério de apóstolo nesse sentido restrito
é exclusivo, e dele não há repetição (1Co 15.8). Já os apóstolos no
sentido geral refere-se àqueles que são enviados pelo Senhor Jesus e pela
Igreja para levar as boas novas de salvação a outros povos (Rm 10.13-17). Nesse
sentido, existem homens que exercem um trabalho apostólico. Podemos
dizer que todo aquele que realiza a obra missionária pode ser denominado, nesse
aspecto apóstolo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20).
2. O colégio
apostólico.
Dá-se o nome de
“Colégio Apostólico” ao grupo de doze homens que foram chamados pelo próprio
Senhor Jesus para segui-lo durante o seu ministério terreno (Mt 10.2; Mc 6.30;
Lc 6.13). Em seu ministério, Jesus teve muitos seguidores. Mas, apenas os doze
faziam parte de um grupo especial (Mt 10.1-5; Mc 3.14; 6.7; Lc 6.13; 8.1).
Jesus deu aos doze autoridade para expulsar os espíritos imundos, para curar os
enfermos, limpar os leprosos e para ressuscitar os mortos (Mt 10.1-8; Mc
3.13-15; Lc 10.1-9). Eles foram enviados, à casa de Israel (Mt 10.6) e depois
ao mundo inteiro (Mt 28.16-20; Mc 16.14-20).
II.
DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS PROFETAS
A palavra hebraica
para profeta é: “navi”, que vem da raiz verbal: “nava”.
Essa palavra significa: “anunciador”. Os temos hebraicos: “roeh”
e “hozeh” também são usados para profeta. Ambos
significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente” (1Cr
29.29). A palavra grega comumente usada é: “prophétes” (Mt 1.22;
2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteia”,
siginifica: “profecia”. Essas palavras derivam do grego: “pro”,
“antes” e, “phemi”, “falar por outrem” (CHAMPLIN,
2004, p. 424).
1. Diferença entre
o dom de profeta e o dom de profecia.
Quanto ao dom de
profecia (1Co 12.10-b) precisamos fazer algumas observações porque no AT, havia
um “ministério profético”, reconhecido e considerado por toda
nação. Hoje, não existe esse ministério nas igrejas cristãs. Existem pessoas ou
mensageiros de Deus, que possuem o “dom de profecia”, usado em
determinadas ocasiões, com propósitos definidos (BERGSTEIN, 1993, 113,115,116).
2. Dom de profeta
(permanente).
Os profetas
constituíam o “ministério da palavra” de Deus, impulsionado por
inspiração profética (At 13.1; 15.32). Por meio dessa inspiração, esse
ministério é acompanhado de “edificação, exortação e consolação” (1Co
14.3). O simples uso do “dom de profecia” não faz de ninguém um profeta, pois
profeta é um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).
3. Dom de profecia
(esporádico).
Profecia é uma
mensagem de Deus dada a pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa
deve transmiti-la exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem
profetiza deve ser: “A palavra que Deus puser na minha boca essa falarei”
(Nm 22.38b). A mensagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é
transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento
em que a profecia é transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem
quem está transmitindo o que de Deus recebeu (1Co 14.29). Se fosse o próprio
Deus falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem (1Co 14.29; 1Ts
5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113).
III.
DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS EVANGELISTA
1. Definição do
termo evangelista.
A palavra
evangelista vem do grego: “euangelistes”, que literalmente
significa: “mensageiro de boas novas” formado de “eu” que
é “bem”, e “angelos” que é “mensageiro” (At
8.5,26,40; 21.8). Por isto, podemos dizer que os missionários são verdadeiros
evangelistas por serem essencialmente pregadores do Evangelho. Paulo era um
evangelista (1Co 1.17), bem como também Timóteo (2Tm 4.5). Uma das
características de quem recebe este dom ministerial é a dedicação ao
evangelismo: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo” (Fp
3.7).
2. A diferença do
ministério de evangelista da função de evangelizador.
Evangelista é um
termo encontrado apenas três vezes no NT: “Felipe, o evangelista [...]” (At
21.8); “Ele mesmo concedeu uns para evangelistas [...]” (Ef 4.11)
e, “Faze o trabalho de um evangelista [...]” (2Tm 4.5). A
primeira referência é um homem como evangelista, a segunda, ao dom de
evangelista e a terceira, ao trabalho de evangelista. A chamada especial de
Deus para o ministério de evangelista está reservada a alguns crentes (Ef
4.11), mas a chamada geral para ganhar almas é feita a todos os crentes (Mc
16.15,19; At 1.8,9).
IV. O USO DA PALAVRA PASTOR
No hebraico, “raah”
tem o sentido de “pastor”. No seu sentido literal, “um
pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores eram conhecidos
como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr 31.10; Ez 34.2),
que procuravam as ovelhas perdidas (Ez 34.12) e que livravam dos animais
ferozes as ovelhas que estivessem sendo atacadas (Am 3.12)” (CHAMPLIN, 2004).
Na igreja local, o pastor é um guia espiritual do povo de Deus. O termo pastor
do grego “poimēn” no Novo Testamento tem o significado de “apascentador
de ovelhas”.
1. O dom
ministerial de pastor.
Entre os dons
ministeriais concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef 4.11). O
pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. É “o
anjo da igreja” (Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, a quem
pertence a Igreja (1Pe 5.2,4), e deve andar nas suas pisadas (Jr 17.16) e sob a
sua direção (Jr 3.15). Cabe ao pastor velar pelas ovelhas, como quem tem de dar
conta delas (Hb 13.17) (BERGSTÉN, 2007, p. 116).
2. A necessidade
de um pastor para a igreja e as suas muitas atribuições.
“Sua missão é
múltipla e polivalente. Um pastor agi como ensinador, conselheiro, pregador,
evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer as vezes
de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens espirituais e de
recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é administrador de bens
materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local”
(RENOVATO, 2014, p. 114). Algumas outras atribuições do pastor são: a) cuidar
da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11); b) ensinar a Palavra de
Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5); c) ser
um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8) e, d) esforçar-se no
sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe
5.2) (STAMPS, 1995, p. 1815).
V.
DEFINIÇÃO DO DOM DE MESTRE OU DOUTOR
O termo mestre
deriva-se do grego “didáskalos”, que significa: “instrutor”,
“doutor” ou “mestre”. É aplicado a Jesus (Mt 8.19;
12.38; 17.24; Mc 5.35; 14.14; Jo 11.28); aos mestres da Lei (Mt 9.11; 10.24,25;
Lc 2.46; 6.40; Jo 3.10); a João Batista (Lc 3.12); e ao apóstolo Paulo (1Tm
2.7). A atividade primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino
fundamental das Sagradas Escrituras. Os mestres são aqueles que têm de Deus um
dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, afim de
edificar o corpo de Cristo (Ef 4.11,12) (STAMPS, 1995, p. 1814).
1. A importância
do dom ministerial de mestre.
O “dom
ministerial” de Mestre ou Doutor é, sem dúvida, um dos mais importantes e
necessários à Igreja do Senhor Jesus. Por isso, ele é mencionado nas três
listas dos dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.28; Ef 4.11). O ensino da Palavra de Deus é
indispensável e de fundamental importância para o crescimento e a edificação da
Igreja do Senhor Jesus (Rm 15.4; Cl 1.28; 2.7; 3.16). Por isso, Ele mesmo
vocacionou e comissionou alguns para serem doutores ou mestres (Ef 4.11-13).
Alguns escritores erroneamente confundem o “dom ministerial” de
mestre com o “dom de ensinar” (serviço). Mas, é importante
salientar que o dom ministerial de mestre ou doutor é exclusivo para obreiros
(At 13.1-3; Ef 4.11). Já o dom de ensinar, como dom de serviço (Rm 12.6-8) está
acessível a todo cristão.
VI.
DEFINIÇÃO DA PALAVRA PRESBÍTERO
O termo
presbíteros do grego “presbyteros” é uma forma comparativa da
palavra grega: “presby” que significa: “uma pessoa
experiente, madura, mais velha, anciã”. Os presbíteros tomavam parte
ativa no apascentamento da igreja (At 20.28) e também no ensino, pois uma das
qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que fosse: “apto para
ensinar” (1Tm 3.2). Os presbíteros constituíam um corpo auxiliar no
governo da igreja, sob a presidência do pastor (BERGSTÉN, 1999, p. 270). Os
presbíteros não são pastores, mas, podem exercer funções pastorais (1Pe 5.1;
2Jo 1; 3Jo 1). A evidência bíblica indica que “bispo” é
simplesmente outro termo para presbítero também (At 20.17-35; Tt 1.7). A
maioria dos estudiosos reconhece isso, que na linguagem do NT o mesmo ofício na
Igreja é chamado de bispo “episkopos” [ancião] ou presbítero “presbyteros”.
Em terminologia bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e
cuidam da igreja local (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1Pe 5.1-2); ensinam a Palavra (1Tm
3.2; 5.17; 2 Tm 4.2; Tt 1.9); protegem a igreja de falsos mestres (At 20.17,
28-31; 1Tm 4.1; Tt 1.9); exortam os santos na sã doutrina (1Tm 4.13; 2Tm
3.13-17; Tt 1.9); visitam e oram pelos doentes ungindo-os com óleo (Tg 5.14; At
20.35); julgam questões doutrinárias (At 15.16); dirigem igrejas (1Pe 5.2; 1Tm
5.17); e, apascentam e cuidam da igreja (1Pe 5.2; Hb 13.17).
VII.
DEFINIÇÃO DA PALAVRA DIÁCONO
A palavra diácono
no grego: “diákonos” denota primariamente: “servo, criado” (At
6.1-3). “A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas
do NT, subentendendo serviço de qualquer espécie, espiritual ou material”
(CHAMPLIN, 2005, p. 312). “Os diáconos poderão realizar diversas tarefas, na
Casa do Senhor, com dignidade, cuidado e zelo (Cl 3.23). A função principal dos
diáconos, atualmente, é auxiliar o pastor ou ao dirigente da congregação, nas
atividades espirituais, ligadas ao culto ou não, bem como nas atividades
sociais e materiais da igreja, para as quais for designado” (RENOVATO, 2014, p.
144).
1. O serviço de
diácono na igreja hoje.
O diáconato é um
encargo sob a direção dos ministros da igreja (At 6.3), relacionado com os
serviços de ordem material e social (Rm 12.8) e o socorrer (1Co 12.28).
Conforme o modelo do NT os diáconos não tomavam parte na administração e
direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais e sociais, alguns
cooperavam na pregação da Palavra, como Estevão (At 6.8,10) e Filipe (At 6.5;
8.4). Há uma diferença entre o “diáconato” como uma função ministerial e
“diaconia” como serviço comum na igreja (BERGSTÉN, 2007, p. 117).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos
o ministério sob diferentes aspectos. Vimos também que Deus pôs na Igreja
alguns para o exercício de determinadas funções específicas. Esses ministérios
devem ser vistos como dons de Deus à Igreja.
REFERÊNCIAS
ü ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
ü RENOVATO,
Elinaldo. Dons Espirituais e
Ministeriais. CPAD.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
ü VINE,
W. E. Dicionário Vine. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário