sábado, 17 de fevereiro de 2024

LIÇÃO 07 – O MINISTÉRIO DA IGREJA




 
 
Ef 4.11-16
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre os “dons ministeriais”; pontuaremos cada um [apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre] com suas especificidades; falaremos também sobre as funções do presbítero e mencionaremos a diferença entre o diaconato e a diaconia, mostrando que o primeiro é uma função eclesiástica para alguns escolhidos e o segundo um serviço para todo os crentes.
 
 
I. DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS APÓSTOLOS
“O termo deriva-se do grego e significa literalmente “enviado” (Lc 6.13; 9.10). Paulo foi comissionado diretamente pelo próprio Senhor (1Co 9.1; 15.8), depois de sua ascensão, para levar o evangelho aos gentios” (At 9.1-15) (VINE, 2002, p. 407). O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo: “apostello” significa: “enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7).
 
1. O termo apóstolo no sentido especial e no sentido geral.
No sentido especial, refere-se àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer igrejas (os Doze, Paulo e outros). Eles tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje. O ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição (1Co 15.8). Já os apóstolos no sentido geral refere-se àqueles que são enviados pelo Senhor Jesus e pela Igreja para levar as boas novas de salvação a outros povos (Rm 10.13-17). Nesse sentido, existem homens que exercem um trabalho apostólico. Podemos dizer que todo aquele que realiza a obra missionária pode ser denominado, nesse aspecto apóstolo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20).
 
2. O colégio apostólico.
Dá-se o nome de “Colégio Apostólico” ao grupo de doze homens que foram chamados pelo próprio Senhor Jesus para segui-lo durante o seu ministério terreno (Mt 10.2; Mc 6.30; Lc 6.13). Em seu ministério, Jesus teve muitos seguidores. Mas, apenas os doze faziam parte de um grupo especial (Mt 10.1-5; Mc 3.14; 6.7; Lc 6.13; 8.1). Jesus deu aos doze autoridade para expulsar os espíritos imundos, para curar os enfermos, limpar os leprosos e para ressuscitar os mortos (Mt 10.1-8; Mc 3.13-15; Lc 10.1-9). Eles foram enviados, à casa de Israel (Mt 10.6) e depois ao mundo inteiro (Mt 28.16-20; Mc 16.14-20).
 
 
II. DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS PROFETAS
A palavra hebraica para profeta é: “navi”, que vem da raiz verbal: “nava”. Essa palavra significa: “anunciador”. Os temos hebraicos: “roeh” e “hozeh” também são usados para profeta. Ambos significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente” (1Cr 29.29). A palavra grega comumente usada é: “prophétes” (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteia”, siginifica: “profecia”. Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes” e, “phemi”, “falar por outrem” (CHAMPLIN, 2004, p. 424).
 
1. Diferença entre o dom de profeta e o dom de profecia.
Quanto ao dom de profecia (1Co 12.10-b) precisamos fazer algumas observações porque no AT, havia um “ministério profético”, reconhecido e considerado por toda nação. Hoje, não existe esse ministério nas igrejas cristãs. Existem pessoas ou mensageiros de Deus, que possuem o “dom de profecia”, usado em determinadas ocasiões, com propósitos definidos (BERGSTEIN, 1993, 113,115,116).
 
2. Dom de profeta (permanente).
Os profetas constituíam o “ministério da palavra” de Deus, impulsionado por inspiração profética (At 13.1; 15.32). Por meio dessa inspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação e consolação” (1Co 14.3). O simples uso do “dom de profecia” não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).
 
3. Dom de profecia (esporádico).
Profecia é uma mensagem de Deus dada a pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser: “A palavra que Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38b). A mensagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de Deus recebeu (1Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem (1Co 14.29; 1Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113).
 
 
III. DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS EVANGELISTA
1. Definição do termo evangelista.
A palavra evangelista vem do grego: “euangelistes”, que literalmente significa: “mensageiro de boas novas” formado de “eu” que é “bem”, e “angelos” que é “mensageiro” (At 8.5,26,40; 21.8). Por isto, podemos dizer que os missionários são verdadeiros evangelistas por serem essencialmente pregadores do Evangelho. Paulo era um evangelista (1Co 1.17), bem como também Timóteo (2Tm 4.5). Uma das características de quem recebe este dom ministerial é a dedicação ao evangelismo: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo” (Fp 3.7).
 
2. A diferença do ministério de evangelista da função de evangelizador.
Evangelista é um termo encontrado apenas três vezes no NT: “Felipe, o evangelista [...]” (At 21.8); “Ele mesmo concedeu uns para evangelistas [...]” (Ef 4.11) e, “Faze o trabalho de um evangelista [...]” (2Tm 4.5). A primeira referência é um homem como evangelista, a segunda, ao dom de evangelista e a terceira, ao trabalho de evangelista. A chamada especial de Deus para o ministério de evangelista está reservada a alguns crentes (Ef 4.11), mas a chamada geral para ganhar almas é feita a todos os crentes (Mc 16.15,19; At 1.8,9).
 
 
IV. O USO DA PALAVRA PASTOR
No hebraico, “raah” tem o sentido de “pastor”. No seu sentido literal, “um pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr 31.10; Ez 34.2), que procuravam as ovelhas perdidas (Ez 34.12) e que livravam dos animais ferozes as ovelhas que estivessem sendo atacadas (Am 3.12)” (CHAMPLIN, 2004). Na igreja local, o pastor é um guia espiritual do povo de Deus. O termo pastor do grego “poimēn” no Novo Testamento tem o significado de “apascentador de ovelhas”.
 
1. O dom ministerial de pastor.
Entre os dons ministeriais concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef 4.11). O pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. É “o anjo da igreja” (Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, a quem pertence a Igreja (1Pe 5.2,4), e deve andar nas suas pisadas (Jr 17.16) e sob a sua direção (Jr 3.15). Cabe ao pastor velar pelas ovelhas, como quem tem de dar conta delas (Hb 13.17) (BERGSTÉN, 2007, p. 116).
 
2. A necessidade de um pastor para a igreja e as suas muitas atribuições.
“Sua missão é múltipla e polivalente. Um pastor agi como ensinador, conselheiro, pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer as vezes de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local” (RENOVATO, 2014, p. 114). Algumas outras atribuições do pastor são: a) cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11); b) ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5); c) ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8) e, d) esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2) (STAMPS, 1995, p. 1815).
 
 
V. DEFINIÇÃO DO DOM DE MESTRE OU DOUTOR
O termo mestre deriva-se do grego “didáskalos”, que significa: “instrutor”, “doutor” ou “mestre”. É aplicado a Jesus (Mt 8.19; 12.38; 17.24; Mc 5.35; 14.14; Jo 11.28); aos mestres da Lei (Mt 9.11; 10.24,25; Lc 2.46; 6.40; Jo 3.10); a João Batista (Lc 3.12); e ao apóstolo Paulo (1Tm 2.7). A atividade primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino fundamental das Sagradas Escrituras. Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, afim de edificar o corpo de Cristo (Ef 4.11,12) (STAMPS, 1995, p. 1814).
 
1. A importância do dom ministerial de mestre.
O “dom ministerial” de Mestre ou Doutor é, sem dúvida, um dos mais importantes e necessários à Igreja do Senhor Jesus. Por isso, ele é mencionado nas três listas dos dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.28; Ef 4.11). O ensino da Palavra de Deus é indispensável e de fundamental importância para o crescimento e a edificação da Igreja do Senhor Jesus (Rm 15.4; Cl 1.28; 2.7; 3.16). Por isso, Ele mesmo vocacionou e comissionou alguns para serem doutores ou mestres (Ef 4.11-13). Alguns escritores erroneamente confundem o “dom ministerial” de mestre com o “dom de ensinar” (serviço). Mas, é importante salientar que o dom ministerial de mestre ou doutor é exclusivo para obreiros (At 13.1-3; Ef 4.11). Já o dom de ensinar, como dom de serviço (Rm 12.6-8) está acessível a todo cristão.
 
 
VI. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PRESBÍTERO
O termo presbíteros do grego “presbyteros” é uma forma comparativa da palavra grega: “presby” que significa: “uma pessoa experiente, madura, mais velha, anciã”. Os presbíteros tomavam parte ativa no apascentamento da igreja (At 20.28) e também no ensino, pois uma das qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que fosse: “apto para ensinar” (1Tm 3.2). Os presbíteros constituíam um corpo auxiliar no governo da igreja, sob a presidência do pastor (BERGSTÉN, 1999, p. 270). Os presbíteros não são pastores, mas, podem exercer funções pastorais (1Pe 5.1; 2Jo 1; 3Jo 1). A evidência bíblica indica que “bispo” é simplesmente outro termo para presbítero também (At 20.17-35; Tt 1.7). A maioria dos estudiosos reconhece isso, que na linguagem do NT o mesmo ofício na Igreja é chamado de bispo “episkopos” [ancião] ou presbítero “presbyteros”. Em terminologia bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e cuidam da igreja local (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1Pe 5.1-2); ensinam a Palavra (1Tm 3.2; 5.17; 2 Tm 4.2; Tt 1.9); protegem a igreja de falsos mestres (At 20.17, 28-31; 1Tm 4.1; Tt 1.9); exortam os santos na sã doutrina (1Tm 4.13; 2Tm 3.13-17; Tt 1.9); visitam e oram pelos doentes ungindo-os com óleo (Tg 5.14; At 20.35); julgam questões doutrinárias (At 15.16); dirigem igrejas (1Pe 5.2; 1Tm 5.17); e, apascentam e cuidam da igreja (1Pe 5.2; Hb 13.17).
 
 
VII. DEFINIÇÃO DA PALAVRA DIÁCONO
A palavra diácono no grego: “diákonos” denota primariamente: “servo, criado” (At 6.1-3). “A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do NT, subentendendo serviço de qualquer espécie, espiritual ou material” (CHAMPLIN, 2005, p. 312). “Os diáconos poderão realizar diversas tarefas, na Casa do Senhor, com dignidade, cuidado e zelo (Cl 3.23). A função principal dos diáconos, atualmente, é auxiliar o pastor ou ao dirigente da congregação, nas atividades espirituais, ligadas ao culto ou não, bem como nas atividades sociais e materiais da igreja, para as quais for designado” (RENOVATO, 2014, p. 144).
 
1. O serviço de diácono na igreja hoje.
O diáconato é um encargo sob a direção dos ministros da igreja (At 6.3), relacionado com os serviços de ordem material e social (Rm 12.8) e o socorrer (1Co 12.28). Conforme o modelo do NT os diáconos não tomavam parte na administração e direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais e sociais, alguns cooperavam na pregação da Palavra, como Estevão (At 6.8,10) e Filipe (At 6.5; 8.4). Há uma diferença entre o “diáconato” como uma função ministerial e “diaconia” como serviço comum na igreja (BERGSTÉN, 2007, p. 117).
 
 
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos o ministério sob diferentes aspectos. Vimos também que Deus pôs na Igreja alguns para o exercício de determinadas funções específicas. Esses ministérios devem ser vistos como dons de Deus à Igreja.
  


 
REFERÊNCIAS
ü  ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ü  RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais e Ministeriais. CPAD.
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü  VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD.  
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.




Nenhum comentário:

Postar um comentário