Rm
6.11-14; 1Jo 2.15-17
INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre a
expressa necessidade de se resistir aos inimigos de todos aqueles que aceitaram
a fé em Cristo e resolveram mudar sua vida. Teremos a oportunidade de refletir
sobre a carne, o diabo e mundo, três dos nossos maiores inimigos e que causam
os grandes conflitos que temos diuturnamente. Também pontuaremos a oportunidade
de entender como podemos vencê-los e permanecer no caminho.
I.
A VELHA E A NOVA NATUREZA
Antes de conhecermos os nossos
inimigos, precisamos entender que éramos e o caminho de transformação que nos
foi proposto. Na teologia chamamos esse embate da guerra entre a velha natureza
e a nova natureza. Vamos entender melhoro tema:
1. A velha
natureza.
Nas Escrituras Sagradas, o termo é
usado tanto para descrever a natureza humana quanto para qualificar o princípio
que está sempre disposto a se opor ao Espírito. Tal propensão para as práticas
pecaminosas herdamos de Adão, que quando transgrediu afetou toda a raça humana
(Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18). William Barcley (1988, p. 24) diz que: “a
carne é aquilo que o homem fez de si mesmo em contraste com aquilo que Deus fez”.
É preciso destacar que a carne não pode ser confundida com o corpo, no grego “soma”,
visto que este é uma dádiva divina (Gn 2.7) e é o Templo do Espírito Santo (1Co
6.19). A cerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a não andarmos
segundo seus impulsos (Rm 8.1a); nos despojarmos dela (Ef 4.22); e, fazer
morrer seus desejos (Cl 3.5).
2. A nova
natureza.
Esta nova natureza é fruto da
regeneração ou novo nascimento, ato que se dá na vida de quem aceita a Cristo,
tornando-o participante da vida e da natureza divina. Esta nova vida nos é
transmitida pelo Espírito (Jo 3.8; Tt 3.5). Tal ato é concedido ao crente
quando pelo Espírito, ele desliga o pecador de Adão e o conecta com Cristo (1Co
12.13). Paulo ilustra tal mudança de condição quando diz que “éramos
zambujeiro, mas fomos enxertados na boa oliveira que é Cristo, e por meio da
sua seiva, o Espírito Santo, podemos produzir bons frutos” (Rm 11.17-24; Gl
5.22).
3. A guerra
interior.
Fomos salvos da condenação e do
poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Rm 7.18,23). No campo do
nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne
e o Espírito. Eles são opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que
existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Nessa
batalha “carne versus espírito”, vencerá aquele que dermos a maior
preferência (Gl 5.16).
II.
CONHECENDO OS INIMIGOS!
1. A Carne.
O primeiro inimigo é a “carne”
(Rm 6.19a; 7.18) do grego: “sarx”. A natureza carnal, a velha
natureza que herdamos de Adão depois da Queda (Gn 6.12), uma natureza que se
opõe a Deus e que não é capaz de fazer qualquer coisa espiritual para agradar
ao Senhor (Gl 5.19-21). A carne refere-se à nossa natureza caída e pecaminosa
às vezes chamada na Bíblia de “velho homem” (Rm 6.6, Ef 4.22; Cl 3.9)
que surgiu desde a desobediência no Éden (Rm 3.10-12).
2. O Mundo.
A Bíblia ensina que não devemos
amar ao mundo, pois ser amigo do mundo é ser “inimigo de Deus” (Tg 4.4).
O mundo aqui do grego: “kosmos” não é o planeta Terra onde
vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do mal ao redor de nós
(Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30; 2Co 4.4). É o
governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor Jesus e satisfaz:
“a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida”
(1Jo 2.15-17). É sobre este mundo que a Bíblia fala que jaz no maligno (1Jo
5.19).
2. O Diabo.
O terceiro grande adversário do
homem é o próprio diabo que é o: “príncipe das potestades do ar” (Ef
2.2). Ele rege os negócios deste mundo mau, e seu grande objetivo é contrariar
a vontade e o programa divino no mundo, na Igreja e no crente. Mas, por meio de
sua morte e ressurreição, Cristo venceu a carne (Rm 6.1-6; Gl 2.20); o mundo
(Jo 16.33; Gl 6.14); e o diabo (Ef 1.19-23) (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 74).
Esse inimigo, é o principal agente da tentação. Logo, nos primeiros capítulos
da Bíblia, vemos o diabo tentando os nossos primeiros pais (Gn 3); em Mateus
4.3 vemo-lo tentando a Cristo. Paulo escrevendo aos Tessalonicenses diz: “temendo
que o tentador vos tentasse” (1Ts 3.5). Aos Coríntios ele escreve
dizendo que temia que eles fossem enganados pela serpente (2Co 11.3). Alguns
ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar.
Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca
disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11).
Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como
leão, buscando a quem possa tragar” (1Pe 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef
6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão presos (2Pe
2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu
domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).
III.
O QUE DEUS NOS OFERECE EM MEIO A ESTA BATALHA?
Deus nunca abandonará seus filhos,
nem tão pouco o deixará só em meio as batalhas, na verdade Ele já preparou para
todos nós equipamentos que podem anular a força de nossos inimigos, mas para
isso precisamos:
1. Conhecer a
armadura.
O dicionarista Antônio Houaiss
(2001, p. 802) diz que conhecer é: “perceber e incorporar algo; ficar
sabendo; adquirir informações sobre; tomar ou ter consciência de; estar
familiarizado com; ter ideia bastante exata sobre; experimentar; dar-se conta
de”. Contra os inimigos espirituais não podemos lutar de “qualquer jeito”,
nem com “qualquer arma”, nem tampouco usarmos “armadura humana”. Uma vez que
lutamos contra inimigos na esfera espiritual e imaterial, precisamos conhecer
nossas armas espirituais (2Co 10.3-5), pois Deus nos supriu com elas, e não
devemos deixar parte alguma de fora (Ef 6.10). Alguns estão sendo derrotados
porque não tem dado a devida importância a estas armas espirituais, e por isso,
estão sendo “[…] vencidos por Satanás” (2Co 2.10c;
Ef 4.27; 1Pe 5.8).
2. Revestir-se da
armadura.
Segundo o dicionário da língua
portuguesa, a palavra revestir é: “vestir mais uma vez; vestir de novo;
cobrir-se com adornos; recobrir; tornar firme, estável e resistente algo lhe
aplicando um revestimento para enfrentar situação adversa; armar-se” (2001,
p. 2453). No grego a palavra “revestir” é “enduo”
que quer dizer: “entrar em uma roupa, vestir duas vezes”. A ideia
deixada pelo apóstolo Paulo é que este revestimento serve para “estar
firmes” (Ef 6.11), de onde vem a palavra: “histemi” que
significa: “ficar de pé, tornar firme, fixar, manter-se no lugar,
permanecer imóvel, continuar seguro, ileso, permanecer preparado, ter uma mente
firme, alguém que não hesita, que não desiste”. Só assim podemos vencer
“as astutas ciladas do diabo”.
IV.
COMO PODEMOS VENCER NOSSOS INIMIGOS?
1. Vivendo em
sujeição e comunhão com Deus (Tg 4.7,8a).
A ordem do verbo “sujeitai-vos”
exige uma ação passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de alguém.
Para manter-se firme diante do diabo, da carne e do mundo, o crente precisa
estar prostrado diante do Senhor. A única maneira eficaz de resistirmos às
artimanhas do Diabo, assim como aos desejos e paixões da nossa própria carne, é
nos rendendo incondicionalmente ao Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1Pd
5.8,9). Esta segunda ordem: “chegai-vos a Deus […]” (Tg 4.8a)
indica uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude resulta numa
reciprocidade de Deus: “[…] ele se chegará a vós”.
Confira também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).
2. Vivendo em
santidade e humildade (Tg 4.8,10).
A santificação posicional ocorre no
ato da salvação quando fomos purificados pelo poder da palavra (At 15.9; Tt
2.14) e, por isso, o Senhor espera de todo cristão uma purificação pessoal
(santificação progressiva), prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; 2Co 7.1; 1Ts
4.3; Hb 12.14). Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt 18.4; Fp
2.5-11). Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a
exaltação futura: “humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará”
(Tg 4.10); “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que
a seu tempo vos exalte” (1Pe 5.6).
3. Vivendo no
poder de Deus (Ef 6.10).
Enquanto estivermos no mundo não
teremos trégua na luta contra nossos inimigos. Como a batalha é contínua nossa
capacitação para vencer também deve ser contínua. Precisamos diariamente do
poder do Espírito Santo para prevalecermos as hostes da maldade (Ef 5.18). O
cristão jamais poderá prevalecer contra o poder de Satanás, da carne e do
mundo, sem o poder de Deus. Sabedor disto, Jesus delegou aos apóstolos poder
para expulsar os demônios (Mt 10.1; Mc 6.7; Lc 9.1). Na ocasião em que o Mestre
ordenou que outros setenta discípulos fossem expulsar os demônios, também lhes
conferiu poder (Lc 10.19). Sobre a necessidade do poder para vencer os ataques,
Paulo exortou aos cristãos de Éfeso dizendo: “[…] fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10,11).
4. Vivendo em
constante oração (Ef 6.18).
A luta contra nossos inimigos é uma
realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar fogo, de modo que a
recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois de
terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.13 – ARA), depois
das vitórias alcançadas não devemos abaixar as armas, visto que não há momento
mais vulnerável na vida de um cristão quando depois de uma grande conquista.
Uma forma de evitar essa vulnerabilidade é o crente se fortalecer através da
oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não podemos vencer essa guerra com
nossa própria capacidade (2Co 3.5).
CONCLUSÃO
Apesar dos ataques de Satanás, de
nossa natureza pecaminosa e do mundo, podemos confiar na palavra de nosso Deus
que nos assegura vitória: Assim que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2
Co 5.17). Essa nova criatura recebe de Deus a oportunidade de através dele,
vencer os inimigos.
REFERÊNCIAS
Ø SOARES,
Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. RJ: CPAD, 2018.
Ø SOARES,
Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø WIERSBE,
W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP: GEOGRÁFICA,
2007.
Ø HANEGRAAFF
Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. RJ: CPAD, 2005.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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