sexta-feira, 31 de maio de 2024

LIÇÃO 09 – RESISTINDO À TENTAÇÃO NO CAMINHO

 



 
Mt 4.1-11
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição introduziremos o assunto definindo a palavra “tentação”; destacaremos que a caminhada cristã é repleta de tentações que são obstáculos rumo ao céu; pontuaremos também quais os agentes da tentação e como deve ser a postura do cristão diante deles; e, por fim, falaremos sobre como vencer as tentações.
 
 
I. DEFINIÇÃO DO TERMO TENTAÇÃO
Exegeticamente os termos empregados na Bíblia para tentação e provação são os mesmos. No hebraico “massah” e no grego “peirasmos” significam respectivamente: “prova, provação, teste da fé, juízo”. Já o verbo correspondente, peirazein” é traduzido por tentação dirigida para um fim proveitoso”, em alusão as tentações com propósitos e efeitos benéficos (Lc 4.1-11). A expressão pode estar também relacionada ao conflito moral, isto é, a uma incitação aos desejos da carne, ou seja, o ato de pecar (VINE, 2002, p.1014 – grifo e acréscimo nosso). Assim, a palavra peirasmos” tem dois significados em Tiago que são: a) “adversidades externas, provações, processo de testar, provar", no versículo 2. b) nos versículos 13 e 14 ela significa "impulso íntimo para o mal, tentação” (Moody, sd, p. 5). Logo, a palavra pode ter conotação tanto positiva quanto negativa, dependendo do seu contexto (Sl 95.8; Mt 6.13; Lc 8.13; Gl 4.14; Ap. 3.10).
 
 
II. OS PERIGOS NA CAMINHADA CRISTÃ
Assim como existia a modalidade das corridas nos jogos olímpicos da antiguidade, os escritores bíblicos apresentam a corrida que todo cristão deve percorrer, e lembra seus leitores que a vida cristã é semelhante a uma competição (At 13.25; 20.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1). A palavra “carreira” aqui usada em Hebreus 12.1, denota, na língua original, a ideia de “luta”, “conflito” (Fp 1.30; 1Ts 2.2). A ideia de uma disputa intensa associada ao verbo correr informa-nos que a figura usada para descrever a vida cristã é uma corrida, mais especificamente, a uma maratona de longa distância. Nessa caminhada temos que vencer os obstáculos. O escritor diz o que são: “deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). A palavra grega é “ogkon”, sendo aqui usada no sentido de “embaraço” ou “estorvo”. Seu significado primordial é de “volume”, seja em tamanho, seja em “peso” (ARA). Já a palavra “pecado” no grego “hamartia”, literalmente “errar o alvo”, e que o escritor é enfático ao dizer que o pecado “que tão de perto nos rodeia”. A expressão grega dá a ideia de algo que “incomoda continuamente”, e isto acontece, por meio das tentações que enfrentamos em nossa trajetória. Na corrida da fé o pecado é o maior obstáculo a ser vencido (Wiley, 2013, p. 504).
 
 
III. OS AGENTES DA TENTAÇÃO
Em Tiago nos versos 12 e 13 o apóstolo fala sobre as provações internas, isto é, as tentações. A palavra tentação na versão Almeida e Corrigida carrega a ideia de seduzir ao pecado. Tiago provavelmente tinha em mente a doutrina judia do “Yetzer ha ra'”, que é o “impulso do mal”. “Alguns judeus arrazoavam que tendo Deus criado tudo, devia também ter criado o impulso do mal, e considerando que é o impulso do mal que tenta o homem ao pecado. Em última análise é Deus que o criou, e por isso é o autor e responsável pelo mal” (Barclay, sd. p. 52). Tiago aqui REFUTA essa ideia afirmando que “Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta”. Em vez de acusar Deus pelo mal, o homem deve assumir a responsabilidade pessoal dos seus pecados. É a sua própria cobiça que o atrai e o seduz (Tg 1.14,15). Vejamos os agentes da tentação e como devemos agir diante deles:
 
1. O Diabo.
Do grego “diablos”, é o principal agente da tentação (Mt 4.3; Lc 4.13; 1Ts 3.5). Sobre esse inimigo, Pedro afirmou: “[…] porque o diabo, vosso adversário […]” (1Pe 5.8; ver Tt 2.8), adversário do grego: “antidikos” de “anti”, “contra” e “dike”, uma causa ou demanda legal, traz a ideia de um opositor um inimigo (Lc 18.3). Cujo propósito básico é separar o homem de Deus (2Co 11.3). Engana-se quem pensa que o diabo age de forma desordenada. Ele é um ser calculista, ou seja, que age de forma planejada para alcançar os seus objetivos malignos (2Co 2.11; 1Tm 3.7-b). O apóstolo Paulo asseverou que: “precisamos ficar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). A palavra “ciladas” vem do grego “metodeia”, que significa: “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas, ele pesquisa meticulosamente (Jó 1.7; 2.2) em busca de nossos pontos vulneráveis (Zc 3.1,3), e não hesita em buscar brechas em nossa vida espiritual (1Pd 5.8), ele age insistentemente para nos levar a pecar contra Deus (Gn 39.10; Ne 6.4,5,13), não desistindo facilmente (Mt 4.1-11; ver Lc 4.13). Muitas vezes as ciladas perigosas surgem com ares de inocência, mas que são preparadas para pegar de surpresa o crente, tanto na esfera física, como moral, e espiritual.
 
2. A carne.
Do grego “sarx”, refere-se a natureza caída, as paixões, os desejos e apetites desordenados que estão presentes em nossa natureza (1Co 10.13; Tg 1.14,15). Podemos dizer que a carne é o mais perigoso de todos os inimigos. Pois, enquanto os demais são externos, este inimigo reside em nós mesmos. “Cada um, porém, é tentado pelo PRÓPRIO MAU desejo, sendo por esse iludido e arrastado. Em seguida, esse desejo, tendo concebido, faz nascer o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg 1.14,15 – Bíblia King James). Sabendo disto o diabo nos tenta nas nossas concupiscências. A cerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a: não andarmos segundo seus impulsos (Rm 8.1-a); nos despojarmos dela (Ef 4.22); e, fazermos morrer seus desejos (Cl 3.5).
 
3. O mundo.
O mundo aqui do grego: “kosmos” não é o planeta Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do mal ao redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30; 2Co 4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.15-17). A Bíblia oriente o cristão quanto à postura correta em relação ao mundo:
 
POSTURA DO CRISTÃO
REFERÊNCIAS
Não ganhar o mundo em troca da alma
Mt 4.8-10; Mt 16.26
Não ser do mundo
Jo 15.19; 17.14,16
Ser crucificado para o mundo
Gl 5.24; 6.14
Brilhar como a luz no mundo
Mt 5.13-16; Fp 2.15
Negar os desejos mundanos e viver justamente
Tt 2.12; Tg 1.27
Não ser amigo do mundo
Tg 4.4
Escapar da poluição e corrupção do mundo
2Pe 1.4; 2.20
Não amar o mundo nem as coisas que há nele
1Jo 2.15-17
Ser como Cristo no mundo
1Jo 4.17
Vencer o mundo com a fé
1Jo 5.4-5
Não se conformar com o mundo
Rm 12.1,2
 
 
IV. COMO VENCER AS TENTAÇÕES
Todo servo de Deus deve saber que não há tentação invencível. Por duas razões dizemos isto: A primeira é que Jesus venceu todos os nossos inimigos e nos garante a vitória (Jo 16.33; Cl 2.15). A segunda é que quando somos tentados, Deus sempre nos dá um escape “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13). Deus não ignora nossa estrutura, mas se lembra que somos pó (Sl 103.14), por isto o nosso socorro é garantido pela compaixão do nosso Deus (Hb 4.15; 2.18).
 
MEIOS PARA VENCER AS TENTAÇÕES
Orando e vigiando (Mt 26.41)
Renunciando a si mesmo (Gn 39.7-12)
Tomando toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18)
Refugiando-se em Jesus (Hb 2.18)
Evitando a ociosidade (2Sm 11.1,2; 2Pe 1.8-10)
Sujeitando-se a Deus (Tg 4.7a)
Evitando tudo que possa levar a tentação (Pv 27.12; 1Ts 5.22)
Resistindo ao Diabo (Tg 4.7b)
Lendo e meditando na Palavra de Deus (Js 1.7,8)
Estando cheio do Espírito Santo (Ef 5.18)
Andar em Espírito (Gl 5.16); e ocupar a mente com o que é santo (Fp 4.8; Cl 3.2)
Viver uma vida de santidade (Ef 4.22-5.1; 1Ts 5.23; 1Pe 1.16;)
Amando a Deus e ao próximo (1Co 13; Cl 3; 12-17; 1Jo 4:7,8)
Manifestando o fruto do Espírito (Jo 15.1-5,16; Gl 5.22,23; Ef 2.10)
 
 
CONCLUSÃO
As tentações são uma realidade na vida cristã. Todo crente as enfrentará, durante toda a sua caminhada rumo ao céu. Diante disso, devemos buscar a Deus e utilizarmos as armas da oração, vigilância, jejum a fim de não sermos enredados pelos ataques do mal.
 
 
 
 
REFERÊNCIAS
ü  BARCLAY, William. Comentário Bíblico de Tiago. PDF
ü  GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé. CPAD.
ü  HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Tiago. PDF
ü  MOODY, D. L. Comentário Bíblico de Tiago. PDF
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
ü  WILEY, Orton. A excelência da nova aliança em Cristo. Central Gospel.   
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.




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