Êx
16.1-7; 1Co 10.10,11
INTRODUÇÃO
Nessa
nova caminhada para o céu, há muitos tipos de pecados que outrora eram até
comuns para nós, mas, agora, como novas criaturas em Cristo, devemos evitar. E,
um deles, é o pecado da murmuração. A Bíblia está repleta de exemplos, do quanto
é perigoso para o povo de Deus murmurar contra o Senhor, principalmente na
História do povo hebreu, durante a sua peregrinação no deserto, com destino à
terra de Canaã. Por essa razão, o apóstolo Paulo recomenda à Igreja de Corinto,
para que aquela igreja não seguissem o mau exemplo do povo de Israel, cometendo
o pecado da murmuração. Veremos nesta lição a definição do que é murmuração; os
vários exemplos de murmuração nas páginas da Bíblia e as consequências das
mesmas; e, finalmente, algumas exortações, acerca do perigo da murmuração.
I. DEFINIÇÃO
E EXEMPLOS DE MURMURAÇÃO NA BÍBLIA
Segundo o dicionário Houaiss, a
palavra murmuração significa: “ato ou efeito de murmurar, murmúrio, rumor
infundado, boato, falatório depreciativo, detração, maledicência”
(2011, p. 1982). Boyer define a murmuração como “Queixar-se em voz baixa;
falar mal de alguém ou de alguma coisa.” (BOYER, 2009, p. 370). “A
Bíblia descreve a murmuração em sua essência como algo totalmente negativo,
pecaminoso. Ela adverte severamente contra esse mal, e afirma que quem a ratifica
mostra que não tem confiança em Deus e em sua Palavra [...] a Bíblia descreve a
murmuração como um comportamento comprometedor do crente, que acontece por meio
de gestos e palavras, feito em tom baixo, em reclamações e censuras (Êx 15.24;
Lc 15.2), que revela atitude de incredulidade, ingratidão, insatisfação,
lamento, queixas, envolvendo circunstâncias e pessoas, bem como o próprio Deus.
Israel reclamava de Arão e Moisés, e, ao reclamarem dessas pessoas, logicamente
estariam também reclamando de Deus, pois foi o Senhor quem os havia escolhido
para tal missão” (GOMES, 2024, pp. 85,86). Encontramos diversos exemplos de
murmuração do povo de Israel no deserto. Vejamos alguns:
1.
Murmuraram diante do Mar Vermelho.
Quando o povo de Israel estava
saindo do Egito, e percebeu que Faraó vinha atrás deles com seu exército, em
vez de clamarem ao Senhor por livramento, disseram a Moisés: “Não havia
sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que morramos neste deserto?
Por que nos fizestes isto, que nos tens tirado do Egito? (Êx 14.11).
2. Murmuraram em
Mara.
Após a passagem pelo meio do Mar
Vermelho, os filhos de Israel chegaram a Mara, mas, não puderam beber as águas pois eram
amargas (Êx 15.23). Em vez de orar e pedir a Deus um milagre, o povo murmurou
contra Moisés, dizendo: “Que havermos de beber?” (Êx 15.24).
3. Murmuraram no
deserto de Sur.
Em Mara, Deus mostrou a Moisés um
lenho e tornou as águas doces, ou seja, próprias para o consumo. Depois disso,
Deus conduziu o povo para Elim, onde havia doze fontes de águas e setenta
palmeiras (Êx 15.25-27). Porém, ao saírem de Elim, o povo murmurou outra vez,
dizendo: “Quem dera que nós morrêssemos por mão do Senhor na terra do
Egito, quando estávamos sentados junto as panelas de carne, quando comíamos pão
até fartar! Porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a
toda esta multidão!” (Êx 16.3).
4. Murmuraram no deserto de Sim.
Ao
chegarem em Refidim, não havia água para beber. E, mais uma vez, o povo deixou de
clamar ao Senhor, e murmurou contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizestes subir do Egito para nos
matares de sede, a nós, e aos nossos filhos, e ao nosso gado? (Êx 17.3).
5. Murmuraram no deserto do Sinai.
Apesar
dos muitos milagres operados pelo Senhor, provendo maná, carne e água no deserto
(Êx 16.1-17.7; Nm 11.31,32), o povo sempre murmurava contra Deus e contra
Moisés, dizendo: “quem nos dará carne a
comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; e dos pepinos,
e dos melões, e dos porros, e das cebolas e dos alhos. Mas, agora a nossa alma
se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos” (Nm 11.4-6).
6. Murmuraram no deserto de Parã.
Após
o envio dos doze espias à terra de Canaã (Nm 13.25), dez deles trouxeram um relatório
pessimista, dizendo: “Não
poderemos subir contra a quele povo, por que é mais forte do que nós.” (Nm 13.31). Então, os filhos de Israel murmuraram contra
Moisés e Arão, dizendo: “Ah!
Se morrêramos neste deserto! E por que nos traz o Senhor a esta terra, para
cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa?
Não nos seria melhor voltarmos ao Egito?” (Nm 14.2,3).
II. DEUS OUVE AS MURMURAÇÕES DO
SEU POVO
Assim como são muitas as
murmurações do povo hebreu, são muitas as ocasiões em que Deus diz que ouviu a murmuração
do Seu povo. Vejamos alguns exemplos.
- “E amanhã vereis a glória do SENHOR, porquanto ouviu as vossas murmurações contra o SENHOR. E quem somos nós, para que murmureis contra nós?” (Êx 16.7).
- “Disse mais Moisés: Isso será quando o SENHOR à tarde vos der carne para comer, e pela manhã pão a fartar, porquanto o SENHOR ouviu as vossas murmurações, com que murmurais contra ele. E quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o SENHOR” (Êx 16.8).
- “Depois disse Moisés a Arão: Dize a toda a congregação dos filhos de Israel: Chegai-vos à presença do SENHOR, porque ouviu as vossas murmurações” (Êx 16.9).
- “Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel. Fala-lhes, dizendo: Entre as duas tardes comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou o SENHOR vosso Deus” (Êx 16.12).
- “Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim” (Nm 124.29).
III. DEUS CASTIGA O SEU POVO POR
CAUSA DAS SUAS MURMURAÇÕES
A
Bíblia nos mostra que Deus, não apenas ouviu a murmuração do Seu povo, mas,
também os castigou pela prática da mesma. Em Nm 11.11,2 diz que a ira do Senhor
se acendeu contra o povo de Israel e consumiu os que estavam na última parte do
arraial, por causa das suas murmurações. Em outra ocasião, o Senhor falou que
iria destruir o povo de Israel, por causa da murmuração dele, e faria de Moisés
uma nação mais forte (Nm 14.12), e só não o fez por causa da intercessão de
Moisés (Nm 14.13-19). Mas, o Senhor prometeu que nenhum dos que viram os sinais
no Egito veriam a terra de Canaã, exceto Josué e Calebe (Nm 14.20-24,30,38). O
Senhor prometeu que morreriam todos os que saíram do Egito, de vinte anos para
cima (Nm 14.29); e que o número de anos de peregrinação seria de quarenta anos,
de acordo com o número dos dias que os espias espiaram a terra de Canaã (Nm
14.33,34). Além disso, o Senhor feriu os dez espias que infamaram a terra e
fizeram o povo murmurar contra o Senhor (Nm 14.36,37).
IV.
A MURMURAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO
“No Novo
Testamento, há duas passagens bíblicas que fazem alusão ao pecado da
murmuração: a primeira é 1Co 10.10. Apresentando Israel como exemplo, Paulo nos
exorta a não procedermos como esse povo, que tinha as promessas divinas, mas,
devido ao pecado da murmuração, ficaram prostrados no deserto. Devemos viver de
uma forma que agrade a Deus para nunca sermos alvos de sua ira, como disse
Moisés em Deuteronômio 28.63: ‘Assim como o SENHOR se alegrava em vós outros,
em fazer-vos bem e multiplicar-vos, da mesma sorte o SENHOR se alegrará em vos
fazer perecer e vos destruir; sereis desarraigados da terra à qual passais para
possuí-la’ (ARA). A segunda passagem bíblica do Novo Testamento sobre a
murmuração é Filipenses 2.14,15. Por meio dela, Paulo nos adverte a não
vivermos praticando o pecado da murmuração. Precisamos seguir a recomendação
bíblica para que jamais o pecado da murmuração nos domine, por isso é preciso
uma leitura constante das Sagradas Letras, uma vida de oração de dependência do
Espírito Santo, cantar e ser grato a Deus em qualquer circunstância, pois nossa
força e vitória vem dEle (1Ts 5.18)” (GOMES, 2024, p. 86).
V. A BÍBLIA ADVERTE QUANTO AO
PERIGO DA MURMURAÇÃO
Embora
a murmuração seja uma prática comum para os incrédulos e os falsos mestres (Sl
41.7; Lc 5.30; 15.2; 19.7; Jo 6.41,43; 7.32; Rm 1.30; Jd 1.16), ela não deve ser
praticada pelos servos de Deus. “A Bíblia nos incentiva a fugir desse pecado, pois ele
compromete nosso testemunho frente a esta sociedade corrompida e enfraquece
nossa vida espiritual. A murmuração é um veneno que contamina aquele que a
pratica e contamina aqueles que estão ao redor, influenciando negativamente. Um
crente murmurador não pode ser sal da terra e nem luz neste mundo (Mt 5.14-16),
pois, devido ao seu comportamento, será sal insípido, luz debaixo do alqueire.
Cultivemos boas atitudes mentais, priorizemos a vontade de Deus e o seu poder
para as nossas vidas, visto que Ele sabe o que faz, inclusive como conduzir os
seus planos em relação a nós. Como Paulo ensinou: ‘todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rm 8.28, NAA).” (GOMES, 2024, p. 89). O
apóstolo Pedro, em suas epístolas, também advertiu a Igreja sobre o perigo da
murmuração: “Deixando, pois, toda
malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações,
desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não
falsificado, para que, por ele, vades crescendo [...] Mas, sobretudo, tende
ardente amor, uns para com os outros [...] sem murmurações” (1Pe 2.1,2; 4.8,9).
CONCLUSÃO
Assim
como o povo hebreu não pôde entrar na Terra de Canaã, por causa do pecado da
murmuração (Nm 14.20-37) semelhantemente, também, acontecerá com os
murmuradores: não poderão entrar na Canaã celestial (1Co 10.5,10,11).
REFERÊNCIAS
ü BOYER,
Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
ü GILBERTO,
Antônio. Bíblia com Comentários. CPAD.
ü GOMES,
Osiel. A Carreira Que Nos Está proposta. CPAD.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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