Et
1.10-12,16,17,19; 2.12-17
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, exploraremos a história de Ester, considerando o contexto em que ela se
insere. Focaremos na análise dos conceitos de arrogância e obediência, e
discutiremos como a arrogância pode levar a decisões precipitadas. Veremos
também que, mesmo diante dessas falhas, Deus continua no controle e sempre
oferece soluções para aqueles que buscam viver com humildade. E por fim,
examinaremos como esses princípios se refletem na narrativa de Ester e em suas
lições para nós.
I. DEFINIÇÃO DAS PALAVRA CHAVES
1. Definição do termo arrogância.
O
dicionário Houaiss (2001, p. 303) define arrogância como: “orgulho que se
manifesta por atitudes altivas e desdenhosas”. O termo deriva-se do
hebraico zadôn e significa “altivez”, “orgulho”
ou “soberba” (Ml 3.15; 4.1; Sl 119.51,69,78,122; Jr
43.2). O orgulho é um pecado (Pv 21.4) e é abominável diante de Deus (Pv 6.16).
No NT o termo é alazonia, que é traduzido por “soberba” (1Jo
2.16) ou “orgulho” (1Tm 3.6). O orgulho foi o principal fator na
queda de Lúcifer (Is 14.12) e é uma das características dos ímpios nos últimos
dias (2Tm 3.2).
2. Definição do termo obediência.
A
palavra obediência vem do latim “obedientia” e significa “sujeição,
submeter à autoridade; agir de acordo com as ordens recebidas”. É o
mais forte indício da fé em Deus. A obediência é imposta pelo Senhor a todos
aqueles que lhe servem (Dt 13.4); é essencial à fé (Hb 11.6); é o resultado
para quem dá crédito à voz de Deus (Êx 19.5,6).
II. UMA DISCUSSÃO EM FAMÍLIA SE
TRANSFORMA EM CRISE NACIONAL
Assuero,
conhecido em grego como Xerxes, era filho de Dario I e neto de Ciro, o Grande,
pertencendo a uma família persa de grande prestígio. Ele governou o império
persa de 486 a.C. a 465 a.C. O império estava subdividido em vinte “satrapia”
que, por sua vez, eram divididas em “províncias”, nas quais o rei exercia
controle absoluto. Como a maioria dos monarcas da época, Assuero demonstrava um
grande orgulho; e, neste capítulo, observamos três indícios desse orgulho
(Wiersbe, 2010, p. 692).
1. A arrogância traz muitos males.
Se
houve um homem que deveria ter aprendido a verdade expressa em Provérbios
16.18, foi Assuero: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito,
a queda”. Os reis do Oriente gostavam de oferecer banquetes suntuosos,
pois, nessas ocasiões, tinham a oportunidade de impressionar seus convidados
com o poder e a riqueza do reino [um banquete de 180 dias, ou seja, uma
festa de seis meses]. Durante seis meses, as demonstrações e troféus
alardeavam a majestade e a glória do rei Assuero. As exibições eram de toda
espécie, desde escravos que o rei fizera dentre os povos conquistados, até as
riquezas que ele acumulara. Neste capítulo, são mencionados três banquetes: a)
um para os oficiais militares e políticos mais importantes (Et 1.1-4); b)
um para os homens de Susã, local do palácio de inverno do rei (Et 1.5-8);
e, c) outro para as mulheres de Susã (Et 1.9), oferecido pela rainha
Vasti.
2. Um líder embriagado (Et 1.10).
No
final do banquete de sete dias “estando já o coração do rei alegre do
vinho” (Et 1.10), Assuero ordenou que sua rainha exibisse sua beleza
aos convidados ali reunidos (Et 1.11). A resposta dela foi, sem dúvida, uma ofensa
tripla contra o rei. Como mulher, Vasti desacatou a autoridade de um
homem; como esposa, desobedeceu às ordens do marido e, como súdita,
desrespeitou seu rei. Em decorrência disso, “o rei muito se
enfureceu e se inflamou de ira” (Et 1.12). Assuero era capaz de exercer
domínio sobre tudo e todos, menos sobre si mesmo. Assuero era facilmente
influenciado pelos seus conselheiros; tomava decisões precipitadas das quais se
arrependia depois, e, quando não conseguia as coisas a sua maneira, ficava
furioso.
3. A lei dos persas e dos medos, que não podia ser revogada,
podia, porém, ser recusada (Et 1.10-12).
A
rainha Vasti que, de acordo com o costume persa, vinha dando uma festa separada
para as mulheres (Et 1.9), recusou-se a atender as exigências sem sentido de
Assuero. A lei podia ser capaz de obrigar as pessoas a beberem quanto
quisessem, mas não podia afinal obrigar a esposa do rei a ser tratada como um
objeto sexual. Uma simples mulher se ergueu e disse “não” e sacudiu as bases do
império com sua recusa.
4. Seu espírito vingativo (Et 1.13).
Quando
o ego é ferido, libera um veneno poderoso que leva as pessoas a fazerem coisas
que jamais fariam se fossem humildes e se sujeitassem ao Senhor. Todo chefe de
estado tem à sua volta pessoas que não querem senão agradá-lo, não importa o
que isto exija, e Assuero não era exceção a essa regra. Se Assuero tivesse
esperado até ficar sóbrio e pensado sobre o assunto com cuidado, jamais teria
deposto a esposa. Afinal, ela demonstrou mais caráter do que ele. O rei persa contava
com sete conselheiros que o orientavam nas questões de Estado e que tinham o
direito de se aproximar de seu trono. Também
sabiam muito bem como lisonjear o rei a fim de garantir seus cargos e de obter
dele o que desejavam. A expressão “entendiam dos tempos” (Et 1.13) indica que eram astrólogos, que consultavam as
estrelas e usavam outras formas de adivinhação.
5. Conselho sem conhecimento é
apenas desorientação disfarçada (Et 1.16).
O
Aurélio define conselho como “advertência que se emite; aviso;
admoestação; censurar ou repreender com brandura” (Ferreira, 2004, p.
528). Já o Houaiss (2001, p. 807) define a palavra conselho como “opinião”,
“parecer”, “sabedoria”, “bom senso”.
O dicionário vine diz que do grego “gnome” relacionado a “gnosko”,
quer dizer: “opinião sobre algo que deve ser feito”, “saber,
conhecer, perceber”, “julgamento”, “conselho” (Vine,
2002, p. 495). Vasti havia insultado não apenas o rei, mas todo o império.
Assim, quando os convidados voltassem para casa, contariam a todos como a
rainha era desobediente ao marido, e as consequências seriam desastrosas.
Assim, Vasti foi despojada do seu título. Na verdade, o edito se auto
desconstrói. Ele serve apenas para publicar por todo o vasto império e na
língua de todos os grupos de pessoas a falta de autoridade de Assuero na sua
própria casa. Se o objetivo era inspirar respeito pelos maridos e por Assuero,
o verdadeiro efeito foi exatamente o contrário. Se ele temia que a fofoca sobre
sua impotência se espalhasse, o seu edito agora garantiria que todos ouviriam a
história.
III. O TEMPO ESTÁ NAS MÃOS DE DEUS
Quase
quatro anos haviam se passado desde a deposição de Vasti. Nesse meio-tempo, o
rei havia comandado a campanha frustrada contra a Grécia e voltado para casa,
não coberto de honras, mas humilhado. A ideia original, quando Vasti foi
deposta e banida da presença do rei, era encontrar uma mulher melhor para
assumir a posição real dela (Et 1.19).
1. A escolha de Ester (Et 2.5-18).
Segundo
o Aurélio a palavra escolha significa: “ato ou efeito de escolher,
preferência, eleger, opção, discernimento, capacidade de avaliar, selecionar
uma coisa entre duas ou mais opções” (Ferreira, 2004, p. 792). Levou um
ano inteiro para preparar aquelas mulheres, a fim de serem apresentadas ao rei.
Quantos cosméticos de alto preço deve ter sido gastos nesse período (Et 2.12).
Os planos de Deus não são prejudicados quando os eventos deste mundo são carnais
ou seculares. A sua presença penetra de qualquer modo, até mesmo nos salões dos
banquetes pagãos da Pérsia antiga. Ele não fica limitado a operar na família
cristã. Trabalha tanto no gabinete do governo, como no meio da igreja (Wiersbe,
2010, p. 694).
2. Ester demonstrou discrição e controle extraordinários (Et
2.10).
Ester
não contou a ninguém que era judia, Por quê? Porque Mardoqueu lhe dera
instruções nesse sentido. Nem mesmo os esplendores estranhos do harém que
poderiam tê-la facilmente seduzido, a fizeram quebrar sua promessa a Mardoqueu.
É bem provável que essa atitude de Mordecai tenha sido motivada pelo desejo de
preservar a própria segurança, mas Deus usou os dois para preservar o povo
judeu. A discrição verbal está se tornando rapidamente uma virtude esquecida
(Swindoll, 2020, p. 61).
3. Ester não pediu além do necessário (Et 2.12-15).
Ester
não sucumbe à tentação ao seu redor, à superficialidade, egoísmo, sedução,
egocentrismo. Ela se porta com modéstia desinteressada, mantendo a sua
autenticidade em meio a toda aquela incomparável extravagância. Ester
apresentou-se ao rei sem medo, pois não tinha qualquer ambição desenfreada de
ser rainha. Sua vida não girava em torno da sua aparência ou de agradar ao rei.
Só se encontrava ali por uma razão: ela sabia que a mão de Deus estava sobre a
sua vida. Ester sabia de onde viera e sabia quem era, bem como sabia no que
acreditava. E sabia que a mão de Deus se achava sobre a sua vida (Swindoll,
2020, p. 65).
4. Ester demonstrou respeito e humildade pela autoridade (Et
2.18,20).
Muitos
pensam que depois de casar-se a pessoa não precisa mais dos conselhos dos pais.
Ou que, ao tornar-se independente, o indivíduo fica totalmente por sua própria
conta. Você decide as coisas sozinho e faz o que quer. Todavia, vemos aqui que
Ester, mesmo depois de ser coroada rainha daquela terra, lembrou-se da
sabedoria do seu protetor e aceitou de bom grado o seu conselho. A graça
da mulher lhe concede um lugar de honra. A esposa virtuosa confere ao marido
uma posição importante, em público e pessoalmente (Pv 31) (Swindoll, 2020, p.
66).
CONCLUSÃO
Assim,
ao refletirmos sobre a história de Ester, compreendemos que a arrogância
frequentemente nos conduz a decisões apressadas e prejudiciais, enquanto a
obediência e a humildade nos orientam na direção de escolhas sábias e bem
fundamentadas. Apesar das nossas falhas e das armadilhas da soberba, é
reconfortante saber que Deus está sempre no controle de toda a história. Ele
tem a capacidade de transformar situações desafiadoras e oferecer soluções
divinas para aqueles que se entregam com um coração humilde e obediente,
buscando Sua orientação e sabedoria em cada etapa da vida.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário
da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø HUBBARD JR, Robert L. Comentário
do Antigo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø NETO, Emilio Garofalo. Ester
na Casa da Pérsia. FIEL.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário
Vine. CPAD.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. GEOGRÁFICA.
Ø SWINDOLL, Charles R. Ester:
uma mulher de sensibilidade e coragem. MUNDO CRISTÃO.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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