Et
1.1-9
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, veremos a estrutura do livro de Ester; notaremos os principais
personagens deste livro; e por fim, pontuaremos o contexto histórico do livro
de Ester.
I. A ESTRUTURA DO LIVRO DE ESTER
Passar
do estudo de Rute para Ester importa numa radical mudança de cenário. É sair de
Belém, na Judeia (atual Cisjordânia, em Israel) e transportar-se para Susã, na
Pérsia (atual Irã); é saltar dos dias dos juízes para o período pós-exílio, registrado
em cinco dos 12 livros históricos do Antigo Testamento: 1 e 2 Crônicas, Esdras,
Neemias e Ester (Queiroz, 2024, p. 67).
1. A data do livro de Ester.
Os
fatos registrados no Livro de Ester se passam na capital do Império Persa,
Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém. A
história pertence cronologicamente ao período entre o retorno de Zorobabel e Esdras,
ou seja, entre o sexto e o sétimo capítulo de Esdras. Os estudiosos chegaram à
conclusão de que o rei Assuero a que se refere, é identificado como Xerxes. O banquete
de casamento em que Ester tomou posse como rainha, ocorreu no sétimo ano do
reinado de Assuero (479 a.C.), quatro anos depois da celebração que resultou no
divórcio de Vasti. “Os acontecimentos indicados no livro variam do terceiro ao
décimo segundo ano do reinado de Xerxes, ou de 483 a 474 a.C.” (Beacon. vol.
II, 2005, p.543).
2. O contexto histórico do livro de Ester.
O
livro tem muitos aspectos poéticos, incluindo aliteração, paralelismo,
hipérbole, ironia
e, também, construções quiasmáticas. O nome da festa (Purim ou Festa das
Sortes), uma das duas festas não estabelecidas no Pentateuco (Êx 34.18-27; Lv
23.1-44; 25.1-17). Foram designados dois dias para as celebrações: os judeus em
Susã tiveram dois dias para matar seus inimigos (Et 10.18) e descansaram no dia
15 de Adar e, por conseguinte, a celebração deles foi designada para esse dia.
Os judeus nas províncias remotas tiveram apenas o dia 13 de Adar para responder
a seus inimigos, e eles celebraram no dia 14 de Adar (Et 9.19). O dia 13 de
adar também é celebrado por alguns judeus como a Festa de Ester, por causa da
menção de comemorar as práticas do jejum e do seu clamor (Et 10.31) (Patterson;
Kelley 2022, pp. 897-98).
3. A categoria do livro de Ester.
Da
mesma forma como Rute, Ester pertence aos Escritos, os 11 livros que compõem a
terceira seção da Bíblia Hebraica. E, nessa seção, também ao lado de Rute,
integra os Megillot, os cinco livros curtos lidos anualmente nas festas
judaicas. As categorizações de Rute e Ester também são semelhantes na Bíblia
Cristã, em que figuram entre os livros históricos, como já mencionado. Pela sua
reconhecida canonicidade, Ester compõe o conjunto da revelação divina escrita, completa
e perfeita (2Tm 3.16,17) (Queiroz, 2024, p. 67).
4. A características literárias do livro de Ester.
O
Livro de Ester tem 10 capítulos. Dentre suas características literárias destaca-se
sua objetiva historicidade, vista na expressa referência ao rei persa Assuero
(Et 1.1) e em vários outros detalhes factuais, além de seu caráter de fonte
primária para a Festa de Purim, anualmente celebrada pelos judeus (Et 9.20-32).
O estilo narrativo é menos dialógico que o de Rute. O texto é mais do narrador
que dos personagens (Queiroz, 2024, p. 68).
5. Autoria e data do livro de Ester.
O
autor de Ester é desconhecido. Muitos estudiosos consideram que o livro foi
escrito por um judeu que viveu na Pérsia, pelo fato de o autor demonstrar amplo
conhecimento da cidade de Susã e de sua estrutura, e de importantes documentos
do Império Persa. Considerando essa possível autoria e algumas evidências
internas, acredita-se que o livro seja datado ainda do século V a.C. (por volta
de 460 a.C.), logo após a morte de Assuero, ocorrida em 465 a.C. Outro fator levado
em conta para essa datação é de ordem linguística: o autor empregou algumas
palavras persas em meio ao hebraico, mas não fez uso algum de expressões
originárias do grego, o que revela um estilo anterior à ascensão da Grécia
sobre a Pérsia, que se deu com Alexandre, o grande, em 330 a.C. (Queiroz, 2024,
p. 69).
II.
PRINCIPAIS PERSONAGENS DO LIVRO DE ESTER
O
livro de Ester descreve a soberania e o cuidado de Deus para com o seu povo.
Ele relata o grande livramento dado por Deus ao povo judeu na Pérsia. Embora o
nome de Deus não seja mencionado no livro, cada página está cheia dEle. Mattew Henry,
um dos grandes comentaristas da Bíblia, diz: “Se o nome de Deus não está aqui, Seu
dedo está”.
Vejamos os principais personagens
do livro:
1. Assuero (Et 1.1).
Rei
da Pérsia, mais conhecido como Assuero (chamado de Xerxes em algumas versões
bíblicas) é mencionado no livro de Ester e em Esdras 4.6. Um dos maiores reis
do Império Persa, governou de 486 a 465 a.C. Era filho de Dario I, o Grande. No
livro de Ester, Assuero é retrato como um rei poderoso, com um grande império “que
reinou desde a Índia até Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias” (Et
1.1b).
2. Vasti (Et 1.9).
Rainha
da Pérsia, esposa do rei Assuero. No último dia do banquete oferecido por este
monarca, Vasti foi convocada para mostrar sua beleza diante dos convidados. Ela
recusou o convite e essa atitude gerou controvérsias entre os conselheiros do
rei. Receosos de que a desobediência da rainha desacreditasse todos os homens
do reino diante de suas esposas. Eles aconselharam o rei que depusesse Vasti do
cargo e mandasse trazer as donzelas do reino para delas escolher uma nova
rainha. O rei anuiu ao conselho e assim o fez (Et 1.9-22; 2.1-4).
3. Mardoqueu (Et 2.5).
Da
tribo de Benjamin, filho de Jair, pai adotivo de Ester, também chamado Mordecai
em algumas versões bíblicas. Vivia na fortaleza de Susã durante o exílio do
povo judeu, reinado de Assuero, onde criou Ester como se fosse sua própria
filha (Et 2.5-7).
4. Ester (Et 2.7).
O
livro recebe o título de Ester que significa “estrela” por causa
de sua principal personagem. Uma órfã judia, que se tornou rainha da Pérsia. O
nome hebraico dessa mulher era “Hadassah”, que significa “murta”,
o nome de uma planta. Ester era o nome persa que lhe foi dado, quando ela se
tornou parte do harém real. Era uma jovem judia, da tribo de Benjamin, cujos
pais morreram na época do exílio babilônico. Foi criada por seu primo Mardoqueu
(Et 2.5-7). Estavam entre os judeus que habitavam
na fortaleza de Susã, sob o reinado de Assuero. A vida de Ester mudou, quando
foi levada para o harém real junto com outras donzelas de Susã. Depois de um
ano de embelezamento, ela foi eleita pelo rei como a mais linda jovem entre
todas as que foram apresentadas (Et 2.8-17).
5. Hamã (Et 3.1).
Era
filho de Hamedata e tinha um alto cargo político no reinado de Assuero, na Pérsia.
Josefo, historiador judeu, diz que Hamã era um amalequita (2004, p.522). “Ele é
descrito como ‘agagita’, talvez por causa da sua descendência de
Agague, o rei amalequita” (1Sm 15.8,33) (BEACON, p.550 – acréscimo nosso). Ele
desfrutava de muita confiança do rei (Et 3.10). Hamã tinha um grande ódio de
Mardoqueu, bem como de todos os judeus (Et 3.5-6;10).
III.
CONTEXTO HISTÓRICO DO LIVRO DE ESTER
O
livro de Ester inicia com uma recepção do rei Assuero aos nobres e príncipes do
seu reino, no palácio de Susã (residência de inverno dos reis da Pérsia); para
mostrar-lhes a grandeza e a riqueza do seu reino. O banquete durou 180 dias (Et
1.4). Os homens se banqueteavam nos jardins do palácio, enquanto as mulheres
eram hospedadas pela rainha Vasti, em seus aposentos particulares.
1. A Rejeição de Vasti (Et 1.10-22).
Quando
o rei e os príncipes estavam embriagados, o monarca mandou que seus eunucos fossem
buscar a rainha Vasti, para exibir sua beleza diante dos povos e dos príncipes.
Como Vasti recusou-se comparecer à presença do rei, foi destituída do reinado,
perdendo a elevada posição de rainha da Pérsia.
2. A coroação de Ester (2.1-17).
Passada
a fúria do rei Assuero, ele tomou conselho com seus servos e enviou um mandato
às províncias, para que lhe trouxessem todas as virgens formosas do seu reino,
e fossem levadas ao harém real, para que dentre elas escolhesse uma substituta
para a rainha Vasti. Ester, uma órfã judia, que fora criada por seu primo
Mardoqueu foi uma das escolhidas. O monarca ficou tão encantado com a beleza de
Ester que a escolheu para ser rainha no lugar de Vasti.
3. A conspiração de Hamã (Et 3.1-15).
Quando
Hamã aparece no livro de Ester, ele acabara de ser elevado ao mais alto posto do
reino da Pérsia (Et 3.1). A grande honra transtornou-o. Ele encheu-se de
vaidade e sentiu-se profundamente humilhado, quando Mardoqueu não lhes prestou
homenagem. Mardoqueu, sendo judeu, não podia prestar honras divinas a um homem.
Hamã ficou tão furioso que resolveu promover um massacre de todos os judeus (Et
3.6). Hamã procurou provar ao rei que todos os judeus eram súditos desleais.
Prometeu pagar ao rei um suborno de dez mil talentos de prata (Et 3.9). O
monarca, então, assinou um decreto determinando que todos os homens, mulheres e
crianças que fossem judeus, fossem mortos e seus bens confiscados.
4. Ester toma conhecimento do decreto (Et 4.1-17).
Quando
os judeus tomaram conhecimento do decreto assinado pelo rei, se puseram a orar,
jejuar e lamentar, deitando-se em pano de saco e cinza. Quando Ester viu
aquilo, procurou saber do próprio Mardoqueu o porquê daquela atitude. Ele deu a
ela uma cópia do decreto assinado pelo rei e mandou dizer-lhe: “... quem
sabe se para tal tempo como este chegas-te a este reino?” (Et 4.14).
5. Ester se dispõe a interceder pelo povo judeu (Et
4.16-5.8).
Quando
Ester tomou conhecimento do decreto que estava assinado pelo rei, se dispôs a
ir à presença do rei, mesmo sem ser chamada; o que significa dizer que ela pôs
a sua própria vida em risco. Ela se vestiu com trajes reais, e se pôs no pátio
interior da casa do rei. Vendo o rei à rainha Ester, estendeu para ela o cetro de
ouro, que tinha na sua mão. Quando ela foi recebida pelo monarca, convidou-o
para um banquete e denunciou o plano diabólico de Hamã (Et 7.1-6).
6. O livramento dos Judeus (Et 8 e 9).
Quando
o rei Assuero tomou conhecimento dos planos de Hamã, tomou o seu anel e o deu a
Mardoqueu; e chamou os escrivães para que escrevessem um edito, concedendo aos
judeus o direito de se reunirem para defender as suas vidas, bem como para
matar a todos os que os afligissem ou saqueassem os seus bens. O livro de Ester
termina com a narrativa do livramento dos judeus e o estabelecimento da festa
de Purim, onde os judeus comemoram este grande livramento.
CONCLUSÃO
O
livro de Ester nos ensina que o povo de Deus não está a deriva neste mundo
tenebroso. O Senhor, Deus único e verdadeiro intervém na história, de forma
que, antes mesmo do mal ser planejado para prejudicar os seus servos, Ele
dispõe previamente do livramento. Diante desta verdade, devemos descansar no
cuidado providencial de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. vol. II.
CPAD, 2005.
Ø GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia
Sagrada. VIDA.
Ø PATTERSON, D. K, KELLEY, R. H.
Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. CPAD.
Ø HOWARD, R.E et al. Comentário
Bíblico. CPAD.
Ø HENRY, Matthew. Comentário Bíblico.
CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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