Et
2.21-23; 3.16
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição do termo “resistência”
e quem foi Mardoqueu; estudaremos sobre a conspiração contra o rei Assuero e a
denúncia de Mardoqueu; pontuaremos o ódio de Hamã e a resistência de Mardoqueu
e, por fim, relacionaremos as atitudes dos cristãos em meio às perseguições.
I. DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TEMA
1. Definição do termo resistência.
Segundo
o dicionário Houaiss (2001, p.), resistência é: “o ato ou efeito de
resistir, qualidade ou condição do que é resistente, força que se
opõe a outra, obstáculo, empecilho”. Logo, uma pessoa resistente é
aquela que é capaz de resistir uma força ou oposição. Esta, sem dúvida, é uma
das principais características de Mardoqueu. Pelo fato de recusar-se a se
curvar diante de Hamã, o mais alto oficial do reino da Pérsia, ele foi
perseguido e ameaçado de morte, juntamente com todos os judeus (Et 3.2-6). Mas,
resistiu firme as perseguições e afrontas de Hamã, e, no tempo certo Deus agiu,
não só em seu benefício, mas, também, de todos os judeus. Com a ajuda da rainha
Ester, o plano de Hamã foi denunciado e ele foi enforcado na mesma forca que
preparou para Mardoqueu; enquanto que Mardoqueu foi honrado e ocupou o cargo
mais elevado no reino da Pérsia (Et 7.1-10).
2. Quem era Mardoqueu.
“Era
um judeu da tribo de Benjamim, filho de Jair, pai adotivo de Ester, também é
chamado de Mordecai em algumas versões bíblicas. Ele vivia na fortaleza de Susã
durante o exílio do povo judeu, no reinado de Assuero (Xerxes), onde criou
aquela linda jovem como se fosse sua própria filha. Depois de uma série de
acontecimentos, Ester tornou-se rainha e Mordecai distinguiu-se, quando
denunciou um complô preparado para assassinar o rei. As dificuldades começaram
para ele quando se recusou a inclinar-se diante de Hamã, o mais alto oficial da
corte, o qual ficou furioso e desenvolveu um plano para matar todos os judeus
do mundo. Com a ajuda da rainha Ester, Hamã foi denunciado ao rei e morto, e
Mordecai recebeu o cargo mais elevado no serviço do rei. Por meio de um
decreto, os judeus puderam defender-se e todos foram salvos” (GARDNER, 1995, p.
467).
II. A CONSPIRAÇÃO CONTRA O REI
ASSUERO E A DENÚNCIA DE MARDOQUEU
Desde
os tempos bíblicos que as conspirações eram constantes. Até mesmo em Israel,
diversas vezes ocorreram conspirações, traições e assassinatos por causa de
disputas pelo poder (1Rs 15.27; 16.9,16; 2Rs 9.14; 15.10,25,30). E, nem mesmo o
rei Assuero estava isento dessas investidas. “Não nos esqueçamos, contudo, de
que a primeira tentativa de usurpação de poder aconteceu no reino angelical,
com Lúcifer (Is 14.12-15; Ez 28.17,18). Desde então, toda busca doentia por
domínio é expressão desse mesmo sentimento maligno e deve ser rejeitada pelo
verdadeiro cristão (Tg 3.14-18)” (Queiroz, 2004, p. 94).
1. A conspiração contra o rei Assuero.
Bigtã
e Teres eram dois eunucos que trabalhavam na guarda do palácio real (Et 2.21).
Com certeza, eram homens de extrema confiança do rei. “A narrativa bíblica
retrata o que geralmente ocorre em todos os bastidores do poder, onde não é
incomum que haja intrigas e insatisfações entre os auxiliares mais próprios da autoridade
superior ou até em relação ao mandatário maior, como ocorreu no caso de
Assuero. Os seus oficiais desejavam assassiná-lo, pois nutriam uma grande
indignação, cuja causa o texto sagrado não revela. Seja qual for a razão, é da natureza
humana caída alimentar ressentimentos e discórdias, que, quando não dissipados,
levam a terríveis tragédias” (Queiroz, 2004, p. 94).
2. A denúncia de Mardoqueu.
De
alguma forma essa conspiração chegou ao conhecimento de Mardoqueu, que imediatamente
informou a rainha Ester sobre os planos de Bigtã e Teres, e ela contou ao rei
(Et 2.22). “Ester foi a portadora da comunicação, mas não a fez no seu próprio
nome (Et 2.21-23). Esse detalhe da narrativa não é irrelevante. Ester bem
poderia simplesmente contar ao rei que tomara conhecimento de uma conspiração
em andamento sem revelar a fonte, mas não foi o que ela fez; muito pelo
contrário! Embora fosse rainha, e o primo, apenas um servidor do palácio, Ester
fez questão de informar ao rei em nome de Mardoqueu” (Queiroz, 2004, p. 94).
3. A investigação dos fatos e a condenação dos
conspiradores.
Após
a denúncia de Mardoqueu e a transmissão dos fatos ao rei, o caso foi
investigado. Mesmo sendo informados por pessoas de extrema confiança do rei,
isso não impediu que a causa fosse devidamente averiguada. “Ao ouvir da rainha
a informação clara e direta de que Bigtã e Teres tramavam matá-lo, talvez se
esperasse que o rei simplesmente mandasse prendê-los ou mesmo executá-los, mas
não foi assim que Assuero agiu. O versículo 23 diz: e inquiriu-se o negócio, e
se descobriu […]” (Queiroz, 2004, p. 95). O rei, apesar de não professar a sua
fé no Deus de Israel, demonstrou prudência e senso de justiça. Muitas
vezes, pessoas inocentes são condenadas e punidas por falta de uma investigação.
Somente depois que houve a confirmação dos fatos é que os dois conspiradores
foram enforcados.
4. O registro da denúncia e a temporária omissão da
recompensa.
A
conspiração e a consequente denúncia por parte de Mardoqueu foram registradas
no livro das crônicas. Não devemos confundir esse livro com os dois livros
das Crônicas dos reis de Israel, que fazem parte do cânon sagrado. Nesse
livro eram registrados os principais fatos que ocorriam no Reino da Pérsia.
Apesar do registro no livro das crônicas perante o rei (Et 2.23), nenhuma
recompensa foi dada a Mardoqueu naquela ocasião. Mas, isso não trouxe nenhum
tipo de revolta ou insatisfação por parte de Mardoqueu. Ele continuou servindo
a Deus e ao rei com fidelidade, e, no devido tempo, Deus fez com que o rei
tivesse insônia, e mandasse buscar o livro das crônicas, onde foi lido o
registro desse fato. Nos eternos propósitos divinos, esse registro seria lido
no momento oportuno em que Mardoqueu seria honrado (Et 6.1-11). Como disse o
sábio Salomão: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o
propósito debaixo do céu” (Ec 3.1).
III. O ÓDIO DE HAMÃ E A RESISTÊNCIA
DE MARDOQUEU
No
capítulo 3 do livro de Ester aparece um outro personagem importante do livro:
Hamã, que foi extremamente honrado e exaltado pelo rei Assuero: “Depois
dessas coisas, o rei Assuero engrandeceu a Hamã [...] e pôs o seu lugar acima
de todos os príncipes que estavam com ele” (Et 3.1). Por essa razão, todos
os servos do rei se inclinavam e se prostravam perante ele, exceto, Mardoqueu
(Et 3.2). Por esse motivo, Hamã passou a odiar não apenas a Mardoqueu, mas,
também, a todos os judeus (Et 3.6).
1. A aparente prosperidade de Hamã.
“Enquanto
Hamã foi exaltado, Mardoqueu permaneceu por muito tempo como um herói
(aparentemente) esquecido. Isso nos ensina como é necessário ter sabedoria e
prudência para viver momentos paradoxais, de aparente injustiça. Se Mardoqueu
se movesse pelos fatos do momento, guiando-se pela própria vista, teria sido
profundamente afetado com a ascensão de Hamã. Quando temos uma visão equivocada
das circunstâncias que vivemos, tornamo-nos vulneráveis e propensos a crises
emocionais e espirituais, principalmente quando o cenário é desfavorável. Um
clássico exemplo bíblico é o de Asafe, que começou a olhar para a aparente
prosperidade dos ímpios, comparando-a às suas aflições e dificuldades pessoais,
e quase desistiu da fé” (Sl 73.13,14) (Queiroz, 2004, p. 97).
2. Por que Mardoqueu não se inclinava perante Hamã.
Mardoqueu,
por sua lealdade a Deus, recusou-se a inclinar-se diante de Hamã. Não era uma
questão de insubordinação ou insubmissão a uma autoridade, e sim, o
reconhecimento que os judeus tinham de que não deveriam se prostrar diante de
homens ou ídolos (Dt 6.13; 10.20; Js 24.15; Mt 4.10). Isso também ocorreu nos
primórdios da Era Cristã, onde os cristãos foram perseguidos por não
participarem do culto ao imperador e nem se prostrarem diante das imagens que
eram erguidas em homenagem aos imperadores romanos, que se sentiam como se
fossem Deus. O povo de Deus, desde os tempos antigos, sempre enfrentou
oposições e perseguições, tanto internas, ou seja, do meio da comunidade de
Israel (Nm 12.1-10; 16.1-33; At 14.2; 17.5); quanto externas, ou seja, de
outros povos (Êx 1.8-14; 17.8-16; At 14.2-6; 16.19-24).
3. A resistência de Mardoqueu.
Mesmo
diante das injustiças, ódio e perseguições, Mardoqueu permanece firme, sendo fiel
a Deus e ao rei Assuero. “A fidelidade de Mordecai para com seu próprio povo e
seu compromisso com a soberania de Deus nas questões de seu povo são vistas
claramente na resposta que deu a Ester, ao tentar persuadi-la a ir diante do
rei para interceder pelos judeus: “Pois se de todo te calares agora, socorro
e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai
perecereis. E quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao
reino?” (Et 4.14) (GARDNER, 1995, p. 467).
IV. A ATITUDE DOS CRISTÃOS EM MEIO
ÀS PERSEGUIÇÕES
A
Bíblia não apenas adverte sobre os perigos da perseguição, mas, além de
registrar diversos exemplos de perseguições ao povo de Deus, ela ensina como
devemos agir em meio às perseguições. Vejamos:
1. Não devemos estranhar as perseguições.
A
Bíblia adverte claramente que todos os seguidores de Jesus padecerão perseguições
(Mt 10.23; Lc 21.12; Jo 15.20; 1Co 4.12; 2Co 4.9; 2Tm 3.12).
2. Devemos nos alegrar nas perseguições.
Jesus
ensinou que devemos nos regozijar em meio às perseguições, pois grande é o
nosso galardão no céu (Mt 5.10-12; Lc 6.22,23; 1Pe 4.14).
3. Devemos orar por aqueles que nos perseguem.
A
atitude do cristão em meio às perseguições não deve ser de ódio, e sim, de amor
e de intercessão (Mt 5.44; Lc 6.28,35).
CONCLUSÃO
Sem
dúvida, uma das principais virtudes de Mardoqueu foi a sua integridade e
fidelidade a Deus, mesmo em meio às injustiças e perseguições. Ele não cedeu às
pressões externas, mas, pacientemente, esperou o agir dAquele que governa o
mundo e cuida da família!
REFERÊNCIAS
Ø BALDWIN, Joyce G. Ester:
Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Ø GARDNER, Paul. Quem é Quem na
Bíblia Sagrada. VIDA.
Ø QUEIROZ, Silas. O Deus que
Governa o Mundo e Cuida da Família. CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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