Gl
2.1-9,14
INTRODUÇÃO
Na
lição definiremos o termo “cristão”; estudaremos o contexto dos judaizantes no
período de Paulo; veremos que a prática da circuncisão não é necessária para
salvação, mas sim, a fé; falaremos sobre os judaizantes e a guarda da lei para
a salvação; pontuaremos as razões por que não guardamos o sábado para salvação;
e por fim; veremos que em Jesus não há diferença entre circuncisão e
incircuncisão.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA CRISTÃO
1.
Definição do termo cristão.
O
dicionário Houaiss (2001, p. 874) define cristão como: “aquele que
professa o cristianismo; o que é compatível com os princípios do cristianismo”.
É o nome dado às pessoas que seguem os ensinamentos e doutrinas deixados por
Jesus Cristo. Esse termo surgiu no livro de Atos dos Apóstolos: “E
sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e
em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At
11.26).
II. ENTENDENDO O CONTEXTO DOS
JUDAIZANTES
Os
judaizantes desencadearam um poderoso ataque contra a autoridade do evangelho
de Paulo. Eles contestavam o evangelho da justificação pela fé somente,
insistindo na necessidade da circuncisão e na observação de certos preceitos da
lei para a salvação (At 15.1,5). Tendo atrapalhado a pregação do evangelho de
Paulo, continuavam minando também a sua autoridade. Em Gálatas 2.1-9, Paulo
relata um episódio importante na história da Igreja Primitiva, onde ele subiu a
Jerusalém para discutir com os outros apóstolos a questão da justificação pela
fé e a questão da observância da Lei por parte dos gentios. Paulo já havia
pregado o evangelho da graça, mas os judaizantes estavam causando confusão,
dizendo que a salvação também dependia da observância da Lei.
1.
O evangelho que Paulo pregava (Gl 2.1-6).
O
propósito da viagem era reafirmar a essência do evangelho pregado por Paulo
entre os gentios. Destacamos aqui quatro pontos importantes. O evangelho
pregado aos gentios é o mesmo pregado aos judeus. “... e lhes expus o
evangelho que prego entre os gentios...” (Gl 2.2). A tese de Paulo é
que não havia conflito entre o evangelho da circuncisão (judeus) e o
evangelho da incircuncisão (gentios); entre o evangelho pregado entre os
judeus e o evangelho pregado entre os gentios; entre o evangelho pregado pelos
apóstolos de Jerusalém e o evangelho pregado por ele. A mensagem que Paulo
pregou aos crentes da Galácia foi: “Tomai, pois, irmãos, conhecimento de
que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e, por meio dele,
todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser
justificados pela lei de Moisés” (At 13.38,39). Só existe um evangelho
e um evangelho diferente seria “outro evangelho” (Gl 1.9), um falso evangelho,
um evangelho que deveria ser anátema (maldição) (Lopes, 2011. p. 81 – grifo
e destaque nosso).
2.
A prática da circuncisão não é necessária para salvação (Gl 2.3).
Tito
era um gentio que estava sendo provado (Gl 2.1). O termo circuncidar-se
introduz um tema central dos falsos mestres judaizantes, que Paulo discute
repetidamente em Gálatas (Gl 5.2,3,6). Ao contrário de Timóteo, a quem Paulo
circuncidou porque a mãe de Timóteo era judia, Tito não foi circuncidado.
Circuncidá-lo teria sido um sinal para todos os outros gentios de que o homem
deveria seguir a Lei judaica para se tornar cristão. Como Paulo explica nesta
carta, isso seria uma rejeição das boas-novas de que a salvação é dom de Deus
para aqueles que creem em seu Filho, Jesus Cristo. Essa decisão refutou a ideia
de que os cristãos gentios precisariam seguir as práticas da Lei mosaica para
serem salvos. Paulo defendia que a graça de Deus, e não as obras da Lei, é o
que justifica o ser humano, como enfatizado em Efésios 2.8-9: “Pois pela
graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus”.
3.
A prática da circuncisão não justiça ninguém, mas sim, a fé.
Paulo
ensinou isso aos romanos quando disse: “Concluímos, pois, que o homem
é justificado pela fé sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos
judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente. Visto que
Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a
incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes
estabelecemos a lei” (Rm 3.28-31).
III.
OS JUDAIZANTES E A GUARDA DA LEI PARA A SALVAÇÃO
O
termo judaizante vem do verbo grego ioudaizõ que significa: “viver
como judeu, adotar costumes e ritos judaicos. Eles apareceram no seio
da igreja, e nem mesmo a decisão do Concílio de Jerusalém, em Atos 15, foi
suficiente para detê-los, pois continuavam insistindo na necessidade de os
gentios convertidos à fé cristã viverem como judeus. Os seus discípulos ainda estão
por aí, defendendo a guarda do sábado, as leis dietéticas prescritas por Moisés
e ritos judaicos. Foram eles os principais perseguidores do apóstolo Paulo
durante toda a sua vida, pois o acusavam de pregar contra a lei, tantos os de
fora como os falsos irmãos (At 21.28. Gl 2.4,5).
1.
A Lei não foi dada para salvar, mas para revelar o pecado.
A
interpretação equivocada da Lei de Moisés pelos judaizantes e outros legalistas
que se opunham ao apóstolo Paulo causou grandes problemas para a Igreja nos
tempos apostólicos. No entanto, os judaizantes de hoje ainda não compreendem o
verdadeiro propósito da Lei: ela foi dada por causa da transgressão. A Bíblia
afirma em Romanos 3.20 que “pela lei vem o conhecimento do pecado”,
pois se não há Lei, não pode haver pecado. O homem não teria conhecido pecado,
se não fosse pela Lei (Rm 4.15; 7.7; Gl 3.19).
2.
A Lei foi dada para demonstrar a necessidade da graça divina.
A
Lei não veio como solução final, mas para conscientizar os homens do pecado e
da necessidade da graça de Deus, de algo que transcendesse à própria lei (Gl
3.22). A Bíblia diz que: “Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa,
se tu guardares a Lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se
torna em incircuncisão” (Rm 2.25-29).
IV.
RAZÕES DE NÃO GUARDARMOS O SÁBADO PARA SALVAÇÃO
1.
O sábado faz parte da Lei e esta foi totalmente abolida por Cristo. (Ef 2.14,15; Cl 2.14; 7.18; 8.13; 10.9). O que está
evidente nos textos citados? Ao cumprir Cristo a Lei, esta foi por ele:
Desfeita; Riscada; Tirada de nosso meio; Cravada na cruz; Ab-rogada; Acabada
por envelhecer; Tirada para dar lugar à graça. A complicação com as coisas
simples do Evangelho gera a confusão doutrinária, e esta conduz à heresia; daí
surgirem aqueles que dizem que, para ser salvo, o homem tem que guardar o
sábado, e que, quem guarda o domingo tem o sinal da besta.
2.
Os grandes acontecimentos do cristianismo não se deram no sábado, mas no
domingo.
Podemos
citar os seguintes: a) Jesus ressuscitou dentre os mortos no domingo (Jo
20.1; Mc 16.5-11); b) Jesus apareceu a dez de seus discípulos no domingo
(Jo 20.19); c) Jesus esperou uma semana, e no primeiro dia da semana
apareceu aos onze discípulos (Jo 20.26); d) Jesus apareceu no domingo a
vários outros discípulos (Mt 28.1-10; Lc 24. 13-35; Jo 20.11); e) A
promessa da vinda do Espírito Santo cumpriu-se no domingo, no dia de
Pentecoste, que pela Lei caía no primeiro dia da semana (Lv 23.16; At 2.1-13);
e, f) Nesse primeiro dia da semana os três mil conversos foram unidos à
primeira igreja neotestamentária (At 2.41).
3.
A igreja primitiva guardava o domingo e não o sábado.
A
verdadeira Igreja do Senhor nasceu no primeiro dia da semana; guardou esse dia,
e ainda o guarda até hoje (At 20.6-7; 1Co 16.1-2). Paulo chama a guarda do
sábado de rudimento fraco e pobre. Rudimento fraco e pobre, no dizer de Paulo,
é algo sem muita importância, alguma coisa para a qual não se deve dar muito
valor (Gl. 4.9-11). As colunas da igreja, Pedro, Tiago e João, e Paulo, doutor
dos gentios, não guardavam o sábado; pelo contrário, foram duros e rigorosos no
combate às doutrinas sabatistas (At 15.1-2,4-11; Gl 5.1-4). Se homens de Deus,
considerados “colunas da Igreja” não guardaram o sábado, por não
receberem tal preceito de Jesus e do Espírito Santo, por que nós deveríamos
guardá-lo?
4.
Durante sua vida na terra, Jesus fez diversos trabalhos no sábado.
Foi
no sábado que Jesus fez as seguintes obras, segundo relato das Escrituras: a)
A libertação do endemoninhado (Lc 4.31-37); b) A cura da sogra de Pedro
(Lc 4.38-39); c) A cura do homem da mão mirrada (Lc 6.6-11); d) A
cura da mulher paralítica (Lc 13.10-17); e) A cura de um hidrópico (Lc
14.1-6); f) A cura do paralítico de Betesda (Jo 5.5-16) Jesus não só
curou como mandou o homem carregar a sua cama, provocando protestos; g)
A cura de um cego de nascença (Jo 9. 1-41); h) A pregação aos espíritos
em prisão (I Pe 3.18-20; 4.6).
V.
EM JESUS NÃO HÁ DIFERENÇA ENTRE CIRCUNCISÃO E INCIRCUNCISÃO
Através
da pessoa de Jesus “[...] nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito
algum, mas sim a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6). A verdadeira
circuncisão é a do coração: “No qual também estais circuncidados com a
circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela
circuncisão de Cristo” (Cl 2.11). Em Jesus: “[...] não há grego
nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas
Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11).
1.
A salvação é para os circuncidados do coração.
A
Bíblia diz que em Jesus: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem
livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl
3.28). A verdadeira circuncisão é a do coração e Paulo reforça este ensino aos
romanos: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a
que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e
circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não
provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28,29). “A circuncisão é
nada e a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus” (1Co
7.19). Paulo ainda afirmou aos gálatas que: “Porque em Jesus Cristo nem a
circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma; mas sim a fé que opera por
caridade” (Gl 5.6). “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem
a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl
6.15).
CONCLUSÃO
Após
estudarmos a questão dos judaizantes e a verdade bíblica sobre a observância do
sábado, ficou claro que a salvação e a verdadeira adoração não dependem de
rituais ou práticas externas, mas da graça de Deus em Cristo. A Igreja deve se
manter firme na liberdade que Cristo conquistou, sem ceder às distorções que
tentam substituir a obra redentora do Senhor. Como Paulo nos ensina “Cristo
é o fim da lei para todo aquele que crê” (Rm 10.4). Portanto, não
precisamos de rituais no culto, pois o que Deus busca é um coração sincero,
rendido à Sua graça.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário da
Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø LOPES, Hernandes Dias. Gálatas:
A carta da liberdade cristã. HAGNOS.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário
Vine. CPAD.
Ø SOARES, Esequias. Heresias e
Modismo. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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