2 Pe 1.16-21
INTRODUÇÃO
O tema da
lição do último trimestre de 2012 é: Os Doze profetas Menores:
Advertências e Consolações para a Santificação da Igreja de Cristo. São 13
lições sobre os Profetas Menores, onde teremos a oportunidade de estudar alguns
temas relevantes, tais como: fidelidade, derramamento do Espírito Santo,
justiça social, soberania divina, juízo vindouro e muitos outros. Nesta
primeira lição, veremos algumas definições sobre profecia, profeta, profetas
orais e literários; abordaremos algumas características dos profetas do AT; e
traremos um breve resumo de cada um desses livros.
I –
DEFINIÇÕES
1.
Profecia. É a
revelação inspirada, sobrenatural e única do conhecimento e da vontade de Deus.
A profecia não é, necessariamente, uma previsão do futuro, mas, a revelação do
conhecimento e da vontade de Deus à humanidade (Am 3.7; Jr 36.1-3; Ez 2.3-8;
3.4-11).
2. Profeta. A palavra profeta deriva-se do
termo hebraico nabbi que significa “falar”
ou “dizer”;
e do termo grego prophete, que significa “falar
de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal
função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmiti-las ao povo (Êx
7.1; Nm 12.6; I Sm 3.20; Hb 1.1,2).
3.
Profetas Orais. Foram
homens chamados para o ministério profético que não deixaram registros
escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias. Dentre
eles, destacamos: Gade (I Sm 22.5); Natã (II Sm 12.1); Aías (I Rs 11.29);
Semaías (I Rs 12.22); Azarias (II Cr 15.1); Hanani (II Cr 16.7); Jeú (I Rs
16.1); Jaaziel ( II Cr 20.14); Elias (I Rs 17.1); Micaías (I Rs 22.14); Eliseu
(II Rs 2.1), dentre outros.
4.
Profetas Literários. São os
profetas que registraram suas profecias e compõem os 17 livros do AT que vai de
Isaías a Malaquias. Cinco deles são denominados de Profetas
Maiores (de Isaías a Daniel) e doze de Profetas Menores (de
Oseias a Malaquias). São assim chamados, não por causa da sua importância, e
sim, pelo conteúdo do livro e pela duração de seu ministério. Embora escritos
há centenas de anos antes de Cristo, a mensagem dos profetas, bem como de toda
a Bíblia, é atual e necessária para a Igreja Cristã, pois, os problemas que
eles enfrentaram, e os pecados que eles combateram, também ocorrem nos dias
hodiernos. Eis aí a necessidade de estudarmos seus escritos e suas profecias.
II -
CARACTERÍSTICAS DOS PROFETAS DO AT
Os
profetas eram pessoas que falavam em nome de Deus (Dt 18.18-20; I Rs 17.24;
22.28). Também eram conhecidos como “homem
de Deus” (II Rs 4.21), “servo de Deus”
(Is 20.3; Dn 6.20), “atalaia” (Ez
3.17), e “mensageiro do Senhor” (Ag
1.13). Eles denunciavam as práticas pagãs e pecaminosas (Am 8.4-6) e conduziam
o povo ao restabelecimento espiritual (Is 35.3). Vejamos outras características:
1. Eles
tinham um estreito relacionamento com Deus. Por estarem em perfeita harmonia com Deus (Am 3.7),
os profetas compreendiam, melhor do que qualquer outra pessoa, os propósitos
divinos e, muitas vezes, tinham o mesmo sentimento de Deus (Jr 6.11; 15.16,17;
20.9).
2. Eram
pessoas que buscavam o bem do povo. Eles advertiam o povo contra a confiança na sabedoria, riqueza, poderes
humanos e falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Além disso, tinham
profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13,19; 25.3-7; Am
8.4-7; Mq 3.8); e não toleravam a crueldade, imoralidade e injustiça social (Is
32.11; Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1).
3. Tinham
um estilo de vida característico. Em sua maioria, os profetas abandonaram as atividades corriqueiras da
vida para viverem exclusivamente para Deus (I Rs 17.1-6; 19.19-21). Alguns
deles viviam solitários (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 5.10; 7.10-13; Jn cap. 3,4),
sem contudo, fugir da responsabilidade para a qual foram comissionados (Ez
2.4-6; 3.8,9; 33.6-7; Mq 3.8; Jr 2.19).
4. Eles
anunciavam eventos futuros. Muitas de
suas mensagens diziam respeito a eventos futuros. Os profetas previram, por
exemplo, a destruição de Samaria pela Assíria (Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15); a
destruição de Jerusalém pela Babilônia (Jr 19.7-15; 32.28-36; Ez 5.5-12;
21.2,24-27); a vinda do Messias (Is 7.14; 9.6,7; 22.22; Jr 23.5,6; Mq 5.2,5); e
outros eventos que ainda estão para se cumprir, como a Grande Tribulação (Dn
9.24-27; Jr 30.7); a Vinda de Jesus (Zc 14.4); e o Reino do Messias (Is
11.1-16).
III –
CLASSIFICAÇÃO DOS PROFETAS MENORES
Após a
morte de Salomão, por volta de 931 a.C., as doze tribos se dividiram em dois
Reinos, conforme Deus havia predito através do profeta Aías (I Rs 11.29-31). O
Reino do Norte, que teve dez tribos, e passou a ser chamado de Israel e também
de Efraim e Samaria, sendo o seu primeiro rei
Jeroboão. E, o Reino do Sul, que chamou-se Judá e teve duas
tribos: Judá e Benjamim, que teve como rei Roboão, filho de Salomão. Tanto o
Reino do Norte como o Reino do Sul foram para o cativeiro, sendo que as dez
tribos do Norte foram levadas pela Assíria para outras nações (2 Rs 17.6-24; Ed
4.2,10); e as duas tribos do Sul, que foram levadas para a Babilônia (2 Rs
24.10-17; 2 Cr 36.9,10), mas, retornaram depois de setenta anos (Ed 1.1-11; Dn
9.1,2). Por isso, os Profetas Menores podem ser classificados em três grupos.
Vejamos:
1. Os que
profetizaram antes do Cativeiro do Norte (722 a.C.): Joel, Jonas Amós, Oseias e
Miqueias.
a) Oseias. Considerado o Jeremias do Reino do Norte, Oséias foi
um profeta mais do que sofredor. Em suas profecias, deparamo-nos com um povo
rebelde e contumaz e que resolve ignorar o amor de Deus (Os 2.13; 4.1). A
profecia de Oséias foi a última tentativa de Deus em levar a Israel a
arrepender-se de sua idolatria e iniquidades persistentes (Os 6.1,2). O livro
enfatiza que, por Israel ter desprezado o amor de Deus e sua chamada ao
arrependimento, o juízo (exílio) não poderá ser adiado (Os 3.4).
b) Joel. Quase nada
sabemos deste profeta, a única coisa que podemos saber de Joel: seu pai
chamava-se Petuel, e sua família era oriunda de Judá (1.1). Acredita-se
que tenha sido um dos primeiros profetas-escritores do Antigo Testamento. Ele
profetizou depois de duas recentes calamidades naturais (invasão de gafanhotos e uma severa seca) (Jl 1.4-12) e
falou acerca da iminência de uma invasão estrangeira (Jl 2.1-11). Pela
sua linguagem clássica e elevada, depreende-se que era um homem culto e mestre
entre seus contemporâneos.
c) Amós. Amós
era um leigo, um boieiro e cultivador de sincômoros, natural de Tecoa, próxima
a Belém, em Judá, Reino do Sul. Inaugurou o ministério dos profetas canônicos,
que transmitiram ao povo os oráculos de Deus. Assim, é considerado o primeiro
dos profetas literários. A mensagem de Amós é centrada na ética divina, que
exige a prática da misericórdia, justiça e retidão (Am 3.10; 5.12-15). Israel
pensava estar bem em seu relacionamento com o Senhor, por causa das bênçãos
recebidas de Jeová. Porém, estava enganado (Am 8.2,14).
d) Jonas. Também
conhecido como “o profeta patriota”, Jonas era filho de Amitai, da tribo de
Zebulom, e natural de Gate-Hefer, próxima a Nazaré, no Reino do Norte (2 Rs
14.25). Devido à descrição de Jonas com um profeta que prega aos gentios, é
considerado o livro missionário do A.T. Este livro contém, de forma mais clara
que em qualquer outro livro do A.T. a mensagem de que a graça salvífica de Deus
é tanto para os gentios como para os judeus (Jn 4.11).
e) Miqueias. À semelhança de Amós, Miquéias
era homem do campo e era de família humilde. Oriundo de um povoado conhecido
como Moresete que pertencia provavelmente à tribo de Judá. Miquéias profetizou
durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá (1.1), contra a
injustiça predominante, que vitimara os pequenos proprietários de terras (Mq
2.1-3). Denuncia também os governantes e os falsos profetas, como culpados pela
corrupção da vida nacional (Mq 2.11;
3.1-3,5,11). Diante
desse caos moral, social e espiritual, o profeta vaticina um futuro glorioso,
quando haverá um reino de justiça e paz, cujo governante nascerá em Belém Efrata,
da tribo de Judá (Mq 5.2).
2. Os que
profetizaram antes do Cativeiro do Sul (606-586 a.C.): Sofonias, Naum,
Habacuque e Obadias.
a) Naum. Ele profetizou sobre a destruição de Nínive 150 anos
após Jonas ter pregado seu fulminante sermão contra a capital Assíria. Os três
capítulos do livro consistem em três profecias distintas: O capítulo 1 contém uma descrição clara da
natureza de Deus, especialmente sua ira, poder e justiça (Na 1.1-15);
o capítulo 2 prediz a condenação
iminente de Nínive e descreve como se daria o juízo divino (Na 2.1-13);
e, o capítulo 3 descreve os pecados
de Nínive, declarando que Deus é justo no seu juízo e termina com um quadro do
julgamento já executado (Na
3.1-19).
b) Habacuque. Se levarmos em conta as
evidências internas de seu excelente livro, chegaremos à conclusão de que ele
viveu durante o reinado de Josias. Alguns eruditos crêem que era da tribo de
Levi e, provavelmente, sacerdote. Seu livro é único no seu gênero por não ser
uma profecia dirigida diretamente a Israel, e sim, um diálogo entre o profeta e
Deus. O livro possui pelo menos três formas literárias distintas: diálogo (Hc 1.2-2.5); “ais proféticos” (Hc2.6-20); e um cântico profético (Hc 3).
c) Sofonias.
Sofonias é o
profeta que mais fala sobre o dia do Senhor. Outros mensageiros trataram do
mesmo tema, mas nenhum com tanta profundidade e urgência. Em primeiro lugar,
refere-se ao juízo divino que, certamente, viria sobre toda a terra (Sf 1.2; 3.8).
E, para chancelar a sua mensagem, revela que Jerusalém seria, em breve,
completamente destruída (Sf
1.4-18; 3.1-7). Na
desventura da Cidade Santa, ele mostra quão horrível será o dia do Senhor (Sf 2.1-3).
Ele era tetraneto do rei Ezequias. Durante o seu ministério muito se preocupou
com a decadência espiritual de sua nação. Por este motivo, não obstante sua
ascendência real (1.1) criticou os nobres, os sacerdotes e o povo. Em tudo,
demonstrou uma coragem invulgar. As evidências internas dizem-nos que o profeta
registrou sua profecia pouco antes do grande avivamento espiritual, do qual
Sofonias foi um importante instrumento, que ocorreu em 621 a.C, no tempo do bom
rei Josias (2 Cr 34.4,5 e Sf 1.4,5).
d) Obadias. De Obadias pouco sabemos. Nos versículos 1,2,8,18,
encontramos por quatro vezes as expressões “Assim
diz o Senhor” e o “Senhor o disse”
como prova de origem e autoridade divina da sua mensagem, que anuncia o juízo
moral de Deus contra as nações, inclusive Edom, por sua crueldade contra
Israel. O livro de Obadias possui duas seções principais: Na primeira (Ob
1.1-14) Deus expressa sua ira contra Edom; e, a segunda (Ob 1.15-21) refere-se
ao dia do Senhor, quando Edom será destruído juntamente com todos os inimigos
de Deus, ao passo que o povo escolhido será salvo, e seu reino triunfará. Ver
link: PLANILHA DOS PROETAS DE ISRAEL E DE JUDÁ.
3. Os que
profetizaram depois do regresso do Cativeiro do Sul (536-425 a.C.): Ageu,
Zacarias e Malaquias.
a) Ageu.
Profetizou num período de grandes
aflições para os judeus. Após um grande e amargo exílio de setenta anos,
começavam os filhos de Judá a voltar a Terra da Promissão para construir o
Santo Templo e soerguer a própria nacionalidade. Mas faltava-lhes coragem e
vigor. Exorta-os, então, o profeta a concluir a reconstrução do santuário, que
estava paralisada há quinze anos (Ag 1.1- 4). Sob a palavra de Ageu, reconsagram
a Casa do Senhor (Ag 2.9). Muito pouco sabemos acerca deste profeta que,
justamente com Zacarias, foi usado por Deus para alertar os 43.260 repatriados
de Babilônia (2.4). É provável que tenha nascido na Caldéia durante o exílio e,
que de lá, voltara sob a proteção de Zorobabel (538 a.C.).
b) Zacarias. Depois
de Isaías, Zacarias é o mais messiânico dos livros do A.T., em virtude de suas
muitas referências ao Messias. Seu
pai chamava-se Baraquias e, seu avô, Ido (Zc 1.1,7). Este, a propósito, teve o
nome incluído no dos judeus que voltaram no tempo de Neemias (Ne 12.4,16).
Juntamente com Ageu, animou os repatriados a dar continuidade a construção do
Templo (Zc 8.9). A mensagem do profeta é clara: Israel será restaurada como
nação soberana e há de receber, no auge de suas angústias, o seu verdadeiro
Messias: Jesus Cristo (Zc 12.7-10). Nunca
mais os gentios pisarão a Cidade Santa. Originário de família sacerdotal (Ne
12.4), Zacarias, foi sem dúvida, um dos mais notáveis profetas do antigo
testamento. Seu livro está repleto de visões e linguagens simbólicas, nas quais,
além de vislumbramos o glorioso futuro dos santos assemelha-se aos livros de
Daniel e Apocalipse.
c) Malaquias. Quando Malaquias escreve, cem
anos já haviam decorrido desde a volta dos judeus a Jerusalém, após o cativeiro
da Babilônia. Malaquias é o último dos profetas que fala a Israel em sua
própria terra. Neste contexto, Israel, significa todo o remanescente de Israel
e de Judá que tinha voltado do exílio. O primeiro entusiasmo do retorno da
Babilônia havia passado (Ml 1.2,6,7). Depois de um período de reavivamento (Ne
10.28-39), o povo tornara-se frio em matéria de religião, e descuidado moralmente
(Ml 1.12). O profeta Malaquias veio como reformador, mas encoraja ao mesmo
tempo em que repreende. Tratava com um povo perplexo, de ânimo combalido, cuja
fé em Deus parecia correr o risco de um colapso. Se já não se haviam tornado
hostis a Jeová, corriam o perigo de se tornarem céticos (Ml 4.14,15).
CONCLUSÃO
Os
profetas eram porta-vozes de Deus e foram chamados, principalmente, em períodos
de apostasia, injustiça e imoralidade. Sua principal missão era chamar o povo
ao arrependimento e anunciar o juízo divino, caso o povo não se arrependesse.
Esses livros foram preservados e inclusos no Cânon Sagrado por sua importância,
não apenas para seus destinatários, mas, também, para os cristãos na
atualidade, para que pudéssemos aprender e ser edificados através de seus escritos.
REFERÊNCIAS
• ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• SOARES,
Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
• SOARES,
Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
• STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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